quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

CARTA

Ipatinga,

Hoje é 23, faltam seis para o fim do mês

Lóri

Eu odeio minha vida. Quero morrer. Por que, diabos, estou vivo e nessa família? Não tolero minha existência. Mais que morrer queria não existir.

Eu te detesto, Lóri. Não te tolero. Vá viado. Vá! Vai embora de minha vida. Suma!

Tem poucos minutos e você telefonou apenas para perguntar se alguém te procurou. Nem sequer está querendo saber como estou.

Perguntei onde você estava e disse estar no telefone 72831511, mas fez cu doce e não falou onde estava.

Ô idiota, praga dos infernos. Não estava querendo te vigiar e nem te controlar. Perguntei por perguntar. Se você estava na puta que pariu ou em outro lugar, não me importa nem interessa mais. Você me irrita bicha incubada.

Quando você vai embora? Quando? Suma, desapareça. Xô, xô, xô, xô, xô.

Já dormi mal porque saquei que você quer me abandonar. Já está me abandonando. Você abandona as pessoas quando as coisas ficam difíceis. Com a necessidade de pagarmos a dívida que fizemos e com nossa dificuldade em conseguirmos o dinheiro você vai sumir me deixando sozinho com o problema. Como você já fez com JR, em SP. Ele que confiou em você. Como fez em 2002 na Escola de Iniciação Teatral 7 de Outubro. Como fez comigo na livraria em 2003. Como fez com outras pessoas. Como está fazendo comigo outra vez. E eu, burro, confiei. Burro. Burro. Jegue. Jumento. Foram tantas vezes e eu, idiota, ignorei. Bem feito para mim. Mereço ser ferrado mesmo. Lóri, você é um traidor. Você é traidor. Lóri, o traidor. Traidor covarde! Vagabundo! Só come e dorme. Come e reclama do que come. Tem nojo de minha família; que te acolheu. Nojo a ponto de não usar o sabonete que usamos. Nojento é você.

Dormi pouco esta noite. Mas agora, após o seu maldito telefonema, decidi seguir minha vida.

Lóri, desgraçado, traidor, covarde, vagabundo. Lóri pernicioso, pegue suas coisas, saia e não volte mais. Vá para os quintos dos infernos. Vá para onde quiser, mas suma da minha vista. É só começarmos a falar que brigamos. Eu, que tanto de amei. Mas não vou me permitir te odiar. Você não merece que em me ocupe com você. Vai chegar o dia, e está próximo, que simplesmente terei o inverso do amor: a indiferença.

Não! Eu não vou morrer. Você não merece. Eu vou ser feliz.

E quando ler essa carta. Simplesmente pegue suas coisas e rua. Não me espere.

Benito.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

POESIA DE BAR EM BAR

Rubem Leite

Manuscritos escritos entre

09 a 18 de dezembro de 2009.

Digitação e refazimento entre

19 a 22 de dezembro de 2009

Ouvindo Águas da Amazônia, de UAKTI.


Ofereço a

Shirley Maclane, Solange Amorim,

Marília Siqueira, Nena de Castro,

Banda Bricoleur e aos artistas citados no poema.

Ofereço também a Mayron Engel,

como presente de aniversário.


A lata batida na mesa

Chama atenção

Rosto desagradável

Enquanto Penna a cantora Mariana

E os instrumentais não vêem

Quem ouve enquanto a caneta

Fala o que vê.


Cordel duma Bruta companhia

Que, juro, não vou rimar com bordel

É a pétala do pássaro Filipe

Na dor olhar de Gisely

Da Maria Clara palavra Marrione.


Tenho impressão

Estou ficando cego


Um desejo estranho

Num medo tacanho

Duma visão

Reduzida reduzindo

O cenário derredor


¿Refletindo minha estupidez?


Importaria-me menos se meus olhos

Carnais

¿Fechassem

Se meus olhos

¿Artísticos

Abrissem

Ainda mais?


Cansada de esperar a voz cansada espera resposta.


Olho para trás vendo a noite que se vai

Reposiciono-me vendo o sol que vem.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

EU SOU CACHORRO SIM

Às vezes, e atualmente quase sempre, sinto vontade de chorar. Há tantas belezas no mundo e tantas oportunidades no planeta. E muitos querem nos colocar nos lugares mais feios deixando só para eles ou para uns pouquinhos além deles uma beleza que muitos poderiam vivenciar... Outro tanto, se não os mesmos, não perdem uma oportunidade de tirar as oportunidades dos demais.

Meses e meses atrás um cachorrinho sem uma das perninhas, com muito custo, atravessou a rua chegando lá um outro cão o expulsou de volta e quase foi atropelado.

Soube hoje de dois cães. Um foi atropelado e o outro não deixou o amigo só. Nada nem ninguém conseguiu convencê-lo a abandonar o companheiro.

E eu. Estou com tantas mágoas. Tantos medíocres que atrapalham. Muitos corruptos. Muitos vendidos. Muitos sacanas. E eu. Estou com tantos rancores.

O que fazer? Só consigo rezar.

O infinito Amor de Deus flui para meu interior e em mim resplandece a Luz espiritual do Amor. Essa Luz se intensifica, cobre toda a face da terra e preenche os corações de todas as pessoas com espírito de amor, paz, ordem e convergência ao Centro” (Oração Pela Paz Mundial - Seicho-No-Ie).

E recarregado, consigo sorrir. Consigo ainda olhar para o que tem de belo. Consigo voltar a investir em fazer da Terra o Mundo Ideal. Meu amado amigo Eddy, me pergunto ontem se eu acredito que podemos mudar o mundo. Se não seria utopia. Minha resposta foi e voltou a ser “Não para amanhã. Talvez nem para meus filhos e netos. Mas tenho certeza que muita gente ainda verá e viverá num mundo ideal".

E assim, levanto, vou até a janela. Vejo o tráfego intenso, por trás vejo o morro verdejante e suas poucas casas. Vejo o céu com suaves nuvens. Lembro do estranho que me sorriu... E sorrio também.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

TANTAS CABEÇAS

Rubem Leite

Entre 03-10-06 e 09-12-09


Dez reais

Faltando um pedaço

Da mediocridade,

Peça inteira

De tantas cabeças


E eu e Nena e Cida

Vendendo cavalo, catando cavaco

Um conto nosso

Contando a introdução

De algo estranho é glúteo


Eta vida dura,

Mas melhor que ser

Gonorante.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

1ª Feira de Cordel

Para visualizar a programação, clique sobre a parte em branco abaixo do banner amarelo.

É UMA LUTA OU UM BEIJO

Rubem Leite

04 a 08 de dezembro de 2009

Ofereço à Marília Siqueira, como presente de aniversário.


Abaixo escrevo ouvindo “La Cigarra”, de Renato Teixeira.


- Bom dia! Eu sou Ruy Prado e estou querendo falar com Dr. Ferracine Ferraz.

- Bom dia, senhor! Ele não se encontra. Está viajando pelas ilhas Canárias.

- Como assim não está. Ele marcou de me receber hoje.

- Simplesmente ele não se encontra e só voltará daqui a três semanas. Sugiro então que o senhor volte dia 23.

- Mas não posso esperar tanto assim. Gastei tudo que tinha vindo para cá.

Aqui, obviamente, a moça fez uma cara nada simpática para o desprovido.

- Sinto muito.

- Mas não posso esperar tanto assim.

- Se você não se retirar agora chamarei o segurança.

