sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

LAMPIÃO

Rubem Leite – 26-02-10

Um lampião entre lampiões.

Vermelho como os outros.

Pistilo comprido como os outros.

Cinco pétalas como os outros.

Fechando ao fim da tarde como os outros.

Abrindo ao amanhecer como os outros.

Visitado pelos beija-flores como os outros.

Feito os outros um besouro vai até ele.

O besouro olha para ele.

Para.

Pousa no galho dele.

Vai até o lampião comum.

Cheira.

Suga-lhe.

Enamora.

O besouro viu o lampião.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

CIA MALARRUMADA


FESTA + TEATRO + DJ

BAR 7 CUMES

CIA MALARRUMADA

Dia 4/03/10 - quinta-feira ás 22:00

Ingressos: R$ 10,00

Local: Bar 7 Cumes - Rua alagoas, 1172

Savassi - BH

A Cia. Malarrumada re-estréia "Próxima Edição Espreme que sai Sangue" com novo elenco e direito a festa, muita cerveja gelada e Dj da casa.

Evento para angariar fundos para viagem da Cia. Malarrumada no FRINGE – Curitiba. Apresentações na capital do estado do Paraná, nos dias 26 a 28 de março 2010.

Contamos com vocês.

Abraços!


Marcelo OLiveira
Cia.Malarrumada
Planejamento e projetos
marcteatro@yahoo.com.br
031 3582-2131
031 8808-9449



terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

FOLHAS CAÍDAS

As folhas caídas

Com a terra se desfazem

Vejo novas vidas


Levanto com um

Sorriso e deito feliz

Sou leito de rio


La juventud es

Flor de todos los colores

Luz del Amor de Dios


Caráter é flor?

Olhando nuvem que passa

Entrego-me ao Mundo

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

FLUX CIA DANÇA

Dança, residência
Organizado por: Flux Cia. de Dança
Descrição do evento:
Olá,

a Flux Cia. de Dança realiza a segunda etapa do "Corpografias - residência artística internacional 2009/2010 (3ª edição), projeto aprovado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais e patrocinado pela Usiminas/SA. Esta edição ocorrerá no Flux Espaço Cultural (Av. José Assis de Vasconcelos, 325, Bethânia, Ipatinga/MG), do dia 03 à 12 de Março, de 18h às 21h, com uma residência a ser ministrada pela bailarina e coreógrafa Mônica Lira do Grupo Experimental de Recife (PE).

Serão 10 vagas voltadas para bailarinos iniciantes (Vale do Aço) que receberão uma ajuda de custo no valor de R$ 50,00 (cinquenta reais). Os interessados deverão se inscrever até o dia 26 de Fevereiro através do envio de uma carta de intenção para o e-mail fluxciadanca@gmail.com! O resultado da seleção será divulgado no dia 28 de Fevereiro.

Segue em anexo a programação completa!

Informações: (31) 3826-0322 / (31) 8875-4508

Produção: Carlos Passos e Jackeline Xavier
Assessora de Comunicação e Marketing Cultural: Cleuciane Ferreira

Um grande abraço,

Equipe Flux Cia. de Dança

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

PENSEM ONOMATOPÉIA

Rubem Leite

07 à 10 de fevereiro 10

Pensem onomatopéia. Sons de guerra. Batalhas como dizem sempre “sangrentas”. Horas de dor e gritos. Tudo muito rápido. Muito rápido. Gritos no escuro. Sangue à luz dos fogos. Companheiros se confundindo com inimigos. Não atingir os do meu lado. Caiu um. Caiu outro.

No alto da montanha dou uma respirada. Minha companheira, minha doce Lua, pousada ao meu lado mira meu olhar. – “Vamos”! – Diz se levantando.

Meu mundo.

Homens e mulheres não são iguais. Os doze sentidos delas são muito intensos. Todas têm asas e suportam bem nosso peso. Nós temos fibras musculares fortes e leves. Temos duas caudas. A da frente encaixa em nossas mulheres dando-lhes alimento e perpetuando a espécie e a de trás, bem mais longa, perfura nossos inimigos tirando-lhes a vida. A curta, dá. A outra, tira.

Meu mundo.

Levanto e encaixo minha cauda frontal unindo nossas mentes com nossos corpos. Um. Seus sentidos são nossos. Minha força é nossa. Somos um voando. Lutando.

Onomatopéia. Sons de guerra. Batalhas sangrentas. Horas de dor e gritos. Tudo muito rápido. Gritos no escuro. Sangue à luz dos fogos. Companheiros se confundindo com inimigos. Não atingir os do meu lado. Amigos?

- Aaaaaaaaaaaaaaaaah! – Um grito de euelanós. A cauda do adversário ia me atingir Lua volteou-nos defendendo seu guerreiro. Caindo. O solo. O solo. O solo. Proteger minha Lua. Salvar sua vida é a função do guerreiro. Lua volteia-nos recebendo todo impacto.

