segunda-feira, 31 de agosto de 2015

DON PERRO DE LA MANCHA e EDGAR ALLAN CAT

Potira itapitanga.


- Gual! Gual, gual, guaaaal! Gual! – Don Perro de La Mancha late para uma folha voando ao vento, investe-se contra ela e depois deita ao lado de Edgar Allan Cat que observa lúgubre uma pomba pousada no busto de Vito Gaggiato diante do Tribunal do Júri do fórum de Ipatinga, e lhe diz: “Miaumore!”. Ao mesmo tempo, eu e meus irmãos, os grandes e bem verdes oitis e damas da noite, abrigamos aqueles que vestem camisas rosa, amarela, branca e de futebol enquanto bebem cervejas e olham as mulheres que passam ou as que estão nas mesas vizinhas. Em nossa sombra os dois bichinhos observam tudo. E eu também. E te convido a observar conosco o que Rubem registrou em cronto.
“Deixa rolar. Com medo nada dá certo”. “Mas é dela que gosto.” ... “Te liguei, rapaz, porque estava sentindo falta de nossos papos.” ... “Mas é a sua mulher que não gosta da minha”. “Elas que se fodam”. “Nós que a fodamos”. “Rarrarrá!” ... “E a merda do jogo?”. “Merda procê. Pra mim foi ótimo”. “Vá a puta que pariu”. “Rerrê”.
Don Perro de La Mancha é um cachorro de porte médio, pelos longos e pretos com cinco manchas brancas, duas marrons e uma amarela nas costas. Edgar Allan Cat é um gatão preto.
- Veja, Perro, o nosso humano arreganha a boca e taca um colherão de feijão tropeiro. Engole um pouco, depois de rápidas mastigadas e...
- Benito!
Adê Araújo retira os bichinhos das mesmas observações que eu e meus irmãos fazíamos às mesas ao redor.
- Oi, Adê. E os shows?
- Vão indo.
- Vi que Kátia te deu folga hoje.
- Pois é. Vim tocar, mas ela ficou em casa. Está cansada de tanto que trabalhou ontem no salão.
- E aquele lugar que você tocava... Não te vejo mais lá.
- Agora não tenho mais exclusividade. Quando me querem para um evento, eu vou.
- E que horas vai cantar?
- Vai demorar um pouco. Cheguei cedo para preparar o palco.
- Quem quiser te contratar, como faz?
Conversam mais um pouco, o músico se vai e vem outro alguém. As árvores observam e os bichinhos também. Uai! Até fiz rima. De mim brotam poemas em ramas, folhas e flores; e palavras.
- O que você pensa sobre os direitos humanos, Benito?
- Penso que somos todos humanos, portanto todos temos direitos... e deveres!
- É que vejo tanta discussão sobre gênero. Sabe! Racismo e gênero não são coisas que precisam ser discutidas... Afinal, menino nasce menino e menina nasce menina. Nem temos que discutir racismo; pois hoje isso não é mais problema.
- É... Talvez! Não sei quem falou, mas li em algum lugar que “nenhuma pessoa branca que vive hoje é culpada pela escravidão. Mas todos os brancos vivos de hoje colhem os frutos da escravidão assim como todos os negros que vivem hoje ainda carregam as cicatrizes dela”. E sobre sexo da criança... Sexo é uma coisa, sexualidade é outra. E gênero é uma coisa, ou muitas... Generalizar é outra coisa.
- Pode ser, mas acho uma cachorrada nos quererem impor a ideologia de gênero e... Ai, que isso. Sai, cachorro. Sai!
Don Perro e Edgar avançam no sujeito que xingou os cães... Benito ri, mas manda seus amigos sossegarem e voltarem para debaixo de nós que tudo espiamos. Os dois deitam, o insano sai. Não tarda e chegam ao Feirarte, Maura Gerbi, Robinson Ayres, Wenderson Godoi e Vinícius Siman. Agora o Feirarte vai ficar bom demais da conta, sô. E Maura proclama: “Há pessoas de pequeno tamanho e outras de baixa estatura”. E só temos que concordar; ou pensar! Mas o que sei eu? Apenas broto folhas, flores e poemas.


