domingo, 12 de fevereiro de 2023

SONS

Sonoridades - sons e barulhos - é o que te ofereço para conversarmos.


A chuva da realidade cai no morro da pretensão e este desliza soterrando o raciocínio.

Morre-se de medo ou satisfação?

Conversando sobre o genocídio Yanomami.

Apresentamos fatos e argumentos diverdos.

O interlocutor simplesmente repete (mudando palavras) o mesmo e único "inargurmento".

É fobia de ver que errou ou prazer em ser ruim?


Sonoridades é o que te ofereço.

Trinta e dois dias no futuro, escrevo num ponto de ônibus em frente ao Depósito Lamacon (Limoeiro Timóteo) onde costumo comprar com meu genro materiais de construção. Parece propaganda, mas é só satisfação e bom atendimento. Sou professor e escritor, não agente de propaganda.

No ponto, esperava a hora de conhecer a nova escola, no bairro Macuco. A E.M. Clarindo Carlos Miranda, onde trabalharei duas manhãs 🌄 e meia. Lá verei bom atendimento dos funcionários e estudantes.

Até agora nada falei de conflito. Será que não mesmo?

As fortes chuvas - tidas como rés, mas o crime é humano - derrubaram o muro de arrimo, barranco e partes do piso e da casa onde moro. Mas não porei fotos 📷 porque não faltaram em outros crontos meus.

Disse casa onde moro, mas o certo seria toca onde hiberno.

Antes dessa madrugada de 08 de janeiro de 2023, as fortes chuvas não me soavam mal; até ninavam meus sonos. Agora as escuto, assusto e volto a dormir.

Na noite após os trinta e dois dias da queda acordei com os barulhos da chuva e de coisas pesadas caindo. Mas se eu tiver que ir, irei. Faça eu o que faça. Como a uma ex-aluna:

Adolescente foge da cidade

para não desaparecer pela

morte por um traficante.

Na cidade onde se escondeu

a morte a encontrou

num desabamento por chuva.

Em casa 🏠, o sol ainda a decidir se abre ou não os olhos. Sem esperá-lo, levanto, faço um café solitário.

Solidão é silêncio, sossego, serenidade.

Da varanda-área de serviço vejo na calçada um homem elegante, cabelos, olhos, roupas pretas e bem alto me olha.

Com a indecisão do sol, se brilha ou chove, e vendo-o úmido:

_ Entre!

_ Obrigado! Amei o convite.

_ Aaaai! O que você está fazendo?

_ Estou a chupar seu sangue. Uarrarrá.

Semidesperto sonhei que iria reencontrar a velha diretoria, onde passarei duas manhãs e meia. Mas no momento não serei "gentilmente atacado"; vou para o Macuco lecionar a outra metade das manhãs.

Mais acordado, na varanda-área de serviço o chão de cimento grosso cinza tem caído um grande filtro dos sonhos, sombrinha e panelas.

Os sonoros da madrugada foram os gatos, não a chuva à derrubar os objetos.

Enfim ver o começo do ano letivo: Enquanto espero o transporte escuto os sons do meu discreto riso ao lembrar a saída de casa, o restinho de chuva nas árvores 🌳, os bem-te-vis; e no ponto de ônibus o som que me deu esse cronto: o batuque da água na calha.

Até então tranquilo momento. Mas aí vem crescente: pedestres, ciclistas, motos, carros, caminhões...

E o que tenho para enfrentá-los ou simplesmente proteger-me? Os pássaros, o vento nas árvores, meus pensamentos e o livro:

Silêncio

Ouço-o mudo ou sinfônico.


Não há nada

Junto ao medo, o desespero;

Só há sossego depois da Histrionia.

Mudo.


Há natureza,

Os bons sons da casa

Uma boa melodia no vizinho

Frequente serenidade

Sinfonia.


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Rubem Leite: textos e fotos.

Dos manuscritos de 24/01/23 ao trabalhado em 12/02/23.

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