quinta-feira, 31 de julho de 2008

O GRÃO IMASTIGÁVEL




Rubem Leite – 12-7-08
rubemleite@notaindependente.com.br



Versos inspirados pela obra homônima, de Bruno Grossi.
Como escrevi quando li as publico agora, sem o crivo de uma boa correção.
Escritas entre 27-6-07 à 02-7-07.
Hoje escreveria outra coisa, talvez melhor. Não sei. Mas o que escrevi, escrevi.
Observação: não estou comentando ou explicando o Bruno. Seus versos apenas me serviram de mote.
Que gostem ou odeiem.
Mas de você gostaria que gostasse.

Inspirado em Perecível:
Meu pênis visita seu ânus
Como o vento penetra os ouvidos
É som, tato.
Frenesi.
É amor sem dor
Ou ao menos carinho.

Inspirado em O Ecoar da Noite:
Varão massacrado pela mão que vai e vem
Um grito de gozo na solidão
O fogo da vela
Queimara uma existência
Para outra ver
Às vezes sou eu mesmo com um você.

Inspirado em Adeus:
Vai-te?
Vai-te!
Fico?
Fico!
Não volte mais
Não te procurarei?

Inspirado em Angústia:
Meu pênis chora
Antevendo um corpo
Que visitou.

Inspirado em Terror:
Com voz aguda
Ôôôôô
Ááááá
Viro-me escondendo um cara
E vejo-te com outro rosto
Nunca nos vimos
Como vemos hoje.
Sorrio e me vou.

Inspirado em Da Consciência à Traumatização:
Ah! Ih!
Aaaah! Iiiih!
Vejo no meu corpo adulto
Uma “criança feia, sorrindo e morta”.
Não corro.
Para onde?

Inspirado em Guerra dos Mundos:
1 Caos, caos
Cães, cães
A dor roda
Roda a dor
Ejaculo sangue
Mênstruo sêmem.
2 Sou homem com toque de mulher
Firme e duro,
Sensível.

Inspirado em O Caminho:
A importância do pênis
Diante da obrigação
De ser duro e invadir
Quando se quer ser firme e não ferir

Inspirado em Pétalas Negras:
Nebulosamente
Mentecapta
Olho para o espelho dos olhos
E vejo nebulosamente mãos que
Afagam escorpiões
E afogam pombinhas

Inspirado em Últimos Minutos:
- Circuncisão é cortar o prepúcio
(num sussurro envergonhado: pele que sobra no pinto)
- Cada um é doutor naquilo que faz
- (cantando):
Vida de solteiro é boa, mas a de casado é bem melhor.

Inspirado em O Sonhador:
Uarrarrá
Não sou normal.
Sou único e exclusivo.
Converso com o sol
E enamoro o vôo pesado dos jacus.
Engraçadas aves.
Sou jacu...
Uarrarrá.

Inspirado em Vermilhões:
Tuntum. Tuntum.
Bate um coração.
Ritmado respiram árvores
Fuuum. Fuuum.
Movem os galhos
Ritmados balança meu coração.

Inspirado em O Mundo Moderno:
Bicha! Sem vergonha
Retire-se com sua peste
Urre, sua ordinária.
Nunca! Não te respondo
Orgulho-me de mim

Inspirado em Inconstante:
Rirrirri!
Sou bela, linda e gostosa
Vou fisgar um peixão
Raro, bonito e caro
Vou descamá-lo
Saboreá-lo

Inspirado em Pare de chorar:
Vênus de Milo.
Só.
Só.
Estou aqui.
Só.
Faço-te viver.
Só.
Ria e sorria.

Inspirado em Fala:
Shiiii
Psiu

Inspirado em A Palavra:
Cala a boca
Não chora
E vem para a cama
Abra a perna
Fecha a boca
E finja que me ama.

Inspirado em Não se esqueça:
Quem é você?
Movimento os quadris para os lados
Movimento os quadris para frente e atrás
Quem é você!

Inspirado em O Dom:
Ó
Danço eu
Orando por você que
Morre por mim

Inspirado em Malevolência:
Respiro fundo
Arfante
Raivoso
Medroso
Crescente
Respiro fundo
Arfante.
Olho para um lado
E pra o outro
E gargalho
Saindo do quarto
De costas para
Sua surpresa.