Sai. E fora, o sol lhe bate na cara tirando-lhe uma lágrima e entre essa e outra lágrima, agora de fúria, volta a pé para a rodoviária. Compra a passagem. Próximo ônibus, 23 horas. Em seu bolso nem R$10,00. Senta numa praça até o estômago reclamar sua atenção. Anda pelas ruas; 13 horas. Passa por um shopping; 13:20 horas. Uma rua só de lojinhas; 13:50 horas. Outra praça; 14 horas. 14:15 horas. 14:30 horas. 14:40 horas. 15 horas. 15:10 horas. ... 16 horas e não agüentando, come uma cochinha a seco. 17:10 horas. 17:30 horas. 17:53 horas. ... 22 horas compra uma cerveja, bebe e volta para a rodoviária. Outra cerveja. Embarca. Ao lado, separados pelo corredor, uma mulher de lenço na cabeça com um bebê. De suas coisas um cheiro de salgados e frauda suja. De sua poltrona à janela aspira que ninguém tenha comprado a do corredor para ele poder esquecer por um tempinho.


Abaixo escrevo ouvindo o poema Quadrilha, de Drummond,

e Samba em Prelúdio, de Baden Powell e Vinícius de Moraes.


- Oi! Com licença, por favor.

Um homem alto, negro retinto, diz num misto de voz grave e suave. Nosso amigo pensa “já vai meu sono”, mas diz:

- Boa noite! Sente-se, por favor.

- Sou Chico Guerra. E você?

- Ah! Sou Ruy.

- Bom.

Depois de um curto silêncio agradável, Chico continua:

- Eu faço jiu-jitsu e ontem venci um adversário, agora que o campeonato acabou volto para casa. E você, faz o quê?

- Engenharia. Sou engenheiro. Estava na capital para um garantido emprego e agora que a entrevista acabou volto para casa.

- Ah!?

Depois do monólogo do Chico e umas choradinhas do bebê finalmente nosso herói consegue cochilar até que o ônibus para num lugar desagradavelmente iluminado.

- Que aconteceu?

- Para mim, fim da linha. Para você, Ruy, é só uma pausinha de minutos para depois a viagem continuar.

Descem ambos. Sem possibilidade de dormir e esquecer continuam a conversa.

- Onde estamos?

- Numa cidade industrial. Siderúrgica.

- É mesmo? Poxa. Não consegui emprego na capital, quem sabe não será aqui que poderei me estabelecer.

- É mesmo. Você é engenheiro. Mas conhece alguém que pode te indicar?

- Não!

- Huuuum! Então não será tão fácil assim. A empresa já tem sua estrutura, né?

- Preciso tanto de um emprego...

- Precisa muito, fará qualquer serviço que queiram?

Pensa e responde:

- Sim! Sou engenheiro, mas até conseguir o que quero, não me importo em fazer o que for necessário.

- Posso te apresentar para um sujeito. Foi ele quem conseguiu que a indústria me patrocinasse.

- Legal!

- Bem! Te levo para dormir em minha casa e amanhã te levarei até ele. Tenho um quartinho nos fundos, se você não se importar em se ajeitar num quartinho de despejo...

- Nessa altura do campeonato um quartinho de despejo é um apartamento.

Ambos riem enquanto começam a andar e Chico explica a natureza do trabalho.


Abaixo escrevo ouvindo Eu Sei Que Vou Te Amar (em castelhano) e Elis Regina.


Par de pés a cinco centímetros de outro par de pés. Mãos nas cinturas. Lábios rígidos quase encontrados. Olhares encontrados. A fúria ultrapassando suas alturas, esticando em muito seus corpos. Foi assim a aproximação de Chico e Ruy no jogo, em times diferentes. Depois da noite que se conheceram e dos três para quatro meses seguintes os dois se afastaram com raiva. Ruy pensando “Foi para isso que vim aqui? Sou engenheiro. Não um”. E Chico pensando “Foi para isso que veio aqui? Dei abrigo. Apresentei um que lhe deu emprego e agora é engenheiro”.

E quando o empregador ou outro pergunta para Ruy se não sente falta do amigo a resposta é sempre “Não! Não preciso de gente daquele tipo. Eu me mantenho”. Mas nunca lhe perguntaram isso enquanto dormia. E a resposta seria “Sim. Sim. Sim”. Mas nunca perguntaram. E os dois não se falaram.

Foi assim: Quando se conheceram, Chico Guerra levou o amigo para um homem que poderia contratá-lo mediante algumas noites de sexo. Mas não foi fácil, apesar da beleza de Ruy, o “benfeitor” não era tolo e um emprego importante como engenheiro é um preço muito alto para uma noite. Ruy tinha que ser bom e ficar com ele muitas noites. No início o rapaz se sentiu nervoso, mas descobriu que era prazeroso. E uma noite dormiu com Chico. Com o “benfeitor” era um trabalho. Mas se chocou quando descobriu que com Chico era amor. Era amor. E quis ser só do Chico e que Chico fosse só dele. Não foi aceito. A dor matou o amor. Mas eu me pergunto se era amor ou paixão o sentimento de Ruy. Mas o caso é que o tempo passa. Que emoções e lembranças, assim dizem, não sei, sedimentam. E Ruy conheceu uma jovem. Amou a jovem. Filha de quem o empregou. Casaram contra a vontade do, agora, ex-benfeitor. E o tempo passa. Emoções mudam. Carinho aumenta. Confiança evolui. E o tempo passa muito.


Abaixo escrevo ouvindo Enrique Granados tocando Villanesca.


E o tempo passa. E o tempo passa muito.

- É preciso coragem, meu véio.

Ruy encostado à parede nada diz, apenas olha a esposa levantando a parede dentro do quarto do casal.

- Não temos mais dinheiro e como o seguro cobre desaparecimentos...

Já estando quase tudo coberto, faltando o quê, um metro para fechar toda a parede?

- Eu te amo, véio, você sabe. Foram mais de cinqüenta anos de felicidade, mas eu preciso fazer isso. Esse dinheiro é fundamental.

A parede tem o quê? Um metro de largura pelos velhos conhecidos quatro de comprimento?

- Ninguém que não conhece nosso quarto vai perceber a diminuição. E quem o conhecia? Nunca trouxemos estranhos para cá e os empregados foram embora, já que não podemos mais pagá-los.

Oprimido e encostado à parede Ruy olha com medo para a esposa.

- É preciso coragem, meu amor. Você tem que entender. É preciso fazer isso. Depois bastará pintar... colocar o guarda roupa aqui. Ninguém vai perceber o emparedamento. E continuaremos um fazendo companhia para o outro. Você aí e eu aqui.

Um suspiro é a resposta de Ruy. Ele quer pedir à esposa amada que não faça isso. Ele a ama. Quer pergunta “Você não me ama? O dinheiro vale mais que eu? Que nós?”. Mas apenas suspira.

- Sem dinheiro não dá para vivermos. Então, adeus, meu véio. Um tem que desaparecer.

