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domingo, 13 de novembro de 2022

A-LUNOS SEM LUZ

Ou A VOZ DO PROFESSOR SEM VOZ


Alunos e seus

Olhos seletivos.

Conseguem ver no celular

Mas não os livros.


Jesus é outra coisa. Jesus é coisa séria.

As Igrejas de extrema direita clamam é por Zejus.


Metade de novembro e a turma encheu-se dos que ainda não alcançaram média.

_ Bom dia.

Começa a aula enfrentando, afônico, o ruído da sala.

_ O ser humano pertence a que reino? Animal, vegetal, mineral ou é uma espécie à parte?

Ninguém responde.

_ Vamos, gente! ... Somos da espécie animal...

_ Não sou animal não.

Protesta uma das faladeiras caladas para responder.

_ Então é o quê? Pedra!?! Planta!?!

_ Num sei. Mas num sô bicho.

_ A palavra animal vem de "anima" que significa energia que dá movimento a tudo que vive. Somos capazes de transformar energia em algo que nos permite continuar vivos, a reproduzir e a locomover.

_ Num importa. Num sô bicho. A Bíblia diz...

Preferindo não entrar numa discussão infrutífera continua sua aula. Mas se sente triste por um ambiente acadêmico estar infectado por "convicção, não por provas".

_ A diferença entre nossa espécie e demais seres vivos é o poder de raciocinar, filosofar e de expressar...

_ A gente num é animal não. - Teima no assunto.

_ Apesar do poder de refletir muitos preferem sequer pensar. - Calculando o rebate: CONTUDO, para nos comunicarmos foi necessário adaptar diversas partes do corpo com outras funções primárias, indo do diafragma, pouco acima do genital, até o topo do crânio. E...

_ E o que isso tem com Português?

Interrompe outro aluno e um terceiro acrescenta:

_ Não gosto quando fala contra Deus.

_ Português é comunicação e para comunicar é importante saber como produzimos palavras, ideias. Seja no nível biológico seja no nível filosófico.

Olhando a turma por dois, três segundos retoma a fala antes que no lugar de ouvirem para compreender, ouçam para responder:

_ Nunca falo contra Deus. Creio e respeito Deus. Não me importo como chamem a Grande Vida ou o Criador. Respeito sempre. O que sempre falei e falarei é contra o preconceito, contra a ignorância. Discuto sobre os religiosos cheios da presunção: "superioridade da minha crença". Critico os traficantes ou mercadores da fé. Nenhuma religião é superior a outra e todas devem ser respeitadas, mesmo se não praticadas.

E retoma, com sua afonia cada vez pior, a falar para ouvidos moucos sobre compreensão e transmissão dos discursos: o que estão me falando? como melhor expressarei minhas ideias.

_ Ah, professor! Para de falar e conte uma história como fazia antes.

Sem ter quem ouça fala para os que apenas escutam:

_ Em uma enchente, um devoto subiu no telhado de sua casa e pediu socorro a Deus. Apareceu uma canoa e o fiel a recusou dizendo "Deus vai me salvar". Veio um barco e não aceitou o socorro. "Deus vai me salvar". Surgiu uma lancha e outra vez recusou a ajuda. "Deus vai me salvar". Por fim, um helicóptero e... "Deus vai me salvar".

A enchente cobriu a casa e o homem se afogou. No Céu:

_ Por que não me salvou, Senhor?

_ Mandei quatro pessoas e você recusou todos os socorros que enviei.

Finalmente bate o sinal. Encaminha-se para a sala dos professores, mas para um instante na biblioteca escolar, escolhe um livro e observa o grafite de Rafa Mattos.

Depois, mais duas aulas antes de enfrentar o complicado, trabalhoso e ruim "diário on-line" adquirido pela prefeitura.


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Texto de Rubem Leite.

Foto do autor: biblioteca escolar Rubem Alves, E.M. Limoeiro, Timóteo MG.

GONTIJO, Bernardo. Por que nós somos animais. Disponível https://www.universidadedascriancas.fae.ufmg.br/perguntas/por-que-nos-somos-animais/ . 13 Nov 2022.

Pensado e escrito entre os dias 08 e 13 de novembro de 2022.

domingo, 6 de novembro de 2022

MESSIAS NÃO. BARRABÁS E SEUS ELEITORES

Ao meu redor,

o pós por do sol.

À minha frente,

a chuva no vulto das árvores.

Sim ao som da chuva à frente.

Ao meu atrás,

gritos a gotejar ferida

qual água mole em pedra dura.

Não aos gritos ferinos atrás.

Ao meu redor,

a redoma do início da noite

é o que tenho.

Em 2018, ao ser confrontado através de zombarias, eu disse: "É uma pena que quatro anos não serão suficientes para o povo aprender o mal que fez ao escolher Jair Barrabás Boçalnato".

Não precisei de clarividência, pois era e ainda é clara a evidência das trevas elegidas.

Anos antes, ao Lula ser eleito por primeira vez, declarei que as pessoas haveriam de querer que em apenas quatro anos fossem corrigidos todos os problemas construídos em mais de quinhentos anos.

Dito e feito. E a prova foi o apoio ao golpe de 2016 e a eleição duas translações depois.

Lendo O Fabricante de Gorro¹: "Um homem inocente não tem porque ocultar seus pensamentos" pensei: Os inteligentes omitem seus isolamentos. Os indigentes ocutam seus ferimentos. Mente-se, omiti-se, pela indecência em todos os momentos.

Não perco tempo esperando retorno das pessoas. Elas pouco darão. A maioria está imersa nos próprios problemas. Por isso, ou não olha para os outros ou não os vê.

Digamos: a cada cento e cinquenta pessoas de nosso convívio, uma ou duas nos querem bem, três ou quatro nos querem mal ou não nos querem, e o restante nos quer, mas nem bem nem mal... E assim como são conosco nós somos com os demais. O que nos resta? Seguir o próprio caminho na maior serenidade e silêncio possíveis. Serenidade para não nos magoarmos, silêncio para não ferirmos e os dois para sentir a natureza.

O compositor Domiguinhos disse: "Traga-me um copo d'água, tenho sede e essa sede pode me matar. [...] A planta pede chuva quando quer brotar. O céu logo escurece quando vai chover". E só quero nesse momento dizer a você o que li num muro: "Você é forte. Só está cansado". Vá e Vença! O Sol renasce uma e outras vezes mais.


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Texto e fotos de Rubem Leite: vistas de minha casa, em Limoeiro-Timóteo MG.

¹ de Phlip K. Dick.

RECOMENDO:

A leitura de Sequestraram a Democracia, de Glaussim:

https://www.recantodasletras.com.br/contosdesuspense/7641748

Refletido e trabalhado entre 28/10 e 06/11 de 2022.

domingo, 10 de julho de 2022

PROFESSOR, VIDA MANSA

 


Primeira aula:
- Professor! Por qual razão a nota do Zepe está maior que a minha?
- Eu que te pergunto o porquê...

