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domingo, 17 de dezembro de 2017

AO DIFERENTE

AL DIFERENTE


ODIAR LAS PATRIAS
El señor K. no consideraba necesario vivir en un país determinado. Decía:
—En cualquier parte puedo morirme de hambre.
Pero un día en que pasaba por una ciudad ocupada por el enemigo del país en que vivía, se topó con un oficial del enemigo, que le obligó a bajar de la acera. Tras hacer lo que se le ordenaba, el señor K. se dio cuenta de que estaba furioso con aquel hombre, y no sólo con aquel hombre, sino que lo estaba mucho más con el país al que pertenecía aquel hombre, hasta el punto que deseaba que un terremoto lo borrase de las superficie de la Tierra.
—¿Por qué razón —se preguntó el señor K— me convertí por un instante en un nacionalista? Porque me topé con un nacionalista. Por eso es preciso extirpar la estupidez, pues vuelve estúpidos a quienes se cruzan con ella.
(Bertolt Brecht)

Leitura pelo autor no canal aRTISTA aRTEIRO:


Em português:

Olhando pela janela do escritório se vê acima dos telhados copas de mangueira, de oitis e, um pouco mais ao longe, de uma palmeira.
- De acordo com a Bíblia, Deus perdoa e abençoa os estupradores e os incestuosos.
- Sim! Estes geram filhos que serão soldados para escravizar os povos vizinhos e trabalhadores para alimentar os poderosos.
- Mas não perdoa os homoafetivos...
- Claro! Estes não geram filhos que poderão ser usados para escravizar ou trabalhar. De acordo com a Bíblia, Deus gosta do amor, mas não muito... Ele apoia a opressão e investe no ódio. Então esse Deus não perdoará.
- Entretanto, creio em Deus de Verdade e não esse ‘mito fantasioso bíblico’. Creio em Deus de Amor, de Vida e Sabedoria. Não há nada a perdoar.


En español:

Mirando por la ventana de la oficina se ve arriba de los tejados copas de mango, de oitis y, un poco más lejana, de una yagua.
- De acuerdo con la Biblia, Dios perdona y bendice los estupradores y los incestuosos.
- ¡Sí! Estos generan hijos que serán soldados para esclavizar los pueblos vecinos y trabajadores para alimentar los poderosos.
- Pero no perdona los homoafetivos…
- ¡Claro! Estos no generan hijos que podrán ser usados para esclavizar o trabajar. De acuerdo con la Biblia a Dios le gusta el amor, pero no le encanta… Él apoya la opresión y no ahorra esfuerzos en el odio. Entonces ese Dios no perdonará.
- Sin embargo, creo en Dios de Verdad y no ese ‘mito fantasioso bíblico’. Creo en Dios de Amor, de Vida y Sabiduría. No hay nada que perdonar.


Ofereço como presente aos aniversariantes:
Ziza Saygli, Fabiana Ribeiro, Carlos W. Barbosa, Clayton Heringer, Renata Matos, Jhony Uriel, Joe Arthuso, Ícaro Freitas, Jamille Amaro, Drika Nunes, Gerci Santos e Thaylyny Emanuela.

Recomendo a leitura de:
“História Serve para Causar Desconforto: por uma história do incômodo para um mundo em emergência”, de João Lucas Nery:
“Cigarras e Peões”, deste macróbio que vos fala:
e “Bailarino”, de Girvany de Morais:

 Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Foto de Vinícius Siman.


Escrito originariamente en español en la madrugada de 10 de septiembre de 2017 y trabajado en las dos lenguas entre los días 11 y 17 de diciembre del mismo año.

domingo, 3 de dezembro de 2017

JESUS É OUTRA HISTÓRIA, SERÁ?

JESÚS ES OTRA HISTORIA, ¿SERÁ?


Desvio Cultural – 08 e 09 de dezembro – Ipatinga:
Em apoio às artes, contra a censura, a favor da liberdade de expressão.
Desvio Cultural – 08 y 09 de diciembre – Ipatinga:
En apoyo a las artes, contra la censura, a favor de la libertad de expresión.
Desvio Cultural – December, 08 and 09 – Ipatinga:
In support arts, against censorship, in favor of freedom of expression.