Ruy manda um beijo e Adélia cimenta os últimos tijolos. Ele suspira. Tem um resto de tempo para pensar na vida. Mas só lembra com saudade de Chico Guerra e no triste amor pela Adélia. E sai para comprar a tinta.

domingo, 6 de dezembro de 2009

SORRISO ABENÇOADOR DE DEUS

Rubem Leite


- Oi! Eu sou Benito. Tá lembrado de mim? Fiz um relato algum tempo atrás e agora vou contar outro. Vamos ao meu Confesso Que Vivi. Eu sou Benito Bardo Júnior, tenho doze anos e quando conheci a Seicho-No-Ie eu participava das Reuniões de Crianças e era tudo de bom e até sinto saudade, mas agora sou grande e freqüento o DJU. Antes de conhecer o Ensinamento papai estava cheio de dívidas e agora, praticando a Seicho-No-Ie, ele é um próspero empresário de sucesso. Semana passada estava querendo um MP13 e pedi a meu pai que disse que no dia seguinte a gente sairia de manhã bem cedo para comprá-lo. É que meu aniversário estava quase chegando. Então fui dormir, mas quando acordei já era tarde e ele tinha saído para o serviço. Fiz uma rápida Meditação Shinsokan, li a Revelação Divina da Grande Harmonia para meus antepassados, comi um pão e fui encontrar a galera no shopping. Era sábado e como sabia que tinha uns trocados na carteira a gente ia fazer um lanche por lá. Mas quando nos encontramos fiquei sabendo que um de nossos colegas, Wagner, estava com gripe suína então nós fomos lá e rezamos a Sutra Sagrada Chuva de Néctar da Verdade para ele. E acabamos ficando para o almoço, já que era quase meio dia quando chegamos. A Sutra foi tudo de bom, já que ele teve uma melhora tipo 10. De lá fomos para o shopping, inclusive o Wagner, e como namorei o MP13 que tanto queria. Depois voltamos para a Reunião de Juvenis. O LI Rezende Junior usou como livros textos “Meditação Shinsokan É Maravilhosa” e “Vamos Ler a Chuva de Néctar da Verdade”, ambos do Prof. Seicho Taniguchi e falou sobre a Meditação Shinsokan e sobre a Oração de Gratidão aos Antepassados. Ensinou que uma das melhores coisas do mundo é se encontrar com os amigos e que encontrar com Deus é ainda melhor. Portanto, a Meditação Shinsokan deve ser feita sem pressa, pois é o encontro com nosso melhor e maior Amigo. E a Oração de Gratidão aos Antepassados é como diz o nome – oração de gratidão –, portanto deve ser feito também sem pressa, mas sentido-se feliz e também grato a quem nos deu a vida. Percebi então que eu podia melhorar meu comportamento. Aí eu decidi “A partir de agora vou praticar a Meditação Shinsokan com o sentimento de me encontrar com meu maior e melhor Amigo. Afinal Deus é Amigo, e é mais, Ele é Mãe, é Pai. E vou me levantar mais cedo para agradecer de verdade aos meus antepassados rezando a Sutra Sagrada com eles”. E encerramos a Reunião praticando a Meditação Shinsokan. Eu contemplei uma aura suave como a lua cheia me envolvendo. Contemplei-me também ouvindo todo feliz o MP13. Contemplei ainda todas as pessoas que gosto – minha família, amigos e Dirigentes da Seicho-No-Ie – felizes e saudáveis. Cara! Eu vi o Sorriso Abençoador de Deus. Deus sorriu para mim, para o MP13 e para as pessoas que contemplei. Foi a melhor Meditação Shinsokan que pratiquei. É verdade. A Meditação Shinsokan é Maravilhosa, como diz o Prof. Seicho Taniguchi. Depois fomos todos juntos mais uma vez para o shopping comer uma pizza comemorar os aniversariantes do mês – eu, Rubem, Fátima e Carlos –. Na hora de rachar o pagamento abri minha carteira e... não acreditei. Lá estava um bilhete do pai dizendo “Benito, Deus te abençoe! Bom dia, muito obrigado! Como você ainda está dormindo e tenho que ir trabalhar deixo aqui um cartão de crédito que fiz para você. Cuidado para não gastar com bobagens. Mas eu confio em você. Escolha bem o aparelho e divirta-se. Lembre-se de convidar seus amigos para a festinha no domingo”. E todo atômico fui comprar o meu sonhado MP13 e comigo foi toda a galera. Foi 10. A gente se divertiu bastante. E o melhor é que na festa que fizemos em casa ainda ganhei outro presente de meus pais: Um par de tênis da hora e o que mais queria: toda a coleção A Verdade da Vida, mas não falava nada já que tínhamos uma em casa. E todas as manhãs na Meditação Shinsokan eu vejo e sinto o Sorriso Abençoador de Deus como o sol nascente que evapora o sereno da madrugada. É tudo de bom. Obrigado, obrigado, muito obrigado!

“Já disse várias vezes em ocasiões anteriores, porém torno a dizer que a Essência é como uma imensa fortuna que nos pertence, mas cuja existência desconhecemos. Suponhamos que algum parente ou amigo generoso tenha colocando numa das divisões de minha carteira um ‘cartão de crédito ilimitado’ a meu favor, sem que eu percebesse. Imaginemos que eu vá a uma grande loja, certo de que em minha carteira só existe uma pequena quantia. Mesmo que encontrasse mercadorias que gostaria de adquirir, teria de me contentar em comprar somente aquilo que não ultrapasse essa pequena quantia. Ainda que examinasse a carteira, só veria algumas notas na divisão principal e continuaria a desconhecer a presença do ‘cartão de crédito ilimitado’ em meu nome, numa outra divisão. Assim, acharia impossível comprar algo acima da quantia limitada que constatei possuir. E seria mesmo impossível. Contudo a situação mudará completamente se alguém me informar acerca da existência do ‘cartão de crédito ilimitado’ em minha carteira. A partir desse momento, passarei a ter o poder de adquirir tudo o que eu quiser. A Essência é como esse ‘cartão de crédito ilimitado’: é a possibilidade infinita que existe dentro de todo o ser humano. Na Essência do ser humano é dotado de Vida infinita, força curadora infinita, provisão ilimitada”.
(A Verdade da Vida, vol. 17 – Dr. Masaharu Taniguchi capítulo Uma Religião que se Vive no Cotidiano).

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

BEIJO DEMORADO, PROLONGADO, QUE SELOU

Rubem Leite – 02-12-09

Ouvindo Casinha Pequenina, de Sílvio Caldas escrevo

Matei! Matei sim e mataria com prazer muito mais se eu pudesse. Sou uma soberana. Nunca uma soberana qualquer. Mas a soberana de suas vidas. Agora a polícia virá me prender. Como? Suas mãos indignas não poderão me tocar. Tocar a mim! A mim! A sua senhora. Não Nossa Senhora, mas a senhora sua. Deliciei com seus sexos mais do que se deliciaram com o meu. Beijei demorado, prolongado, que selou suas mortes. Mas vocês me mataram antes. Mataram-me primeiro. A mim, sua soberana. Mataram meu garanhão. Tão majestoso. Tão soberano. Tão rijo. Lindo. Vocês o tomaram. Não poderia ser de vocês então não seria de ninguém. Meu garanhão. Meu! Cresci. Tornei-me soberana. Eu me fiz soberana. Eu! E a polícia quer colocar suas mãos corruptas em mim. Nunca. Jamais. Mas agora mostrei que o único macho digno de mim era meu garanhão. E eu sou a fêmea soberana. A fêmea soberana que se deleitou com vocês. Eu! A fêmea soberana. Soberana. A polícia imunda, indigna não me tocará. No meu nobre salão real espalho, jorro perfumes. Acendo a lareira tropical. Tranco a porta. Espojo-me no divã de veludo e seda de ouro. Em pouco tempo o calor tropical é vencido pelo calor das chamas. Eu, soberana, me deito com o fogo que me come e que eu governo.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O ELOGIO DE DEUS

Rubem Leite


- Oi! Eu sou Benito. E você?

- ...

- Gostei do seu nome. Tenho dez anos e freqüento a Reunião de Crianças. E você?

- ...