Inspirado em Intrépido:
Rimar ar com ar, or com or
Falar. Pare de falar que quero falar.
Fujo do silêncio
Minhas entranhas me assustam

Inspirado em Desilusão:
Detesto azul
É tão nojento
O brilho do azul é tão ante povo
Foge do branco pobre
Odeia o negro
Sou mineiro
Sou branco e sou negro
Como todo brasileiro

Inspirado em O Filho:
Obscurador
Loucura do caos
Valor da verdade
É minha puta infância
Que não é puta de br
É puta Portugal

Inspirado em O Séqüito Amor:
Ó irmão das almas
Que levas aí?
Levo, ó irmão das almas
Um coração.

Inspirado em A Morte:
Ohayo,
Sayonara!

Inspirado em Evanescer:
Calor lá fora
Frio lá dentro
Luz lá fora
Sombra indo embora
E noite lá dentro
Tudo passa
Tudo passará
Calor aqui dentro
Luz aqui dentro.

Inspirado em Cactos:
Eu gosto de cactos
O ovo por cima do muro
Balança e cai
Buda diz
Que a virtude esta no meio.

Não sei que fazer
E dou água aos cactos
Não sei o que dizer
Não posso me calar
Dou cactos à água.

Inspirado em Incrédulo:
Rirrirri
Fiuuuuu
Bum dokan
Zum pá zuga
Fiuuuuuu
Fiuuuuuu
Rirrirri.

Inspirado em Sem Título e em ...:
Dorme neném
Mamãe vai te beijar
Dorme bebê
Papai vem te ver.
Canta uma mãe
Balas voam lá fora
Crianças nos prédios grandes
Chupam bala
E a mãe canta.

Lágrimas fogem dos olhos
Balas vão de encontro ao peito
Lunares olhos
Atravessam meu coração
Trafego a estrada vazia
Tráfico atravessei.

Inspirado em Escriba:
Quero um cálice de vinho tinto
Quero um cálice de vinho seco
Quero um cálice de vinho, bebo
Brindo palavras no papel
Trocamos olhares
Eu e você,
Leitor
Leitora.

Inspirado em O Grão Imastigável:
Vou deitando
Vou lendo
Tudo lento
Livro tombado
Olhos fechando
Tudo lento
Cai o livro
Faço careta
Com medo da queda
Nada é lento.

Horror

Entra mancando, o calcanhar esquerdo apoiado no chão e os dedos para cima. Anda como se estivesse com asco de si mesmo.
- Aaaii! Que nojo!
- Cocô??
- Piiooor! Pisei num santinho do Quintão.

+ ou –

Rubem Leite – noite de 30-7-08
rubemleite@notaindependente.com.br


“Duas infelicidades
não conseguem dialogar.
Uma pretende eliminar a outra”.
(Como No Céu – Carpinejar – Ed. Bertrand do Brasil).

Ao ver quem desgosto
Mais
O término de um caso
Iguala-se
A um descaso.

E

Duas felicidades
Mais do que se dialogam
Fundem-se
Não se tornam uma
Ampliam.

O que sinto ao ver quem gosto
Somado
Ao conhecer um provável caso
(nem digo amor)
Resulta
Não num só prazer
Mas em grande felicidade.

Será?

Ontem corri atrás de uma borboleta
Ela se foi eu fiquei só
Não, não fiquei só
Havia um livro comigo
– Do Masaharu Taniguchi –
Aí me lembrei de Quintana
Sentei-me num jardim
E borboletas vieram até mim.

– com – = –
+ com + = +
+ com – = >

Eu escolho meu caminho
Meu destino é meu e ninguém tasca.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

O Imperador Solta Pipa

“O imperador solta pipa em suas muralhas”
Tem um peso não alcançado por
“O magnata solta pipa em sua indústria”
E eu me estagno
Sem me atinar
Atinando
Com o por quê
Enquanto vejo os escritos de
Quintana e Linspector
Pensando nos meus.
Despejo o açúcar no caputino
Com raspas de chocolate
E um sorriso branco vai
Aos poucos se amarronzano.

terça-feira, 29 de julho de 2008


www.clesi.com.br



A LUZ DA LUA NA RUA

Em plena luz da Lua
O trio se alisa mutuamente
Entre os risos e as apalpadelas
Ereta-se um beijo para a Lua.