Segunda aula:
- Por que o senhor não deixou entrar aqueles sete alunos, professor?
- Tinha pelo menos três minutos que eu já estava em sala; eles me viram e ainda assim ficaram enrolando.
- Ah!?! Sabia que um deles disse estar contente por ficar em casa e alguns riram satisfeitos?
- Não, não sabia. Mas ficaria espantado se alguns não pensassem assim. - Olho pela janela e o muro a menos de um metro é sem graça. - E satisfeito estaria por dar aulas só pra quem quer.

Terceira turma:
- Oh! O senhor não tem motivo pra tomar minha prova!
- Não?!? Você se levanta, vai conversar com o colega três mesas a frente.
- Mas eu estava só conversando. Não era nada sobre a prova.
Olho pro caboclo, não respondo nada ao que vejo.

Recreio:
O Fundeb não foi repassado e o piso salarial não foi cumprido.
Ah! E se o problema fosse apenas o salário.

Quarto horário:
- Vocês foram a direção protestar porque tomei a prova de todo mundo. A diretora discutiu comigo. Mas não, não vou dar outra oportunidade. E sabem o motivo? Foram reclamar, mas disseram a ela quantas vezes pedi silêncio? Não, não falaram. Não foram dois ou três alunos, mas sim a turma inteira que pensou "Benito brinca então a gente faz o que quer".

Última aula. Agora com uma colega:
- Vai tomar no cu, puta gorda.
A afronta foi tão grande, talvez tão inesperada que a professora beirou a um infarto.


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Rubem Leite
Junho e julho de 2022.
Foto do autor retirada de um poema em muro numa rua próxima da escola.

domingo, 19 de junho de 2022

SOMOS TODOS PULGAS

É muito bom o frio de junho. Para levantar está difícil, mais pelas incongruências do mundo do que pelo clima.

Mas me levanto.

Fazer o que se tenho que dar de comer.

Na escola, para trabalhar com o sexto ano:

- Tire cópias, por favor.

- Cópias só com autorização da pedagoga.

Fala-me uma diminuta pulga. Pulga não por nenosprezo meu ou pela alma dela. Pulga para a elite descabeçada do município.

Há dois tipos de pulgas. A pulga parasita que suga o sangue do povo; e a pulga que purga pela sua insignificância aos olhos das parasitas.


Rubem Leite

Partindo de um sonho tido na madrugada de 19 de junho de 2022.

domingo, 22 de maio de 2022

O PROFESSOR DO BANHEIRO E O GAROTO DO BEBEDOURO

 

1978

Em agosto, faltando trinta dias para eu completar dez anos, morri!

Foi assim:

Garoto magro, educado e, segundo meus coleguinhas, com jeito de menininha. O acosso era diário. Sim, vou dizer acosso e não bulling.

Mas antes de falar de mim falarei do professor Frederico. Um velho magro de bengala e muito bravo. Eu e uns poucos gostava dele, mas outros o odiavam.

O bairro era violento e tanto eu quanto o professor a gente morava perto da escola.

A manhã estava ensolarada, mas fazia frio. Os quatro alunos que mais me provocavam saíram da sala sem serem vistos pelo professor a quem desrespeitavam.

- Professor! Breno, Bryan, Kauã e Kaike foram lá pra fora.

Com um suspiro de desa... desa... desalento. Isso, desalento. O professor pegou a bengala e foi ao banheiro dos meninos para brigar com eles. Mas o que aconteceu foi diferente. Enquanto o professor brigava os quatro começaram a empurrar o professor pra lá e pra cá fazendo o coração do professor querer parar e quando perdeu o equilíbrio bateu a cabeça na pia.

Os quatro ficaram com medo e saíram disfarçadamente do banheiro. Ao ver os colegas com ar assustado e sem o professor fui à diretora falar que o professor tinha ido ao banheiro brigar com os meus colegas e ainda não voltou apesar deles já estarem na sala.

Acharam o professor caído perto da pia com a bengala em sua mão.

 

Dois meses depois, quando os colegas voltaram da suspensão. Sim! Eles foram apenas suspensos e não expulsos. Era só a morte de um velho professor que escorregou no banheiro e a vida de quatro meninos; filhos de pais perigosos.

O bebedouro perto das salas de aula estava com defeito outra vez e fui ao bebedouro da quadra de esportes. E lá estavam Kaike, Kauã, Bryan e Breno.

Foram só cinco minutos.

Bryan me segurou, Kauã me deu uns tapas bem doídos, Kaike ria falando Julinho bichinha, Julinho viadinho, Julinha mulherzinha. E Breno queria fazer um experimento. O que aconteceria se alguém bebesse Diabo Verde? Com a dor quis gritar, mas Kaike tentou tampar a minha boca, mas sua mão queimou e quando me soltou eu já não podia gritar. Fiquei caído espumando e confusionando. 


Os quatro pularam o muro porque não podiam voltar para sala com a mão um pouco corroída de Kaike.

Quem me encontrou primeiro foi o professor Frederico. Me ajudou a levantar e fomos conversar.

No final das aulas apareceu uma funcionária para catar o lixo e aos berros chamou a atenção da escola.

Mas não aconteceu nada. Era, de um lado, só a morte de uma mariquinha preta e pobre e do outro lado a vida de quatro meninos brancos; filhos de pais perigosos.

 

Eu e professor decidimos guardar a escola.

 

2018 a 2022 e nos tempos que hão de vir.

Alan é um mau aluno que maltrata os mais fracos e no dia que foi ao banheiro sem permissão... – risada assustadora do Professor do Banheiro que estava ao meu lado – Ele escutou três vezes o toc-toc de uma bengala, mas não viu nada. Porém, quando terminou... uma bengala cortou o ar arrancando-lhe a cabeça.

- Mas como uma bengala pode arrancar uma cabeça?

- É uma bengala assombrada...

Depois o Professor do Banheiro pegou a cabeça pelos cabelos e com o gancho da bengala prendeu o corpo pelo sovaco. E os enfiou dentro da privada, deu a descarga enquanto socava com a bengala até desaparecer no redemoinho que leva as porcarias pro esgoto.

- E como uma privada pode levar inteiros uma cabeça e um corpo?

- O Professor do Banheiro é assombração. Pode muitas coisas...

Uma semana depois acharam o que restava do Alan num córrego onde desaguava o esgoto da cidade.

