Obax anafisa.
- Eu amocê e ocê
miama. Pedro tamém tiama. Ieu num gosto dissu.
Falava o
adolescente para a adolescente na madrugada da rua Uberaba. Estavam debaixo de
um oiti sentados na calçada. Estranhei a presença dos dois e como quem
frequenta essa rua é morador ou usuário de craque pensei que eram novos no
pedaço. Usuários. Discretamente olhei para a feição dos dois e os achei feios.
Enquanto eu me aproximava lentamente por causa do Haicai, que sempre demora a
chegar ao fim da rua porque está sempre cheirando fetichemente às árvores,
postes, meio-fios, lixos e tudo mais. De lá ao fim do passeio matinal ele é
mais rápido, mas até lá... Porém, como eu dizia, à medida que eu me aproximava o
rapaz abaixava a voz sem, contudo, ficar insuficiente para meus ouvidos, que
nem são dos melhores...
Virei à
esquina, esperei o Haicai meio escondido para não ser inconveniente. Tentando
não ouvir o que falavam. Mas uma curiosidade quase inexistente me fez ouvir um
pouco mais do que diziam. Enquanto isso, Vitório e Decidido corriam para lá e
para cá. Farejando tudo que podiam e comendo uma graminha ou outra. Eles estão
fazendo muito isso; o que não é bom sinal. O assunto do casalzinho não mudou
muito nem ficou mais interessante. Fiquei aliviado, porque seria a desculpa
necessária para não cuidar da vida alheia e seguir minha jornada matinal e
cuidar de minha vida no correr do dia.
Ofereço como presente
de “boas vindas em minha vida” aos novos amigos que fiz sábado durante a
Solenidade de Premiação do 11º circuito de literatura CLESI e
lançamento da Coletânea
Vinte e Cinco Anos de Poesia:
Eder Rodrigues, Edson
R. Silva, France Gripp, Gustavo Espeschit e Luís Kifier.
Em especial ofereço
como presente de aniversário à
Luan Luna, Diogo Henrique e Geraldo Oliveira.
Em banto, obax anafisa
significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço
votos de que encontre nele pedras preciosas.
Escrito entre 30 de
abril e 07 de maio de 2012.
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