“Sobe depressa, Miss Brasil”, dizia o torturador enquanto me empurrava e beliscava minhas nádegas escada acima no Dops. Eu sangrava e não tinha absorvente. Eram os ‘40 dias’ do parto. Na sala do delegado Fleury, num papelão, uma caveira desenhada e, embaixo, as letras EM, de Esquadrão da Morte. Todos deram risada quando entrei. “Olha aí a Miss Brasil. Pariu noutro dia e já está magra, mas tem um quadril de vaca”, disse ele. Um outro: “Só pode ser uma vaca terrorista”. Mostrou uma página de jornal com a matéria sobre o prêmio da vaca leiteira Miss Brasil numa exposição de gado. Riram mais ainda quando ele veio para cima de mim e abriu meu vestido. Picou a página do jornal e atirou em mim. Segurei os seios, o leite escorreu. Ele ficou olhando um momento e fechou o vestido. Me virou de costas, me pegando pela cintura e começaram os beliscões nas nádegas, nas costas, com o vestido levantado. Um outro segurava meus braços, minha cabeça, me dobrando sobre a mesa. Eu chorava, gritava, e eles riam muito, gritavam palavrões. Só pararam quando viram o sangue escorrer nas minhas pernas. Aí me deram muitas palmadas e um empurrão. Passaram-se alguns dias e ‘subi’ de novo. Lá estava ele, esfregando as mãos como se me esperasse. Tirou meu vestido e novamente escondi os seios. Eu sabia que estava com um cheiro de suor, de sangue, de leite azedo. Ele ria, zombava do cheiro horrível e mexia em seu sexo por cima da calça com um olhar de louco. No meio desse terror, levaram-me para a carceragem, onde um enfermeiro preparava uma injeção. Lutei como podia, joguei a latinha da seringa no chão, mas um outro segurou-me e o enfermeiro aplicou a injeção na minha coxa. O torturador zombava: “Esse leitinho o nenê não vai ter mais”. “E se não melhorar, vai para o barranco, porque aqui ninguém fica doente.” Esse foi o começo da pior parte. Passaram a ameaçar buscar meu filho. “Vamos quebrar a perna”, dizia um. “Queimar com cigarro”, dizia outro.
ROSE NOGUEIRA, ex-militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), era jornalista quando foi presa em 4 de novembro de 1969, em São Paulo (SP). Hoje, vive na mesma cidade, onde é jornalista e defensora dos direitos humanos.

Leitura do cronto pelo autor no canal aRTISTA aRTEIRO:

Em português:

- “Olhos correndo rumo à escuridão do céu” canta Vinícius Siman em Grito Primal em Beagá. Eu digo: olhos escorrendo a escuridão do céu. Não canto; eu digo. Afinal, não sou torturador dos ouvidos alheios... E nem dos meus, claro. Rerrê.
Para um instante para os dois rirem da piada e pensarem no poema. Depois continua:
- Gabriel Bicalho... O poeta, sabe? Ele é terrivelmente aborrecido, mas seus poemas... Os poemas... Ah, seus poemas! Quem os supera?
Mudando de assunto, Eder:
- Podemos até não saber, mas somos o que mais detestamos...
- Quem é aquele que está me olhando sem parar?
- Rodrigo. Ele é cantor.
- Gosto de músicos... Espero que seja artista e não apenas cantor...
- Não sei dizer. Nunca conversei com ele para saber se é inteligente.
Os três param um instante para beberem. Eder, a sua cerveja. Mauro, coquetel feito por Marcelo, no Feirarte. Vinícius, outro coquetel.
- Mauro! Você não tem facebook, watzap nem nada. Por quê?
- A ditadura deixa marcas. É assustador chegar numa sala com todas as informações a seu respeito expostas nas paredes. – Olhando nos olhos do Eder: Compreende?
- Compreendo!
- Respondeu muito rápido; sem nada reviver. E falou muito enfático. Não compreende, então.
Provavelmente aborrecido (provavelmente?), Eder volta à sua proposta inicial:
- Podemos até não saber, mas somos o que mais detestamos...
- Paz do Senhor! – Chega um conhecido com camisa estampada: “Boçalmito 2018”. – Estou chocado com o sujeito que roubou aquele supermercado. Tem tantos criminosos à solta; precisam ser presos e torturados para ver se aprende...
- Você, cristão, defende a tortura? – Mauro diz boquiaberto. – Como? Jesus foi preso e torturado até a morte. Apoiar a tortura é apoiar o que fizeram com Ele.
- Jesus é outra história. Ele é bom.
- Ele disse que não veio para os saudáveis, veio para os doentes. Não veio para os bons, pois estes já estão com o céu garantido. Veio para os maus. E você é contra a Missão dEle.
- É...
- Vamos ouvir a música, que é melhor. – Intervém Vinícius. Os três se calam e outro vai embora. Não há como dialogar com fascistas, pois estes são o oposto ao diálogo.


