Obax anafisa.
Eu sou um cacto.
Conforme você os veja
verá a mim.
É véspera do Dia
dos Namorados. E antevéspera de Santo Antônio de Pádua, exemplo a ser seguido.
E a pergunta que não quer calar é
E a pergunta que não quer calar é
Até quando haverá
militantes da infelicidade alheia?
Pessoas que dizem
como o outro deve ser, o que o outro deve fazer; que mais investem em impedir
os outros de ser feliz do que em ser, eles próprios, felizes.
Meu cronto é uma
súplica a tais militantes: vivam e deixem viver. É uma exortação aos que buscam
ser felizes: vivam e deixem viver.
E para todas as pessoas digo:
E para todas as pessoas digo:
“Música desnuda bajo la luz del
sol, ninguna palabra, sólo un aullido final”¹.
Digo também para todos – militantes ou não:
“Queres ter sempre Deus no coração? Vigia sobre ti mesmo. (...) Não te queira fazer outro diferente daquele que Ele mesmo criou e, desta forma, terás sempre a Deus no coração”².
Digo também para todos – militantes ou não:
“Queres ter sempre Deus no coração? Vigia sobre ti mesmo. (...) Não te queira fazer outro diferente daquele que Ele mesmo criou e, desta forma, terás sempre a Deus no coração”².
- Bom noite,
amor!
- Para com
isso.
- Como?
- Para de me
chamar de amor em público.
Já disse que não gosto.
- Mas a gente
se gost...
- É... Não...
Isso é, não dá, cara. Não dá.
- Que é isso?
Vamos conversar. Tenho algumas coisas para dizer que...
- Não tem
conversa. Não está certo. É! Não tá certo. Não quero levar essa vida... Virar
piadinha.
- Por que
está dizendo isso? A gente se dá bem.
- Não damos
não. E tem mais, estou saindo com Meirezinha e é com ela que vou ficar. Estou
trabalhando e você? Só estudando. Eu não, eu quero um futuro de sucesso e com
você não será possível. Francamente!
- Por que
não? Eu tenho algo para lhe dizer que...
- Não tem
conversa, já falei. Tive um dia duro na Usina e agora quero me relaxar. Estou
indo para casa da minha namorada. Então não me procure mais, Rê. Se me vir na
rua, finja que não me conhece porque eu não te conheço.
Enquanto a
sombra se afasta, nos olhos, uma lágrima teimosa e no coração, uma ferida
besta.
Ainda olhando
para o nada, pouco percebe quatro pessoas sentadas na esquina fumando pedras.
Na outra esquina, atrás de um tronco morto de uma árvore, escorado no muro, um
rapaz sentado com pernas arreganhadas, joelhos dobrados, cabeça baixa. Sua
pedra é um sinal de vida morta.
- É claro que
você é vencedô. Jesus é a vitória que Deus te mandô. – Canta uma mulher num
vestido rosa com estampa de rosas brancas saindo da esquina do rapaz sentado e
virando na esquina do grupinho.
Em algum
ponto entre as esquinas um homem de cabeça baixa, ora balança-a, ora não. Agora
não. Seu ombro direito escorado no portão laranja, barriga estufada, bundinha
bem feita, pé direito levemente à frente do outro, perna esquerda esticada,
joelho direito flexionado. Imóvel. Um minuto. Dois minutos. Cinco. Mais.
- Óóóóóóóóó!
Échi úmachi dechigráchia, Basil. Óóóóóóóóó! Échi uncho chofripento.
Échitacabando ôchi Echatado Junido. Óóóóóóóóó!
Um motoqueiro
passa, ouve espantado os lamúrios gritados do homem e continua indo.
- Óóóóóóó!
Pai é mãããe. Êêêêê. Pai é mãããêêêêê. Pai é mããããe. Óóóóóóó!
- Jesus é bão
e o diabo não. Tô cum Deus. Tô cum Deus. Tô cum Deus, mermão. – Canta a mulher
saindo da esquina do grupinho e voltando para onde veio.
Rê levanta os
olhos e com o pouco que percebe caminha para a casa. – Tenho trabalho da
faculdade para entregar. – Balbucia várias vezes, sem pensar. Sua vida
continua. Igual a todos, ele tem momentos bons e ruins. Mas não falemos sobre
isso. O que eu tinha para contar já foi dito. Eim? Se você chegou até aqui é
porque não desistiu da leitura e está querendo saber mais? Ok, ok! Façamos
assim, não vou dizer nada sobre Rê Nascimento, além de que ele se formou,
montou com dificuldade um escritório de engenharia, encontrou alguém e se
casaram no civil. Ah! Agora você quer saber sobre o cara que lhe deu o fora?
Casou-se com Meire, tiveram três filhos, engordaram, se enfastiaram,
divorciaram. Ela assistente de enfermagem e ele pião na fábrica. Já se passaram
quase vinte anos e três ou quatro vezes se toparam na rua. Rerrê! O outro puxou
conversa uma vez e Rê, espantado, educado e desinteressado, lhe respondeu. Nas
demais, passou direto, quase sem percebê-lo.
Ofereço como presente
de aniversário à
Fabi Dolabela, Ana P.P.
Bejar, Mª Lurdes Carvalho e Lorena Rodrigues.
Em banto, obax anafisa
significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço
votos de que encontre nele pedras preciosas.
Escrito entre 24 de
maio e 11 de junho de 2012.
¹ Alejandro Vera – músico do Uruguai – escreveu numa madrugada e postou no meu facebook.
² Frei PILONETTO, Adelino G. (organização) – Santo Antônio de Pádua: homem do Evangelho, confidente do povo – Petrópolis: O mensageiro de Santo Antônio, 1995 – FFB, nº 2.
¹ Alejandro Vera – músico do Uruguai – escreveu numa madrugada e postou no meu facebook.
² Frei PILONETTO, Adelino G. (organização) – Santo Antônio de Pádua: homem do Evangelho, confidente do povo – Petrópolis: O mensageiro de Santo Antônio, 1995 – FFB, nº 2.
3 comentários:
Obrigado pela dedicatória amei o texto.. realmente não paramos para perceber a correria, por que as vezes estamos nela.. Você é um ótimo escritor, parabéns !!
¡Gracias Rubem! En medio de la locura diaria, casi me pierdo de leerte... Me gustó mucho. Un flash, un pequeño momento de una vida se transforma en sensible y profundo mensaje con tu relato. Me gusta tu estilo vertiginoso, los sonidos e imágenes que aceleran el final. Gracias. Quién hubiera dicho que una frase trasnochada me ubicaría en tu texto... ja! Abrazo grande
MUITO EXCELENTE AMIGO ESTÁS DE PARABÉNS,ABRAÇOS E SUCESSO!!!
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