- Legal conhecer você! Agora vou contar o meu Confesso Que Vivi. Eu e minha mãe, a gente não se dava bem e vivíamos brigando. A gente era que nem cão e gato. Aliás, não, pois tenho quatro cachorros e um gato e eles não brigam. Acho que as pessoas dizem que gato e cachorro brigam porque não praticam a Seicho-No-Ie. Lá em casa, por exemplo, depois que comecei a freqüentar a Reunião de Crianças minha mãe e eu “ficamos legal”. E os cachorros mais o gato fazem a Meditação Shinsokan e Oração de Gratidão aos Antepassados conosco. Ficam deitados ao nosso redor, quietinhos no tapete da sala. Bem, vamos ao Relato:

Muito obrigado! Eu sou Benito Bardo Júnior. Conheci a Seicho-No-Ie dois anos atrás e antes disso, minha mãe me xingava todos os dias e dizia que eu era filho do capeta. Ela até já me bateu várias vezes porque tudo que eu fazia era errado e fora de hora. Uma tarde, depois que eu vinha da escola parei na banca de revistas da pracinha para ver quais as novas revistas de super-herói. Só ver já que mamãe não me dava dinheiro nenhum porque dizia que eu não merecia e porque estava todo individado. Quando ia saindo uma menina e uma moça me ofereceram um Jornal Querubim e uma Mundo Ideal. Aceitei, porque queria ler alguma coisa e não tinha dinheiro. Chegando em casa fui direto para o banheiro porque tinha que tomar banho senão mamãe brigava comigo e também porque estava um calorzão danado. O jantar era um silêncio só porque mamãe não falava comigo e papai ficava triste pela falta de dinheiro e sem jeito diante da cara brava dela. Acabei de comer e fui para o quarto ler as revistas. No Querubim eu vi uma frase que não acreditei. Imagine só, estava escrito “Antes de pensar em ser elogiado por outrem, pense em ser elogiado por Deus”¹. Aí eu pensei: “Será? Eu quero ser elogiado pela mamãe, mas nunca pensei em ser elogiado por Deus. Como faço para ser elogiado por Deus?”. Lendo a Mundo Ideal vi que para ser elogiado por Deus deveria procurar fazer as pessoas felizes, principalmente aos pais. Aí pensei: até a minha mãe? E vi que sim. Continuando a ler vi o carimbo com endereço da Associação Local e fui na Reunião de Jovens. Foi super híper ultra legal. E lá eles me disseram que todo domingo tem Reunião de Crianças às 09 horas da manhã. Comecei a freqüentar escondido, pois achava que fossem me proibir. Aprendi a agradecer aos antepassados, ao papai e até a mamãe. No início agradecia a mamãe meio sem vontade, mas como queria ser elogiado por Deus, eu ficava repetindo umas mil vezes todos os dias “Obrigado, Deus! Obrigado, antepassados! Obrigado, papai! Obrigado, mamãe! Obrigado, obrigado, muito obrigado!”. Então freqüentando a Reunião de Crianças, lendo o Jornal Querubim e a Mundo Ideal fui me tornando um bom menino e quanto mais eu fazia na hora o que mamãe pedia mais ela passou a mostrar o seu amor e suas palavras foram ficando mais carinhosas. Um dia mamãe me chamou:

- Benito! Que foi que aconteceu que você virou um anjinho?

- Então falei da Seicho-No-Ie e na Reunião seguinte ela foi comigo. Enquanto eu participava da Reunião de Crianças ela assistiu o Domingo da Seicho-No-Ie. Hoje fazemos juntos todas as manhãs a Meditação Shinsokan e a leitura da Sutra Sagrada Chuva de Néctar da Verdade para os antepassados. Papai e mamãe estão fazendo o Módulo de Estudo da Seicho-No-Ie. Ele freqüenta a Reunião dos Adultos, a Fraternidade, mamãe acabou de se tornar Presidente da Associação dos adultos Pomba Branca e todos juntos vamos para o Domingo da Seicho-No-Ie, eu para a Reunião de Crianças. Amo muito a Reunião de Crianças, mas ano que vem vou começar a participar das Reuniões de Juvenis. Oba! Mas não para por aqui o meu Confesso Que Vivi. Toda vez que papai e mamãe olham para mim e para meus irmãos são todos sorrisos. E o sorriso do papai e da mamãe é o sorriso abençoador de Deus e assim eu me sinto elogiado e amado por Deus. Obrigado, Deus! Obrigado, Mestre! Obrigado, antepassados! Obrigado, papai! Obrigado, mamãe!


“A primeira tarefa apresentada na ‘Escola da Vida’ é o treinamento para proferir palavras que exprimem os bons sentimentos inerentes ao ser humano. Esse treinamento requer bastante tempo. Portanto, vamos todos continuar treinando a dizer boas palavras.

O procedimento mais fácil é treiná-las no próprio lar. Todas as manhãs, ao acordar, diga um alegre ‘Bom-dia’ a seus pais. E, também na hora da refeição, profira boas palavras. Creio que a maioria dos leitores se comporta desse modo, e espero que continue assim. Quanto às pessoas que não costumam agir dessa forma, recomendo que iniciem o treinamento a partir de hoje, pois é fácil e qualquer um pode fazê-lo. Além de proferir boas palavras, devemos praticar, pelo menos uma vez ao dia, algo útil, algo que beneficie todos”.

(Viver com Alegria, Prof. Seicho Taniguchi, Boas Ações e Agradável Treinamento).

¹ Jornal Querubim, nº 125, dezembro 2008.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O CORTE DA DIVINA TRAÇA

Rubem Leite

20-11-09


A traça traçana e traiçoeira traçou o traço transado transversalmente com tracelete no transepto transcendental da Transilvânia.

Corto cabelo e pinto.

A azeitona a engravidou ou de tão magra, por ter engolido uma azeitona, pensaram que estava grávida.

Um elefante o engravidou ou de tão gordo perguntaram se esperava um elefantinho. “Já estou parindo, pelo menos a tromba já está para fora”. Respondeu o homem.

Deus, quando criou o primeiro homem, pensou “posso fazer melhor”. E me fez.

Num rádio da vizinhança uma dessas músicas religiosas de alguma religião: “Os surdos vão cantar”. E pensei “Profundo!”. Decidi então formar a minha igreja – NO FUNDO DO POÇO DE JACÓ A SARÇA DE AGUARDENTE –, cujo lema é “Os surdos vão cantar. Os mudos vão andar. Os paralíticos vão ver. E os cegos vão ouvir”. Venha para minha igreja você também. Vem.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Circo-teatro

Olá amigos narigudos,o circo fool junto a outros grandes artistas de Ipatinga comemora desde 2007 o dia 10 de dezembro,dia internacional do palhaço.Este ano queremos fazer uma programação bem diferente,e gostaríamos de saber se você ou seu grupo se interessa em fazer alguma performance de palhaço ou com algum personagem ligado a ele, pode ser musica ,teatro,dança,poesia,qualquer coisa que seja clownesca.

Por favor se interessarem mande resposta até o dia 05/12 para fecharmos grade de programação

A comemoração acontecerá na praça primeiro de maio e terá inicio as 09:00 hr no dia 10/12 (quinta feira)

Abraço do Petit (Luis Yuner)

luispalhaco@hotmail.com

(31) 87597117

por favor ajudem a divulgar,mande para todos os seus amigos artistas

O GRANDE DIA

Rubem Leite

21\11 à 24\11 de 2009

Ver o conto “O Dia”.

E escrevo ouvindo Tchaikovsky.


