terça-feira, 25 de outubro de 2011

NOITES SEM LUA ou E POR QUE É VOCÊ QUE ESTÁ CERTO? ou AMOR CRISTÃO


Obax anafisa.


- Fabrício! E quem nos livraria de você? Falo do político, não da pessoa que gosto. Diria, parafraseando-o: político bom é nenhum. Principalmente quem quer ser Deus.

- Sou cristão! Nosso mundo tá essa “Sodoma e Gomorra” porque tá faltando um pouco de “olho por olho e dente por dente”... – Não se cala Fabrício. – Tamu vivendo numa zona total que só vai piorar a cada minuto... Todo mundo faz o que quer do jeito que quer e ninguém respeita mais ninguém. A política do medo sempre deu certo e “segurou” a sociedade em momentos obscuros e desagregados da história. É ruim? É ruim sim... Mas não vejo outra forma de botar ordem nessa zona chamada planeta Terra. Antes mandar enterrar um merda de um bandido do que ter que enterrar um parente assassinado num assalto covardemente!

- Cristo veio eliminar o olho por olho. Mas repito. Que bobagem a minha. Quem Jesus pensa que é para dizer o que devemos fazer?

- Benito, meu caro amigo, sei que estou errado como cristão, mas meus anseios como homem humano falam mais forte para viver nesse mundo...

- Benito! Rosa! Eu não seria uma política democrática, mas uma ditadora nacionalista! Eu e Fabrício colocaríamos um pouco de ordem no país que vocês vivem!

- Isso se vocês, políticos, não me exterminassem antes. Já que penso e ajo diferente de você. E como vocês sabem que o que pensam é o certo? Por que vocês é que estão certo? E as demais pessoas que pensam diferente. Por que seriam elas as erradas e não vocês...

- Na nossa política, minha e da Maurinha, só morreriam pessoas que cometessem crimes. Inimigos políticos... Mandaria para o exílio. Você viveria e seria um líder. Faria parte da minha liderança.

- Eu seria seu inimigo político. O que vocês mostram é que o povo não é importante e sim a vontade de ambos.

- Sabemos que depois de tudo isso iríamos para o inferno, mas pelo menos deixaríamos o mundo mais leve e feliz... “Sonhar não custa nada”.

- Contraditório, não! Pessoas que vão para o inferno fazendo da Terra o paraíso... Não seria assassinado... Ou seria? Mas vivendo fora do Brasil seria apenas outra forma de morrer... Sendo morto ou estando fora do Brasil.

- Você viveria e seria um líder. Faria parte da minha liderança.

- Eu seria seu inimigo político.

- Já que você quer assim fazer o que, né?! Boa viagem paga por nós “Governo”... Agora? Para onde você gostaria de ir?

- Não iria. Porque morreria antes.

Maurinha diz:

Se num lugar existem dez bandidos e vinte pessoas de bem, e eu mato os deiz bandido... Sobra dezenove pessoas de bem e um bandido: Eu. Ta vendo como melhorou pra caramba a criminalidade?!

- Heil, Fabrício! Kkkkkkkkkkkkk.

- Uauauauauauau. – Ri Maurinha.

- Sofismas. Uma maçã podre estraga as demais. E quanto à saudação nazista... Eu sou judeu.

- Judeu? Porraaaaadaaaaaaaaaa!

Volta a falar, Maurinha:

Concordo que não temos o direito de tirar o que não é nosso, como a vida do próximo, mas pensem em quantas vidas estaríamos poupando, quantas famílias estariam livres do monstro das drogas, quantas mães deixariam de chorar sobre o corpo de seus filhos ou vice versa. É justo o sangue da minoria pelo da maioria. Só defende bandido quem nunca sofreu um ato violento.

- Se sabem que não podem retirar a vida porque vão tirar. Sofismas. São muito contraditórios. E quem defende bandido? Nunca os defendo. Defendo, e outros comigo, o ser humano. E antes corrigir do que simplesmente castigar.

