LA LÁGRIMA DEL SANTO
Descanse em paz, Ipatinga!
Que Deus tenha piedade de sua alma.
Em português:
Leitura do texto postado no canal aRTISTA aRTEIRO:
O beijo no amado. Foto do
autor.
Primeiro, debaixo do calor de dezembro de 2017, mesmo
menos forte que nos dois anos anteriores, sua cabeça se esquentou e depois o
leve frio de junho de 2018 não a refrescou.
Atormentado pelo Governo do Estado não pagar o décimo
terceiro e por atrasar cada vez mais seu salário. Este professor vê nos seus
colegas o mesmo tormento; mesmo que variando um pouco:
As contas de energia pagas com atraso. A conta de
água não paga do mês passado recebe a visita de sua irmã deste mês. A falta de
fundos devolvendo cheques. Por dia, dois ou três telefonemas gravados da
operadora telefônica até que parou de recebê-las... O gás quase no fim. O
remédio quase acabando. O último pacote de feijão aberto. O açúcar quase não
tem mais, o pó de café só dá para amanhã e o leite já acabou. A máquina de
lavar que estragou.
Abre sua página no Caralivro e se depara com um vídeo
postado pela professora Janete Reis, sua amiga: “Os funcionários da segurança pública recebem na frente dos professores
porque o dinheiro é pouco e governar é fazer escolhas. – Explica o
Governador Fernando Pimentel, do Partido dos Traidores. – Existem funções públicas que são mais urgentes e prementes que outras.
E este não é o caso dos docentes. Por isso se renumera a polícia de forma
diferenciada, mas não aos educadores.”.
Depois dessa o coração encolhe. O professor senta em
sua cama sentindo a lágrima, mas esta não cai; está lá, mas não tem força para
sair. Olha para seus livros e um vai até ele. Beija sua capa, faz carinho em
suas páginas e se consola um pouco com o amigo. Deita e dorme.
No dia seguinte lava a caneca onde tomou café com leite e vai à
escola trabalhar.
Pela janela rachada se vê o oiti e a castanheira. Ainda bem que não está calor. – Pensa. –
Estes ventiladores estragados...
- Para descobrir a sílaba tônica de uma palavra
existem alguns macetes. O que mais uso é falar sílaba por sílaba, pondo a
intensidade em cada uma. Por exemplo: Coronel. CÓronel; não, não é assim que se
fala. CoRÓnel; não, também não é assim. CoroNÉL; sim, este é o som; é assim que
se fala. Portanto é uma palavra oxítona. Lembram o que é oxítona? – Perguntou e
ninguém respondeu. Só dois alunos lhe ouviam. – Gente! O que é oxítona?
- É quando a última sílaba é a mais forte. – Responde
a aluna que escutava.
- Exato! Outro macete para descobrir a tonicidade é
falar como se tivesse chamando. Por exemplo, quando se chama alguém, o Marcelo
e a Maria, por exemplo. A gente fala assim: Marceeelo! Mariiia! Prolongando a
sílaba que é mais forte. Para saber a sílaba tônica de cadeira, cachorro,
coronel pode se falar assim: cadeeeira, cachooorro, coroneeel.
O professor olha para a turma a conversar e continua
com o coração ainda encolhido.
- Na língua portuguesa só existe a possibilidade de
ter sílaba forte na última, ou na penúltima ou na antepenúltima sílaba. Nunca
nas que vêm antes, se a palavra tiver quatro ou mais sílabas. Abóbora, por
exemplo. Poderia ter tonicidade na última: -ra, na penúltima: o segundo -bo ou,
como é o caso, na antepenúltima: o primeiro -bo; mas jamais na primeira das
quatro sílabas: -a. – Suspira olhando a turma alienada e volta a ensinar. – Uma
palavra que as pessoas costumam errar a pronúncia é heterossexual, que tem seis
sílabas. Tem gente que fala pondo força na primeira sílaba. Mas como acabei de
dizer, só em uma das últimas três que se pode falar com força, ou seja, em
sexual. Vamos falar esta palavra como se a tivéssemos chamando? Sexuaaaal! Ou
seja, sexual e, consequentemente, heterossexual são palavras oxítonas.
- Professor! – Intervém o aluno que ouve. – Mas
quando o senhor falou heterossexual, “té”, a segunda sílaba, também ficou
forte. Afinal, esta palavra tem uma ou duas sílabas fortes? Mas pelo que
entendi só pode ter uma em nossa língua.
Finalmente um sorriso. Leve, quase invisível, mas
conseguiu.
- Boa observação. É um fenômeno chamado de subtônica.
Ela acontece em palavras derivadas. Lembra o que é palavra derivada?
