Rubem Leite
Um intercâmbio artístico entre artistas independentes de Ipatinga e Guillaurme Lauruol e Cathy Pollini.
A mostra não é o espetáculo, mas a continuação do trabalho. Ipatinga é a terceira cidade onde acontece o projeto.
Agradeço a Híbridus por trazê-los.
Ofereço aos meus queridos amigos aniversariantes:
Thiago Lopes – Palhaço Graveto;
Ana Cristina – grandiosa cantora;
Nega – a carioca hispânica...
No equilíbrio dos pneus um grito de caratê os quebra com a testa, depois penetra o pneu que lhe cavalga.
Ordens coordenam “Derruba os adversários”. “Pé esquerdo nádegas costas”. Hojeojeojeoje. Hoje há chuva na sala da casa e um nada na boca de um dragão. Cabeças se enfiam nos pneus e uma voz no pneu recomeça surgindo em outro canto. Um Atlas segura outro pneu e grita “Deus”!
Eu sou de mais ninguém. Não sou nem de mim. Eu sou ninguém. Eu sou meu.
Saio do que vejo e penso em mim: São agora 17 horas e quarenta e dois minutos de uma tarde fria. A tarde fria esfria minha alma ou minha alma fria esfria a tarde? Acho que sou judeu na Alemanha Nazista ouvindo me dizerem “Vá embora. Não posso mais”. Então volto para o que vejo.
Pneus e homens têm muito
Seres estranhos observam o estranho que lhes observa.
É o crepúsculo do galã o ocaso da humanidade e o alvorecer do lixo
Sobraram humanos
Acumularam lixo
Acabou o ar
Surgiu o lixo
Gestos por gestos faço sem por quê
O espaço o corpo o pneu o outro corpo e o outro espaço
Pneus são feito basicamente de borracha e ferro. E ar.
E eu?
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