sexta-feira, 8 de março de 2013

QUEM VELARÁ AS ÁRVORES MORTAS II


Obax anafisa.


Oiti verdejante tem um terço de sua copa queimada pela estupidez humana. E debaixo do belo adolescente chorão acontece nossa história às duas e cinquenta da manhã.
- Deus há de te pagar. – Um homem fala devagar, mas com angústia. – Deus há de te pagar. Deus há de te pagar. Deus há de te pagar. Deus há de te pagar.
Uma mulher responde algo que pouco escuto.
- Deus há de te pagar. – Fala com a mesma angústia, mas mais depressa. – Deus há de te pagar. Deus há de te pagar. Deus há de te pagar. Deus há de te pagar.
A mesma voz incompreensível de mulher.
- Deus há de te pagar. – Fala com raiva e depois com sentimento de impotência. – Deus há de te pagar. Deus há de te pagar. Deus há de te pagar. Deus há de te pagar. Deus há de te pagar.
A mulher lhe diz: Ocê e Magnólia, paguem as pedra ou sofra as consecuença.
- Deus há de te pagar. – Fala chorando. – Deus há de te pagar. Deus há de te pagar. Deus há de te pagar. Deus há de te pagar. Deus há de te pagar.
Pau viaja conhecendo o outro, o pardal viaja para longe e as árvores estão estáticas. Entre um oiti verdejante e um adolescente chorão a nossa história continua às quatro e meia da manhã.
- Magnólia! Abra a bolsa!
- Num meche em minha bolsa. Deixa eu impaiz!
Ela e o namorado se abraçam.
- Abra a bolsa, sua acabada nas pedra!
- Eu num sô maconhante.
- Mintrega essa bolsa logo!
- Quem fica maconhando são oceis. Não nóis. – Diz o rapaz e a garota completa: Maconhar é coisa doceis, não da gente.
- Cês num são gente. Mintrega logo.
Pau e mãos viajam conhecendo o outro e encurtando espaços, os pardais viajam para longe e as árvores estão estáticas.


Ofereço aos aniversariantes:
Hingrid Linhares, Emerson P. Brito, Átila Nonato, Marco A. Parisotto, Lúcia Ramos, Sebastián Rivas (Arte Em Palillos), Paulo H.B. Rodrigues (Ph Sr Kayô) e Thiago Vaz.

Veja a primeira parte aqui no aRTISTA e aRTEIRO, dia 22-02-2013.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

Escrito entre 27 de fevereiro e 08 de março de 2013.
Como diz a escritora Nena de Castro ao término de suas crônicas semanais “Pelo fim da violência contra a mulher” e acrescento: e pelo fim da violência contra toda pessoa.

3 comentários:

Augusto Du Arte disse...

Curioso.

Augusto Du Arte disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Augusto Du Arte disse...

Veja quando puder a Obra http://youtu.be/X5MKqjnsI4E
e
http://youtu.be/eQFt6QkXjQg