segunda-feira, 18 de junho de 2012

PEDRA RARA DA BOA


Obax anafisa.

Eu sou um cacto.
Conforme você os veja
verá a mim.


15 de junho de 2012 – passamento de
Zélia Olguin para o mundo espiritual.
Que Terpsícore a tenha em seu palco.
Assim seja, assim é.

“... fatos ocorrem, mas não acontecem; as novidades se verificam, mas não acontecem; as operações policiais se efetuam, mas não acontecem; nosso diálogo poderá suceder, mas não poderá acontecer”. – Aqui, na última afirmação da personagem, acrescento uma interrogação. Aguardo resposta.

LOBATO, Manuel – jornal Super Notícia, segunda-feira, 04 de junho de 2012 – Em busca de socorro para contar caso, pág. 02.



São quase cinco da manhã e apesar do ar frio sinto calorzinho. Não, dois! Pelo moletom de dormir e no coração. Já passeei com meus cachorrinhos e agora eles estão em casa. Em tal hora não gosto de ir ao cruzamento das ruas Sabará e Uberaba, no Centro de Ipatinga, porque os “the walking dead” estão transitando abatidos. Mas fui para ver se encontro um cachorrinho de rua, que chamo de Confiante. É que lhe dou comida todas as manhãs. Hoje quando estava com minhas “crianças” o “the good dog” nos acompanhou, mas os “the stray dogs” deram um “chega pra lá” nele.
Pois bem, os “the walking dead” extraordinariamente estão um pouco afastados no momento. Um motoqueiro pára e faz um “psiu”. Finjo não perceber, ele insiste e então olho e penso ser Estabileno. O que me surpreende, afinal, pelo que eu saiba, o ator não costuma vir para essas bandas de madrugada e nem tem motivos para isso. Mas era outro conhecido meu, também muito querido. Enquanto me aproximo o rapaz brinca “Viadinho! Viadinho! Viadinho!” e continua “Eu faço ‘psiu’ e você vem rapinho”. – E ri. Rimos os dois. O garotão me conta sobre os problemas que a moto está tendo e me diz “Benito, olha! Num vem praqui nesse horário, não. Pode acontecê coisas ruim procê”. Agradeço sua preocupação. E ele sabe do que está falando, já que é na rua de baixo que pega sua pedra de cada dia para abater sua necessidade abatizante.
Volto para casa, faço minhas preces, tomo meu café e vou ao Cemitério pensativo, quase abatido, por estar super chateado. Em Ipatinga, as artes e a cultura estão tendo uma perda atrás da outra. Poucos dias atrás morreu Darci di Mônaco, o mais antigo ator em atividade do município. Hoje, enterro de Zélia Olguin, a “mãe” de todos os artistas da dança do Vale do Aço. Mas político mesmo que é bom não morre nenhum... E para piorar, tinham dois lá e nenhum para fazer a gentileza...
De novo em casa, e no Onorino, meu notebuque, dois trabalhos da faculdade para entregar e dois crontos para encerrar. Olho para a tela e o que vejo? A semântica trabalha significados, sejam de palavras ou de textos, além de estar ligada a diversas áreas acadêmicas. Mas é importante entender que os significados das palavras se encontram na frase a qual pertence e estas, por sua vez, têm seus significados encontrados principalmente, mas não somente, num discurso (texto). Porque geralmente uma mesma palavra pode ter sentido distintos dependendo do contexto onde está inserida. A isso se dá o nome de polissemia. Ou seja, polissemia é os diversos significados de uma palavra. Abater, por exemplo, nas vezes que a utilizo no cronto tem sentidos diferentes, adequado ao contexto do momento. Interessante, né? Mas não é o que anima meu dia. O que haverá no “feicebuque”? Huuum! O jeito é voltar para meus livros.
Veio a tarde e um agiota aparece em minha casa. Minha cara está pétrea, o sujeito também não me cumprimenta e não me desagrada o troço saber que não vou muito com ele. Mas o que a coisa queria? Uma visita social para matar a saudade! Pode? Mesmo estando com a dívida totalmente abatida não me sinto bem com visitas corteses de usurários. É melhor voltar para o que estava lendo ou então olhar para meus cactos, pensar em pessoas pedras raras e esperar a noite para dormir. Enquanto isso, para você que me lê, obax anafisa.



Ofereço como presente de aniversário à
Will Sabino, Ton Xavier, Alexandre Rodrigues, Lígia Schmidt, André Q. Silva, Rinaldo A. Gomes.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

Escrito entre 31 de maio e 17 de junho de 2012.

Um comentário:

Lígia Schmidt disse...

Rubem, obrigada!
Entre pedras comuns e pedras raras, vamos vivendo e descobrindo o significado de cada uma, ou não...

beijo beijo.