- Acho que se ninguém fizer nada a respeito em breve estaremos vivendo o inferno na Terra. “Um dia todos iremos nos encontrar com Deus, só estaríamos antecipando esse encontro”, como disse Napoleão Bonaparte. E estamos certos. Deus está do nosso lado.

- Só me cabe então ajoelhar e adorar os deuses da terra. Não tenho competência para definir quem merece ou não viver. Nem todos os detalhes que induzem alguém a fazer algo nem o que na “vítima” atraiu tal situação. Mas sou apóstata. Não me ajoelharei. E, já disse, educar, ensinar, orientar são as melhores correções.

- Somente Deus pode perdoar os pecados cometidos por estupradores, assassinos, pedófilos, etc... O nosso trabalho é promover o encontro entre Deus e eles. Disse um capitão do Bope. E Deus será por mim. – Fala Fabrício e Maurinha continua:

Quem mata é Deus, nós só daremos uma forcinha. Não seremos nós quem vamos decidir se ele ou aquele vai morrer. Vamos criar a lei, e é a lei que criarmos é que vai matá-lo. Se ele se enquadrar dentro dela.

- Direitos humanos pra humanos direitos. Cansa-me ver gente defendendo bandido.

- Já disse, não ouviu? Eu e muitos outros não defendemos bandidos. Cuidamos do ser humano. O bandido deve ser corrigido e não meramente punido por vingança disfarçada de justiça, mas orientado, educado.

- Vai defender os animais indefesos que são maltratados, vai defender o pobre com fome, a criança desnutrida, o desgraçado que não tem o que comer. Agora defender safado, sem vergonha e os que matam, roubam e estupram, é o fim da picada mesmo. Tenha dó gente! Vai defender o coitado com câncer, mas não o maldito aidético, filho do demônio, infectador de inocentes. Eles têm o que merecem.

- Interessante! Um usuário de drogas é um doente. E vocês querem matá-lo... Contraditório, não? Ah, me esqueci. Vocês definem quem é e quem não é digno de viver. São deuses.


Escrito entre algum dia de agosto de 2011 e encerrado em 25 de outubro de 2011.

Acredite! Infelizmente a conversa é real entre mim e diversas pessoas.

Ofereço como presente de aniversário aos meus queridos:

Geidson Almeida, Diane Mazzoni, Ana Paula.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas.

O cronto é minha flor para você

e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

E POR QUE É VOCÊ QUE ESTÁ CERTO? ou NOITES SEM LUA ou AMOR CRISTÃO


Obax anafisa.


- Benito, o meu carro e o da Maurinha foram com “suaves” prestações a perder de vista é claro. Por isso não deu para fazer seguro. Mas tínhamos investido em alarme de última geração, corta ignição, bloqueador via satélite, mas mesmo assim não adiantou. Os caras são profissionais. E um detalhe: já perdoei seja quem for, mas não mudo minha opinião que tenho há mais de vinte anos sobre essa questão: Após o terceiro furto ou segundo roubo em que o meliante foi preso, o próximo delito dessa gravidade pagará com a perda de uma das mãos. Havendo reincidência, a perda da outra mão e assim por diante. Garanto-lhe que não teríamos nem a metade dos roubos e furtos que acontecem periodicamente no Brasil. Por isso digo-lhe: não votem em mim para Presidente, pois porei em pratica essa e outras leis desse mesmo naipe!

- Como presidente não cria leis... tudo bem votar em você. Uarrarrá! Mas você também furta. Já furtou a honra e moral dos torcedores do time adversário, por exemplo.

- Benito! Meu primeiro ato seria dissolver e eliminar o Congresso e o STF, me aliando aos militares. Agora acho que você entendeu né?! Outra coisa que faria é retornar o Integralismo. Anauê!

- Quê?

- Integralismo era a cópia brasileira do Fascismo de Mussolini.

- Quê?