Em plena luz na rua
Uma delas deixa sua grossa lágrima
Escorrer por entre as pernas abertas
Só, no meio da rua.

Em plena luz da Lua
Beija-se a lágrima
O trio gargalha
Em plena luz na rua.

segunda-feira, 28 de julho de 2008


Essa é do JT PALHARES (não é minha, mas é boa)

Quando eu o encontrei ele já estava morto havia alguns dias. Dois abutres dilaceravam os buracos de seus olhos. Perto de sua mão esquerda, uma lata de cerveja vazia. Ele estava sem sapatos, os dedos dos pés esfolados, a testa destruída e o que restara de sua camisa era apenas um trapo manchado de sangue, deixando a mostra um buraco grande o suficiente para passar uma garrafa de Coca-Cola de duzentos e noventa mililitros. Dei dois tiros para o alto e os urubus levantaram vôo, fazendo alarde.
Peguei o cantil e tomei um bom gole de água, antes de me abaixar e arrancar a identificação presa ao pescoço do cadáver de meu ex-colega. Ao levantar a cabeça, dei conta da imensidão do cenário - amplo, como o de uma tela de cinema. Só que eu estava dentro do filme. E havia o silêncio, aquele silêncio avassalador:
Eu estava no deserto.
No deserto você descobre o quanto é frágil a vida humana. Todos aqueles carrões varando avenidas desertas não servem para nada no deserto. No deserto não há ruas nem semáforos, não há prédios, não há bueiros fedorentos, não há trombadinhas, traficantes, bacharéis, doutores e nem políticos ladrões e nem restos de embalagem de batatinha lançados pelos chifrudos de seus carros em movimento. No deserto tudo o que você precisa é de uma cueca limpa a cada meia hora, comida, água para beber e um belo banho, e na primeira oportunidade que pintar você aproveita para dar o fora pra bem longe daquela churrascaria de carne humana. No deserto nenhum prefeito da cidade mais limpa do planeta conseguiria manter a cidade tão limpa quanto as ruas invisíveis desta imensidão de areia branca que é a porra do deserto. Puta que pariu!
Areia. A cada ponto gráfico lançado neste papel corresponde um grão de areia no deserto. Se este conto fosse um deserto nada seria escrito e esta página em branco estaria coberta de pontos brancos. Pontos de areia. Isto é o deserto. Um homem perdido no deserto, a pé e sem água, pode crer, é um baita fodido. No deserto não existe o fora e nem o dentro, tudo caminha para a sequidão. Os americanos pisaram na lua e tudo o que eles trouxeram de lá foi areia. E nem um copo de água.
E tem o sol escaldante martelando em sua cabeça. Alucinações. Garganta seca. Sede. Cerveja. Está provado: sob o calor infernal do deserto é o melhor lugar do mundo para se tomar a mais gelada cerveja. E você nem pensa em mulher. Não importa a marca. E onde tem cerveja tem mulher. Mas não se vê viva alma em um raio de duzentos quilômetros. Um comercial de cerveja sem mulher. Por que não pensamos nisto antes?
Daqui de cima, da janela do bimotor, o deserto assemelha-se à pele leitosa de uma mulher. Melhor, de centenas de mulheres, todas deitadas, nuas sob o sol abrasador - o deserto é como se fosse uma cama imensa forrada com alvos lençóis – os corpos delas misturados, braços, pernas coxas e nádegas em um bacanal tórrido. Uma visão fascinante.
As dunas que se movem, voluptuosas, são como os seios destas mulheres; a espinha dorsal de uma delas serpenteia de um extremo a outro do colchão de areia, afunilando-se no horizonte e se enroscando nas coxas bem torneadas de outra mulher, tão branca e sinuosa quanto a primeira e que ainda há pouco a vista não descortinava. E há as grutas secretas, bundas lisas feito gelatinas, e fendas que se abrem no leito de areia, traiçoeiras, prontas para sugar a seiva do seu pau até a raiz do saco e o que mais restar de líquido no corpo do viajante.
Volto os olhos para o interior do avião e vejo o que sobrou de você, envolto em um plástico preto. O fedor que exala de seu corpo me provoca enjôo e uma puta dor de cabeça. Tomo um dramim com uma boa talagada de Jack Daniels e adormeço.
A sede. A garganta arde como um caldeirão de agulhas na aciaria do capeta. Melhor economizar saliva. Falar pouco. Mas você está sozinho e não tem com quem conversar. O vento não responde. Sete, oito, doze horas atravessando o deserto, os pés cheios de bolhas, não há mais água no cantil, e para comer resta-lhe apenas uma barra de cereal. Daqui de baixo, com os pés metidos na areia, arrastando-se com dificuldade, o sol queimando a pele de seu rosto, a visão turva, as mulheres não lhe parecem nada convidativas.
Até que você avista o que lhe parece ser uma pequena cidade e se pergunta "que maluco iria se enfurnar neste lugar". Meia dúzia de casebres de madeira, uma pequena torre de igreja e alguns coqueiros ao leste completam o conjunto. Um aglomerado urbano. De tudo o que você já ouvira falar sobre o deserto nada se compara com o que você veria dentro de alguns minutos.