Nikolly também fugiu da sala e foi ao banheiro fumar. O Professor do Banheiro bateu com a bengala na porta do banheiro: toc-toc-toc; parou, bateu outra vez: toc-toc-toc; parou, bateu pela terceira e última vez: toc-toc-toc. Assim que ela saiu, ainda com um pé no corredor e o outro no banheiro, a bengala cortou o ar arrancando-lhe a cabeça. Pegou-a pelos cabelos e com o gancho da bengala a arrastou invisível até o banheiro dos garotos. Enfiou-a na privada e deu a descarga socando tudo para atravessar o encanamento e desaguar no esgoto municipal onde antes encontram Alan.

E eu?

Todos os acossadores, quando estão a sós bebendo água, vou empurrando pelo ralo à medida que vão se dissolvendo com o diabo verde que me tornei.

E desde então todos maus alunos que saem sem permissão... – Frederico, o Professor do Banheiro, e eu, o Garoto do Bebedouro, protegemos a escola.

 

 

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Rubem Leite

Imagem retirada da internete.

Escrito entre 18 e 20 de maio de 2022.

domingo, 13 de fevereiro de 2022

A IGNORÂNCIA É BEM HUMORADA

 

 

Pedro atirava borracha escolar nos cabelos de Máximo porque achava engraçado o quique da borracha nos cabelos do negro.

Pedro ria sem ver sua maldade. O negro ria escondendo sua dor no mundo onde são, na melhor da “hipotecrisias” piadas.

Mariano ajudava na missa e depois ia à casa do padre estudar. Este bem sorria na chegada e na saída do coroinha.

Religiões são boas para nos levar ao bom caminho... Não há mais o que saber.

Rodolfo era o filho malquisto, o aluno malquisto, o colega malquisto. Todos riam de sua “inocente burrice”.

A professora Helen Keller via mal o garoto; a princípio. Mas mudou a estratégia. Não mais via nem ouvia os malfeitos.

Rodolfo desenhava e representava em imagens o conteúdo aprendido em Português. Ó! Tão banal... pior, clichê dizer isso. Mas com auxílio das pedagogas os demais professores aceitaram as ilustrações como demonstrativo de conhecimento.

 

Com o tempo, já adultos.

Pedro, de “família boa” se tornou advogado e preto Máximo, “Puliça”.

Mariano se tornou neurótico e o padre aposentou-se tranquilo.

Sem a pressão escolar – mesmo que ainda a familiar – Rodolfo logrou a ler, escrever, expressar e compreender. É artista; não rico, mas vive bem de seu trabalho.

 

Pedro e sua família, a família de Mariano e o padre não eram ignorantes; eram imbecis; eram maus. Assim como era má a família de Rodolfo.

Máximo, Mariano e Rodolfo não tinham liberdade de escolhas assim como ninguém – bom ou mau, intelectual ou analfabeto – possui real livre arbítrio; essa linda fantasia que amansa a insatisfação de ter que aceitar a religião que lhe impuseram, a educação do lar em que caiu, a variação linguística de sua comunidade, a comida que lhe dão, as roupas que lhe deixam vestir, os cabelos, o estudo, o trabalho que conseguir e raramente quis.

Ignorância tem cura. Ignorar é desconhecer. Basta estudar, ler, dialogar para saber.

Rodolfo se curou.

E Pedro, Máximo, Mariano, o padre, famílias... Há cura?

Imbecilidade e maldades não têm cura. Há tratamento: tirar-lhe a voz. Liberdade de expressão não é dizer o que quer, fira a quem for.

Minha liberdade termina quando começa a do outro. - Mais um tão conhecido dito a me fazer pensar que se desconhece o que (acha) conhecer.

 

 

Pensado detalhadamente nas últimas duas semanas e escrito em 13 de fevereiro de 2022.

Imagem: https://luizmuller.com/2019/08/14/charges-em-jornais-pelo-mundo-mostram-imagem-do-brasil-se-deteriorando-rapidamente/

domingo, 6 de junho de 2021

MORREU POR IMPUNIDADE

 

Pai meu que está no Céu, santificado é só o meu nome. Venha a mim o meu reino (e para de enrolar, seu va-ga-bun-do). Seja feita a minha vontade assim na terra plana como no Céu. O pão meu de cada dia (pão nada, que isso é coisa de pobre; só comida cara) me dá agora (que não sou obrigado a esperar). Nada tenho que ser perdoado, mas perdoo Jesus, o comunista. E não perdoo quem me ofende. Não me deixeis cair na tentação de amar meu próximo e empurrai aos demais pros infernos.

Armem.

 

Os dias são domingo e depois segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado, domingo, segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado, domingo, segunda terça, quarta, quinta, sexta, sábado...

O dia e a noite, o dia e a noite, o dia e a noite... Se fazem madrugada, manhã, tarde, noite, madrugada, manhã, tarde, noite, madrugada, manhã, tarde, noite...

Estamos em junho que se seguirá por julho, agosto, setembro, outubro, novembro, dezembro, janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro...

Milênios antes da Via-Láctea, milênios com Via-Láctea, milênios depois da Via-Láctea... Milênio de formação da Terra, milênios antes dos sapiens, milênios com os sapiens e milênios após.

 

 

Ouvi num vídeo da atriz Denise Fraga que me tirou lágrima. Ela se encontrara com uma amiga de baixa instrução que chorava a morte do irmão morto pelo covid. Essa pessoa comentou com a atriz:

- Meu irmão morreu de covid porque estava com a impunidade baixa.

A atriz, naquele momento de dor da amiga, decidiu não corrigir o erro: não é impunidade; é imunidade. Mas ela teve vontade de dizer:

- O seu irmão não morreu de impunidade baixa. Ele morreu de covid por causa da impunidade alta.

O Pazuello foi castigado com uma pensão vitalícia. – Dou uma triste risada. – E todas essas pessoas que cometem os mais bárbaros crimes contra os mais fracos nada lhes acontecerá porque sua impunidade é altíssima. Nada vai lhes acontecer. Denise Fraga fala da ironia que o problema não foi a baixa imunidade do rapaz e sim a alta impunidade... – não da elite porque isso exigiria elevado teor intelectual entre outras coisas. – Alta impunidade de quem está no poder.

 

Um gemido ou arfar desalentado escapa de meu peito.

 

Não deveríamos permitir que pessoas como os prefeitos de Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo, policiais, militares, empresários, vereadores, deputados, senadores, governadores, presidentes saiam impunes.

- A ética tinha que ser uma realidade. – Diz um inteligente amigo. – Não importa quem deveria ser julgado segundo as leis e comprovado o crime, condenado. O essencial é a educação. Educação é a chave de tudo.

