domingo, 30 de setembro de 2018

PROFISSÃO PROFESSOR MISSÃO



Cristo não ensina;
Para lecionar
Pede licença aos Apóstolos...
Os doze conversam.

Cristo não ensina;
Para lecionar
Pede “por favor” aos Discípulos...
Os setenta e dois brincam.

Cristo não ensina;
Não pode lecionar
Tem que pedir desculpas...
Todos lhe agridem, riem.


Recomendo a leitura de:
“Proteger a casa de todos os vindouros”, de António MR Martins:
“Setenta Anos Sem-Com Caio Fernando Abreu”, deste macróbio:

 Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Foto do autor – Fotógrafo Faire  2018.

Poema criado na manhã de 02 de fevereiro de 2018, enquanto meditava. Trabalhado entre os dias 29 de 30 de setembro do mesmo ano.

domingo, 23 de setembro de 2018

DOS NINGUÉNS VEM A REALIDADE


O ensino Não é “venda parcelada” de conhecimentos. Quem recebe aprendizagem precisa ter a postura mental de devoção ao estudo e cultivar o sentimento de respeito à pessoa que transmite o ensinamento.¹
¿De dónde vino esa historia llamada “realidad”? Ha venido de doña Olinda que no tiene fama para contarla.
Where did that story called “reality” come from? It came from Miss. Olinda, who has no fame to tell it.

Várias árvores – oiti, goiabeira, sibipiruna, ipê, pata-de-vaca – verdejam e floreiam o pátio da escola. À porta da sala as admira como se rezasse a pedir proteção e entra. Começa e continua a última aula enquanto muitos – quase todos – alunos buscam coisas no celular ou conversam entre si.
- O til é um sinal diacrítico...
- Que é isso, professor?
- É o nome dos sinais gráficos; ou seja, o nome dos sinais de acento e de outros sinais que, digamos, mudam o som de uma letra.
A sorrir pela aluna, o professor olha para a goiabeira no pátio, à frente da porta, antes de voltar ao assunto:
- Pois bem, Luma, o til é um sinal diacrítico que se coloca por cima de uma única vogal; indicando que ela deve ser lida nasalmente. Est...
- O que é “nasalmente”, professor?
- Nasal, Pedro, é pelo nariz. Pois bem, esta vogal pode ser “-a” ou “-o”. E o til nunca fica por cima das duas ao mesmo tempo e nem entre elas. Ou é por cima de uma ou de outra. Por exemplo – escreve no quadro:
“Cão, coração, corações, põe, mã...”.
- NÃÃÃÃÃÃO!
Grita uma aluna ao perder no jogo do celular. O professor suspira olhando pela janela um oiti e continua:
- Cedilha é outro sinal diacrítico. Hoje ele tem a forma de um pequeno “C” ao contrário e muita gente pensa que seu nome “cedilha” vem por causa da letra “C” onde ela é usada. Todavia, ela vem do espanhol “zetilla” que quer dizer “pequeña ‘zeta’.” Quer dizer, pequeno z.
- Por quê, professor?
- É que os bons escribas espanhóis faziam a parte superior da letra “Z” tão curvada, fazendo o resto parecer um penduricalho; ficou a cara de uma “”. Mas como eu dizia, “Ç” indica que o “-C” deve ser lido como o som de “-ss”: Criança, aliança, corações, açougue, açu, cupuaçu.
- Pode ser antes de qualquer vogal, professor?
- Não, Luma. – Falando para a turma: Viram pelos exemplos que somente antes das vogais “a, o, u” se usa o “Ç”?
- Sim! – Responderam ela e Pedro enquanto o resto continuava no celular ou conversando entre si. E o professor explica para os dois:
- Vejam bem! – Escreve no quadro:
Ca, ce, ci, co, cu.
- Quais são os sons dessas sílabas?
- ka, sse, ssi, ko, ku...
- Cu! Vai toma no cu! – “Brincam” dois alunos enquanto o resto ri.
- As vogais “-e, -i” já dão o som “ss”: cinco, cenoura, doce; então não precisam da cedilha. Já as demais vogais precisam. Para gravarem bem, quais vogais precisam acrescentar cedilha à letra “-C”?
- A, o, u!
- Exato, Pedro! Agora eu...
- Professor! – Um dos “brincalhões” me interrompe e pergunta:
- Fiquei de recorreco²?
Olhando a goiabeira pensa por alguns segundos e responde...
A aula termina, a manhã termina e o professor vai ao banco negociar a dívida criada porque o Estado não paga devidamente aos professores; profissão não prioritária segundo as palavras do Governador Pimentil.
Cansado de e por muitos alunos. Cansado pela negociação com o banco. Cansado pelos afazeres. Cansado pela sociedade desejosa de retrocessos sociais. Esgotado deita cedo e dorme.
E sonha.
Na calçada do outro lado da rua, mas em frente ao seu apartamento, uma goiabeirinha insiste em não morrer. Resiliente ela lhe diz: De onde veio essa história chamada de “realidade”? Veio de dona Olinda que não tem fama para contá-la.