Você entra na cidade, caminhando pela rua principal, a única rua da cidade, onde, talvez, algum dia tenha sido um acampamento de mineiros. Ou o alojamento de uma empresa petrolífera. Bolas de arbusto assopradas pelo vento batem em suas pernas. Se você pelo menos tivesse um cigarro, poderia entrar em grande estilo. Mas o cigarro foi banido do mundo da publicidade. É possível que você esteja sendo observado. Da torre da igreja, na parte central da cidade, você seria o alvo perfeito para um atirador com uma Winchester 22. Mas não parece haver ninguém por aqui. A sua sede é maior do que o seu medo e você não vai desistir agora. Procura algum poço, algum sinal de água, uma geladeira. Melhor seria se encontrasse uma máquina de Coca-Cola. Um sorriso fadigado ameaça abrir uma risca em seus lábios queimados, colados pelas feridas.
Você se lembra dos colegas da agência. Os figurões do marketing banalizaram a propaganda. Tudo parecia perdido, a empresa naufragava, os contratos minguavam. Até que os mágicos tiveram a idéia infeliz de lançar este Rally no Deserto, patrocinado por uma marca de cerveja vagabunda.
A COISA COMEÇOU COM A LEI SECA, quando o governo federal proibiu os motoristas de dirigirem alcoolizados. Daí, até vetar a propaganda de cerveja na TV, foi como um pequeno trago para um alcoólatra. Em breve, você veria o fundo do poço. E ele estava seco.
Se as pessoas não podem beber e fazer o que lhes der na telha, inclusive pegar o carro que lhes pertence e sair por aí, curtindo a vida, como dizem - qual o sentido de encher a caveira de cerveja e ainda ter que passar pelo vexame de ser multado, ir em cana e perder a carteira? De que vale o seu diploma? Para isto existem os advogados.
Um dia ouvi do Presidente das Organizações Globo: "Não existiria imprensa livre se não fosse a publicidade." Imprensa livre. Conta outra. "Quem quiser ter opinião, que compre um jornal", já dizia o Tio Patinhas da Notícia, o fundador dos Diários Associados. Os jornalistas não passam de publicitários da notícia, são pagos pra escrever ou falar o que convém ao patrão-anunciante.
Deixe Deus fora disto. O seu diploma pregado na parede não poderá salvá-lo agora.
Havia uma competição acirrada entre nós, um sentimento de inveja afetiva contra o colega que conseguia criar a ilusão mais duradoura na mente do consumidor, com mais originalidade, sem apelar para a canastrice barata de ocultar a mentira. O consumidor paga para ser enganado. Ora, a publicidade simplesmente não nos preparou para enfrentarmos a tragédia contida em um copo de verdade. Cerveja? De fato existiam aquelas louras gostosas, coxudas e de bumbum arrebitado que posavam sorridentes ao lado de uma garrafa de cerveja em troca de um cachê milionário, mas elas não eram ninfomaníacas - peitudas sim, seminuas sim -, e de vez em quando uma delas dava pra gente, desde que vissem nisto uma boa chance de subir na vida. E isto não é mentira. É propaganda. No jogo das cotas publicitárias valia de tudo. Contratos de fachada, políticos corruptos, artistas de televisão, jogadores de futebol, cantores de duplas sertanejas, pagodeiros, funqueiros de uma só música, velhos safados, gente louca pra se dar bem - ficou evidente o estágio doentio de nossa sociedade – a nata, dançando, rebolando e ministrando aulas para os adolescentes de como encher a cara desde os doze anos de idade. Parece que ninguém queria enxergar o óbvio.
Do faturamento da agência, oitenta por cento vinha da publicidade de duas marcas de cerveja famosas. Fizemos congressos, promovemos shows, corrompemos e aliciamos políticos, pagamos propina para a polícia, bancamos seminários nos melhores hotéis para advogados, juízes, desembargadores e ministros discutirem o direito de ir e vir do cidadão (bêbado ou sóbrio, dirigindo ou não, em nome dos direitos fundamentais, ninguém está obrigado a fazer prova contra si próprio e por aí vai).
De nada adiantou. A desgraçada da lei pegou.
Agora, tiro o chapéu da cabeça e passo a mão pela nuca suada, enquanto meus olhos procuram, desesperados, de um canto ao outro desta maldita cidade fantasma, indícios de água. Com os olhos queimados pelo reflexo do sol na areia, a mente inquieta, efeito da insolação, em retrospecto consigo compreender minha vida profissional com uma clareza cristalina, e sou capaz de visualizar o perfeito idiota que eu fui desde o primeiro dia em que entrei para a agência. Como eu vim parar nesta roubada? Foi então que eu ouvi um barulho, como se fosse um trovão, um batido de tambor, que para mim soou como um tiro disparado para o alto. Um tiro de advertência. Sem pensar, reuni forças e corri e entrei no primeiro abrigo ao meu alcance, onde uma placa de madeira corroída pelo vento árido do deserto balançava: "BAR DA SAIDEIRA".
JT PALHARES
Jtpalhares@gmail.com