Ofereço aos aniversariantes
Gláu Tomaz, Luís F. Rezende, Raquel A. Oliveira, Luciana M. Silva, Samuel Costa, Cris Duarte, Carla Paoliello, Rita de Cássia, Cleverton Nunes, Didi Peres, Chrika de Oliveira, Fernando Fernandes, Tamirys Fernandes e Heloísa Martins.

Recomendo a leitura de Destino, de Karine Farias; ..., de Mailson Furtado; Espermograma, de Willian Delarte; Sou Poesia Solta, de Ely Monteiro:

Potira itapitanga são duas palavras que vem do tupi e significam “flor” e “pedra vermelha” (rubi). É meu desejo que cada leitor encontre em meus textos flores e pedras preciosas.


Sem registro de quando manuscrito, mas transcrito na manhã de 24 de setembro de 2014. E mexido entre os dias 22 de julho e 31 de agosto de 2015.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

SOL E LUA

Potira itapitanga.

Quatro poemas exclusivos em português;
Três poemas exclusivos em espanhol;
E dois poemas exclusivos em inglês.


01

Um dia amanheceu
Ao som de pássaros raros
Vi além do meu eu
E abracei os que me são mais caros.


02

Onde ela está?
Não sei!
Sem ela a vida é aresta
Bem que te avisei...
Onde está, amada lua?
Pare de choramingo
Como? Meu amor não é um pingo.
Já te disse: esse amor, dilua!


03

Ser um sujeito escaleno
Se for feito Barros
Tá mais que valeno
Mesmo que nas palavras só esbarro
Amanheci poeta
Ou a
Poesia me amanheceu


04

A fantasia do sonho
Perdeu-se no sol da realidade
Nas ‘verdades’ não me perco
Nas luas eu me ganho.


05

Oscuridad en el cielo
Un ratito y una estrella
Dos ratitos y la nube brilla
Tres ratitos y vuelo


06

El amor cambia lo natural.
Los gatos solo piensan en la cuna
Aquél acompaña a su dueña hasta la Luna.
Sonriendo se van dueña y animal.


07

El vampiro siembra dentellada
Brotando gemidos
Dulces y húmedos
En noche estrellada


08

I was born between three trees
I travel in a trefoil
Hunting the truth
I do not know what I am.
However, I know that I travel hunting me.


09

The clouds in end of the daybreak
Color them of black and red.
One is similar the dad and son
Exchanging word covered dew


Ofereço como presente aos aniversariantes
Jurandir Barbosa, Mª dos Anjos Dias, Esther Magalhães, Carol Steine, Mª Amelia Oliveira, Hildete T. Santos, Luana Rodrigues, Aldair Pinguim, Maylde Trevenzole e Michel Ferrabiano.

Recomendo a leitura de A Serpente e o Sapo, de Caio Riter; Imaginação, de Bispo Filho; e Sol, de Jackeline Valentim.

Potira itapitanga são duas palavras que vem do tupi e significam “flor” e “pedra vermelha” (rubi). É meu desejo que cada leitor encontre em meus textos flores e pedras preciosas.


Escrito entre 18 de julho de 2014 e 24 de agosto de 2015.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

¿TOMATE O CACTO?

TOMATE OU CACTO?


Potira itapitanga.

O cacto sugere a ideia de perenidade das coisas. Leva à imaginação coisas que florescem em terras áridas.

The cactus suggests idea of perpetuity of the things. It conduces to imagination things what flourish in arid earth.
LETRO, ENARTICi 2008.


