segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

BEIJO NO ASFALTO

Obax anafisa.


É o cimento, é o asfalto. São os transeuntes, os ciclistas, as motos, os carros. São os cachorros abandonados, os drogados, as prostitutas, os prostitutos. É a nuvem no céu, o vento nas árvores, o barulho da Usiminas. São suas fumaças.

Da árvore pelo vento a semente no asfalto. Há semente na calçada. Da fumaça, corrosão concreta as abstrações. Da nuvem, gotas.

Cimento da calçada. Semente. Gente indigente. Gente inteligente, potente.

E o cimento, a semente, gente, gota.

Cimento resistente. Semente persistente. Gente inocente. Gota corrente.

Gente corrompida passa pelo cimento rompido e o grão morrido.

Grão morrido igual germinado.

Passos e o broto no buraco entre cimento e asfalto.

Crescimento do broto bruto entre as drogas, os puros e os putos.

Delicada flor lilás

E eu.


Ofereço como presente de aniversário à

Josiane Hungria, Cidinha Prado e Diego Hemetrio.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas.
O texto é minhas flores para você

e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

Escrito entre 16 e 27 de fevereiro de 2012.

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