“Seus dias de fartura estão contados”

Rubem Leite – noite de 27-07-08
rubemleite@notaindependente.com.br
Visite regularmente o sítio www.notaindependente.com.br



Mim --------------- Quando te conheci solto eu já tinha sido preso
Passei a madrugada apanhando
E com o sol os guardas me perguntaram
“Sofreu alguma violência? Quer dar alguma queixa?”


Eu ------------- Quando te conheci solto eu nunca tinha sido preso
Nem de meus pais sei direito o que é surra
Se eu não via a luz era por fechar meus olhos
De noite via a Luz e as estrelas
De dia via as flores e as borboletas


Mim ------------------- Quando te conheci solto eu já estava solto
– Meu corpo estava solto


Eu ------------------- Quando te conheci solto eu não me via solto
Meu corpo estava solto


Mim --------------------------------------- Quando nos vi soltos
Meu corpo solto quis enlaçar o seu
Mas eu estava impedido


Eu ----------------------------------------- Quando nos vi soltos
Meu corpo saltou para enlaçar o seu
Eu estava me desimpedindo


Mim --------------------------------------------------------- ...


Eu ---------------------- Você não se desimpediu se vendo livre
Eu

sábado, 26 de julho de 2008

Recebi de meu amado irmão

Viva, viva, meu irmão,cúmplice,meu porto seguro, por inúmeros momentos, minha bússula. Embora as vezes, eu faça o oposto do que me aconselhas. Obrigado pela compreênção! Penso que, se eu partisse e nada + restasse deste "Édi", como só vc se dirige a minha pessoa, talvez vc pudesse criar um simulácro do que eu tivera sido um dia e creio que será algo mais verdadeiro do que eu de fato fui, pois sei que me conheces mais do eu mesmo.Te amo com um amor único. Parabéns pelo novo espaço, que vc, atravéz deste, trave diálogos que te sempre te faça caminhar, sempre para frente e como vc mesmo diz: " Quem decide, não deve recuar- Vá e vença!!!!!
Beijos enooooooooooooooooooormesdo seu ÉDi.