- Sim era uma cópia “melhorada” do Fascismo italiano devido à viagem que Plínio Salgado fez para Itália em 1930, e que de lá voltou “fascinado” pelo Fascismo, com o ideário que lá dominava pelas mãos de Mussolini. Grande homem, escritor e estadista que foi, Plínio adaptou os ideais para a nação Brasileira através do Manifesto de 1932 e propagou sua doutrina que acabou se tornando o maior movimento de massa política do Brasil. E só não governou o país por causa de Getúlio Vargas, que ao assistir o desfile dos mais de 100 mil “camisas verdes” no Rio de Janeiro, defronte ao Palácio do Catete, percebeu que iria perder as eleições de lavada e inventou um contra-golpe de estado que posteriormente dissolveu a AIB e a ANL. O Brasil poderia ter sido diferente hoje se não fossa tal golpe. Anauê!

- O que é anauê?

- A ação Integralista Brasileira buscava, como na Revolução Francesa, emplacar sua doutrina e impactar suas ações através de seus símbolos, como o “sigma” que era o emblema do Integralismo, as fardas verdes que todos usavam frequentemente, sua bandeira, seu hino e principalmente pelo cumprimento onde se levantava esticado o braço direito e pronunciava o termo “Anauê”, que do vocabulário tupi significa “você é meu irmão” de uma saudação indígena. Ah! Bons tempos aqueles... Melhor governante que Mussoline não teve. Tão bom talvez só Hitler.

- Quê?

- Do que ele fez com a Alemanha antes de começar a guerra eu digo que no mínimo é impressionante. Além de perseguir os judeus, algo importante. A Alemanha estava totalmente isolada na Europa e quebrada devido aos pagamentos que tinha que fazer devido ao Tratado de Versalhes que lhe impôs uma dura condenação. Hitler transformou a decadente Alemanha do inicio dos anos trinta na maior potencia mundial ao final dessa mesma década. Isso sem auxilio ou ajuda internacional, somente com a força do povo alemão e, é claro, com o dinheiro e bens dos judeus, que pelo menos para isso serviram, que se exilaram ou, graças a Deus, morreram. Tudo na história deve-se ver com olhos de estudo e pesquisa e tomar lições e agregar conhecimento sobre os fatos. Agora nos resta uma pergunta: o Brasil, país mais abençoado do mundo em riquezas naturais, dimensões continentais, população trabalhadora, entre outros atributos, já não poderia ser a muito tempo, a maior potencia do planeta? Mas como dizia, Benito, tolerância zero! Bandido bom é bandido morto. Fascismo nesses vagabundos! Eliminação da sociedade!

- To contigo e não abro... Bandido deve se ferrar. – Diz, a até então calada, Maurinha. To cansada de ver esses fdp causando tristeza e dor na vida de muita gente lutadora e trabalhadora. Na hora deles roubarem eles não tem pena nenhuma... Não precisamos de escória para viver numa sociedade. Sempre fui admiradora de sistemas que eliminam sua “podridão”. Se fôssemos a líderes dessa nação, nosso segundo ato seria executar essa regra. Não me perguntem o primeiro ato...

- Concordo plenamente. E é nosso plano montar um grupo de extermínio, pode me chamar. – Completa Fabrício, seu marido.

- Entendo sua revolta, mas não podemos tirar a vida de ninguém, só temos que exigir que se cumpra as leis. Tá na hora de levantar a bandeira da paz. – Diz Rosa, a quarta pessoa no diálogo.

- Fabrício, vamos começar com esse grupo de extermínio já! “Direitos humanos” apenas para quem é “direito”... O correto mesmo é pena de morte no Brasil...

Benito, copie parte do texto de Arnaldo Jabor: “O Brasil é um pais democrático. Mentira. Num país democrático a vontade da maioria é lei. A maioria do povo acha que bandido bom é bandido morto, mas sucumbe a uma minoria barulhenta que se apressa em dizer que um bandido que foi morto numa troca de tiros, foi executado friamente. Num país onde todos têm direitos, mas ninguém tem obrigações, não existe democracia e sim, anarquia. Num país em que a maioria sucumbe bovinamente ante uma minoria barulhenta, não existe democracia, mas um simulacro hipócrita”¹.