Em português

A manhã ainda não estava luminosa. E porque moro em um apartamento, meu cãozinho e eu caminhamos para ele fazer suas necessidades antes do trânsito pesado começar. No início da minha rua tem uma casinha desabada e em seus escombros nasceu um tomateiro. Olhando-a me pus a pensar. E depois quis ser um pé de tomate. Mas não sou. Ainda.
A manhã está luminosa apesar das nuvens. Saio para comprar pão e uma mendiga me chama.
- Rapaz, psiu!
- Sim?
- É um absurdo. Como podem?
- ...?
- O preço de um cafezinho ser cinquenta centavos. Pode? Ciiin-queeen-ta centavos! Tá igualzinho Belzonte. Caro demais da conta, sô. Quero tomá-lo, mas não posso pagar.
Fala-me uma mulher carregando uma mochila rasgada e vazia. Enquanto viro a esquerda ela segue reto e sem parar de falar consigo mesmo.
Comento com o dono da padaria o que a mulher me diz.
- No boteco perto de sua casa tá esse preço? E ela achou caro? Eu cobro oitenta...
O dia não para e a noite se aproxima de mim. Com ela surge meu amigo Carlos e como cumprimento lhe digo:
- Você é um pé de tomate...
- Eu?
- Sim! É um tomateiro.
- Porquê? Está fazendo hora com a minha cara?
- Não, não, jamais. Você me agrada, amigo. É, assim penso, um elogio. O tomateiro tem folhas verdes claras e não é delicado. Suas belas flores amarelas também não são frágeis. No entanto, seu fruto é delicioso, corado, suave, terno. É você!
- Obrigado! Mas eu queria é ser sobrevivente do deserto. Sou cacto. Aprendi a ser só.
- Então somos dois cactos. Porque eu sou feito um.
- Tomates não sobrevivem ao que já vivenciei. Sem vocação paterna, sem vontade de interpretar a servidão matrimonial. Acostumado a ser ignorado e sem ser regado a elogios. Taciturno e alquimista. Mago hermetista doutrinado. Comerciante do tempo... Isso eu sou. Bem cacto. E nunca desejarei ter frutos. Afinal, é melhor amar a salinidade e aridez do ar a sofrer pela falta d’água.
- Acho que nós dois temos muitas semelhanças... Mas, no máximo, você é um “tomacto”. Rerrê.
- Únfi!
- Amigo, vamos amanhã ao Feirarte? Jeferson e Vinícius estarão lá.
- Fazer o quê?
- Uai! Conversar…


En español

La mañana aún no estaba luminosa. Y porque vivo en un apartamento, mi perrito y yo caminamos para él hacer sus necesidades antes de empezar el tránsito pesado. En principio de mi calle hay una casucha desmoronada y en sus escombros nació una tomatera. Mirándola me puso a pensar. Y después me quiso a ser un pie de tomate. Pero no lo soy. Aún.
La mañana está luminosa a pesar de las nubes. Salgo para comprar pan y una mendiga me llama.
- ¡Muchacho, chis!
- ¿Sí?
- Es un absurdo. ¿Cómo pueden?
- ¿…?
- El pago por un cafecito es cincuenta centavos. ¿Puede? ¡Ciiincueeeeenta centavos! Es hecho Belo Horizonte. Caro demás. Quiero beberlo, pero no puedo pagarlo.
Háblame una mujer cargando una mochila toda rota y vacía. Mientras volvo a izquierda ella sigue reto y sin parar de charlar consigo mismo.
Comento con el dueño de la panadería lo que a mujer me dijo.
- ¿En la taberna cerca de tu casa está a ese precio? ¿Y ella dice que está caro? He cobrado ochenta…
El día no para y la noche acércame. Con ella surge mi amigo Carlos y como cumplimento lo digo:
- Vos sos un pie de tomate…
- ¿Yo?
- ¡Sí! Sos una tomatera.
- ¿Porqué? ¿Estás bromeándome?
- No, no, jamás. Tú me encantas, amigo. Es, así pienso, un elogio. La tomatera tiene hojas verdes claras y no es sencilla. Sus bellas flores amarillas también no son delicadas. Sin embargo, su fruto es sabroso, sonroja, suave, tierno. ¡Eres tú!
- ¡Gracias! Pero, me gustaría más ser un sobreviviente del deserto. Soy cacto. He aprendido a ser solo.
- Entonces somos dos cactos. Porque soy hecho un.
- Tomates no sobreviven al que he vivenciado. Sin vocación paterna, sin voluntad de interpretar la servidumbre matrimonial. Acostumbrado a ser ignorado y sin ser regado a elogios. Taciturno y alquimista. Mago hermetista doctrinado. Comerciante del tiempo… Eso yo soy. Por entero un cacto. Y nunca desearé tener frutos. A final, es mejor amar la salinidad y aridez del aire a sufrir de falta de agua.
- Creo que tú y yo tenemos muchas semejanzas… Sin embargo, en el máximo, tú eres un “tomacto”. Jejé.
- ¡Unfi!
- Amigo, ¿vámonos mañana al Feirarte? Jeferson y Vinicio estarán allá.
- ¿Hacer lo qué?
- ¡Ay caray! Iremos para charlar, platicar, hablar… ¡Conversar!


