terça-feira, 12 de julho de 2011

PRACINHA AO POENTE ou IGUAIS NA DIFERENÇA – parte 2

Obax anafisa.


Quinta-feira João foi à pracinha do bairro com o poente. A noite passou. Sexta chegou. Passou. Sábado. Domingo. Segunda-feira João chegou da pracinha com a aurora.

- Onde você estava, moleque? – Pergunto.

- Por aí.

- Senta. Vamos tomar café. – Contemporiza Luiz.

Entre um pão e outro

- João! Onde você esteve?

- Estão bravos comigo.

- Estou! – Confirmo e continuo: Estávamos mais preocupados. Mas o que aconteceu que você sumiu? – Então ele contou. Encontrou uma antiga galera que o convidou para uma noite irada que se estendeu por todo o fim de semana porque conheceu Júlia e ela iria para o sítio de seu pai que aceitou a presença do garoto porque ambos garantiram que eram colegas de escola e que tinham a autorização do pai dele que era militar. Fiquei uma fera com aquele irresponsável. Luiz é que me impediu de ligar para o sujeito naquela hora.

- João! – Eu disse. – Quero que compreenda umas coisas. Você é bem vindo aqui. Entende isso?

- Ah! Sim!

- Entende também que gostamos de você e que te queremos bem?

- Sim. Por quê?

- Porque Luiz e eu queremos adotar você...

- Sério?

Resisto, mas não seguro o sorriso.

- Sério! Mas queremos saber se você quer morar conosco. Você quer?

- É o que mais quero.

- Então terá que entender que aqui é uma família. Uma comunidade onde existem regras para serem seguidas. Não burladas.

- Sabe o que burlada? – Interrompe Luiz, participando.

- Sei! É desobedecida.

- Somos uma família – continuo – e isso significa que um cuida do outro. Que ninguém abandona ninguém. Que damos satisfação do que fazemos. E tudo isso porque todos se respeitam, se gostam, se amam.

- Sabe o que Lúcio está querendo dizer?

João fica em silêncio olhando para a caneca de café com leite.

- O que estou querendo dizer que nós amamos você. E que estamos te dando uma oportunidade de sermos uma família. Está acompanhando o raciocínio?

- Acho que sim.

- Em resumo – Luiz toma a palavra – queremos que você more legalmente conosco e que estamos te dando uma escolha.

- A escolha – concluo – é entre continuar na rua com os atrativos irados das velhas galeras. Ou ter uma família, ser parte da nossa família, com suas normas.

- Aqui não é hotel para vir só para dormir. – Fala Luiz. – É um lar com direitos e deveres.

- Não estou gostando do papo. Quero sair...

- Mas vai ficar até encerrarmos o assunto. – Interrompo. – Estamos te dando uma escolha. Aqui não é pensão para você entrar e sair ou sumir sem dar satisfações. Você escolhe: Vai para onde quiser ir. O que nos deixará muito infeliz. Mas você é livre para ir e vir então respeitaremos sua decisão de ir embora morar com a galera. Ou você fica, o que nos deixará completamente feliz. Mas seguindo as normas e usufruindo dos direitos e deveres de um membro da NOSSA família.

- Você decide. – Encerra Luiz e se levanta.

- Pense o dia todo e nos dê a resposta quando chegarmos do serviço hoje à noite. – Também me levanto e vou para o quarto junto com Luiz para vestirmos nossos uniformes de trabalho.

Na sala de espera do Fórum de Ipatinga

- Filho! – Fala meu pai. – Se a situação não for favorável não se preocupe porque sua mãe e eu estamos dispostos a adotar o João.

- Faço minhas as palavras de seu pai, Lúcio. – Diz Cloenes, mãe do Luiz. – Se eles não puderem, João vai morar comigo e com Lucas.

- Papai, mamãe, e Cloenes, mas aí João teria que morar com vocês, não conosco. Agradecemos, mas não é o que queremos.

- Sabemos que a intenção dos senhores – continua Luiz – é boa e movida pelo afeto. Se não pudermos ficar com ele então que os senhores, ou mamãe, o adotem. Mas acreditamos que tudo vai dar certo. E queremos evitar isso para que não haja má interpretação do Juiz achando que estamos empurrando-o de um lado para outro. O senhor entende?


Ofereço como presente de aniversário aos meus queridos

Fran Reis, Solange Magalhães, Telmo Brum, Antonio Alves, Daniela Marins, João F.B. Araújo, Carla Weber, Luciana Aguiar e Rocheli Anício.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas.

O cronto é minha flor para você

e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

O cronto é um trecho (modificado) de um romance que estou criando.

Convido a ler também

Lúcio, aqui no aRTISTA e aRTEIRO; e no extinto CRONISTA DE 5ª Foi Isso e Luiz.

3 comentários:

rochelli disse...

Lindo texto Rubem (juninho), e tocou meu coracao. muito obrigado pela dedicacao, foi um lindo prasente. suascriacoes sao lindas. mil beijos pra vc e pra todos. Deus te abencoe.
Rochelli Anicio

rochelli disse...

Lindo texto Rubem (juninho), e tocou meu coracao. muito obrigado pela dedicacao, foi um lindo prasente. suas criacoes sao lindas. mil beijos pra vc e pra todos. Deus te abencoe.
Rochelli Anicio

carla weber disse...

Oi amore!!!!!!!!!Obrigada pelo presente...amei!Mil bjus primo amado!!!!!!!