- E Cristo veio para os doentes, não para os sãos. Mas que bobagem a minha. O que interessa o pensamento dEle... Quem é Ele? Nada! Os outros sabem mais que Deus. – Ironiza Benito e continua amargurado: E a vontade da maioria, pelo menos que ficou berrando, foi a morte de Jesus. Viva a maioria. Morra, minoria.

- Desculpa, Benito, entendo sua posição, mas sou adepta à pratica de selecionar os que merecem pisar na Terra. Esse pode ser meu pecado diante dos meus princípios cristãos, pois sou cristão de verdade. Sou da Renovação Carismática Católica. Mas como sou pecadora e fraca, antes ter a fraqueza de eliminar um monte de bandido do que ter a força de ser bandida e eliminar um monte de inocente. Bandido bom é bandido morto! Meu irmão, voltando praquilo que já falei. Meu... nosso segundo ato como líder da nação seria exterminar todos os presos simultaneamente numa ação orquestrada, e o primeiro ato seria a dissolução do Congresso Nacional com ou sem derramamento de sangue. Aí sim, em dois dias, o Brasil já estaria extremamente mais leve e livre de uma escória e corja maldita, e aí poderíamos dar inicio a uma grande e respeitosa nação com ordem e progresso de fato! Não ao desarmamento! Intregralismo já!

- Ninguém sabe mais que Deus. – Fala Rosa e continua – Que horror uma pessoa achar que sabe mais que Deus. Meu Deus, tenha misericórdia dessas pessoas que não pensam pra falar!

- Fabrício! E quem nos livraria de você? – Benito toma a palavra. – Falo do político, não da pessoa que gosto. Diria, parafraseando-o: político bom é nenhum. Principalmente quem quer ser Deus.

- Não quero ser Deus. Sou cristão...


(Continua na próxima semana).


Escrito entre algum dia de agosto de 2011 e encerrado em 18 de outubro de 2011.

Acredite! Infelizmente a conversa é real entre mim e diversas pessoas.

Ofereço como presente de aniversário aos meus queridos:

Victor H.L. Macedo, José A.M. Soares, Leila Cunha, Lucimar Inácia e Sarah Oliveira.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas.

O cronto é minha flor para você

e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

AIB = Ação Integralista Brasileira

ANL = Aliança Nacional Libertadora

STF = Supremo Tribunal Federal

Sigma = O Sigma é o sinal simbólico do Movimento Integralista. É uma letra grega que corresponde ao nosso “S” sinônimo de soma. É usada para indicar a soma dos finitamente pequenos e também era a letra com a qual os primeiros cristãos da Grécia indicavam o nome de Cristo (Soteros). (ver: http://integralismo.org.br/novo/?cont=34&tx=4&vis= )

¹ Ver: http://www.culturabrasil.org/brasileironaoesolidario.htm

terça-feira, 11 de outubro de 2011

SEMÂNTICO

O ar turvo

desta quarta-feira

prende-me aos lençóis.

Perpassam vultos

em meio ao frio.

A embriaguez do café

na cozinha

envolve-me.

O trabalho está à espreita.

O automóvel com o tanque

na reserva assola-me.
Banho-me nos traços
do meu rosto
e volto novamente
a ser otimista. ¹


Obax anafisa.


Casa de meu irmão. Não me sinto acolhido. Janto e saio de fininho. Vou para um hotel. Amanhã dou uma desculpa qualquer. Todos vamos nos sentir melhor. Não vai nem ser difícil justificar uma vez que nem deveria ter ido.

Escolho um bem bonito com preço accessível sem perder qualidade.

- Um quarto, por favor.

- Sim. Perdão, senhor. Poderia esperar um segundinho enquanto me organizo? Deu pane no sistema e só agora voltou.

- Claro. Sento ali e quando estiver pronto, me chame, por favor.

Espero enquanto o tempo passa e chega um casal querido por mim. Surpresa nos vermos e então nos abraçamos. Vamos para a recepção, meus amigos recebem seu quarto e sobem enquanto vou me registrar.

