Obax anafisa
e bom 2014!
Candelabro...
Acho lindo “candelabro”. Desejo que o novo ano que se inicia seja assim, um
can-de-la-bro. Mas só conheço lampião. Então será um lampião que irei acender
para você e para cada um que me lê. Pois sou ou serei como Bandeira proclama:
Vou lançar a teoria do poeta
sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a
marca suja da vida.
Vai um sujeito,
Sai um sujeito de casa com a
roupa de brim branco muito bem engomada, e na primeira esquina passa
um caminhão, salpica-lhe o
paletó ou a calça de uma nódoa de lama:
É a vida
O poema deve ser como a nódoa
no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si
dar o desespero.
Sei que a poesia é também
orvalho.
Mas este fica para as
menininhas, as estrelas alfas, as virgens cem por cento e as amadas que envelheceram
sem maldade.
Para se perceber o outro é mister buscar o outro;
sair do conforto individualista mesquinho para uma política de convivência. Não
é, contudo, perder a individualidade, não é deixar de ser. É ser “outreu”, ou
seja, outro mais eu.
Para tanto é necessário se engajar. E meu engajamento
se faz lendo e escrevendo. Se faz na arte, da arte, pela arte. Minha ação é
menos física que dos artistas cênicos e ao mesmo tempo tão ativa quanto. Assim,
leio para ver o não visível; como um vidente de olhos vendados percebe o mundo
pela audição, olfato, tato, paladar e dessa forma ver. Escrevo para me
possibilitar e me permitir ser visto.
O fazer-me visível não deixa de satisfazer minha
necessidade de ser reconhecido. No entanto, a ultrapassa por buscar o outro em
uma ação paralela do ser engajado.
E porque tudo é texto – o corpo é instrumento de
escrita, uma mídia. Cada órgão e membro é uma palavra e as ações
formam\apresentam história. Cada palavra nova é nova proposta política, é uma
“ferência”: interferência, transferência, referência e o neologismo
intraferência.
E porque tudo é texto eu serei... eu sou um lampião
que se acende para você. Mas talvez seja apenas pretensão. Sendo ou não eu me entrego
e me deixo possuir em palavras. E te sujo.
furo
na
saia
da
madrugada:
aurora
Ofereço
como presente de aniversario a:
Marcelo
Rocha, Elton L. Macedo, Ana Lúcia, Edson Nascimento, Claudio Oliveira, Eddy
Fonseca, Rafael Fontes, Loraidan Anjos e Pedro Apk.
E sucesso
para o Pé de Cabra Coletivo.
URDUME é um ebook de poesias para exorcizar lamentos
de amor, raiva e dor exacerbada através de sentimentos apurados e de um
posicionamento significativo no mundo.
Obra bilingüe (português e espanhol) de Rubem Leite;
publicada pela editora CÍRCULO DAS ARTES.
Ilustração de Bruno Grossi. Revisão de Cida Pinho e Lilian Ferreira.
Vou ficar muito contente
se você comprar e divulgar. Bruno, Cida e Lilian também se encantarão.
Escrito
entre 08 de novembro de 2013 e 06 de janeiro de 2014.
O poema é
Nova Poética, de Manuel Bandeira.
Parte do
cronto é fruto de um processo experienciado no Espaço de Convívio promovido
pelo Hibridus (grupo de dança em Ipatinga MG) nos dias 01 a 09 de dezembro de
2013 e com provocações de Joubert Arrais e Micheline Torres.
Em banto,
obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para
você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.
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