- Não há como dizer que educação... – Não consigo completar a relevância da educação. Há muita amargura em meu corpo para a lógica sair com facilidade. – Temos que educar as crianças, educar os pais, educar os políticos, educar os policiais, educar os sacerdotes de todos os credos, educar os médicos, os advogados, quem varre rua, quem caminha pelas ruas, quem está vendendo, quem está comprando. Sem educação nada funciona. Mas quem educará? Quarta-feira fui a um advogado e vi pela tela de seu computador a página de watzap. Um dos grupos que ele segue é “somos todos Boçalnato”. Precisamos educar sobretudo aos professores. Mas quem seria os educadores? Faz tempos e tempos que digo que os professores deveriam ser a elite intelectual dos municípios. E só a escola onde trabalho grande parte foi eleitora do Boçalnato. Vê-se que eles não têm nenhum intelecto. O que estão ensinando? Se só conseguem dizer “petêêê, Luladrão! Miiiito!”. Mas eu concordo com o senhor, educação é... O que não consigo ver é quem educará.

- Essa CPI – Diz uma amiga igualmente inteligente – só desperta angústia, ódio... Na Praça Primeiro de Maio, no Centro de Ipatinga tem uma barraca buscando filiação para o partido do Boçalnato. Parece que eles existem para despertar empatia. Mas como ter empatia com gente assim? Se eles exterminam os índios; fizeram dois homens perderem um de seus olhos; ameaçaram estuprar uma criança de cinco anos por ser filha de uma importante política da esquerda. Gostaria poder confrontar essa gente, mas me sinto com medo. Não sei o que dizer-lhes.

- Confrontar, comentar como? Dizer o que para eles? Boçalnato, antes de ser eleito, já se declarava corrupto, que sonegava impostos; que ia tirar até o último centímetro de terra dos indígenas; que negro se pesa em arroba. E aí vai... Não há como confrontar uma pessoa que não se importa com nada disso. Não há como discutir. Ouvi uma história:

Um burro e um tigre discutiam sobre a cor da mata. O burro zurrava que era azul e o tigre bramia que era verde. Depois de tanto discutirem decidiram conversar com o rei leão.

O burro azurrou enfaticamente que a mata era azul e que o tigre deveria ser punido por espalhar “fêiqui nius”.

O rei leão declarou:

- Tudo bem, senhor burro. O tigre terá como punição a obrigação de ficar calado por quatro anos.

O burro saiu todo contente a ornejar sua sapiência e o merecido castigo do tigre mentiroso.

- Rei leão, por que vossa majestade concordou com o burro e me castigou se sabe que a mata é verde?

- Puni a vossa alteza porque nunca se discute com burros. Eles são incapazes de compreender a verdade. Espero que o senhor nunca mais perca seu tempo com os imbecis.

E a verdade é que estamos indo para quatro anos sofrendo os males causados pela récua nacional. Eu mesmo discuti com esses imbecis, mas foi em vão. Já foi dito, não me lembro por quem, que os idiotas vencerão o mundo não pela capacidade, mas pela quantidade.

E por que não me calo? Porque sou cigarra a gritar até estourar-me... Esta é minha natureza. Ou talvez até ser devorado pelas formigas milicianas. Essa é a natureza humana.

- Precisamos da Luz de Buda, de Cristo, de Olorum. Precisamos de Luz divina para trilhar sem nos perdemos.

- Precisamos de luz sim. Mas me lembro daquela música:

Diz que Deus dará, diz que Deus dará, mas se Deus não der, ó nega, como é que vai ficar?

- Realmente não podemos transferir a conta para Deus. O problema é nosso. – Uma pausa. – Mas minha esperança é que essas cobras se engulam.

 

Os dias são domingo e depois segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado...

 

 

Ofereço como presente aos aniversariantes:

Adinagruber C. Lima, Éder Rodrigues, Neusa Silva, Luciano A. Maciel, Edney Costa e Claudiane Dias. 



Rubem Leite
é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO. É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”. Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).

Imagens: fotos do autor.

 

Escrito entre os dias 04 e 06 de junho de 2021.

domingo, 2 de maio de 2021

DEGREDADOS FILHOS DE ADÃO

 

PERIGO!

Este cronto é o oitavo de uma novena a pensar criticamente a Bíblia. Se isso te amedronta pare por aqui. Está avisade. Se continuar será por sua conta e risco. Não me responsabilizo pelo desconforto que sentirá, pois é difícil não ser misantropo quando se tem neurônios funcionais.

 

Deus do meu louvor, não te cales: Nomeia contra ele um injusto para que ele saia condenado, perca o emprego, tenha os dias contados, seus filhos fiquem órfãos e sua mulher, viúva. Que seus filhos se tornem mendigos e expulsos até das ruínas. Que ninguém mostre clemência ou compadeça dele nem de seus filhos.

Salmo 108(ou 109)¹.

 

Seis da tarde minha irmã reza a Ave-Maria, o Salve Rainha, o Glória, o Credo, o Pai-Nosso e um trecho do Evangelho. Cada capítulo de sua Bíblia tem subtítulos e segue a sequência: primeiro Mateus; quando acaba, Marcos; depois Lucas e por fim João. E repete o ciclo.

Depois faz um Pai-Nosso e uma Ave-Maria para cada pessoa com quem tem algum bom laço.

Ao chegar a minha vez, entre a primeira e a segunda prece, viu um homem branco, magro, com lisos cabelos loiros ou brancos até o ombro. Não sabe se era jovem, pois a cara estava muito enrugada de ira. No olhar apenas ódio. A boca aberta chiando uma mistura de rosnado com silvado. As mãos dobravam como garras. Essa visão durou segundos. Assustou-se, mas continuou.

Ao contar-me o ocorrido pensei em um sujeito que não vejo há uma década ao menos; que apesar de poucos anos mais novo que eu já tinha fios brancos em seus cabelos pretos, mas cacheados.

Eu o amei, mas não me correspondeu. Contudo soube tirar bons proveitos por uns poucos anos.

A evolução científica não revelou nossos conhecimentos. O que ela nos revelou foi nossas ignorâncias. Já as religiões – e quando digo religião me refiro a tudo que salienta “tenho todas as verdades” e isso inclui, entre outras, o cristianismo, islamismo, capitalismo, socialismo – revela os nossos conhecimentos e ignora nossas ignorâncias.

A uma primeira vista parece que religião é melhor que ciência. Entretanto, se tenho – ou acredito ter – todas as respostas não avanço. E o que não avança regride. Como água parada: apodrece.

A ciência, por revelar a ignorância humana, reconhece não ter todas as respostas. E sabe: que é comprovado hoje pode ser confirmado ou renegado amanhã. Isso porque novos conhecimentos surgem. Desse modo, a ciência não teme refazer experimentos utilizando-se de novas tecnologias nem se envergonha de reconhecer erros. Ao contrário, apresenta as respostas mais acertadas.