En español:

- “Ojos corriendo rumbo a la oscuridad del cielo” canta Vinícios Siman en Grito Primal en Beagá. Digo: Ojos escurriendo la oscuridad del cielo. No canto; digo. Pues no soy torturador de los oídos ajenos… Y ni de los míos, claro. Jejé.
Los tres ríen del chiste mientras paran y piensan en el poema. Después un continúa:
- Gabriel Bicalho… El poeta, ¿sabes? Él es terriblemente aburrido, pero sus poemas… sus poemas… ¡Ah, sus poemas! ¿Quién los supera?
Cambiando el asunto, Eder:
- Hasta podemos no saber, pero somos lo que más detestamos…
- ¿Quién es aquél que me mira sin parar?
- Rodrigo. Él es cantante.
- Me gustan los músicos… Espero que sea artista y no apenas cantante…
- No sé decir. Nunca charlé con él para saber si es inteligente.
Los dos paran un rato para bebieren. Eder, su cerveza. Mauro, cóctel hecho por Marcelo en el Feirarte. Vinícius, otro coctel.
- Mauro, no tiene Facebook, watzap ni nada. ¿Por qué?
- La dictadura deja marcas. Es aterrador llegar en una sala con todas las informaciones a su respecto expuestas en las paredes. – Mirando en los ojos del Eder: ¿Comprende?
- ¡Comprendo!
- Contestó muy pronto; sin nada revivir. Y habló muy enfático. En verdad, no comprende.
Posiblemente aburrido (¿posiblemente?), Eder vuelta a su propuesta inicial:
- Hasta podemos no saber, pero somos lo que más detestamos…
- ¡Paz de Cristo! – Llega un conocido con grandes dictadores estampados en la camisa. – Estoy enfadado con aquél tipo que robó aquella tienda. Hay tantos criminosoS fuera de la cárcel; han que los prender y torturar. Solamente así aprenderán.
- Tú, cristiano, ¿defiende la tortura? – Mauro habla boquiabierto. - ¿Cómo? Jesús fue preso y torturado hasta la muerte. Apoyar la tortura es apoyar que hicieron a Él.
- Jesús es otra historia. Él es bueno.
- Él dijo que no vino para los saludables, vino para los enfermos. No vino para los buenos, pues estos ya están con el cielo garantido. Vino para los malos. Y tú eres contra la misión de Él.
- Es…
- Vamos oír la música, que es mejor. – Interviene Vinícius. Los tres se callan y el otro se va. No hay como dialogar con fascistas, pues estos son el opuesto al diálogo.


Ofereço aos aniversariantes:
Marcelo Vieira, Albio Rodrigues, Lorrayne Sancar, Alcemar Ferreira, Vanda Ribeiro, Welington G. Silva, Patrick Castro, Lucas B.M. Alto, Larissa SA, Kerley H.M. Almeida, Cleber L. Assis, Ricardo Escudero, Regina M.T.P. Simao, Alfredo Pires, Xunior Matraga, Chimeni Lins, André Resende e Alejandro Vera.

Recomendo a leitura de
“Abaixo ‘a consciência humana’”, de Vinícius Siman:
e “Geni, o miniconto”, de Girvany de Morais:

 Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Foto de Vinícius Siman.


Escrito na tarde de 24 de setembro de 2017. Trabalhado entre os dias 30 de outubro e 03 de dezembro do mesmo ano.