- “Quando crescer vou me casar e morar aos pés de uma linda, florida e silenciosa montanha. E da minha cama poderei ouvir um riacho. Os únicos sons, quase todos os dias, serão o dos pássaros e do riacho”. Era o que Mariinha sempre dizia para sua mãe.

Uma tarde, no jardim, sem que ninguém visse, a roseira branca floriu pela primeira vez ao som de suas palavras. Bem, eu vi. E conto para você. E aquele botão, acredite, nunca mais murchou. É verdade. Eu juro. Já tem uns dez anos e ele continua lindo.

- “Bom dia!”. Diz segurando a moça prestes a cair.

- “Obrigada!”. Sem graça ela se recompõe.

- Ali tem um banco. Se estiver nervosa poderá descansar.

- “Não, obrigada! Eu...”. Antes de falar que era estabanada o rapaz a interrompeu: – “Piso terrível. Sempre tem alguém escorregando... Eu sou Elísio Campos Tártaro”.

- Eu sou Mariinha Hebefrênia.

- Já terminei as compras que vim fazer. Vamos dar uma volta?

- Eu também. Ah! Vamos.

- A Cia Bruta de Teatro apresentará hoje o espetáculo A Marca do Corvo, do Grupo Tralha. Tem uma base em Kafka. Quer ir comigo?

- Ah! Não sei...

- Sei que somos estranhos, mas será um bom modo de nos conhecermos. Garanto que sou um bom rapaz.

Encantada pelo rapaz de pele branca tão contrastante com a sua, de imensos olhos e cabelos negros como nunca antes visto por ela e por, eu acho, ninguém. Um rapaz tão bonito. Alto. Forte... Foram assistir ao espetáculo. E ela voltou para casa sã e salva. Mais respeitada do que queria. No dia seguinte, ao lado da rosa branca, havia outro botão. O primeiro a fazer companhia à solitária flor. No sábado seguinte o rapaz foi à casa da nossa amiga. Os dois ficaram conversando no jardim e ela contou o mistério da roseira. E o rapaz sorriu. No dia seguinte, mais um botão. Mais duas semanas e o nosso caro amigo vai com Mariinha para o cinema. Depois jantam num lindo restaurante e seguindo à vontade dela vão os dois para um motel. No dia seguinte, quando chegam em casa, observam mais uma rosa. Ambos sorriem e ele vai embora. Regularmente os dois se encontram. Uma semana sim e outra não. Às vezes ficam duas semanas sem se ver e outras se vêem quase todas as noites. E a roseira sempre fértil de rosas imurcháveis. Até que.

- Seu Ricardo. Dona Ringa. Tenho a honra de pedir a mão de sua filha em casamento.

- “Só a mão eu não dou. Se quiser tem que levar ela inteira”. Todos riem diante da inevitável batida piada.

E a roseira se cobriu toda com as flores mais alvas.

Mais seis meses e Mariinha fez vinte e três anos. Na festa Mariinha dançou com Pedro, João, Richard, Nicinha, Claudinha e Walter que gosta de ser chamado de Uálter. Dança com Dr. Lucas e com Júlio. Ambos estão sérios. Quase tristes. E com seu noivo dança todo o fim da noite sem desviar os olhos do negro olhar do seu amor.

- Amor! Tenho que te confessar algo...

- Não é preciso me dizer nada. Eu te escolhi.

- É que... Eu não sou mais...

- Moça?

- É.

Sorrindo ele diz “Não importa. Eu te aceitei muito antes mesmo de você me ver”. Enlevada ela encosta sua cabeça no ombro amado.

Dois meses depois sobe ao altar da igreja de Nossa Senhora da Rosa Mística ao som da Ave-Maria. Trajava um vestido branco com discretos detalhes em rosa e azul. Em suas mãos um buquê da roseira branca de seu jardim. No altar o noivo todo sorriso branco num terno negro.

- Elísio! Você ainda não me revelou onde será nossa lua de mel.

Sempre sorrindo “Será no lugar de seus sonhos. Nossa lua de mel será em nossa casa. Aos pés de uma linda, florida e silenciosa montanha. E da nossa cama você poderá ouvir um riacho. Os únicos sons, quase todos os dias, serão o dos pássaros e do riacho”.

Sorrindo entraram no carro onde Mariinha adormeceu ao som da voz do amado. Em paz descansa até hoje sob uma linda laje de mármore branca tendo ao redor umas poucas lajes negras, róseas ou marrons. Um coro de pardais, de bem-te-vis, sabiás, curiós enlevam seu sono aos pés de uma montanha rochosa num campo verdejante com incontáveis canteiros e um cristalino riacho.

E na casa dos pais de Mariinha uma linda roseira com flores que nunca murcham.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Caminhos Gerais

Lançamento da revista Caminhos Gerais em todas as bancas do Vale do Aço.
Reportagem sobre a história da siderurgia mineira com pesquisa de grande impacto, Entrevista com a gerente cultural Marilene de Lucca Reportagem com os ilustradores e desenhistas do Vale do Aço e reportagem sobre uma tragédia ambiental onde um mar virou deserto. Em todas as Bancas.
Obrigado!

Mário Carvalho Neto
MCN COMUNICAÇÃO E EDITORA
Av. Dr. Pedro Nolasco, 480 - Centro
35170.300 Coronel Fabriciano
Fones: 31-3842 4193 - 9966 6920

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

HISTÓRIA

Rubem Leite – 29/6 à 19/11 de 2009

Louvada e honrada seja a Bandeira do Brasil e que ela nos ensine a respeitar a Pátria.

E o que é Pátria senão a população.

População voltada para um centro e com um centro “alimentando” a população.

É uma bela praça. O sol está para se por num dia parado numa avenida cheia. Muitas árvores e até passarinhos cantam. Canta também um pneu.

- Benito! Como vai?

- Sou soldado de uma guerra particular. Carrego minha bandeira. E como queria aliados. Mas sou homem. E cada qual nasce sozinho. E morre sozinho. Sendo homem nasci de um ser estranho, diferente. Nasci de uma mulher. As meninas nascem de uma igual, de um ser conhecido.

- O que cê tá falando?

- Eu era religioso e bom. Ou qualquer coisa assim. Estou com vocês fazendo o bem. Eu. Eu era qualquer coisa.

- Ce não tá passando bem, né?

- E o que temos em comum? O que unifica o homem e a mulher? O pai. Se uma mulher nasce de uma igual. Se um homem nasce de um ser estranho. Ambos têm em comum o pai, que é homem. O pai é diferente da filha. O pai é igual ao filho. Mas a participação paterna é mínima em relação à materna.

- Ce tá me assustando.

- Que Deus não nos castigue. É. Vocês não serão maltratados. Nem eu. E, qualquer coisa, estou aqui para vocês e por Deus. E depois, estou com o espelho que filma seres da qualidade de vocês.

- Ah! Você me dá licença, mas tenho um compromisso, tá.

- Sou soldado. Carrego minha bandeira. Sou minha própria porta bandeira e meu próprio mestre sala. Sou soldado e me vejo com Letítia. Tentamos ser felizes, mas não consegui. Sempre a vi com seu marido, um meu igual. Sempre me via traindo meu companheiro. Um meu igual por uma estranha. Não a satisfiz; não que eu fosse incompetente. Não me satisfiz; não que fosse impotente. A gente se afastou e tornei-me sórdido com o tempo. Mas não vou dizer que foi a vida. Não! Sempre que ouço isso penso que é desculpa. Sei que é. Eu não sou covarde. Assumo o que sou e o que faço. Ontem, ou será anteontem? Bem, ela me viu. Acenou para mim. Rindo. Conversamos e ela não quis a minha cama. Séria. Eu vejo. Como poderia ser. Seria assim. Não seria assim. Seria. Não seria. Vejo-me agindo assim. É assim que a gente age ou deveria agir quando trocados ou relegados. Decepções, mágoas, vidas encontradas, risos, dores. Vivendo.