Vamos a um exemplo. Imaginemos séculos passados. As pessoas pensavam: se não está na Bíblia é porque é irrelevante. Então como a Bíblia não fala como as aranhas produzem teia ninguém buscaria saber e se procurasse o conhecimento ninguém as aplicaria ou mesmo tentaria conhecer.

E até o uso de “tentaria conhecer” no lugar de simplesmente “conheceria” poucos param para pensar na diferença sutil entre elas. Por que muitos não refletiriam? Porque basta o que está no livro dito sagrado. Veja:

Se simplesmente dissesse “ninguém conheceria” é possível imaginar rapidamente qual o motivo do desconhecimento: medo de punição ou desinteresse? Isso porque a ideia central estar no desconhece. O que te poderia suscitar como primeiro pensamento “por quê?”. Contudo, ao usar “tentaria conhecer” a ideia central fica em tentativa. O que te poderia suscitar como primeiro pensamento “esse conhecimento não importa” e só depois viria a pergunta: por que não importa? E mais tarde poderia surgir a reflexão sobre o que causou o impedimento da busca do conhecimento.

A biologia não se ocupa com normalidade da sexualidade, da moral, da ética. Ela é simplesmente ciência. Não impõe regras de conduta. O ADN conduz os seres vivos de modo inconsciente, natural. A ciência não diz: “Darwin é o biólogo! Galilei é o astrônomo!”.

A religião se preocupa com normalidade da sexualidade, da moral, da ética. Impõe regras de conduta. Dizendo que são naturais cobra falar, homem ter superforça por causa dos cabelos e virgem grávida; mas não dois homens se amarem maritalmente. E nem fala que duas mulheres possam amar-se, pois para ela mulher não tem outra sexualidade que não seja satisfazer ao marido. A religião diz “Cristo é O Ungido! Só Ele é a Salvação. Ou Maomé é O último Profeta! E depois dele nada mais precisará ser revelado.”.

Amei sem correspondência outro homem apesar de saber aproveitar-se de meu sentimento. Talvez não correspondera – e creio ser essa a mais plausível hipótese – por simplesmente não achar valia em mim.

Todavia sei os olhares que eu recebia, os risos que entrevia e os cochichos que eu entreouvia das pessoas na cercania. Mas não era novidade para mim. Hoje percebo o porquê, aos meus sete anos, um tio me dizia para eu mostrar “meu documento” se alguém perguntasse ao adulto que me acompanhava se eu era menino ou menina. Mais tarde, entre onze e quinze anos, meus colegas escolares escancaradamente me olharem, rirem e falarem de maneiras dolorosas.

Recordo de uma conhecida muito querida que conta:

- Quando adolescente acordei sentindo gotas frias no meu corpo. Abri os olhos e vi minha mãe acendendo um fósforo. Era álcool que me molhara. Escapei porque rapidamente me levantei e pulei a janela sobre minha cama. Para ela Jesus me preferia morta que lésbica.

A religião normatiza o que quer; o que seu fundado preconizou e os que vieram depois acrescentaram ou modificaram sem cons-ciência do povo. Duvida?!? Tem coragem de olhar a história das religiões? E da “sua” religião?

A ciência esquematiza o que comprova e reesquematiza sempre que obtém novos dados. Apresenta os fatos. Às pessoas cabem a tentativa de conhecer ou decisão de desconhecer.

 

 

 

Ofereço como presente aos aniversariantes:

José de Carvalho Neto, André Kondo e Nadja Soares.


¹ A injustiça e rogação de pragas são os principais ensinamentos contidos nos Salmos; perfeito exemplo é o Salmo 108.


Diquinha de português – super- e hífen:

O prefixo latino super- indica a ideia de excesso ou posição superior e só é separado com hífen quando o segundo elemento começa com “-r” ou com “-h” (super-homem, super-resistente). Nos demais casos não se utiliza o hífen (superforça, superaquecido)

 

Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO. É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”. Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).

 

Escrito entre fevereiro e 02 de maio de 2021.

domingo, 25 de abril de 2021

MORTE: VIDA QUE SEGUE

 

PERIGO!

Este cronto é o sétimo de uma novena a pensar criticamente a Bíblia. Se isso te amedronta pare por aqui. Está avisade. Se continuar será por sua conta e risco. Não me responsabilizo pelo desconforto que sentirá, pois é difícil não ser misantropo quando se tem neurônios funcionais.

 

O Espírito de Deus desceu sobre Jefté e este prometeu a Deus: “Quando eu voltar vitorioso da guerra oferecerei em holocausto a primeira pessoa que sair de minha casa para me receber.” E Deus deu a vitória a Jefté.

(Juízes 11, 29-34)

 

Em português, na íntegra:

 

É dito “Quem cedo madruga Deus ajuda”. Mas talvez a verdade seja “Para quem cedo madruga Deus não existe”. Nietzesche disse “Deus está morto”. Não discuto se Nite (escrevi conforme se pronuncia; aportuguesei) negou a existência de Deus. Isso é assunto para outra hora.

Deus está morto! O padre Claudemir Serafim O matou ao dizer: covid não é católico porque odeia ao Senhor. Flordeliz O matou ao fazer orgia com seus cinquenta filhos, ao casar-se com um deles e assassiná-lo quando não queria atender aos seus desígnios. Malafaia O matou ao edificar o Templo de Salomão e – antes, durante e depois da construção – extorquir dinheiro dos incautos. Valdemiro Santigo O matou quando vendeu “feijão ungido” para curar covid. O líder espírita Divaldo Franco e os líderes religiosos já citados O mataram quando votaram no Boçalnato. E estes são apenas exemplos notórios da prática cristá.

Deus está morto! Cinquenta e sete milhões de brasileiros, com a cumplicidade dos que votaram branco ou nulo, mataram-nO ao escolheram um genocida como presidente. E não há chance de dizerem que foram enganados porque Boçalnato sempre afiançava o mal encarnado que era, é e será:

Só não te estupro porque você não merece. Minha filha foi uma fraquejada que dei. Ter filho gay é falta de porrada. Índio não terá um centímetro de terra. O negro mais magro pesava quinze arrobas; não serve nem pra procriar. Meus filhos foram bem-educados e não namorariam uma negra; não são promíscuos como os artistas pretos. Sonego todo imposto que posso.

Proudhon disse que a religião apregoa o que pode ser chamado de Teoria da Resignação para impedir o povo de rebelar-se. Como a religião faz isso? Ao consagrar-se como inviolável o seu poder e privilégio por vontade divina. Assim, a religião consola o povo declarando “Força! Você conseguirá alcançar o Céu aceitando sofrer. Não importa que outros tenham boa vida. Assim é pela Vontade inquestionável de Deus”. E com os olhos tapados o povo caminha tapado.