- Sinto muito, senhor. Mas todos os quartos estão ocupados.

- Como assim? Você disse que só faltava se organizar e que me arranjaria um.

- Pois então, senhor. O casal ficou com ele.

- Você não me disse isso. Que só tinha uma vaga.

- O que posso fazer, senhor.

- O que pode fazer? Saber trabalhar. Ter competência. Dar preferência para mim, já que cheguei primeiro.

- Desculpe! O senhor está certo. Mas agora não temos vagas.

- Se vira. Chama os dois e os mande embora.

- Não podemos fazer isso. O que eles poderiam pensar?

- E o que eu penso não conta?

- Cont...

- Chama o gerente. É com ele que eu quero falar. – A jovem tenta argumentar e não deixo. Passa-se um longo tempo e ele aparece dizendo

- Temos um apartamento, senhor. Ele é muito, muito mais caro, mas o faremos pelo mesmo preço com nossos sinceros pedidos de desculpa.

Já mais calmo, aceito, claro. E vamos eu e um funcionário. Belo hotel. O corredor é verde suavíssimo com detalhes rosa muito claro. Ainda bem que não é azul celeste. Não conheço cor mais feia. O empregado abre a porta ao mesmo tempo em que um dos apartamentos vizinhos se abre e dele sai o corpo do Híbridus.

- Menino! Que você faz aqui?

- Eu é que pergunto, que cês tão fazendo aqui?

Falamos num clima de festa e prazer de se ver.

- Tá todo mundo aqui. Farroupilha, Bruta, Casa Laboratório, Flux, nós. Estamos todos num festival de teatro e dança. Daqui a pouco vamos jantar e sair para assistir um espetáculo. Vem com a gente? Vai ser muito bom. Está sendo óóóóótimo.

- Vamos! Que horas vocês vão jantar?

- A gente se encontra lá pelas seis aqui no hotel ou então depois do espetáculo vamos para algum lugar.

- Então tomo um banho e nos encontramos no restaurante.

Enquanto conversamos o rapaz deixa minhas malas, pega a gorjeta e sai.

Entro e... Brilho. Eram umas seis horas da manhã e estava dobrando a esquina. Atrás veio uma radiopatrulha que pára à minha frente. Policiais com armas nas mãos se encaminham para um cortiço. Brilho. Dou imediatamente meia volta. Quando chegava à minha casa vejo três carros saindo de onde vim. Um amassado, outro faltando pedaço e do terceiro saía fumaça. Um quarto carro aparece, em chamas, e pára na esquina. Um neguinho, magrelinho, escapa pela janela e os policiais vêm e... (você já imagina; não preciso dizer). Um vizinho aparece não sei de onde e começa a querer conversar. Brilho. Tiros ecoam. Do cortiço? Não quero saber o que o vizinho quer. Abro meu portão e entro. Sei lá se uma bala perdida resolve me achar. Olho para trás e o vizinho me olha. Uma lágrima de sangue. Fecho a porta. Chamar quem? A polícia? Brilho.

Abro os olhos. Sento, pego o vinho que trouxe, não tomo, fecho-os novamente. Nova visão assombra.

Entro no elevador. É a prefeitura. Lentamente sobe, parando em cada andar. Um brilho me incomoda. Não no elevador nem naquela hora. É na minha cabeça. Em cada andar entram três ou quatro ou cinco e sai um ou dois. Vai lotando. E o brilho de novo. Pára no quarto andar. Saio. Parecem sair mais pessoas. O brilho. Na sala do prefeito: conversa, diálogo. Os artistas, agentes culturais, o prefeito e seus asseclas. Brilho. Não! Não é conversa. São discussões. Silêncio dentro do brilho. Entro no elevador com os artistas e agentes culturais. Brilho. Silêncio apavorante. O elevador pára entre dois andares. Medo. A porta se abre. Alguns saem. Metade do corpo para fora. Despenca. Morte. Brilho. O deputado Alexander Silcaveira adverte “Protestar faz mal a saúde”. Prefeito em Fernando de Noronha se diverte.