Ofereço como presente aos aniversariantes
Dilton B. Silva, Wander Santos, Adelina Weyulu (poeta Adriana Borboleta), Nelson M. Esfinge, Carlos Glauss, Teo Lima, Fabiane Borges, Simone Penna, Marilda Lyra, Armindo M. Noma’s, Rogério Vine, Maria F. Rodrigues, Rubem Junior e Guilherme Costa.

LETRO, Claudio. Cacto é planta boa para terra árida. ENARTICi, 2008, p. 07. Tradução livre para o inglês.

Potira itapitanga são duas palavras que vem do tupi e significam “flor” e “pedra vermelha” (rubi). É meu desejo que cada leitor encontre em meus textos flores e pedras preciosas.


Escrito originariamente en español en la madrugada de 02 de julio de 2015 y trabajado entre los días 15 de julio de 2015 y 17 de agosto de 2015. El mote de la historia fue un sueño con Carlos Glauss.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

O SORRISO

LA SONRISA


Potira itapitanga.
E parabéns a todos os papais.

The dad cleans kid’s face. And nothing. Only a smile of father.


- O mundo foi feito de dia.
- Os homens são a noite e as mulheres são o dia.
- Verdade. O mundo foi feito de dia.
- Mas sem noite não há dia.
- Nem dia sem noite.
Loucos Por Você.


Em português

Para a época de frio até que está uma manhã quente. Quase onze horas eu me sento em uma mesinha em uma das praças do bairro Novo Cruzeiro para comer alguma coisa. Um funcionário da prefeitura para na minha frente e de costas para mim mexe em algo no canteiro. Um homem de maior idade se aproxima dizendo-lhe “A grama está seca. Quando virão aguar as plantas? Não vejo mais vocês”.
- Ih! Elas vão é morrer agora. É triste, mas eu vim para trancar a torneira. A prefeitura está reduzindo gastos.
- Sério?
- E tem mais. A empresa que faz a limpeza das ruas mandou embora todos os varredores. E talvez até a coleta vai deixar de acontecer.
O funcionário sai, o homem de maior idade continua boquiaberto e eu vou para o Parque Ipanema. Vem comigo, vem!
- Filha, o que ocê fará essa noite? Tô com vontade de ir ao Sarau com Arak. Vamos?
- Onde está meu pai? – Um garotinho interrompe a conversa.
- Serve aquele ali?
O garotinho olha aonde o dedo de sua mãe aponta e eu contemplo também.
Um homem encosta-se a uma árvore, passa a mão em sua testa e a língua nos lábios.
- Vá até ele. Vô tirar umas fotos doceis.
Depois de tirado os retratos o pai se senta em banco de frente para o lago e o menino se senta perto de sua mãe que conversa com a sogra. E o molequinho fica ouvindo-as.
- Rapaz! – Diz-lhe sua mãe. – Volte pra grama, nada no lago, suba nas árvores. Mas fique longe dos adultos nem fique ouvindo conversa de mulher. Anda, sai!
O garoto corre até a terra cheia de pedrinhas. Seu rosto... seu rosto se transformou em trabalho de pedreiro incapaz.
Na mesma hora o pai leva o menino ao banheiro do parque e lava o rostinho. E nada! Somente sujeira e um sorriso de pai.