A deputada Paula Belmonte é autora do Projeto de Lei que torna a educação serviço essencial. – Muitos falam. – E na semana passada o deputado Ricardo Barros disse:

- Só professor não quer trabalhar na pandemia. É absurdo a forma como estamos permitindo que os professores causem tantos danos às nossas crianças na continuidade de sua formação. O professor não quer se modernizar, não quer se atualizar. Já passou no concurso, está esperando se aposentar, não quer aprender mais nada. Só professor não quer trabalhar.

Acompanhado por muitos, respondo:

A Educação só é serviço essencial quando o professor tem que ir à sala de aula durante a pandemia. Mas nunca para receber salário digno ou receberem vacina; nunca para melhor aparelharem as escolas; nunca para os alunos terem acesso de qualidade a internet. Estou desanimado, mas ainda dou murros. É uma lástima que só encontro alvo em ponta de faca.

O docente enfrenta o pior dos inimigos. Tudo que o educador ensina é anulado pelos padres e pastores ao ameaçarem o povo com o fogo do inferno se não descrerem do professor. A educação não consegue combater as mais horríveis adversárias: as religiões. Ah! Seria tão bom se os pais não permitissem que o cérebro de seus filhos se maculassem com as maledicências das igrejas. Mas essa não é realidade. Estou desanimado, mas ainda combato com a esperança que um dia deixe de ser em vão.

Entretanto o que essas coisas têm a ver com o tema do cronto? Talvez quem lê se pergunte. Vejamos o tema: Os versículos vinte e nove a trinta e quatro do capítulo onze de Juízes e nos versículos vinte e cinco a cinquenta e quatro do capítulo trinta e um de Números (Núm 11, 25-54) ensinam o sacrifício humano. Agora, como conseguir que o povo se sacrifique e como ter coragem para sacrificar o outro?

- Boçalnato cumpriu este versículo. – Respondo à hipotética pergunta. – Venceu as eleições de 2018 e ofereceu em sacrifício a população brasileira. Duas semanas atrás eu disse e repito:

Tenho certeza que não há álcool nem sabão capaz de limpar o sangue nas mãos e almas dos cúmplices dos já se aproximando a quatrocentos mil assassinados pelo presidente e seus conluiados através do covid-19. Estes criminosos vão sobreviver, pois Cristo disse: “este mundo é dos maus”. Os cúmplices do presidente – seus eleitores – continuarão a disseminar o mal porque só sabem dizer “Luladrão, Lulinha Friboi, petêêê” e “só detesta bandido de esquerda”; os de direita os senhores apoiam. Já eu continuarei a ser Dom Quixote; a cigarra a estourar-se de tanto gritar no deserto que é seus cérebros. E só me calarão quando as formigas devorarem esta cigarra.

No Rio de Janeiro o vereador boçalnariano Dr. Jairinho torturou e matou a chutes o enteado de quatro anos. Causando-lhe hemorragia interna e lacerando o fígado além de diversos outros ferimentos e hematomas. Isso com omissão ou participação da companheira, mãe da criança. Jairinho é um sujeito observador, calado e avesso a debates.

Dois apêndices a quem está lendo:

O que pensa quando conhece uma pessoa má está calada e é observadora?

O que pensa quando alguém ruim é calado e foge de debates? Gostaria que me respondesse.

Continuação do parágrafo anterior aos apêndices:

Como dizia, Jairinho é um sujeito observador, calado e avesso a debates. É um cidadão de bem; um homem religioso. E três dias após o assassinato assumiu um cargo no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar na Casa para disciplinar os vereadores. O Coronel Jairo, pai do vereador assassino, está preso por corrupção e outros crimes; quase todos ligados ao Flagro Boçalnato, filho 01 do Vocessabequem.

- Senhor! Preciso ser reeleito. Se reeleito for oferecerei algo muito sagrado.

Assim Jairinho e Mônica, cúmplice no assassinato do próprio filho, rezaram diante do altar em sua casa. Mas do altar apenas o silêncio. Interessante é que só conseguiram acender a vela na terceira tentativa, quando irritada, Mônica falou baixinho “desgraça!”.

Jairinho foi reeleito. Passou-se o primeiro mês da posse; atravessou o segundo e nada de cumprirem a promessa. No primeiro tríduo de março o casal teve pesadelos cobrando a promessa. No quarto dia o padrasto teve um sonho revelador; e como dormira bem. Os três dias seguintes foram de planos e no oitavo a realização.

O sábado e o domingo o menino ficou com o pai. Na manhã de segunda este entregou o filho à mãe.

Antes de entrarem no carro o menino pedira para ficar, não queria ir. Mas o pai não teve escolha. 

A segunda-feira amanheceu tranquila. Mônica pegou na cozinha uma bacia de bronze, uma faca e uma colherinha de prata para ocasiões especiais. O casal foi ao banheiro para se purificarem para a oração matinal especial. Nus se ajoelharam diante do altar.

- Pai! Ao Senhor ofereço meu sangue. – Disse o vereador – e furou fundo o indicador direito.

- Filho! Ao Senhor ofereço meu sangue. – Disse Mônica – e furou fundo o indicador direito.

- Espírito Santo! Ao Senhor oferecemos nosso sangue. – Disse o casal – um encostou o anelar direito no mesmo anelar do outro e fizeram um leve corte.

Os sangues caíram na bacia. Ele misturou o sangue como se fosse um ato sexual. Sensualmente ela pegou a colher e colheu um pouco do sangue na bacia e o bebeu. Repetiu a ação, dando-o ao amante.

Puseram curativos nos dedos, vestiram-se e foram para a sala receber a criança que em instantes chegaria e, assim, encerrarem a consagração.

Assim que o hospital declarou a morte da criança, o vereador assassino disse ao Pai: “Vamos virar a página, vida que segue. Faz outro filho.”. E este o olha atônito.

Durante o sepultamento, enquanto o pai joga uma pá de terra sobre o caixão, Mônica se olha no espelho para retocar a maquiagem e fala baixinho para o amante:

- Veja que horror está meu cabelo. Acabando esse troço vou direto ao meu cabelereiro.

À noite, durante o culto, a convite do pastor, o vereador discursa comovido:

- Sou Evangélico com Deus no coração. Conservador, luto contra a ideologia de gênero. Médico, nunca trabalhei; sempre fui vereador e luto pela escola sem partido. Defensor das famílias estou unido a Boçalnato. Pois é Brasil acima de tudo e Deus acima de todos.

- Miiiito! – O povo gritou em adoração ao seu – ênfase no pronome possessivo – seu Messias.

