Obax anafisa.
“A vida não fica mais fácil.
É
você que tem que ser forte”¹.
Terra de Ninguém.
Relato de D.
Observo duas
clientes em potencial passeando. Eu as conheci quando
buscava moradores para Terra de Ninguém. Ambas não sabiam quem eu era, mas sei
quem são.
Período
eleitoral, são tantas pessoas dispostas a se venderem. Talvez não todas. Sempre
escapa alguém. Que pena. Mas o importante é que é difícil dar conta. Rsss. Não
era o caso delas, por isso precisavam de um empurrãozinho... Poderiam vir a ser
ótimas candidatas para trabalharem conosco. Apresentei-me como um pesquisador da origem das pequenas
cidades mineiras e que ficara sabendo delas através do escritor Benito Bardo
Júnior.
Mesquita.
Passeando pela praça central.
Relato de D.
- No sobrado
azul, azul e branco, o pacto com o D. Ele ofertou o primogênito e por vinte e
um anos enriqueceu. – Disse-me uma e outra continuou:
- Até o dia
que sua mulher aceitou Jesus e quebrou o D na garrafa.
- Em sete
dias ela morreu. De causas dolorosas. Mais sete dias ele morreu. De causas
misteriosas. No sétimo dia morreu a Oferta.
- Um tiro no
ouvido direito com a mão esquerda... E hoje, por trás dos escombros azul e
branco, só a gameleira sobrou.
Rs. O “D”
era, sou eu. Rs. E, diga-se de passagem, sou lindo, grandão e musculoso. O
sonho de consumo de todas as mulheres e de muitos homens.
Ipatinga,
entre o Centro e o bairro Novo Cruzeiro.
Relato de Benito.
Buracos de
luz no mangueiral. Não procuro desvendar suas origens. O medo me segura. Medo
de quê? Medo, apenas medo. O mangueiral à noite me assusta com suas sombras mal
assombradas. No vislumbre da árvore algo se move. Metade da altura é sua
largura. Se move na árvore. Medo me dá. Tremulo por dentro e finjo por fora.
Encaro a sombra. Se quer me molestar ou se quer se esconder, não sei. Torço
para nunca descobrir. Encaro e sigo em frente. A... a coisa ficou para trás. Silencio,
escuro, sombra. Meu coração, enfrente! Uma ilha de luz, graças a Deus. Não!
Horror! Agora eu vejo com clareza. Corra, Benito! Corra! Não, finja! Passo a
passo, um de cada vez. Está acabando, estou chegando. A passarela está ali.
Atrás, o silêncio e as sombras. O silêncio, as sombras e
- Que você
está escrevendo? Quem é você? Quem te convidou?
Assim encerro
minha escrita, interrompido perdi a inspiração. Isso sim é o terror de todo
escritor.
Ofereço
aos aniversariantes.
Agnaldo Bicalho, Felipe
F. Nascimento, Jésus Guimarães, Fábio Sales, Mayara Ferreira, Siloene de
Oliveira, Erica Fernandes, André Pôncio e Felipe Ávlis.
Ofereço também às
Maria Aparecida Dionísio de Pinho e Elizeth Duarte de Carvalho. Ambas formaram pela ULBRA (Universidade Luterana do Brasil)em Licenciatura Letras na noite de 26 de setembro de 2012. Enfrentaram reveses sem conta. Como falta de local para as aulas, tendo que, a cada encontro, se reunirem na casa de um ou de outro, ou na biblioteca municipal ou de alguma escola do município. Enfrentaram falta de computadores para o curso a distância, dificuldade de recursos financeiros para as mensalidades, entre muitos outros problemas de fórum pessoal ou acadêmico e outros. Quatorze graduandos pereceram, mas ambas foram, viram e venceram.
Ofereço também às
Maria Aparecida Dionísio de Pinho e Elizeth Duarte de Carvalho. Ambas formaram pela ULBRA (Universidade Luterana do Brasil)
Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.
Escrito entre 19 de
setembro a 01 de outubro de 2012.
¹ Encontrei pregado em
uma lixeira no bairro Horto em um cartazinho manuscrito. Pena que o(a) autor(a)
não se identificou.
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