10 Considerações

Rubem Leite

rubemleite@notaindependente.com.br


Na sala meu irmão assiste alheadamente atento a tv fora do ar e dois cachorrinhos brincam alegremente. Eu os olho há dois minutos. No quarto ele ouve atentamente alheio o rádio dessintonizado e os quatro cachorrinhos dormem espalhados pela casa. Eu os olho. A quantos minutos?

Tenho três cachorros mais um de visita. Haicai, Cam e Decidido. E minha sobrinha esqueceu o seu conosco.

Tudo estava normal e ontem saí no fim de tarde e voltei cedo: duas da manhã. Minha mãe reclamou a hora e Cam veio até mim mancando: uma de suas tetinhas está vermelha e inchada.

No texto O Amante (publicado 17-7-08 na revista cultural Nota Independente*) falei “E eu já achei uma vez que éramos amigos. Não me interprete errado. Ele não é má pessoa. Só não somos amigos”. Disse também “Uma mulher que só me fez sofrer. Que soube do meu amor e se aproveitou do meu sentimento”. Alguns leitores me mandaram mensagens pela internete dizendo ou perguntando se são casos “inresolvidos”. Não! Já sei o que somos um para o outro e sigo meu caminho em paz. Outros perguntaram se são pessoas ruins ou algo assim. Não! Só não somos amigos. Éder é inteligente e tem suas qualidades. Diana também. Em ambos os casos, falei de pessoas que já fizeram parte de minha história e agora só aparecem em minhas estórias. Cláudio, Henrique, Marcos e Ana obrigado pelos comentários. Fico contente em saber que tenho “leitores fiéis”. Eu estou “mis” (me sentindo)... Uarrarrá. Que a “ESTAÇÃO CINEMA – Parada Obrigatória – mostra aberta itinerante de cinema nacional”, continue nos anos vindouros sendo o sucesso que é. A Estação Cinema teve (e terá?) o patrocínio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura (MG). Maiores informações: 31-3821-6663

Em Ipatinga (MG), a Meia Cia Dança e o Café Teatro se uniram com outros artistas e formaram a Casa Laboratório. Em 18 de julho de 2008 estrearam uma noite literária chamada Noite da Vela e o Vinho, que acontece todas as sextas-feiras a partir das 21h. Eu me sinto honrado ou vaidoso, pois o nome “A Vela e o Vinho” é por minha causa. Alguns anos atrás criei um poema assim denominado, que fez tanto sucesso (menos pelas suas estrofes e mais pela estética da apresentação cênica que fiz) que quando pensaram numa noite literária, disseram “Não, gente! Só pode ser esse nome”. O endereço, para quem quiser freqüentar ou visitar é Av. Brasil, 640 Iguaçu.

Eu odeio o papai e o vovô. Eles são muito sacanas. Eu quero que morram. O papai e o vovô não podiam fazer o que fizeram comigo. – Grita o menino entre as muitas lágrimas. – Eu não gostava de futebol, mas eles tanto falaram que eu acabei torcendo pro Galo, que está fazendo tudo o que pode para voltar para a segunda divisão sem se importar com seus torcedores. Então a mãe, sem nenhuma palavra de consolo a oferecer sugere “que tal torcer para o cruzeiro?”. O moleque reage firme feito o pai e o avô: Prefiro a morte! Gaaaaaaaalooo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!**

Ei! Você já conhece o blog www.artistadecarteirinha.blogspot.com? É interessante! Lá a gente consegue a Carteira de artista profissional (carteira de artista profissional válida em todo o universo e universos paralelos). Didi Peres, grande ator e meu mais amado amigo, gostou principalmente da parte “Tipo sang. ‘bom’.” Já o Cláudio Letro, sociólogo e grande amigo, pensa que ela só será válida se formos detidos por causa dela. E se isso não acontecer ele pensa em denunciar. E http://nenadecastro.blogspot.com, http://ppgasp.blogspot.com e http://shakespearelovers.ning.com você conhece? O primeiro é da grande poeta ipatinguense (e do mundo) Nena de Castro. O segundo é do Projeto Prevenção Positiva, do GASP. O Projeto tem objetivo de formar multiplicadores de informações sobre gravidez precoce (na adolescência), dst\hepatite e hiv\aids. E o terceiro é o resultado da satisfação que os oficinantes da I Conferência De Teatro do Vale do Aço “Falando sobre Shakespeare” que aconteceu em julho de 2008 sentiram no\com o evento.