Ofereço como presente aos aniversariantes Mário Jofest, Agustina Méndez Vargas e Gedeón Oliveira.

Recomendo a leitura de:
“Além das estrelas”, de Bispo Filho:
“La China Morena, de la Morenada del Carnaval de Oruro. Los gays y travestis”, de Javier Villanueva:
“Quanto mais palavras menos cérebro”, deste macróbio que vos fala:
“Longe de tudo”, de António MR Martins:

¹ TANIGUCHI, Masaharu. Princípio Básico da Felicidade. São Paulo: Seicho-No-Ie do Brasil, 2012. P. 54.
² “Recorreco” é um termo popular, comum em certas comunidades, para se referir a recuperação; uma maneira de ‘adquirir’ nota escola para poder avançar de ano estudantil.

 Revisão em espanhol e inglês: Julian Cabral.
 Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Imagens:
De los nadie viene la realidad (fotos da goiabeirinha) – pelo autor – Rua Uberaba, Centro de Ipatinga   23/9/2018.
Dinossauro Datilógrafo – Foto do autor – Fotógrafo ignorado. Piquenique Dramatizado, 2015.

Manuscrito na tarde de 18 de julho de 2017; trabalhado pela primeira vez em 22 de dezembro do mesmo ano e depois no ano de 2018 entre os dias 26 de fevereiro e 03 de março e por fim entre 21 e 23 de setembro.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

ENERGUNISMO



Chuva pela Janela – Foto do autor.

A chuva dá piscadela
Ao professor
A olhar pela janela.
Nervoso, mas menos raivoso
Proclama ao aluno
“Energúmeno!”
Comentam tantos,
Nesta sociedade sem Minerva,
“Mau professor
Que se enerva”

Aulas passam
Há quem lhe pergunta
“Que é energúmeno?”

Questiona, não pesquisa

Aluna acessa internet
Busca informações
Que não formam
Mas
Não se atrai
Pelas informações
Que transformam

E o professor
Professa


Ofereço como presente aos aniversariantes:
Edna Neves, Wenderson Godoi, Paulo Antonio Matiombe e Erikis Sena.

Recomendo a leitura de:
“Deixei” e “A Árvore no Jardim de Prédios”, ambos de Glaussim (Carlos Glauss):
“Mato Não Mata”, deste macróbio que vos fala:
E o lançamento de “A Lua nos Olhos de Maria”, de Willian Delarte:

 Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Dinossauro Datilógrafo – Foto do autor – Fotógrafo ignorado. Piquenique Dramatizado, 2015.

Manuscrito em 21 de janeiro de 2018. Digitado em 24 de março e trabalhado entre os dias 14 e 17 de setembro do mesmo ano.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

A VIDA E UMA PIADA



Em português:

Noite difícil para dormir. Um pouco de raiva calada; mas insuficiente para atrapalhar o sono. O cachorro que quer sair; o desaparecimento de um papel necessário para o mais cedo do dia seguinte; os vizinhos barulhentos fazendo comida até mais de meia noite.
Só percebo que dormi ao acordar e ver pela janela as promessas de sol. Levanto para fazer café, comprar pão, comer e, como encontrei o papel, sair.
Sento-me na calçada a espera do Ministério do Trabalho abrir suas portas. Mas ler João Cabral de Melo Neto é um bom diálogo com o próprio ser num mundo de ter comandado pelo “serestar”; é uma lástima isto não significar a transformação do substantivo “seresta” em verbo...
Pernas passam. Pernas nuas, pernas cobertas. Pernas sem rosto e com vozes sem dono ou sem conexão. Drummond se mistura a Melo Neto e:
... senti o susto  /  de tuas surpresas.  /  E é por isso  /  que quando a mim  /  alguém pergunta  /  tua profissão  /  não digo nunca  /  que es pintor  /  ou professor  /  (palavras pobres  /  que nada dizem  /  de tais surpresas);  /  respondo sempre:  /  - É inventor,  /  trabalha ao ar livre  /  de régua em punho,  /  janela aberta  /  sobre a manhã.¹
Abrem-se as portas, entro, sento e leio. O Mistério do Trabalho é isso mesmo. Agendamento para as sete é chamado depois do agendamento para sete e dez, sete e meia... E um cartaz com dois homens brancos triangulando com uma negra à frente; tudo sorriso e os dizeres: “Gente descente respeita o trabalho descente”.
- Benito Bardo Junior, requerente de Informações Abono Salarial.
Levanto-me declarando minha presença. Jacinto, o funcionário, analisa os dados na internet.
- Aqui consta que o senhor trabalhou desde fevereiro, mas não consta nenhum pagamento. Aponta que recebeu bem mais de três mil em março e bem menos de mil reais em abril. No resto do ano, quase dois salários mínimos. Os três meses irregulares estão atrapalhando o senhor a receber o PIS. Mas o problema maior está em março; indicando que recebeu mais de três salários... e por isso não pode recebê-lo.
- O que fazer?
- Ir à Prefeitura pedir para corrigir a RAIS. Com ele corrigido, em agosto estará regularizado e poderá receber. Mas se não pegar uma cópia para voltar no fim do mês só receberá a gosto de Deus...
Piada horrorosa; não a do Jacinto, mas a que fazem com o povo, esclareço. “Libertad a los problemáticos que la sociedad moderna creó.”. Dentro de mim ouço Julian Cabral me dizer. Sei que os problemáticos criados pela sociedade dito por ele se refere a outra coisa. Mas sinto que os principais problemas são criados pela sociedade.
Saio do escritório local do Ministério e al pisar na rua Diamantina sinto o calor do sol e um ventinho raro se misturando ao meu desamparo. O barulho do trânsito e o canto dos pássaros se casam com meus pensamentos. Em muitos sentidos o povo e eu nos cruzamos, cada qual em seu rumo.


En español:

LA VIDA ES UNA BROMA

Noche difícil para dormir. Un poco de rabia callada; pero insuficiente para estorbar el sueño. El perro que quiere salir; la desaparición de un papel necesario para el más temprano del día siguiente; el vecindario barullento haciendo comida hasta más de media noche.
Solamente percibo que dormí al despertar y ver por la ventana las promesas de sol. Me levanto para preparar el café, comprar pan, comer y, como he encontrado el papel, salir.
Me siento en la vereda a espera del Ministerio del Trabajo abrir sus puertas. Pero leer João Cabral de Melo Neto es un buen diálogo con el propio ser en un mundo de tener comandado por el “serestar”; esto es aún peor que uno seresere…
 Piernas pasan. Piernas desnudas, piernas cubiertas. Piernas sin rostro y con voces sin dueño o sin conexión. Drummond se mescla a Melo Neto y:
… sentí el susto  /  de tus sorpresas.  /  y es por eso  /  que cuando a mí  /  alguien pregunta  /  tu profesión  /  no digo nunca  /  que eres pintor  /  o profesor  /  (palabras pobres  /  que nada dicen  /  de tales sorpresas);  /  respondo siempre:  /  - Es inventor,  /  trabaja al aire libre  /  de regla en puño,  /  ventana abierta  /  sobre la mañana.¹
Se abren las puertas, entro, siento y leí. El Misterio del Trabajo es eso mismo. Agendamiento para las siete es llamado después del agendamiento para siete y diez, ocho menos diez… Y un cartel con dos hombres blancos y una negra triangulándose; todo sonrisa y las palabras: “Gente decente respeta el trabajo decente”.
- Benito Bardo Junior, demandante de Informaciones de Aguinaldo.
Me levanto declarando mi presencia. Jacinto, el funcionario, analiza los datos en la internet.
- Aquí consta que usted laboró desde febrero, pero no consta ningún pago. Apunta que recibió mucho más de tres mil en marzo y mucho menos de mil reales en abril. En el resto del año, casi dos salarios mínimos. Los tres meses irregulares le están obstaculizando recibir el aguinaldo. Pero, el problema más grande está en marzo; indicando que ha recibido más de tres salarios… y por eso no pudo recibirlo.
- ¿Qué debo hacer?
- Ve a la alcaldía a pedir para arreglar la información que ella envió al Ministerio del Trabajo en Brasilia. Después de arreglado podrás recibir en agosto. Sin embargo, si usted no volver al fin de este mes teniendo una copia de la información corregida solo recibirá al gusto de Dios…
Terrible broma; no la de Jacinto, sino la que hacen con el pueblo, aclaro. “Liberdade aos problemáticos que a sociedade moderna criou”. Dentro de mí oigo Julian Cabral decirme. Sé que los problemáticos creados por la sociedad dicho por él se refiere a otra cosa. Pero siento que los principales problemas son creados por la sociedad.
Salgo de la oficina local del Ministerio y al pisar en la calle Diamantina siento el calor del sol y una brisa poco común mezclándose a mi desamparo. El alboroto del tránsito y el canto de los pájaros se casan a mis pensamientos. En muchos sentidos el pueblo y yo nos cruzamos, cada cual a su rumbo.