En español

Para el época de frío hasta que está una mañana calorosa. Casi once horas me siento en una mesita en una de las plazas del barrio Novo Cruzeiro, para comer alguna cosa. Un funcionario de la prefectura para en mi frente y de espaldas para mí agita algo en el cantero. Un hombre mayor se acerca diciéndole “El hierba está seca. ¿Cuándo irán regar las plantas? No veo más ustedes”.
- ¡Ay, caray! Ahora es que ellas se van a morir. Es una lástima, pero he venido para atrancar la llave. La alcaldía está reduciendo gastos.
- ¿En serio?
- Y hay más. La empresa que cuida de la limpieza de la ciudad despidió todos los barrenderos de calles. Y quizás hasta no va más a recoger las basuras domésticas…
El funcionario sale, el hombre mayor continúa boquiabierto y me voy para el Parque Ipanema. Venís conmigo, ¡venís!
- Hija, ¿qué harás esta noche? Estoy con voluntad de ir al Sarao Con Arak. ¿Vámonos?
- ¿Dónde está mi papá? – Un chico interrumpe la charla.
- ¿Aquel allá sirve?
El niño fija adonde apunta el dedo de su mamá y yo contemplo también.
Un hombre apoya la espalda en un árbol, pasa la mano en su frente y la lengua en sus labios.
- Vas hasta él. Yo me voy a sacar unas fotos de vosotros.
Después de los retratos sacados el padre se sienta en un sillón de frente para el lago y el niño se sienta alrededor de su madre que platica con la suegra. Y el chiquitito se queda escuchándolas.
- ¡Muchacho! – Le dice su madre. – Se vas a volver en la hierba, nadar en el lago, arribarse en los árboles. Pero, se aparte de los adultos ni oiga charlas de mujer. ¡Aléjate, aléjate!
El niño corre y se va hasta la tierra cargada de piedritas. Su rostro… su rostro se cambió en un trabajo de albañil inepto.
De pronto su papá lo lleva al baño del parque y limpia el rostrito. ¡Y nada! Solamente suciedad y una sonrisa de papá.



Ofereço como presente aos aniversariantes
Pricilla P. Leite, Teuler Guimarães, Gui Givisiez, Vera Tufik, Catarina Ângela, Raul Gonçalves, Ivan F. Machado, Nyckollas Stephenson, Michelly Tellys, Cemario Campos, Gedeon Marques e Denise Maria.

Convido a lerem o poema Ordem, de Pedro Du Bois:
http://pedrodubois.blogspot.com.br/2015/08/ordem.html

Potira itapitanga são duas palavras que vem do tupi e significam “flor” e “pedra vermelha” (rubi). É meu desejo que cada leitor encontre em meus textos flores e pedras preciosas.

Loucos por Você é uma associação em Ipatinga MG que trabalha com usuários do sistema psiquiátrico assim como seus familiares. Parte de um diálogo entre dois de seus usuários na tarde de 27-7-2015.


Escrito originariamente en español y después trabajado en las dos lenguas entre el 22 de junio de 2014 y el 10 de agosto de 2015.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

QUEM NOS ACOMPANHA?

¿QUIÉN NOS ACOMPAÑA?


Obax nafisa.
Quem puder, sugiro que ouça Artaud, de Spinetta: https://www.youtube.com/watch?v=rJjfawM7Cp8


The white smile of the sky
And the trees lacemaker
Shine the night
Calm down the day.
Rubem Leite.


