segunda-feira, 13 de maio de 2013

AS MADEIRAS SÃO SONHOS D’ALMA TRISTE


“O mundo sofria de falta de ar até que surgiu a música e a música foi quem deu movimento e oxigênio ao ar para dançarmos enquanto vivemos”.
DOMINGUES 


Eu sou galo. Canto de felicidade. O dia ainda antes de aparecer, escuro, já rico em certeza de sol eu canto. Dormindo solo eu canto. Dormindo acompanhado eu canto. Antes, durante e principalmente depois eu canto. Disseram-me que Xico Sá disse coisas assim, num dedim de prosa. Não sei, mas se falou bom para ele. Eu, por mim, fico nos meus versos e prosas e cantos.

Escrevi e outros também
No desencontro do indivíduo
O encontro do coletivo
E condutora maestra
A divergência do desencontro
Na união do encontro.
O eu do ser
O alguém em ninguém
O ninguém de alguém.

Minha canção se interrompe em cinzentas vozes.
- ME ENTREG’AGORA!
-
- SI VIRA, VADIA, E ME PAGUE!
-
- QUÉ MAIS BRIL VERMEIO AMARELADO? ENTÃO MIDÁ UQUIÉ MEU.
- Keite Bokeite, númi équis tréssi!
Cantar com gosto de cinza. Mas cinquenta tons, menos ou mais, são deprimentes. Não desvalorizo o cinza, jamais, e amo o branco e o preto. Mas convenhamos, amizade colorida é também muito bom.

Eu me livro...
Hortelã nascido
Sob o céu
Doce de Leite
O bambu cresceu
Verde jante
Escorro-me ao deitar sobre
Folha no riacho
O livro meu eu.

Do tanto que não conheço eu sei que sou galo cantante e dançante, que gosto de colorido quase tanto quanto do alvinegro. Ei! Olha! O sol está despontando. Está vendo? Ainda não apareceu a bola laranja, mas o céu, ah!, como está rubreando adourado o verdadeiro sol. Eu canto não num canto, mas todos os cantos para todos os cantos. Eu sou galo. Ei! Ouça! Os pássaros estão despertando. Está escutando? Ainda é só um me acompanhando, mas já estão chegando. A brisa passa dançante.


Ofereço como presente de aniversário:
Janete Reis, Valdir do Carmo, Elisangela Guilherme, Rosangela F. Sulidade e Roseny A.M. Souza.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

DOMINGUES, Thiago – Quando Nasce a Hora – retirado do sítio Palavras e Gavetas na manhã do “fim do mundo” de 2012. O título vem do poema Soneto ao Mês de Maio, também de Thiago Domingues. Respectivamente:

Versos inspirados na oficina “O verso nosso de cada dia na construção do ser poético e na educação do olhar”, ministrada por Heloisa H. Davino Alves, no 7º Salão do Livro, Ipatinga MG – 2013.

Escrito entre 17 de fevereiro e 13 de maio de 2013.
Viva Nossa Senhora de Fátima!
Viva minha mãe, sua mãe, todas as mães!

2 comentários:

Unknown disse...

Posso me sentir?
Ter um título e um trechinho no texto de Rubem Leite não é para qualquer um!hahahaha

Heloísa Davino disse...

Rubem Leite, tô aqui me deliciando com seus textos. Tão bom quando a gente encontra alguém que nos encanta com sua linguagem, repertório linguístico, suas imagens, temas, etc. Vc faz isso com presteza. E quero muito te agradecer pela referência ao meu trablho em Ipatinga. Aquela oficina foi mesmo uma delícia. O grupo era ótimo. E vc estava nele. Vamos trocando figurinhas aqui. Quem sabe posso dar uns pitacos... se desejar, claro! Continue escrevendo pq, um bom escritor, escreve TODOS os dias, nem que seja uma palavra, uma frase. Adorei! Bjs.