segunda-feira, 17 de setembro de 2012

MENINOS


Obax anafisa.



A tutora Cals não sabe ler. Não consegue interpretar texto. Não tendo a mínima preparação ou condição para servir de tuto...
- Voltei ao primeiro lugar!
Um menino fala me retirando de minhas cismas. Não o entendo até que ele sorri, ainda em posição de quem corre. Sorrio de volta e acelero meus passos aceitando sua oferta.
- Já estou te alcançando.
O garoto olha para trás e se apressa. Eu rio dizendo
- Uai! Correr não vale.
Ainda acelerado o moleque dá um leve tapinha em alguém sentado e pára agachado.
- Passei você... – E o vejo entrar em sua casa, decepcionado. – Ah! Então você ganhou, chegou à sua casa antes de eu ultrapassá-lo. – Seu sorriso se abre e a porta se fecha.

“Eu chamei o dia de dentro da noite \ E colori o céu todo com flores”¹. Apesar dos versos, é noite! A lua está bonita, os ipês que Nena de Castro e Marília Siqueira têm falado, ora recomendando poemas, ora nos apresentando os seus, estão lindos, mesmo no escuro.
- Ó Escritor!
Eu vinha de uma reunião religiosa quando fui chamado por Guebel². O chileno sorri contente por me ver. O cara está todo elegante quando se aproxima, apertamos nossas mãos.
- Bom ver você, Escritor. Gostei muito do que falou sobre mim. Ficou muito bom.
- Obrigado! Fico deveras contente que vos tenha agradado. – Brinco com a língua. – Que tu fazes por tais bandas?
- Caçando mulher! Marquei um programa com uma garota, mas ela ainda não chegou.
Diz e se afasta sorrindo para o boteco na esquina enquanto sigo meu caminho já não vendo os ipês, mas admirando a mangueira sob a lua. “Linguagem silenciosa, \ intermitente e inviolável”³.



Ofereço aos aniversariantes.
Creusa Melo, Cláudio Miranda, Wenderson Godoi, Xyku Petrônio, Wolmer Ezequiel, Erikis Maciel e Kellerson de Paula.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

Escrito entre 06 e 17 de setembro de 2012.

¹ Nena de Castro compartilhando no facebook poema de João Dinato.
³ LACERDA, Marília Siqueira – Tempo dos Ipês – facebook.

2 comentários:

Luah disse...

Crescemos e as brincadeiras também, será? Não, elas apenas configuram e contornam-se com outras formas e traços...quisera eu poder crescer e conservar a mesma inocência e espontaneidade das brincadeiras de outrora!




Ultimamente brincadeiras de gente grande
(masculinas) têm tirado lasquinhas do meu coração...

Um abraço e um belo dia, escritor!

Edivaldo Miranda Fonseca Filho disse...

Serei uma eterna criança, como é bao brincar...
Minha maior alegria é poder provocar um sorriso.