Aletria – www.aletria.com.br – canonizou como protetor dos contadores de estórias Luis da Câmara Cascudo – São Cascudo (Padroeiro da Tradição). Rosana me deu seu santinho, que contém uma linda prece com a seguinte introdução “Primeiro os preparativos: acenda o fumo, deixe a conversa tomar rumo, a rede esticada, presa em duas palmeira, o céu noturno cheio de estrelas”.

Não me preocupo com aparências, afinal não sou bonito. Mas minha vaidade está a mil. No fim de 2007 ou início de 2008 a nossa Nota Independente* editou meu texto Tempos e Tempos. Rosana me enviou uma mensagem que reproduzo aqui:
“Ei, Rubem! Acabei de ler seu texto ‘Tempos e Tempos’. Gostei muitíssimo. Menos pela citação de minha pessoa e mais pelas reflexões, pelo compartilhamento de um desejo decidido, maduro, exemplar aos apaixonados pela arte, literatura e oralidade. A epígrafe citada também é lindíssima e oportuna. Ainda não li esse livro, vou tratar de comprá-lo, valeu a dica. Rubem, estaremos novamente em Ipatinga no 3º Salão do Livro, em breve. Com nova oficina, novo espetáculo e muita esperança de encontrar pessoas como você. Abraço carinhoso, muito obrigada, Rosana Mont'Alverne.
Instituto Cultural Aletria 16-7-08 – www.aletria.com.br – Rua: São Domingos do Prata, 697 – Sto. Antônio – CEP: 30330-110 – Belo Horizonte MG – Brasil - (31) 3296-79-03”.

Na entrada do bairro Ideal, onde moro, perto do bairro Iguaçu, tem uma rotatória de extremado gosto duvidoso (já falei sobre isso no texto Dor Vai e Vem, na nossa Nota Independente*). No meio de uma manhã de muito sol tinha um burro lá. Pensei “Será o burro do Quintão?***”. Voltei no meio de uma tarde de muito sol e o burro estava lá. Sem água. Só a grama seca. Só há grama seca. Penso agora “Será o burro do povo?”.


* www.notaindependente.com.br
** Inspirado num texto de Angelo Prazeres.
*** Prefeito de Ipatinga.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

A Noite da Vela e Vinho


O texto abaixo:
"Shakespeare, do Texto ao Teatro"
é uma produção de:
Othon Valgas,
Dílson Mayron e
Marcelo Vieira.
Tudo isso no:
“I Conferência De Teatro do Vale do Aço ‘Falando sobre Shakespeare’

SHAKESPEARE, DO TEXTO AO PALCO

Observação: O texto abaixo é fruto do que apreendi da Oficina que Aimara Resende ministrou em Ipatinga no mês de julho de 2008. Não tendo ela nenhuma responsabilidade pelo conteúdo do mesmo.
Espero que goste!