- Aaaaaaaaaaaaaaaaah! – Um grito meu. Ela morreu. Aleijei-me. O que me segura aqui são vocês. Filho. Filha. Um homem sem sua mulher só parece vivo. O mesmo se diz da mulher sem homem.

- Não existe outra mulher, pai? – Pergunta meu filho abanando as caudas.

- Não! “Para cada homem uma só mulher. Para cada mulher um só homem”. Assim diz o Sábio.

- Preferiria mamãe a nós, papai? – Pergunta minha filha batendo as asas.

- Não! “Cuidai de sua herança. Sua herança é seu tu”. Assim diz o Sábio. Assim respiro cuidando de você. Mantendo assim sua mãe. Sua mãe sou eu.

- Ficará conosco para sempre, pai? – Pergunta meu filho e minha filha completa – Nós nunca lhe deixaremos, papai.

- Não! Quando você crescerem encontrarão seu par então terão que me deixar. É assim que ficarei feliz. Quando partirem irei para Lua. Alegrem-se comigo. Eu serei euelanós outra vez.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

VOCÊ É QUEM?

Rubem Leite

04-02-10


Ofereço aos meus queridos amigos

Cida Pinho, grande poeta

e Alexandre Luna, Produtor Cultural

como um presente de aniversário.


Casal 1:


Bam bam bam. – Batem na porta. Esmurram-na.

- Abram! Sabemos que aí tem pária infecta.

Encolhemos num canto. Olho para a janela.

- Vai! Ainda tem tempo. – Falo e ela me olha nos olhos. Abraça-me com uma lágrima enquanto a porta é arrombada.

- Quem é o pária infecto? – Pergunta com os testes nas mãos.

- Eu! – Respondo. Antes de poder continuar:

- Nós! – Ela responde. Olho surpreso! Apavorado por ela.

- Não! Ela é saudável.

- Somos os dois. Não adianta me poupar, amor. – Sempre olhando para os Lixeiros (assim são chamados os enfermeiros que nos caçam). Estende a mão, o braço e continua: Podem fazer os testes.

- Vamos embora. Se confessaram não é preciso testar. Temos muito lixo a recolher ainda. Vamos embora. – diz o segundo Lixeiro.

Tento argumentar, mas como? Eles a matariam se eu ficar prolongando conversa.


Casal 2:


Estou tremendo. Lágrimas nos olhos.

- PÁRIA INFECTA! – Ele me grita. – PÁRIA INFECTA!

Antes disso:

- Eu fiz o teste semanal e estou limpo. E você?

-

- E você! Tá limpa?

- Es-estou!

- Está limpa? Mesmo?

- E se não tivesse?

- Faria o que a lei manda.

- Amor!?

- Está limpa?

- Teria coragem de me mandar para o matadouro?

- Preciso cuidar da minha vida. Minha saúde. Minha segurança.

- Amor!?

- Está limpa?

- Nã-não!

- PÁRIA INFECTA! – Ele me grita. – PÁRIA INFECTA!

- Amor...

- Amor? Acha que posso amar uma imunda feito você?

- Por favor...

Vai para o telefone.

- Não! Espere! Deixe-me ir pelo menos.

- Tem uma pária infecta aqui. Venham rápido antes que me suje.

Não estou tremendo. Lágrimas nos olhos. Só lágrimas.

Bam bam bam. – Batem na porta. Esmurram-na.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

ONDE CÊ TÁ?

- O Quim tá querendo te pegar depois da aula.

- Eu! Por quê?

- Disse que você pegou o “pleistêicho” dele.

- Eu não! Por que você tá falando isso?

- Eu não, Gê. É o que ele está dizendo.

- ...

- Tá com medo?

- Nã-não. Claro que não, Bê.

Dentro da zoeira do recreio conversamos.

- Medo não queu sou homem. Só tô um pouco assustado.

- Ele é enorme, Gê. Eu estaria assustado também.

- Você tem que me ajudar.

- Eu? Como?

- Sei lá... Fala com ele.

- Eu...

- Você não vai me deixar na mão, né? Somos amigos. Como você sempre diz “Para o que der e vier”.

- Tá, mas o que você quer que eu faça?

- Fala com ele. Você fala tão bem. Quem sabe pode fazer ele entender que eu não mexi no “pleistêicho”.

- E não foi você mesmo não?

- Claro que não... Está bem. Brinquei sim. Estava dando sopa e não resisti.

- ...

- Ora, Benito, não fiz nada de mais. Deixei do jeito que peguei...

- Ele disse que está estragado.

- Ô, Bê, vai, me ajuda. Cê é gente boa. Não me deixa só nessa roubada. Vem comigo... conversa coele.