Desculpe! Estou falando e falando sem me apresentar. Sou um cara comum. Ou quase, né. Eu me chamo Benito e talvez já tenha ouvido falar de mim e...

... Estou sentindo cheiro de vela, sabe, quando está no fim? Brilho. É na sua casa e...

Escrito entre a madrugada de 01 de outubro a 11 de outubro de 2011.

O título original seria “Aids não tem cura. Ainda bem que não uso silicone”.

É o que uma mulher desconhecida, sem mais nem porque, me disse quando eu passava uma tarde agradável no Parque Ipanema. Mudei o título em homenagem ao Poeta.


Ofereço como presente de aniversário ainda aos meus queridos:

Shirley Maclane, Lorena Costa e Mª Ângela C. Shimabokuru.


Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas.

O cronto é minha flor para você

e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.


Comunico o passamento do nosso querido

Poeta Romero Lamego,

em 10 de outubro de 2011, grande nome da literatura municipal.

O corpo do Poeta velado na capela do Cemitério Senhora da Paz,

e o sepultamento marcado para as 13:00h do dia 11 de outubro de 2011, em Ipatinga.

Faço minhas as palavras do CLESI:

O nosso carinho especial a todos familiares e amigos do nosso Poeta, como gostava de ser chamado por todos nós, amigos das letras e amigos mais próximos.

Desejamos que siga levando o nosso amor e o nosso eterno carinho, querido Romero,

e o reconhecimento do quanto você foi forte na sua luta durante sua enfermidade!

¹ FIRMINO, Romero Lamego – Olhares Múltiplos, Semântico – 2005.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

ARTISTA BANDIDO

Gosto muito de algo que o Gullar disse acerca da crítica aos artistas: "artista não foi feito pra levar porrada, ele não é bandido, se não faz melhor é porque não pode"... Não gosto quando pisam em cima de um poema ou jogam um romance no lixo!!! Reconhecer uma obra de arte se faz necessário, mas é desnecessário esnobar e dar porrada em quem de alguma forma tenta fazer arte!!! (Luciana Carvalho de Aguiar).


Obax anafisa.


Estava feliz. Sorria toda contente pela aceitação. Ninguém mais se importava com suas sardas, gordurinhas, cabelos loiros e aparelhos ortodônticos. Não se importavam também com seu baixo intelecto. Todos riam para ela “Cacacacacacá”. Todos se divertiam por ela cantar Ilariê, da Xuxa. “Rarrarrarrá”. Estava, era aceita. Finalmente. A baixa autoestima se elevou. Os olhos brilhavam. “Canta mais. Canta de novo. Canta”. Aclamavam. Toda sorriso. Mas outras pessoas têm que apresentar na escola. Tudo bem. Amigos iriam nascer dali.

Na segunda seguinte no recreio. Pediram-lhe “Canta de novo. Canta”. Ela se empertigou, feliz. Abriu a boca

- Parem com isso. – Ordena a Diretora. – Ninguém mais vai zombar dela. – E continua a falar.

A menina de olhos arregalados se viu sardenta, aparelhada, gorda, loira, burra. Infeliz. Eu vi a crueldade dos adolescentes, das crianças.

Eu vi a diretora matar a menina com sua misericórdia. Eu me vi sem saber o que fazer. Apenas olhando. Não sei se alheio. Mas nem eu nem ninguém interveio.iHHHHh


Escrita entre a tarde de 21 de setembro e a madrugada de 04 de outubro de 2011.


Ofereço como presente de aniversário ainda aos meus queridos:

Cleyde Yáconis (Grupo de teatro), Agnaldo Bicalho, Felipe F. Nascimento, Nilmar Lage, Jésus Guimarães, Felipe Avlis, Luciano Botelho.


Ofereço também a todos os meus seguidores, em especial

Matheus Miranda, Mayron Angel, M, Ana K. Bucciarelli (onze palavras).


Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas.

O cronto é minha flor para você

e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.