quarta-feira, 9 de junho de 2010

A ditadura gay

O email abaixo recebi do grande artista da dança Wenderson Godoy.

A ditadura gay

Eu gosto de colocar na roda tudo que me engasga, tudo que me faz refletir, tudo que me alegra, tudo. Recebi hoje um email equivocado de um tio que eu gosto muito e que admiro pela inteligência, mas tive necessidade de respondê-lo porque achei o discurso que ele disseminava pela net um tanto quanto perigoso, ainda mais sabendo seu círculo de amizades, homens, pais de família, onde não seria difícil a manutenção do discurso preconceituoso registrado pelo texto do vereador Carlos Apolinário. Mais perigoso quando sabemos que está, também, na discussão o projeto de lei que considera crime a homofobia e são uns deputados bonitinhos bem no quilo do ilustre vereador que estão lá para votar.

Segue o texto do vereador e minha resposta ao email. Já que estamos na roda, vamos dançar na roda, vamos rodar!


A ditadura gay


CARLOS APOLINARIO


De alguns anos para cá, muito se tem falado sobre gays e lésbicas. Em todas as Casas Legislativas, e também no Executivo, têm sido aprovadas leis a esse respeito e ainda existem muitos projetos em tramitação.


A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou a lei nº 10.948/ 2001, que determina: se alguém for acusado de discriminar um gay em uma empresa, além da multa e do processo penal, o estabelecimento poderá ter cassada a licença de funcionamento. Ou seja, se a empresa tiver 200 funcionários e sua licença for cassada, todos serão punidos com a perda do emprego.


O movimento gay faz um intenso lobby para que o Congresso Nacional altere a lei nº 7.716, que define os crimes de racismo.


O objetivo das lideranças gays é que a legislação passe a punir também aqueles que têm uma opinião divergente das suas.


Se alguém falar contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, ou disser que não concorda com a adoção de crianças por homossexuais, poderá ser processado.


E mais: caso essa lei seja alterada, não poderei falar da Parada Gay, nem mesmo fazer o discurso contra a instalação da Central de Informação Turística GLS pela Prefeitura de São Paulo, como fiz na Câmara Municipal. E não poderia nem escrever este artigo.


A Constituição Federal assegura o direito à liberdade de expressão.


Podemos criticar divórcio entre héteros, sindicatos, empresários, políticos, católicos, evangélicos, padres e pastores, mas, se falarmos contra o pensamento dos gays, somos considerados homofóbicos e nos ameaçam, até com processos.


Punir alguém por manifestar opinião divergente é próprio das ditaduras. Eu tenho a convicção de que já estamos vivendo numa ditadura gay, pois, na democracia, qualquer pessoa pode discordar.


Eu não concordei com a Prefeitura de São Paulo quando ela proibiu as manifestações na avenida Paulista, mas lá manteve a Parada Gay. A Paulista é uma via de acesso aos principais hospitais da cidade.

Por esse motivo, foi proibida a realização de eventos, entre eles a comemoração do Dia do Trabalho promovida pela CUT e a Marcha para Jesus. Não faz sentido manter a Parada Gay na Paulista.


Por defender essa posição, sou acusado de ser homofóbico.


Também sou acusado de homofobia por me manifestar contrariamente à participação da prefeitura na criação da Central de Informação Turística GLS no Casarão Brasil, sede de uma ONG gay.


Não é correto usar o dinheiro público para dar privilégio a um grupo. O ideal é criar um serviço que atenda a todos os segmentos sociais, já que a Constituição diz que todos somos iguais perante a lei.


Respeito o gay e a lésbica, pois, como cristão, aprendi o significado e o valor do livre-arbítrio, mas discordo da exclusividade que o poder público dá à comunidade gay.

Essas medidas tornam os homossexuais uma categoria especial de pessoas. Do jeito que as coisas vão, daqui a pouco alguém apresentará um projeto transformando São Paulo na capital gay do país.


CARLOS APOLINARIO, vereador em São Paulo pelo DEM, é líder do partido na Câmara Municipal. Foi deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo e deputado federal."



Meu tio, permito-me discordar desse texto do Deputado Carlos Apolinário, assim com as questões movimento do negro foram e ainda são muito criticadas, consideradas abusivas, radicais, o mesmo acontece com o movimento gay, porque essas pessoas, com pensamento semelhante ao deputado querem manter a farsa do aceito, respeito, mas não quero perto, tanto para gays, negros, deficientes... é o "sei que vocês existem, mas respeitem meu espaço". O caro deputado mantém um discurso raso sobre ditadura. O que ele sabe sobre as questões dos gays? Qual pensamento ele defende sobre as mortes, agressões, violência sofrida pelos gays, diariamente, dentro de casa, na rua, no banco, na tv? Precisamos ter cuidado ao falar de assuntos tão sérios principalmente quando se trata de vidas humanas.


É o tal negócio de acusar primeiro antes que resvale para si. Nós gays precisamos melhorar muitas coisas no nosso discurso, mas a luta é pelo respeito a diversidade e a vida e a liberdade que nos é castrada diariamente. O Deputado Calor Apolinario deveria tirar seu discurso ultrapassado e perigoso do armário e assumir de vez o seu ponto de vista, na fala "Respeito o gay e a lésbica, pois, como cristão, aprendi o significado e o valor do livre-arbítrio..." ele já deixa claro o que pensa realmente.


Gostaria que o senhor enviasse para as outras pessoas que receberam este mesmo email para que a discussão possa ser levantada numa via de mão dupla e não apenas na via do estimado deputado.


Beijo

Edu"

PS- na resposta ao email eu confundi e escrevi Deputado, o cidadão agora é vereador de São Paulo.

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