segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

TÃO IMPORTANTE COMO OUVIR E CONTAR HISTÓRIAS, É DESCOBRI-LAS¹


Obax anafisa.

Feliz Natal!
¡Feliz Navidad!


Em português:

A escola do morro, por precisar de alguém para dirigir uma peça de teatro, me convidou por indicação de um dos professores. Fui bem recebido pelo diretor, levado à sala que trabalharia sob o aroma da cantina e deixado lá com dez ou dúzia de adolescentes. No terceiro encontro vi pelos corredores um magro chato de caneta, bloquinho e conversando ao celular.
- Sei! Nina de Kastro, com k, foi seqüestrada. Que mais? Ah! Grande poeta... Mas encontrar poeta dá ibope? Ah! Intelectual. Sei! Mas intelectual... Por que vamos procurar sarna para coçar? Tem certeza? Afinal, pensante... quanto menos, melhor.
- Com licença! De que você está falando?
- Estou ocupado agora. Dá licença! – Diz “dá licença” como se dissesse “sai”, dá-me às costas e continua a falar no aparelho.
Entro na sala e dou minha aula até sentir uma vontade desesperada de ir ao banheiro. Faço o que não costumo: Deixo os alunos e vou me aliviar. Banheiro mais próximo... na sala do diretor. Eu em pleno alívio quando entra a vice. Esqueci a porta aberta. Sem graça, fecho-a feito um quase dançarino ou, mais parecido, um ginasta. Lavo as mãos, respiro, abro e saio. Ela está lá. Olhando para mim.
- Desculpe!
- Tudo bem! Foi pela necessidade.
- Não costumo deixar aberta.
- Tudo bem! O que é bonito é para ser mostrado.
- Desculpe! – Pera aí, o que ela disse? Penso, e ela com voz séria e olhar divertido diz: Está na hora de voltar à sua sala.
- Já vou. Com licença.
O magro chato falava com alguém da faxina quando eu lhe disse que conheço a Nina. Ele pega gravador e me senta à mesa de refeição.
- Seu nome?
- Benito Bardo Junior.
Digo não entender porque a seqüestraram. Ela não é rica. O sujeito insiste nisso como possível motivo para seqüestro. Então lhe digo que, segundo palavras frequentes da poeta “Pela graça de Jesus e bênção de Deus nunca me falta nada” e que apesar de não saber nada sobre sua conta bancária não imagino dinheiro como causa do sumiço.
- O que você faz aqui? – Persiste no assunto.
- Estou ajudando a professora de arte a dirigir uma peça.
- Por quê?
- Também sou artista.
- Artista? Também...
- Sim! Sou escritor, poeta, diretor e professor de teatro.
- Sei... Um intelectual!
- Prefiro o termo pensante.
- Dois intelectuais... e poetas... Muitas coisas para pensar... concordar... discordar... Discutir! – Depois de me observar fria e silenciosamente por um longo tempo ele me manda sair. Na porta sinto minha espinha gelar com seu olhar para minhas costas e...
Onde estou? Por que preso nessa cadeira?


En español:

La escuela del morro, por necesitar de alguien para dirigir un espectáculo del teatro, me convidó por indicación de un de los profesores. Fui bien recibido pelo director, levado al aula que trabajaría debajo del aroma del refectorio y dejado allá con diez o docena de adolescentes. En el tercero encuentro vi por el pasillo un delgado molesto con estilográfico, cuadernillo y conversando al teléfono móvil.
- ¡Sé! Nina de Kastro, con k, fue secuestrada. ¿Que más? ¡Ah! Grande poeta... ¿Pero encontrar poeta es bueno para nosotros? ¡Ah! Intelectual. ¡Sé! Pero intelectual... Mas, es como se dice “Quien ama el peligro, en él perece” o sea ¿Por que vamos preocupar con intelectuales? ¿Tiene certeza? Al fin, pensante... cuanto menos, mejor.
- ¡Con permiso! ¿De que usted está hablando?
- Estoy ocupado ahora. ¡Da licencia! – Dice “da licencia” como se hablase “salga”, ignórame y continúa a hablar en el aparato.
Entro en la aula y doy lección até sentir una voluntad desesperada de ir al bañero. No acostumbro hacer pero no aguanté, entonces dejé mis alumnos y me fui aliviar. Bañero más prójimo... en la directoria. Yo estaba en pleno alivio cuando entra la directora adjunta. Olvidé la puerta abierta. Sin gracia, la cierro hecho un casi danzarín, o más parecido, un gimnasta. Lavo las manos, respiro, abro e sayo. Ella está allá. Mirándome.
- ¡Perdóname!
- ¡Todo bien! Fue por la necesidad.
- No acostumbro dejar abierta.
- ¡Todo bien! Lo que es bonito es para ser exhibido.
- ¡Perdóname! – ¿Lo que ella dice? Pienso, e ella con voz seria e mirada divertida habla: Está en la hora de volver a su aula.
- Ya voy. Con permiso.
El delgado molesto hablaba con alguien de la limpieza cuando yo le dice que conozco la Nina. Él pega magnetófono y me sienta a la mesa de comida.
- ¿Su nombre?
- Benito Bardo Junior.
Digo no entender porque fue secuestrada. Ella no es rica. El sujeto insiste en eso como posible motivo para secuestro. Entonces le digo que, según palabras frequentes de la poeta “Pela gracia de Jesús y bendición de Dios nunca me falta nada” y que a pesar de no saber nada sobre su cuenta bancaria no imagino dinero como causa do desaparición de mi amiga.
- ¿O que usted hace acá? – Persiste en el asunto.
- Estoy ayudando la profesora de arte a dirigir un espectáculo.
- ¿Por qué?
- También soy artista.
- ¿Artista? También…
- ¡Si! Soy escritor, poeta, director e profesor de teatro.
- Sé... ¡Un intelectual!
- Prefiero el vocablo pensante.
Habla para si mismo, entre los dientes:
- Dos intelectuales... y poetas... Muchas cosas para pensar… concordar… discordar… ¡Discutir! – Después de mí observar fría y silenciosamente por un largo tiempo él me manda salir. En la puerta siento mí espinazo helar con su mirada para mis espaldas y...
¿Adonde estoy? ¿Por qué estoy preso en esa silla?


Ofereço aos aniversariantes.
Juliana Novaes, Alison W. Martins, Jhoyce Oliveira, Natalia Coutto, Éderson Caldas, Artur Freitas, Tatiana C.S.V. Brandão, Pedro H. Souza, Kívia Kiara.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

Escrito entre 10 de outubro e 24 de dezembro de 2012.

O título é uma frase do delicioso texto de DOMINGUES, Thiago – Quando Nasce a Hora – retirado do sítio Palavras e Gavetas na manhã do “fim do mundo” de 2012:

3 comentários:

Unknown disse...

os encontros.o fantástico o sublime ato de aprender um novo rumo,das ideias de catador de historias*

Ferretti disse...

Super legal. Prende-nos pela raiz. É o tipo de leitura que você não lê, você devora fatia por fatia tentando adivinhar como vai ser o final. Abraços e milhões de parabéns.

Anônimo disse...

Me pego pela curiosidade de saber o fim da historia.