 

 

En español, trozos sobresalientes del cruento – MUERTE: VIDA QUE SIGUE

Los nombres abajo son de personas reales; todos son líderes religiosos y unos son también políticos:

 

¡Dios está muerto! El cura Claudemir Serafim Lo mató al decir: covid no es católico porque odia al Señor, Flordeliz Lo mató al hacer orgía con sus cincuenta hijos, al casarse con uno de ellos y asesinarlo cuando no quería atender a sus ganas. Malafaia Lo mató al edificar el Templo de Salomón y – antes, durante y después de la construcción – obligar a los incautos a pagar bendiciones. Valdemiro Santiago Lo mató cuando vendió “frijol ungido” para curar covid. El líder espírita Divaldo Franco y los líderes cristiano ya dicho Lo mataron cuando votaron en el Bozalnato.

¡Dios está muerto! Cincuenta y siete millones de brasileños, con la complicidad de los que votaron blanco o nulo, Lo mataron al elegir un genocida como presidente. Y no hay posibilidad de hablaren que fueran engañados porque Bozalnato siempre hay declarado el mal encarnado que era, es y será.

Lunes amaneció tranquilo. Mónica agarró en cocina una cuenca de bronce, un cuchillo de plata y una cucharita también de plata para ocasiones especiales. La pareja fue al baño para purificarse para la oración matinal especial. Desnudos se arrodillaron delante al altar.

- ¡Padre! Al Señor ofrezco mi sangre. – Dijo el concejal – y se pinchó el indicador derecho.

- ¡Hijo! A Usted ofrezco mi sangre. – Dijo Mónica – y pinchó el indicador derecho.

- ¡Espíritu Santo! A Usted ofrecemos nuestra sangre. – Dijo la pareja – Uno acostó el anular derecho al mismo anular del otro e hicieron un pequeño corte.

Las sangres cayeron en la cuenca. Él mescló la sangre como se fuera un acto sexual. Sensualmente ella agarró la cucharita y recogió un poco de la sangre en la cuenca y lo bebió. Repitió la acción, dándola al amante.

Pusieron curativos en los dedos, se vistieron y fueron a la sala recibir el niño que a un rato llegaría y, así, encerraren la consagración.

Así que el hospital declaró la muerte del niño, el concejal asesino dijo al padre: “Vamos a pasar página, vida que sigue. Hacé otro hijo.”. Y esto lo mira atónito.

Durante el funeral, mientras el padre echa un poco de tierra sobre el ataúd, la madre se mira en el espejo para retocar el maquillaje y charla en voz bajita al amante: “Mire como está horrible mi pelo. Acabando esa mierda me voy directo a mi peluquero.”.

Por la noche, en el culto, por invitación del pastor, el concejal discursa conmovido: “Soy cristiano con Dios en el corazón. Conservador, lucho contra la ideología de género. Médico, nunca trabajé: siempre he sido concejal y lucho para los maestros no hablaren mentiras sobre los gobiernos de derecha. Pues Jesús está a derecha de Su Padre. Entonces solo la derecha es buena. – Sin embargo, un cerebro en la iglesia piensa “Si Jesús está a la derecha entonces el Padre está a la izquierda…” – Mientras piensa el cerebro, el concejal asesino platica: Soy defensor de las familias y por eso estoy unido al Bozalnato. Pues es Brasil arriba de todo y Dios arriba del pueblo.

 

 

Ofereço como presente aos aniversariantes:

Erika Aviles, Felipe Martins, Wilder Alves, Maxi Cabral e Cibele Teixeira.

 

Recomendo a leitura de:

“A Pedagogia do Oprimido”, de Paulo Freire;

“Colapso”, de António MR Martins:

http://poesia-avulsa.blogspot.com/2021/04/colapso.html

 

“La teoría de la resignación a servido a la sociedad impidiendo la rebelión de los pueblos. La religión, consagrando con el derecho divino la inviolabilidad del poder y del privilegio, ha dado a la humanidad fuerza para continuar su camino y apurar sus contradicciones. Sin esa venda, echada a los ojos del pueblo, la sociedad se habría disuelto mil veces. Era preciso que alguien sufriese para que ella curara; y la religión, consoladora de los afligidos, ha decidido al pueblo a sufrir. Este sufrimiento nos ha conducido a donde estamos: la civilización, que debe al trabajador todas sus maravillas, debe aún a su sacrificio voluntario su porvenir y su existencia.” (Pierre J. Proudhon).

 

Sobre a fala do deputado Barros:

https://educacao.uol.com.br/noticias/2021/04/20/ricardo-barros-governo-critica-professores.htm?cmpid=copiaecola

 

Sobre o vereador Dr. Jairinho:

http://www.camara.rio/vereadores/dr-jairinho

 

Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO. É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”. Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).

As imagens são todas do autor.

 

Escrito entre 08 de fevereiro e 25 de abril de 2021.

domingo, 21 de março de 2021

A ARTE PODE DAR PAZ


ou O QUE SABE UMA ÁRVORE

 

 

A primeira parte dessa história pode ser lida em:

http://artedoartista.blogspot.com/2021/03/ha-o-que-vale-mais-do-que-as-pessoas.html

 

Esta história se passa em Ipatinga. Após um sábado adormecido e nublado, mas num domingo amanhecido e quase ensolarado. Aproveitando o silêncio do domingo coloquei algo para comer e duas cervejas numa bolsa térmica, peguei uns livros, meu celular e fui de bicicleta ao Centro de Oncologia e Radioisótopos. Se tinha que ir seria hoje ou continuaria enrolando. Sim, senti-me muito fatigado ao chegar, mas queria fazer um exercício. Entrei e, claro, não consegui consulta para aquele dia. Só fui porque me sentia corajoso o suficiente. Marquei para duas semanas depois.

Em frente há muitas árvores. Uma delas me chamou a atenção. Parece comigo. Sou uma árvore. Sentei-me na grama, de frente para ela, li umas páginas de A Chave do Tamanho, de Monteiro Lobato, e fiquei a pensar no que Emília disse sobre os animais saberem arrumar-se num mundo tão grande:

Também saberemos. Sabem porque foram aprendendo. Nós também aprenderemos, por que não? A professora é uma velha feroz, que não perdoa aos lerdos e preguiçosos. Chama-se Dona Seleção.

Comparei essa fala com a esperança de muitos em 2020: A sociedade vai aprender muito com essa pandemia. Mas em 2021 o que aprendemos foi: o vírus evolui e a sociedade não. E o que mais me dói é não me surpreender. Um ano de covid matou quase mil pessoas a mais que trinta e sete anos de aids. E há mais pessoas temendo o HIV do que o SARS-CoV-2. Dona Seleção, não demore a entrar em ação, por favor.