Sentei num banco. Atrás de um mim um pássaro alçou vôo. Minha vista está enevoada, detrás de um véu. Nada vejo além de Letítia; nada ouço além de nossas palavras. Caminho pela praça sem nada me deter.

Vou para casa. Minha dor é minha e ninguém se interessa por ela. E quando se interessam quantos pensam em mim e quantos mais se interessam pelo mórbido? Vou para casa. A vida continua. Doa a quem doer, a vida continua.


A Cia. Bruta de Teatro por meio da Lei de Incentivo à Cultura e patrocínio da Usiminas tem o prazer de convidar para a estréia do espetáculo "A Marca do Corvo".
Este espetáculo é resultado da bolsa concedida ao Grupo Tralha de Teatro que nos últimos meses viveu um processo de criação com direção de Gessé Rosa e preparo corporal de Patrícia Leitão.

Esperamos ansiosamente por sua presença!

Atenciosamente,

Franklim Drumond
Secretário - Assessor de Comunicação

Cia Bruta de Teatro
Ipatinga | MG
31 | 38250807 | 85364938

terça-feira, 17 de novembro de 2009

LUA E VÊNUS

Rubem Leite

Versos escritos e mexidos em

13-7-04 (04:58h AM); 19-8-04; 17-11-09

Gandhi, alma sublime,

Que só de ler sobre ele

Começo a chorar.

A Lua nua num sorriso crescente para mim

Vênus, igualmente pálida, nem pisca

Para ninguém.

Volto a deitar

Mas não paro de pensar

Volto para vê-las

Que pena. Foram embora

E eu, só, no meu quarto.

Mas eis que vejo Vênus

Se despir do véu

Que envolve o céu

E olha para mim.

Não sorri nem pisca.

Serena!

Será amor à vista?

Sem serem palavras ao vento

Quero poder ouvir alguém repetir

(E acredito um dia

Poder ser um Gandhi também):

“Detesto os privilégios e monopólios.

O que não pode ser de todos,

Não o quero para mim”.

Quero que minhas lágrimas de emoção

Não sejam vãs.

Quero que na humanidade sejam veras

Tais palavras

No coração

Na ação.

O DIA

Rubem Leite – 15-16\11\09

Ver o conto "O Grande Dia".

Escrevo ouvindo Ronda Alla Turca, de Mozart; e outras músicas.


- “Miriiinha! Vem para casa”. Chama dona Ringa.

- Essa menina é estranha. Parece, Deus me livre e guarde, sapatão.

- Mããe!

- Ai, filha, desculpe. Mas ela só faz coisa de homem. É correr, é pular de bicicleta, é jogar bola.

Enquanto isso, a garota perseguia um moleque de quatorze, dois anos mais velho que ela. Acabaram de trocar socos e ele perdia.

- Miriiiiinha!

Mas ela se encontrava longe e como o rapazinho conseguiu chegar em casa Mirinha resolveu voltar para sua. Passando pela praça viu o Dr. Lucas saindo da igreja após o Ângelus. Homem bonito de quase quarenta anos, médico assediado pelas mulheres. De vez enquando ela escuta no salão da mãe as clientes falando que iriam sair com ele no próximo fim de semana e que dessa vez o fisgariam. Mas nunca conseguiram. – Engraçado! Ouvindo os pensamentos de Mirinha penso que a vida é um rio. Homens são fisgados e mulheres são peixes carnívoros. Será a vida assim? – Voltando à menina: Pela primeira vez alguma coisa se mexeu em Mirinha. Algo no Dr. Lucas a fez sentir estranha. Algo estranhamente gostoso. Enquanto conversava com Dr. Rimo, o advogado, chegou um rapaz. Lindo. Vestia terno. Muito alto, forte, tinha uns vinte anos, olhos e cabelos cacheados da cor do mel, lábios grossos e vermelhos. Se algo no Dr. Lucas mexeu em Mirinha uma coisa mais, muito mais forte chegou até a fazer um estrondo dentro de Mirinha. Sentiu um calor úmido em um lugar pouco observado por ela até então. Entram os dois no carro do médico.

- Que isso, Mirinha? Por que está vermelha desse jeito?

- “É que corri muito”. Falou e foi direto para o quarto. Do quarto foi para o banheiro tomar um banho que não a refrescou. Algo nunca dantes sentido lhe abrasou ainda mais enquanto se ensaboava. Ofegando ela não tirou a mão. Arfando aumentou a pressão.

- Mirinha! Tudo bem?

- Ahh! Sim!

- Então que demora é essa? Quero tomar banho também. E daqui a pouco seu pai chega e também vai querer entrar.

Pela primeira vez sem comer direito ela vai deitar. O sono interrompido pelo rosto do rapaz. “É o sobrinho do Dr. Lucas que lhe serve de motorista enquanto faz a faculdade”. – A voz de uma cliente ressoa em seu crânio – “Que gatinho é o menino”. Para ela o rosto do Dr. Lucas sorri. Para ela o rapaz tira o paletó. Sem perceber Mirinha se senta enquanto o rapaz tira a camisa. Que peito lindo, mamilos vistosos, músculos fartos. A mão do Dr. Lucas acaricia os cabelos de Mirinha fazendo-a deitar outra vez. O rapaz tira os sapatos, as meias, a calça preta, a cueca branca. Que pés lindos, grandes. Ela quer ver o que os homens têm, mas só vê os pés, as mãos, os rostos, os corpos perfeitos do Dr. Lucas e – arfa e ofega – do rapaz – ouve dentro de si o 1º Movimento de Allegro, de Mozart, e sua mão explorando sua intimidade.

- “Aaai”! Grita a menina quando o sol lhe toca.

- “Que foi, filha”? Entra no quarto o pai assustado.

- Estou sangrando...

Mudo e de olhos arregalados sai o pai deixando sua mulher com a filha.

- Ora, Mirinha. Fique calma. Vai me dizer que nunca estudou sobre isso na escola?

- !!!

- “Sim. Você acabou de virar mocinha”. E têm uma longa conversa que Mirinha pouco escuta pensando nos dois homens que julga serem seus. Os homens de sua vida.

Falta a escola como um presente pelo seu importante dia. Assim que a mãe sai do quarto, Mirinha se conhece mais um pouco com o indicador e não para de ouvir Mozart. Agora é Ronda Alla Turca.

- Filha, fui à farmácia e trouxe para você.

- ???

- “Ah! Minha filhinha agora já não é mais menina”. Fala com uma lágrima e com um sorriso continua “Agora ela é uma mocinha”. Ensina Mirinha como se usa e vai cuidar dos afazeres domésticos deixando a filha ouvindo Mozart e lendo algo.

Ouvindo músicas, lendo e se conhecendo ela passa o dia.

- Não está doendo?

- Não!

- Que bom. Você é igualzinha a mim.

- Vou sair mãe.

- Para onde?

- Na praça.

- Mas vê se não demora.

