Visita II
Dona Brabuleta inda qui maloprigunte,
com tanto pé de couve no mundo, causa de quê todo dia visita o meu? E põe ovos
minuscrinhos, bunitinhos, que viram lagartas devoradoras? HUMPF! Não lhe dou
tais intimidades, vê se me erra! ARA!
Porque “apousas” no meu pé de couve brabuleta
infeliz? Vou te dar um cascudo, bem no nariz!
O que digo, me ouve. O mundo é tão
grande, voa por aí e põe seus ovinhos tão amarelinhos bem longe daqui...
(Nena
de Castro)¹.
Em português:
- Ah, dona Neníssima de Castríssimo! Nem te
conto. – Responde a borboleta e como todos que dizem isso ela conta tudo. –
Meus filhinhos são imaturos. Tudo pobre de direita. Classe média que se acha
rica e não vê que é pobre, pobre, pobre de marré, marré desci. Não são iguais a
mim: Linda, delicada, mas vivida. Sendo eu resiliente sou de esquerda. Mas meus
pobres filhinhos são tuuuuuuudo eleitores e fãs do Boçalnato. Por isso destroem
o meio ambiente. Mas a culpa não é deles. É que quando nascem baixa neles o
espírito de Ber...
- Espirito de Ber? O que é isso?
- É um demônio terrível, terrível! É a
Bancada Evangélica Ruralista.
- Entendo... Continue.
- Com o espírito de Ber meus filhinhos ficam dizendo coisas como "Terra plana; vacina, quando não faz virar jacaré, implanta chip comunista". Estou triste, tão triste.
- Fica assim não.
- Estou tão tristinha, mas não demora e os
colocarei na escola, sabe.
- Borboleta tem escola?
- Claro, boba. A escola é quando fazem um
casulo e ficam lá lendo. Estudando Literatura, Português, História, Sociologia,
Ciências etc. É assim que abre os próprios horizontes e respeita as múltiplas
diversidades.
- Não é muito fechado o casulo? Tanto tempo
imóvel...
- Sim, é um pouco duro. Mas melhor isso que
adorar Ber.
- Educação resolve todos os problemas.
- Educação sim, mas só diploma não. Tem
muita borboleta diplomada, mas com alma de lagarta. Semana passada ouvi uma
lagartinha do Jardim do Palácio do Governador do Rio Grande do Sul elogiando o
Escatológico Borboletofóbico, mas como a lagartinha sabe que vai virar borboleta
ontem entrou no casulo.
- Isso é bom. Afinal, aprenderá muitas
coisas.
- Infelizmente, o pai é doutor Jairinho e a
mãe é Flordeliz. Pelo que vi daquela família só tem fruto podre. E assim a
lagartinha não aprenderá nada no casulo e sairá mau caráter diplomada.
En español:
EL CAPULLO
- ¡Ah, doña
Nenísima de Castrísimo! Estoy tan preocupada. Mis hijos son tan inmaduros. Son
pobres de derecha. La clase media que se creen ricas y no ven que son pobres,
muy pobrecitas. No son iguales a mí: Linda, delicada pero vivida. Siendo yo
resiliente soy de izquierda. Sin embargo, mijos son toooooooodos electores y
fans de Bozalnato. Por eso están destruyendo el medio ambiente. Pero la culpa
no es de ellos. Es que cuando nacen, baja en ellos el espíritu de Reelpo.
- ¿Espíritu
de Reelpo? ¿Qué es eso?
- Es un
terrible demonio. Reelpo es el “Religioso en la Política”.
- Comprendo… Continúe, por favor.
- Con el
espíritu de Reelpo mis hijos quedan charlando cosas como “Tierra Plana; vacuna
es la causa de autismo, cambia el adn”. Estoy triste, tan triste.
- ¡No! Tienes
valor. ¡Fuerza!
- Estoy muy
triste pero no tarda; los pondré en la escuela.
- ¿Hay
escuela de mariposas?
- ¡Sí!
¿Cómo no? La escuela es cuando hacen su capullo y se quedan leyendo alli.
Estudiando Literatura, Español, Historia, Sociología, Ciencias…
- ¿No es
muy cerrado el capullo? Un largo tiempo inmóvil…
- No es
fácil. Sin embargo, mejor eso que adorar Reelpo.
- La educación
soluciona todos los problemas.
- Educación
sí, pero solo un diploma no. Hay muchas mariposas diplomadas. Pero con alma de
gusano. La semana pasada oí un gusanito del Jardín del Palacio del Gobernador
del Rio Grande del Sur tejiendo elogios al Escatológico Mariposofóbico. Sin
embargo, como sabe que cambiará a mariposa entró en el capullo.
- Eso es
bueno. Al fin y al cabo, aprenderá muchas cosas.
-
Infelizmente, el padre es doctor Jairito y la madre es Flordeliz. Y aquella
familia solo produce frutos podridos. Y así el gusano no aprenderá nada en el
capullo y saldrá basura diplomada.
Ofereço como presente aos aniversariantes:
Edgar Soares, Rita E.M. Rocha e Neide R. Azevedo.
Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO. É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”. Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Andres Garcia é revisor em espanhol. Natural da Colômbia e estudou até o quarto semestre de Filosofia.
Imagens:
Da borboleta e das lagartas: Erika Aviles (natural da Colômbia,
artesã e fotógrafa amadora);
Do autor e do revisor (pai e filho na cachoeira): por Gustavo Drumond.
¹ Nena de Castro é escritora, professora aposentada, advogada residente em Ipatinga MG. Importante personalidade regional e pessoa a quem agradeço a Deus por ter no meu rol de amizades e de quem aprendi/aprendo muito. A historieta foi publicada em 17/01/21 no Caralivro.
Escrito em 17/01/21 e trabalhado no mesmo ano; revisto na metade de
abril e depois nos dias 03 e 04 de julho.
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