quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

CARTA

Ipatinga,

Hoje é 23, faltam seis para o fim do mês

Lóri

Eu odeio minha vida. Quero morrer. Por que, diabos, estou vivo e nessa família? Não tolero minha existência. Mais que morrer queria não existir.

Eu te detesto, Lóri. Não te tolero. Vá viado. Vá! Vai embora de minha vida. Suma!

Tem poucos minutos e você telefonou apenas para perguntar se alguém te procurou. Nem sequer está querendo saber como estou.

Perguntei onde você estava e disse estar no telefone 72831511, mas fez cu doce e não falou onde estava.

Ô idiota, praga dos infernos. Não estava querendo te vigiar e nem te controlar. Perguntei por perguntar. Se você estava na puta que pariu ou em outro lugar, não me importa nem interessa mais. Você me irrita bicha incubada.

Quando você vai embora? Quando? Suma, desapareça. Xô, xô, xô, xô, xô.

Já dormi mal porque saquei que você quer me abandonar. Já está me abandonando. Você abandona as pessoas quando as coisas ficam difíceis. Com a necessidade de pagarmos a dívida que fizemos e com nossa dificuldade em conseguirmos o dinheiro você vai sumir me deixando sozinho com o problema. Como você já fez com JR, em SP. Ele que confiou em você. Como fez em 2002 na Escola de Iniciação Teatral 7 de Outubro. Como fez comigo na livraria em 2003. Como fez com outras pessoas. Como está fazendo comigo outra vez. E eu, burro, confiei. Burro. Burro. Jegue. Jumento. Foram tantas vezes e eu, idiota, ignorei. Bem feito para mim. Mereço ser ferrado mesmo. Lóri, você é um traidor. Você é traidor. Lóri, o traidor. Traidor covarde! Vagabundo! Só come e dorme. Come e reclama do que come. Tem nojo de minha família; que te acolheu. Nojo a ponto de não usar o sabonete que usamos. Nojento é você.

Dormi pouco esta noite. Mas agora, após o seu maldito telefonema, decidi seguir minha vida.

Lóri, desgraçado, traidor, covarde, vagabundo. Lóri pernicioso, pegue suas coisas, saia e não volte mais. Vá para os quintos dos infernos. Vá para onde quiser, mas suma da minha vista. É só começarmos a falar que brigamos. Eu, que tanto de amei. Mas não vou me permitir te odiar. Você não merece que em me ocupe com você. Vai chegar o dia, e está próximo, que simplesmente terei o inverso do amor: a indiferença.

Não! Eu não vou morrer. Você não merece. Eu vou ser feliz.

E quando ler essa carta. Simplesmente pegue suas coisas e rua. Não me espere.

Benito.

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