Olho para a árvore e ouço o que muitos pensam de mim: É um bobo, um tolo coberto de lodo. Sou uma árvore; posso ter musgo, não lodo. Você está cansado! Dizem. Mas não. Cansaço seria se tivesse feito muita coisa pela humanidade. E o que faço não posso dizer que é tanto assim. Eu faço, mas... é improdutivo porque as pessoas não mudam. Não mudam. Pode até ser que alguém mude; realmente aprenda. Isso acho até possível, mas são casos extremamente raros. Um exemplo: um delegado aterrorizou por muitos anos, bem mais de uma década, os usuários de maconha. No pejorativo: “os maconheiro”. – Dou uma risadinha para mim mesmo. – Porém a filha dele ficou enferma e o tratamento precisava de THC. Aí ele mudou... Ai, que romântico. Ele mudou. Parou de perseguir os usuários de maconha. Mudou por...caria nenhuma! É interesse, egoísmo! Porque teria mudado se antes tivesse estudado para que serve a maconha; para que serve o THC. Mas ele não teve interesse. Preferia continuar com sua ignorância e seus preconceitos. Só depois, por ser mercantilista e calculista, passou a agir ao contrário. Então o delegado não mudou. É apenas mais um interesseiro que vai transferir seus ódios e ignorâncias para outros grupos de pessoas. 

Olho outra vez para mim na árvore e faço pelo watzap uma vídeo-chamada para meu filho.

- Oi, Quide! Ontem sua mãe me contou algo que me deixou orgulhoso de você. Quer que eu te conte o que pensei sobre o assunto ou acha que estarei intrometendo-me em sua vida? – Depois que falei pensei “estou sendo indiscreto”.

- Conte!

- Se achar que é intromissão eu me calo...

- Sei lá. – Diz e ri da dúvida do pai.

Um esclarecimento. Sou Ôldi, pai adotivo de Quide. Alguns meses atrás saiu de viagem pelo Sul da América e não me disse o porquê. Um longo tempo depois fiquei sabendo a razão. Ele fora em busca dos pais verdadeiros dele. Achei muito bom ele fazer isso; muito bom mesmo. O que me dói é ele me ver como um pai falso.

Mas voltemos à história:

- A coisa mais importante que ela falou fortaleceu minha concepção de que você fará a diferença na cidade onde viver. Posso continuar? Creio que será curto o que vou dizer daqui pra frente.

- Fale logo!

Desconfortável por chamar o outro de pai como se ele fosse o verdadeiro:

- Você falou para seu – engoli em seco – pai algo assim: “Tenho dinheiro, mas não sei o que fazer com ele, pois não me dá paz.”. Realmente, de você só posso esperar pensamentos inteligentes, dignos. Dinheiro não dá paz. Mas não dá para viver sem trabalhar. Então o que fazer? Trabalhar nesse serviço chato e com a grana que entrar comprar livros, pagar uns estudos, consumir as artes cinematográficas, teatrais, musicais etc. Mas o mais importante: A arte pode dar paz. – Meu filho é malabarista, artista de rua. – Que tal tirar meia hora por semana ou um dia sim e outro não para ir ao faro, ou praça ou ao parque e malabarear apenas para fazer as pessoas sorrirem, aliviarem de seus pesos.

- Minha mãe é bem intrometida.

- Tem gente que fará cara de nojo. – Ignoro a fala dele e continuo: Outros irão parar por alguns segundos para ver. Outros vão continuar andando enquanto olham sua arte. Se for de manhã dará energia para enfrentar o dia. Se for no final da tarde dará alívio. No caso “dos cara de nojo”, aí é problema dele não se sentir melhor. Nos dois casos seguintes você lhes terá dado paz.

- Mas fazer o quê? – Agora é ele que ignora o que eu disse. – Minha mãe não mudará mais.

- Nós, os velhos, somos intrometidos...

Uma pausa para bebermos um gole de cerveja e responde aos meus comentários:

- Sim, falei isso pro meu pai. Mas meu peso é outro. A minha cruz é outra.

- Por isso pedi sua autorização para ingerir. – Mais um gole de cerveja. – Qual é sua cruz?

- Não acho que preciso falar para você.

- Tranquilo.

- Não falo isso pra ninguém. Não me leve a mal.

- Como disse, não me quero imiscuir. – Mas me senti mal por não confiar em mim. – Apenar dizer que te quero bem, muchacho. Não me ofendo.

- Eu sei e te amo por isso, amigo. – Amigo!?! Como isso me magoa.

- Cada qual tem seus segredos. Coisas que prefere guardar para ti.

- Isso!

- Acha que tem coisas que conto para os outros? Nem para a psicóloga conto tudo...

Ôldi muda de assunto:

- Vou trabalhar agora. Estou fazendo a revisão em português de um livro que se chama Magnânima, de Flávia Frazão... Quando puder a gente conversa. Abraço! – Uma pausa e acrescento: Só não fica chateado com sua mãe. Pois ela me fez feliz ao dizer-me sua visão do dinheiro. Tenha um bom trabalho.

- Gracias!

- Só me conte o que se sentir confortável ou precisar. Vou indo, pois amanhã também vou trabalhar. Será sábado letivo e darei aula remota.

- Está bom assim. – Sua voz parece levemente irritada, mas continuo:

- Só recomendo uma coisa: Não se cale se precisar falar. Agora peço licença porque vou para casa me dedicar a revisar o livro e depois gravar um vídeo aula para amanhã passar para meus alunos e não poderei mais conversar no momento. Abraços!

Mas o que faço depois de desligar a vídeo-chamada é olhar para a árvore, tomar um gole da cerveja e soluçar. Paro um pouco meu soluço e acesso ao youtube. O primeiro que aparece é As Vantagens de Ser Bobo, de Clarice Lispector. Do bastante que é dito ouço e reflito apenas:

O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. Mas não estou tocando nem o coração do meu filho, por mais que o veja e ouça dentro de mim. O bobo é capaz de ficar sentando, quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: “Estou fazendo. Estou pensando”. Realmente, já se passou uma hora que a conversa terminou, mas confesso que estou mais sentindo do que pensando. Sou um bobo e como tal confio na palavra das pessoas e por isso sou apunhalado tantas vezes por aqueles que menos espero. Realmente reclamo pouco, mas muito exclamo. E quando reclamo sobeja exclamações, interjeições e se não pergunto é porque desvalorizo as respostas que me darão. Lispector fala que os bobos provocam amor. Não sei. Não sei. Mas como bobo amo em excesso. E só o amor faz o bobo. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu. Se venci ou vencerei nunca saberei assim como esta árvore.

 

 

Ofereço como presente aos aniversariantes:

Aléxia Silva, Maria Cloenes, Manoela S. Bicalho, Ana L. Pena, Diony Stefano e Girvany A. Morais.

 

Recomendo a leitura dos livros e áudios citados no cronto.

 


Rubem Leite
é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO. É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”. Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).

Imagens:

Árvore com musgo: foto de Marcelo Soares Marinho.

Foto do autor pelo autor.

 

Escrito entre os dias 12 de dezembro de 2020 e 21 de março de 2021.