- É quando ela vem de outra. De pedra se derivam pedrinha,
pedreiro, pedrada... – Ele responde e a aluna completa: E tem também a palavra
primitiva, que é aquela das quais outras se originam; a pedra que ele falou,
professor. Ou café, que formará cafezal e outras.
- Isso mesmo. Parabéns aos dois. É uma satisfação
encontrar alunos assim. Então as subtônicas acontecem em palavras derivadas ou
quando duas palavras se juntam para formar uma terceira. Exemplo: bebezinho. Se
prestar bastante atenção percebe que o segundo “-be” também é forte. Por quê?
Porque a palavra primitiva “bebê” é oxítona. E quando se fala bebezinho
ouvem-se duas sílabas fortes. Mas prestem atenção em qual é a mais forte. Nós
falamos “beBÊzinho” ou “bebeZInho”? Bebeziiinho! Viram? A verdadeira sílaba
tônica é a penúltima. Agora vamos voltar à palavra “heterossexual”; tem como
subtônica “-té”, o que é curioso porque “hétero” é proparoxítona e... – O sinal
toca para o recreio e a turma sai desembestada; ficando só os dois alunos.
Então fala somente o essencial para eles também poderem sair. – Heterossexual
tem subtônica “-té” e tônica “-al”. Assim, é uma palavra oxítona.
Na sala dos professores algumas risadas.
Provavelmente para não chorarem. E o solzinho está agradável neste dia de Santo
Antônio que nos observa doce com seus olhos molhados. Ninguém comenta a Copa
que começa hoje em um dos países mais homofóbicos do planeta. Ninguém comenta
os ataques ininterruptos à Síria nem nas sequelas do Golpe de 2016.
En español:
Lectura
del texto publicado en el canal aRTISTA aRTEIRO (minuto: ):
Cariño al amado. Foto del autor.
Primero,
bajo al calor de diciembre de 2017, mismo menos fuerte que en los años
anteriores, su cabeza se calentó y después el leve frio de junio de 2018 no la
refrescó.
Atormentando
por lo Gobierno de la Provincia no pagar el abono salarial y por retrasar cada
vez más el salario. Este profesor ve en sus pares el mismo tormento; mismo que
variando un poco:
Las
cuentas de energía pagas con retraso. La cuenta de agua no paga del mes pasado
recibe la visita de su hermana de este mes. La falta de fondo devuelve los cheques.
Por día, dos o tres llamadas grabadas de la operadora telefónica hasta que paró
de recibirlas… el gas casi al fin. La medicina casi acabando. El último paquete
de poroto abierto. El azúcar casi no tiene más, el polvo de café es suficiente
solo para mañana y la leche ya acabó. La lavarropas se rompió.
Va a
su pared de Caralibro y se depara con un video publicado por la profesora
Janete Reis, su amiga: “Todos que
trabajan en la seguridad pública reciben antes de los profesores porque el
dinero es poco y gobernar es elegir prioridades. – Explica el Gobernador
del Departamento. – Hay funciones
públicas que son más urgentes y apremiantes que otras. Y este no es el caso de
los docentes. Por eso, se renumera la policía de manera diferenciada, pero no a
los educadores.”.
Después
de eso el corazón encoge. El profesor se sienta en su cama sintiendo la
lágrima, pero ella no cae; está allá, pero no tiene fuerza para salir. Mira sus
libros y uno va hacia él. Besa su portada, hace un cariño en sus páginas y se
consuela un poco con el amigo. Se acuesta y duerme.
En
la mañana siguiente encuentra un billete dejado por su amigo hospedado hace
varios meses: “¡Profe! Beo que está
en un aprieto y tengo pena de usted. Para le ayudar me boy a salir de su casa y
así tendrá menos gastos.”.
Su pensamiento es obvio, creo. “¿Me abandona? ¿Me deja solo, es? ¡Es! No me
ayudará a resolver el problema.” Hablan que es por causa de su signo, pero como
nada comprende del zodíaco y sintiéndome al mismo tiempo irónico, amargo y con
cansancio solamente escribe en la hoja: ¡Gracias!
Lava
la taza donde bebió café con leche y se va a escuela trabajar.
Por
la ventana hendida mira dos bellos árboles. – Gracias que no está haciendo calor. – Piensa. – Estes ventiladores rotos…
- Para
descubrir la sílaba tónica de una palabra existen algunos trucos. Me gusta más
decir sílaba por silaba, poniendo la intensidad en cada una. Ejemplo: Coronel.
CÓronel; no, no es así que se habla. CoRÓnel; no, también no es así. CoroNÉL;
sí, este es el sonido; es así que se habla. Luego, es una palabra aguda.
¿Recuerdan qué es palabra aguda? – Pregunta y nadie le contestó. Solo dos
estudiantes le escuchaban. – ¡Muchachos! ¿Qué es agudo?