Em português

Já é noite. Ao contrário de amargura ou tristeza, a lua minguante lembrou-me um sorriso. Meus pés cansados caminharam saindo de um bairro, atravessando outro e circundando um terceiro. Caminhamos. Eu e meus pés caminhamos. Acho que você poderia ter ido conosco. Você e seus pés. E junto conosco também nossas cabeças e corações. E talvez as nossas mãos. E por que não o corpo todo? E a alma também?
Mas você não foi. Talvez porque não sabia. Talvez porque não queria.
Comigo foram meus pés, minha cabeça e meu coração. Então eu até que estava bem. Você fez falta, mas eu estava bem acompanhado.
Alguém nos chamou. Na verdade chamou apenas a mim. Ignorando meus pés, meu coração, minha cabeça, meu corpo e minha alma, gritou: Benito! Eu me virei e fui até a voz. Meus pés assanhados e cansados foram também. Mas meu coração ficou alheio e a cabeça, curiosa. O corpo se mostrou pronto para qualquer ação/reação de ataque ou fuga e a alma se posicionou distante. As mãos se fecharam. Os lábios cerraram. Os olhos e ouvidos até então despreocupados se atentaram.
- Como você vai? Como está sua mãe? Manda lembranças. Moram no mesmo lugar? Estou de férias. O que você está fazendo? Fulano, meu professor na faculdade de Direito, é colega seu na faculdade de Letras? Estou no sexto período; serão dez. E você, no oitavo? E serão nove? Ainda no teatro ou mais na literatura? Está dando aula e gostando? Imagino que você é bom professor; leva jeito. E a cultura, dá um passo para frente e dois para trás. Se ao menos fossem dois pra frente e um para trás... Mandou projeto para Lei Municipal? Não estou acreditando nem na Estadual.
- Quantas horas? Tenho um encontro com amigos.
E me vou na noite. A lua minguante não está amarga nem triste, apenas poética. Caminhamos e acho que você, seu corpo e alma poderiam ter ido conosco. Mas se você não foi na empreitada, foi na leitura.


En español

Ya es noche. Al contrario de amargura o tristeza, la luna menguante me recordó una sonrisa. Mis pies fatigados caminaron saliendo de un barrio, cruzando otro y circundando un tercero. Caminamos. Yo y mis pies caminamos. Creo que tú podrías haber ido con nosotros. Tú y sus pies. Y junto con nosotros también nuestras cabezas y corazones. Y tal vez nuestras manos. ¿Y por qué no todo el cuerpo? ¿Y el alma también?
Pero, tú no fuiste. Tal vez porque no sabía. Tal vez porque no quería.
Conmigo fueron mis pies, mi cabeza y mi corazón. Entonces yo estaba bien. Sin embargo, tú hiciste falta. Pero yo estaba bien acompañado.
Alguien llamó a nosotros. En verdad, llamó solamente a mí. Ignorando mis pies, mi corazón, mi cabeza, mi cuerpo y mi alma, gritó: ¡Benito! Me volví y fui hasta la voz. Mis pies atrevidos y fatigados fueron también. Pero, mi corazón se quedó ajeno y la cabeza, curiosa. El cuerpo se mostró pronto para cualquier acción/reacción de ataque o huida y el alma se posicionó distante. Las manos se cerraron. Los labios se encajaron. Los ojos y oídos hasta entonces tranquilos se quedaron atentos.
- ¿Cómo están tú y tu madre? Dígale que la extraño. ¿Viven en el mismo sitio? Estoy de vacaciones. Y tú, ¿qué haces? Fulano, mi profesor en la Facultad de Derecho, ¿es tu colega en la Facultad de Letras? Estoy en el sexto período, y serán diez. Y tú, ¿en el octavo? ¿Y serán nueve? También en el teatro ¿o más en la literatura? ¿Estás vendiendo clases? ¿Té encantas? Imagino que seas bueno maestro porque tienes habilidad para enseñar. Y la cultura, da un paso adelante y dos atrás. Qué bueno sería se diera dos pasos adelante y uno atrás… ¿Has mandado proyecto para Ley Municipal de Incentivo a la Cultura? Yo no creo ni en la ley estatal.
- ¿Cuántas horas? Tengo un encuentro con amigos.
Y me voy en la noche. La luna menguante no está amarga ni triste, solamente poética. Caminamos y pienso que tú, su cuerpo y alma podrían tener ido con nosotros. Pero, sí tú no fuiste en el destajo, fuiste in la lectura.


Ofereço como presente aos aniversariantes
Freddy Cosme, Martin Ramirez, Camile Gracian, Cioli F. Rodrigues, Cristiane Martins, Douglas Evangelista, Letícia S. Bastos, Samuel da Costa, Andriely K. Sophia, Luciana Araújo e Juninho Zeff.

SPINETTA, Luis Alberto, conhecido como El Flaco, foi um cantor, guitarrista, poeta e compositor argentino, considerado um dos mais importantes de seu país.


Escrito entre 01 de agosto de 2014 e 03 de agosto de 2015.