Na Inglaterra, o povo era obrigado a assistir as Missas. A Nobreza ficava em seu interior e o povo, do lado de fora. Isso influenciou bastante o Shakespeare, pois como as missas eram longas e obrigatórias, aconteciam comércios, os pivetes faziam a festa e etc. O que permitiu a ele apreender bem as passagens bíblicas, que ele bastante utilizou, assim como as ações e reações das pessoas no dia-a-dia.
Uma grande diversão inglesa era ir aos domingos ver os loucos. E assim ele também aprendeu bastante, permitindo criar ótimos personagens.
É muito provável que ele tenha assistido teatro ambulante. O teatro na Idade Média era nas Igrejas até que foi expulso, surgindo assim os atores ambulantes.
Shakespeare era um gênio, mas foi também o fruto de sua época. Além do que já foi falado acima, ele teve estudo, apesar de não ser nobre, mas também não era povão. Em sua cidade havia boa escola pública, aberta a todos da cidade (mas não aos camponeses), e ele como filho de um dos doze conselheiros teve fácil acesso a ela. Mais tarde se tornou Prefeito.
Como os papéis femininos eram feitos por rapazinhos não haviam grandes cenas de amor. Sendo todas as cenas de amor eram verbais.
Shakespeare criou muitas personagens embasadas em pessoas que realmente existiram. Como ele não era historiador e sim teatrólogo a cronologia não tinha muita importância; mais interessante era contar como a história afetava o ser humano, do que a época que alguém nasceu e morreu.
Shakespeare não acreditava muito no amor. Era extremamente irônico, o que “deslocava” tudo. As críticas dele não eram ao amor e sim à idealização do amor, do amor romântico.
Shakespeare não é de difícil leitura, como alguns pensam e também ele não deixou textos originais, pois todas as suas obras pertenciam à Companhia. Além disso, e mais importante, existem várias versões confiáveis, o que impede a declaração de que seja o que ele escreveu. E isso interfere profundamente numa montagem, pois acontecem diferenças marcantes nas versões. Assim, um tradutor deve afirmar que utilizou a versão x ou y.
Tragédia: Início que desperta curiosidade; desenvolvimento em torno do representante de um grupo (geralmente um nobre); desenvolvimento em torno da falha trágica (desmedida, uma característica pessoal que lhe conduzirá ao fim trágico. Aí está a diferença do Drama, que não exige a desmedida). Para Shakespeare, a última fala, é da personagem de maior hierarquia. A tragédia se centra numa elite. E o fim é sempre trágico.
Comédia: A comédia se centra no povão; tem sempre pelo menos um casal de apaixonados, não precisamente romântico; tem que ter alguém para atrapalhar o casal romântico; sempre o final é feliz. A peça pode ser sombria, mas acaba bem.
Ele não costumava colocar tragédia nas comédias, mas tinha o hábito de fazer o inverso: colocar momentos de bom humor nas tragédias. O que chamamos de Alívio Cômico. Provavelmente para mostrar sua crença de que a vida não é só tragédia.
O teatro medieval era moralista, cristã, o que lhe dava como característica a ausência de personagens humanos para ter no lugar “corporificação de idéias”, ou seja, eram o bem e os vícios.
A tragédia em Hamlet se desenvolve quando ele assume seu nome, “sou Hamlet, o Dinamarquês”, o que torna tal fala mais importante que “ser ou não ser”. Uma interessante polêmica surgiu sobre um trecho no ato 1, cena 1, onde Bernardo diz que uma estrela arde. Como a visão que se tinha na época era que estrelas eram “buracos” no céu e que elas eram frias será que Shakespeare usou arder, brilhar ou algo assim? Depois surgiu outra dúvida, se ele se referia à estrela ou sobre a guerra que estava acontecendo na peça. O consenso foi que a fala de Bernardo era sobre estrela e ele usou o termo queimar.
A obra A Tempestade permite uma leitura, e acertada, colonialista. Boal fez, segundo Aimara, uma versão muito interessante, bela e profunda da peça. Próspero pode ser comparado ao colonialista e Calibã, o colonizado rebelde.


Machado de Assis é de uma ironia e humor inseparáveis. Sua leitura é fundamental.Na Comédia Delarte não havia um autor para as peças, o que existia eram personagens. O mais importante eram as situações e não as falas.

Eu Sou Eu


Sou Rubem Leite, cujo nome de pia é Rubem Rezende Leite Junior.

Nasci em BH/MG/BR na tarde de 25 de setembro de 1.968

Desde minha adolescência escrevo.

Em 2002 comecei a trabalhar também no Teatro e em 2007 me lancei como Contador de Estórias.

Assim sendo, tenho três áreas artísticas de trabalho:

1- Escritor, poeta, contista e cronista;

2- Diretor, professor e ator de Teatro;

3- Contador de Estórias.

Tenho como lema de vida:

SORRIA!

QUEM DECIDE

NÃO DEVE RECUAR!!

VÁ E VENÇA!!!