- Es
cuando la última sílaba es la más fuerte, profesor. – Responde la estudiante
que le oía.
-
¡Cierto! Otro truco para saber cuál es la tonicidad es hablar como se llamase
alguien. Ejemplo, quiero que Emilio y Florencia vengan a mí. Entonces hablo
así: ¡Emiiilio! ¡Floreeencia! Prolongando la sílaba más fuerte. Para saber la
sílaba tónica de alfombra, cachorro, coronel se puede hablar así: alfooombra,
cachooorro, coroneeel.
El
profesor mira los alumnos a platicaren entre sí y continúa con el corazón aún
encogido.
- En
castellano hay principalmente tres posibilidades de poner acento en las
palabras y una de ellas es, como ya hablamos, agudo. Y como ejemplo de ellas
digo: Ronal, reloj, pared y mujer. Pero hay también la grave y la esdrújula.
Las palabras graves también reciben el nombre de llanas y son aquellas que la
sílaba fuerte es la penúltima. Ejemplos: Alfombra, silla y árbol. – Suspira
mirando los alumnos alienados y vuelve a enseñar. – Y las palabras esdrújulas
son aquellas que tienen la antepenúltima sílaba fuerte; ellas reciben ese
nombre porque son pocas, raras y extravagantes. Ejemplos: Fábula, árboles y…
¡esdrújula! Vamos a llamar estas palabras para confirmar a cuál de las tres
ellas pertenecen. ¡Ronaaal, reloooj, pareeed, mujeeer! Sí, son agudas de
verdad. Ahora vamos a las graves: ¡Alfooombra, siiilla, ááárbol! Sí, son graves
de verdad. ¡Fááábula, ááárboles, esdrúúújula! Sí, esas son todas esdrújulas, o
sea, extrañas.
-
¡Profesor! – Interviene el estudiante que le escucha. – He visto unas palabras
que la sílaba fuerte viene antes de la antepenúltima.
Finalmente
una sonrisa. Leve, casi invisible, pero conseguió.
- Eres
muy listo. Estas son llamadas de sobreesdrújulas y el acento prosódico se pone
antes de la antepenúltima sílaba; siempre en la cuarta o en la quinta contando
de la última a la primera. ¿Recuerda qué es acento prosódico?
- Es
el signo ortográfico que se usa para marcar la sílaba de mayor intensidad. – Él
responde y la estudiante completa: Puede distinguir también la sílaba que tiene
mayor duración o tono más alto.
-
¡Cierto! Felicitaciones a los dos. Es una satisfacción tener estudiantes así. Así
como en todas las palabras esdrújulas, las sobreesdrújulas también reciben
tilde en todos sus casos: débasele, permítaseme, comiéndoselo. ¿Perciben que
esas palabras son verbos en imperativo o en gerundio y estaban llanas: deba,
perciba y comiendo; pero recibieron al fin de ellas dos pronombres? – La
campana suena avisando la hora del recreo y los alborotadores salen corriendo
como manada huyendo del fuego; quedándose solo los dos estudiantes. Entonces
habla solamente el esencial para ellos también salieren. – Así, las
sobreesdrújulas son gerundios o imperativos con dos pronombres átonos que, para
mantener el sonido original del verbo, se pone la tilde donde antes era grave y
ahora son sobreesdrújula: De huyendo para huyéndosele; de salven para sálvenselo.
Sin la tilde se hablaría huyendoSEle y salvenSElo.
En
la sala de los maestros unas risas. Probablemente para no llorar. Y el sol está
agradable en este día de Santo Antonio que nos mira dulce con sus ojos mojados.
Nadie comenta la Copa que empieza hoy en uno de los países más homofóbicos del
planeta. Nadie habla de los ataques ininterrumpidos a Siria ni de las
intervenciones del Norte al Sur de América.
Descanse em paz,
Ipatinga! Que Deus tenha piedade de sua alma. Cavou a própria sepultura
escolhendo mal seu prefeito; agora deite.
Ofereço como presente aos aniversariantes Alexi Senshi,
Faire (Amnon K. Oliveira) e Vinícius Siman.
Recomendo a leitura de:
“Semelhanças e Diferenças entre Getúlio Vargas e Juan
Perón”, de Javier Villanueva:
“Ferra Ferradura ou Esfera, a Besta Fera te Ferra”, deste
macróbio que vos fala:
“Não há Misericórdia no Mundo da Escrita”, de Sued:
“Tudo que Parece Pode não Ser”, de Girvany de Morais:
“Graça”, de Bispo Filho:
Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e
publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad
Substantiam às quintas-feiras. É
professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também
professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em
“Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”,
“Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor
dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”,
“Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua
Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do
Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões,
Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Foto: Apontamentos 01 – Espaço de Convívio (Híbridus).
Escrito entre 13 e 17 de junho de 2018.
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