Quinta aula, Matemática. Vinte minutos: 35x.3y=7x²-9y e outros exercícios piores que esse. Quarenta e cinco minutos e respondi quase tudo só não sei se estão certos. Bêêêm.

Dentro da zoeira da saída, Gê, eu e do outro lado da rua, Quim. Vermelho, cabelo crespíssimo, testa imensa, orelhas de abano, olhos miúdos, beiços escuros, atarracado. Aproximo com... Cadê o Ge? Não vi a roda se formando. Só vi do sofá da sala da diretora muitos minutos depois a chegada de meu pai. E não sei se vou querer ver algum dia o Gê.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

COISAS OCULTAS ENTRE AS DANÇAS, FLORES E BEBIDAS

Rubem Leite

Sonhei com a estória por volta de três horas

21-01-10


Na boate rodeada de árvores os amigos Cardo, Pablo e Nando chegam às 22 horas. A música era boa, gente saindo e muitas querendo entrar. Pagam a grana preta exigida para ter seu nome na lista. A música estava realmente boa. Fazendo o corpo dançar, mesmo na rua com os outros passando. Olhando? 23 horas e o corpo já cansado de não sair do lugar.

- Pablo?

- Yansoph! Que faz aqui, cara?

- Éstóu trabalhando aqui. Querem entrarrr? Pango! Deixa méu amigo passarrr.

- Obrigado!

- Qué nada! Éu sóu Yansoph. Vócês são?

- Esses são Cardo e Nando.

- Prazer! – Dizem os três.

Os amigos vão para uma mesa reservada que Yansoph cedeu a eles e este volta a trabalhar. Muita mulher sozinha. Muita bebida. E muito dinheiro no bolso dos amigos.

Uma morena de olhos verdes logo chama a atenção de Cardo que se aproxima. Dançam várias músicas.

- Aqui tem uns quartos. Vamos continuar nossa dança lá?

Cardo não tem dúvidas em atender ao pedido da menina. Está mesmo com dinheiro aquela noite. No quarto, a música dos dois é roque. Vários estilos.

Uma ruiva chamou a atenção de Pablo que se aproxima.

- Não, querido! Não sou pedófila!

Já Nando foi até uma japonesinha realmente linda. Gostosa foi o que ele pensou. Os dois dançam juntos.

- Vamos para um dos jardins? Vamos continuar nossa dança lá?

Não era bem o que ele queria. Dançar? Mas atender ao pedido de garota era fundamental para o que poderia vir a acontecer. O jardim era reservado. Lá examinaram as rosas, margaridas, cravos e cipós sob as estrelas.

- Éstá só, Pablo?

- É! O mar não tá pra peixe...

- Bém! – Diz pegando forte em seu braço e olhando suave para seus olhos – Temos muitas mulheres precisando de companhia espécializada... Como fazíamos antigamente quando a gente sé conhéceu. Topas? Terá sexo gostoso e mais dinheiro.

- Desde que não seja canhão...

- Rarrá! Náo! Armas aqui, só dé qualidade... Está vendo aquela córoa ali? Náo é de se jogarrr fora. Ela gosta de homem que chégue com sorriso tímido, ófereça um drinque, converrsem sóbre arte. Ai você diz aquelas bobagens que decórou antigamente. Ó resto é pór sua conta e a quarta parte é minha.

E assim foi feito.

Duas ou duas e meia da manhã os amigos começaram a voltar com suas acompanhantes para a mesa de onde saíram. Às três foram embora pela madrugada e as quatro horas decidiram ir juntos para um único quarto de motel. E depois nunca mais as viram.

- Pórrra! Qué estória foi aquela de fazérem uma prece colétiva? Numa boate? Às trés horas da madrugada? Quém téve essa idéia?

- Foi um cliente doido. Deve ser algum líder religioso para convencer tanta gente a fazer isso. Acho que da Regressão Antipática Caquética. – Diz Pango.

- É! Um quarto ou um quinto deles ficaram e oraram, mas todo o restante foi embora. – Diz outro funcionário.

- E os que ficaram, a gente tratou logo de despachar. – Comenta outro funcionário.

- Pórrra! Quém perrmitiu que ó dóido chegasse aos microfones. Prece colétiva? Numa boate? Às trés horas da madrugada?

- Sei não! Existem muitas coisas ocultas entre as danças, flores e bebidas... Diz outro funcionário.

- Que isso! Deu para filosofar agora?

Cardo, Pablo e Nando conversam sobre a noitada que tiveram. Foi assunto para a semana inteira e quase sem ficarem se repetindo. O dinheiro acabou. As contas estão aí. A boate está ali...

- Gente! Tenho a solução.

- Então fala. – Respondem.


O final eu deixo para você.

E se alguém quiser compartilhar comigo e com os leitores envie para meu email artedoartista@gmail.com que postarei no aRTISTA e aRTEIRO.