Ofereço como presente aos aniversariantes Suzana Brito e Willian Delarte.

Recomendo a leitura de:
“Sina”, de Girvany de Morais:
“A Morte Há”, deste macróbio que vos fala:
“Andarilho”, de Glaussim (Carlos Glauss):

¹ MELO NETO, João Cabral de. A Vicente do Rego Monteiro. Poesia completa e Prosa. Antonio Carlos Secchin (org.). 2 ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2007. P. 57. Tradução livre ao espanhol pelo autor.

 Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Revisión en español: Julian Cabral.
Dinossauro Datilógrafo – Foto do autor – Fotógrafo ignorado. Piquenique Dramatizado, 2015.

Manuscrito na manhã de segunda feira, dia doze de março de 2018. Digitado em 23 de maio; trabalhado entre os dias 08 e 10 de setembro do mesmo ano.

domingo, 2 de setembro de 2018

CARÍCIA D’ÁGUA


CARICIA DEL AGUA


Em português:

Saindo do banho
Passa o rapaz
Sentindo-se assim,
Estranho,
Pulando
Com o pé capaz.
(O outro estava quebrado)
Sem camisa, peito tatuado
Gotas escorrendo pelo corpo agraciado
Calção azul, barato, rasgado
Algo dentro movendo, badalado.

Em sua cidade
Onde não possui terra
Possui amantes.

Porvir puro cotidiano
Lhe aterra.
Pelo mundo corre antes
Que a vida lhe faça fera
Com dinheiro ou carros
Mais relevantes
Que o homem na terra.


En español:

Saliendo del baño
Pasa el muchacho
Sintiéndose así,
Raro,
Brincando
Con el pie capaz
(El otro estaba debilitado)
Sin camisa, pecho tatuado
Gotas escurriendo por el cuerpo agraciado
Pantalón azul, barato, andrajo
Algo dentro moviendo, badajo.

En su ciudad
Donde no posee tierra
Posee amantes.

Porvenir puro cotidiano
Le aterra.
Por el mundo corre antes
Que la vida lo haga fiera
Con dinero o coches
Más relevantes
Que el hombre en la tierra.


Ofereço como presente de aniversário:
Cleverton Nunes, Didi Peres, Luiz Morais e Gustavo Henrique.

Recomendo a leitura:
“A Arte é Minha Arma”, deste macróbio que vos fala:
“Deixei” e “Desliga-me”, ambas de Carlos Glauss (Glaussim):

 Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Dinossauro Datilógrafo – Foto do autor – Fotógrafo ignorado. Piquenique Dramatizado, 2015.

Manuscrito em 23 de março de 2018. Digitado em 22 de maio; trabalhado nas duas línguas entre os dias 23 de agosto e 02 de setembro do mesmo ano.