Mirinha vai direto para a casa do Dr. Lucas. Tudo é um só silêncio então volta para casa. Onze horas ela sai enquanto os pais dormem. Ninguém em sua rua. Da frente da casa do médico se ouve Mozart. Mirinha sorri. Ouvindo a canção da Pantera Cor de Rosa (que Não é de Mozart), pula o muro, que não é alto, e volta a ouvir Mozart. Sobe numa árvore e vê o rapaz sem camisa e de cueca olhando para as estrelas na noite sem lua. Mirinha começa a acariciar as pequenas saliências em seu peito e movimenta os quadris no galho entre suas pernas onde está empoleirada. – Júlio! – ouve a voz do médico. O rapaz olha para trás sem sair da janela. O médico se aproxima, encosta-se nas costas do garoto que sorri. Mirinha se espanta. Dr. Lucas desliza sua mão pelo peito do garoto que fecha os olhos, faz cafuné em seus pelos e abaixa a cueca de Júlio. Da árvore Mirinha só saiu quase ao amanhecer.


- Bom dia, Dr. Lucas. Minha filha quer se consultar com o senhor.

E no quintal o cajueiro vê suas flores se converterem em frutos do mais suculento caldo.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Um pedacinho de São João Del Rei em Belo Horizonte

por Marina Mazzoni

Quem ama São João, tem a profusão barroca na alma, vive enquanto sonha percorrer aquelas ruelas da cidade, descer às margens do Lenheiro, se embebedar dos cheiros, sons e luzes daquelas pontes...

Quem traz São João dentro do peito tem que dar um jeito de vivenciar a arte de Marcos Mazzoni.

Marcos deixou na capital mineira um museu-vivo, um conceito de arte moderna de inspiração barroca que desnorteia as idéias mais fantásticas já vividas por estas bandas.

Planejou e executou durante mais de 40 anos uma casa que cria a oportunidade das pessoas circularem dentro de uma obra de arte.

Então, transpondo o muro de minério de ferro, um jardim que mistura revolução dos robôs, Zé – interpretando Camões, chão de estrelas, caminho das porcas, das ferraduras, interpretação de passagens da inconfidência mineira, experiências e experimentações.

Despida de preconceitos, nua em pelo, desvairada de mineiridade, a arte de Marcos recebe o visitante com vitrais que reproduzem aqui e ali símbolos como o triângulo de Minas, oratórios sem santo, oratórios de tudo dentro, procissão de tipos populares e de santos.

Arte pura, magia dos contrastes, ora sacro, sempre profano

Desculpem, se me enxergam pretensiosa, mas vivo

para alertar que quem não experimentar a arte de Marcos, vai perder a chance de ser inconfidente, ainda que tardio...

E, ser de Minas, escolher Minas é eleger templo sagrado no coração, deixar a alma bater que nem sino, inebriar os sentidos de emoção, verter suor com gosto do prazer, caminhar pela vida com o exército de agentes culturais enlouquecidos pela missão de defender, amar e divulgar...

Amar Minas exige peregrinar pelas igrejas barrocas, admirar as montanhas e serras, molhar os pés nas águas geladas dos rios e cachoeiras e caminhar dentro da obra de arte de Marcos Mazzoni...

O barroco hoje, transpondo o moderno, levando ao sonho, ao desvario... A vivenciar o contraste extremos das emoções, sozinho entre montanhas, único dentro da experiência da arte plena do sentido da mineiridade.

Experimente Minas

Sinta a arte de Marcos...


Marina Mazzoni

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Vou fazer política

Sinceramente quero agradecer ao Tribunal Superior Eleitoral por me abrir os olhos e ensinar o valor dos votos brancos e nulos.
Afinal para que eu e milhares de cidadãos perder seu tempo num domingo para ir pegar uma fila gigante digitar uns numerosinhos numa máquina esquisita para depois meia dúzia de sujeitos (do tse-tse, aquela mosca causadora de doenças na África) falar que é bobagem, afinal "nóis é que sabi mais u que ocês quer e u quiébão" E ficam numa enrolação num fica ou não fica quem foi rejeitado pela grande maioria dos cidadãos, como no caso de Ipatinga, em relação ao Quintão que foi recusado por mais de 70% dos cidadãos.
Enfim, obrigado! A partir de agora, ao contrário dos anos anteriores, vou exercer meu direito de cidadão de não compactuar com a entrada\permanência de ladrões. Afinal, como vocês nos ensinaram, vocês perde seu tempo e nós ignoramos sua vontade.
Com licença, porque agora vou ao banheiro fazer um pouco de política.

Tribunal confirma cassação de Quintão em processo de arrecadação ilícita de recursos


Os juízes do TRE-MG, na sessão desta terça-feira (27), por cinco votos a um, confirmaram nesta terça-feira a cassação do prefeito de Ipatinga Sebastião Quintão (PMDB), e do vice-prefeito Altair Vilar (PSB), por arrecadação e gastos ilícitos de recursos na campanha eleitoral (artigo 30-A da Lei 9504/97). Eles negaram provimento ao recurso apresentado pelos cassados contra a decisão de primeira instância que, em setembro deste ano, cassou os diplomas de ambos. Também foi determinada a marcação de nova eleição para prefeito e vice do município, em data ainda a ser definida. A ação foi apresentada pelo Ministério Público Eleitoral de Ipatinga.

A maioria dos magistrados acompanhou o voto do relator do processo, juiz Benjamin Rabello, pela confirmação da cassação. Segundo ele, foi averiguado comportamento malicioso dos candidatos para camuflar os dados reais dos gastos de campanha. De acordo com o juiz, houve inconsistência nas declarações dos gastos e foram apresentados documentos desprovidos de credibilidade, tendo havido escamoteamento de origem de mais de um milhão de reais. Segundo ele, foram utilizados recursos de fontes desconhecidas. Para o relator, houve a comprovação de fraudes na arrecadação dos recursos, “denunciando a ilicitude perpetrada”. E concluiu: “As condutas praticadas pelos réus são mais pérfidas do que o caixa dois, porquanto mais ambiciosas. A Justiça Eleitoral não conhece a verdadeira origem de mais de dois milhões de reais que aportaram na conta de campanha de Quintão”.

A juíza Mariza Porto concordou com o relator, destacando que a movimentação de dinheiro na campanha começou antes do registro da candidatura, contrariando a legislação. “Não existe transparência na prestação de contas do candidato”, ressaltou. No entanto, a juíza entendeu que a segunda colocada é a candidata Rosângela Reis, porque o candidato Chico Ferramenta não teve o registro deferido. “Ele não foi candidato”, conclui ela, para apontar que votava no sentido da posse de Rosângela Reis na prefeitura.

O juiz Ricardo Rabelo ressaltou, ao concordar com relator, que “o comportamento do candidato refoge completamente do que deve ter um candidato comprometido com a ética e com a transparência de suas contas, pois há uma séria de questões que não ficaram claras. Em termos de prestação de contas, não pode haver perguntas sem resposta, o que ocorreu no caso”, afirmou. O desembargador Baía Borges e a juíza Maria Fernanda Pires também concordaram com o relator.

Apenas o juiz Maurício Torres votou por dar provimento ao recurso de Quintão, no mesmo sentido do procurador regional eleitoral, José Jairo Gomes, para quem não restou comprovada, no processo, a arrecadação ilícita de recursos

Neste processo (RE 8528), os políticos são acusados dos seguintes ilícitos: arrecadação e utilização de recursos provenientes de concessionária de serviço público, no valor de R$ 1.000,00; utilização de recursos, supostamente próprios, em valor superior ao patrimônio declarado à Justiça Eleitoral; declaração patrimonial inicial de 3.500 sacas de café, sendo que, em declaração posterior, para justificar patrimônio maior, o total de sacas atingiu 6.293; existência de movimentação financeira em benefício da campanha eleitoral anteriormente ao registro de candidatura, comprovada por notas fiscais de venda de café datadas de 30/06/08; celebração de contrato no valor de R$ 500.000,00, junto à Sinai Agropecuária S.A., pelo prazo de 1 ano, sem incidência de juros; utilização de recursos provenientes do Cartório de Registro de Imóveis, mesmo estando afastado das funções registrais desde 2005, quando assumiu a Prefeitura de Ipatinga.

