Não nos aconteceu. Não! Não houve um encontro marcado entre nós – eu e o livro –. Foi por acaso que eu o ouvi, digo, o vi na mesinha dos descartados. Foi assim o nosso encontro.
Disse acima e corrigi, mas pensando melhor foi assim o nosso encontro. Primeiro eu ouvi algo. Depois ouvi um chamado; o chamado, para ser mais preciso. Olhei à procura, meio sem curiosidade, para onde achei vir o som e nada. Ouvi de novo e dessa vez acertei o som que vinha da mesinha. Era a voz não sei se do Fernando (nunca ouvi) ou se do livro (não sei se da obra ou se do exemplar) me convidando com ênfase de apaixonado.
Apaixonado! Exclamarão alguns leitores. Apaixonado? Perguntarão os engraçadinhos e completarão sarcasticamente (ou algo assim) Machos apaixonados.
Por que não?
Eu, homem – em espécie e gênero –, ele, livro.
Não vamos entrar no mérito da legalização da união estável entre pessoas do mesmo sexo nem na confusão de ontem no Senado¹. Entro no mérito que amo os livros e sou por eles amado e que minha alma se emociona com a alma – estória – dos livros e meu corpo se emociona com o corpo deles – como diz Rubem Alves no livro “O Gato que Gostava de Cenouras” –. Gosto de manuseá-los.
Agora, com licença. Vamos, eu e o livro, a um caso de amor eterno enquanto durar e mesmo quando acabar voltará à vida em outros casos de amor entre nós dois.
Escrito na manhã de 13 de maio de 2011
Ofereço como presente de aniversário aos meus queridos
Adilson Mariano, Max Tenios, Elisângela Guilherme, Rosagela Sulidade,
Fábio Neres, Roseny Macedo, Léo Coessens, Sinésio Bina e Beto de Faria.
Ofereço aos meus colegas de Licenciatura Letras da UnB – pólo Ipatinga, em especial
Reginaldo R. Gomes, Rodrigo M. C. Silva, Roseli Ap. M. Carvalho, Sandra R. Vitor, Sandra S. Lievore, Sueli M. B. Silva, Tatiana C. S. V. Brandão e Wellington P. Santos.
¹ Em 12 de maio de 2011 os Senadores Marinor Brito e Jair Bolsonaro trocam agressões físicas e verbais pela homofobia de Bolsonaro. Ele, além de servo de profundos preconceitos raciais, distribuía panfletos contendo “O governo está distribuindo nas escolas de primeiro grau uma cartilha estimulando nossas crianças a serem gays” enquanto responde a representação no Conselho de Ética da Câmara por crime de preconceito racial.
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