A decisão do TRE mineiro tornou prejudicado o voto de minerva que seria proferido pelo presidente do Tribunal, desembargador Almeida Melo, também na sessão desta terça-feira, para julgamento de pedido de liminar de Quintão (Agravo em Ação Cautelar) para que retornasse ao cargo até o julgamento do mérito do recurso.

A prefeitura de Ipatinga, desde a cassação de Quintão, no primeiro semestre de 2009, está sendo exercida pelo presidente da Câmara Municipal, Robson Gomes da Silva (PPS).


Tribunal cassa o diploma de Sebastião Quintão em processo movido pela coligação adversária

Por seis votos a zero, o TRE-MG, na sessão desta terça-feira (27), decidiu cassar os diplomas do prefeito e do vice-prefeito diplomados de Ipatinga, Sebastião Quintão (PMDB) e Altair Vilar (PSB). Mas a decisão, em um recurso contra expedição de diploma apresentado pela Coligação “A Força do Povo”, só será executada após eventual recurso ser julgado pelo TSE, segundo o voto de quatro dos seis juízes do Tribunal.

Com relação à cassação, os juízes seguiram o voto do relator do caso, juiz Benjamin Rabello, que afirmou ter se baseado, para concluir pela cassação, nas provas recolhidas em outros processos, de uso exorbitante e desproporcional do poderio econômico na campanha e de uso de programa assistencialista da prefeitura para coação de eleitores. O relator defendeu, no entanto, que a decisão fosse cumprida de imediato – no que foi acompanhado pelo juiz Maurício Torres.

A juíza Mariza Porto concordou com o relator quanto à cassação da chapa: “houve abuso do poder econômico por parte de Quintão, não tendo ficado clara a origem dos dois milhões que passaram na conta do candidato”. No entanto, de acordo com a juíza, a decisão só deve produzir efeitos depois do julgamento do TSE, conforme o artigo 216 do Código Eleitoral*. Os juízes Ricardo Rabelo, Maria Fernanda Pires e o desembargador Baía Borges votaram também para que os efeitos só sejam produzidos após a decisão do TSE.

Neste recurso proposto pela Coligação “A Força do Povo”, liderada pelo PT, Quintão e Vilar são acusados de uso abusivo de obras e programas municipais em proveito de suas candidaturas, com ameaça de excluir moradores de um bairro de Ipatinga dos benefícios do Programa Morar Melhor, além de corte de outros benefícios como o Bolsa-Família. Também no recurso, Quintão e seu vice são acusados de utilização de recursos em campanha eleitoral oriundos de fonte vedada, bem como utilização de recursos próprios em valor superior ao patrimônio declarado à Justiça Eleitoral.

O mesmo entendimento do relator teve o procurador regional eleitoral, José Jairo Gomes, que afirmou em seu parecer que, “a forma arbitrária e ríspida com a qual os apoiadores políticos dos investigados abordaram moradores de um bairro naquela cidade, apesar de ter surtido efeito contrário, gerando imagem negativa de Sebastião Quintão, nem por isso deixou de configurar abuso de poder; é incontestável pensar que o medo gerado nos munícipes não gere desequilíbrio na disputa eleitoral, ainda que tal técnica tenha causado uma impressão no seu íntimo; evidente, portanto, a potencialidade lesiva do fato para desequilibrar o pleito, restando configurado o abuso de poder”.

* Artigo 216 do Código Eleitoral: “Enquanto o Tribunal Superior não decidir o recurso interposto contra a expedição do diploma, poderá o diplomado exercer o mandato em toda a sua plenitude”.

Mas no afligir dos ovos o que sei que podem contar com meu voto ... em branco. É como disse um conhecido meu “para que votar se meia dúzia de sujeitinhos dizem que meu e o dos outros cento e tantos mil habitantes não valem nada... E faz essa confusão toda atravancando tudo”.

Um pássaro tenta fugir da gaiola e se sangra na peleja até que abro minha cabeça e ele voa.

Há pessoas que me criticam e muitos nem sabem que escrevo. Um lado, falatório. Outro lado, silêncio. E num triângulo, vejo que alguns sabem, não lêem e ainda criticam.

Um pássaro tenta fugir da gaiola e se sangra na peleja até que abro minha cabeça e ele voa. Primeiro pensei que a ave fugiu e fiquei com medo e decepcionado. Depois vi que o pássaro voou alto e fui com ele.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

MESTRES

Nena, Nena, Nena.

Se você se chamasse

Filomena

Isso seria rima

Nunca solução.

Bem, talvez...

Insolúvel solução

Na xixícara sócio-polititica

Dos cultos neo paleolíticos

Da modernidade do futuro passado.

E o que digo?

O que digo é que não digo nada.

O poeta é cobra que Deus deu asa

Ou talvez uma freira com toque de puta

Ou então puta com ar de freira.

O que é um poeta

Senão bunda de corcunda

Com os peitos de silicone vencido da bruxa?

Se já foi poetizado que somos tão fingidos

Que não sentimos o que sentimos.

O que é um poeta

Senão gato que alçou vôo

Nadando no chuveiro

Como palavras que caem

E tentamos dar sentido a elas

Sendo que são elas que dão sentidos a nós.

Doutro lado o poeta é

Palavra de anjo.

Anjo de rabo e chifre

Com odor de enxofre

Ou anjo de aureola e asa

Com perfume de suaves flores

Mas o que importa é que

Poeta é anjo

Poeta é cobra alada

Poeta é freira

Poeta é bumbum de bruxa corcunda

Poeta é Nena de Castro

Cida Pinho

Marília Siqueira

Bruno Grossi

Diane Mazzoni

E eu o que sou?

Aprendiz da palavra

Aprendiz dos mestres acima.

Comecei a fazer os versos acima dois anos atrás como um presente a Nena de Castro. Inspirei-me na música Pagu cantada por Rita Lee e mais ainda na poesia que são os meus mestres: Nena, Cida, Marília, Bruno, Diane e outros. E creio que daqui uns dois anos ela possa ficar boa, digna deles.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Cia Bruta de Teatro

Convidamos para "Oficinão de Literatura de Cordel", curso teórico-prático sobre Literatura de Cordel com metodologia e jogos teatrais.

Anexo Flyer.

Divulgue.

Inscrições no local ou pelo telefone.

Franklim Drumond – Secretário - Assessor de Comunicação
Cia Bruta de Teatro
Ipatinga|MG
31 | 38250807 | 85364938

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

SEMENTE


Rubem Leite

dezembro de 2005 – outubro de 2009

Cigarro entre dedos da mão esquerda.

A fumaça se aproxima de meu rosto

Sua brasa vem e vai ao meu peito.

Um tesão de medo com desejo.

Nos loucos, a razão

Nos bêbados, a verdade

Quem vive sem vergonha de ser feliz?

O bêbado racionaliza

A verdade do louco

Tenho coragem de ser feliz?

Faço a realidade que ainda não é?

Que é a morte para o poeta?

É a falta de coragem?

Agradeço aos meus pais de quem não vim.

Eles plantaram sementes...

E nasci de mim mesmo a contragosto

Ou pelo bom gosto que deixei.