Obax anafisa.
Quais os
seres humanos que não repassam o que receberam? Poucos!
No curta Vida
Maria, cada Maria é um sujeito ativo e também passivo, mas nunca senhora de si.
Submete-se aos mais fortes e submete os mais fracos. Uma Maria repete com
outra, o que fizeram com ela. Passivamente não estudou, casou, teve seus filhos
na seca. Único momento ativo é impedindo uma criança de estudar.
Vemos em Memórias Póstumas
de Brás Cubas um liberto que comprou um escravo e nele montava de cavalinho, repetindo
em uma catarse tardia as humilhações sofridas no passado.
Tal escravo
podia ter feito diferente? Ser generoso com seu escravo ou maduramente não ter
nenhum por saber quão horrível é o cativeiro? Linda imagem. Linda história. Mas
não foi o que aconteceu. Guardar presa a sete chaves as agruras não é para
qualquer um e dizer que assim deveria ser é fácil. Difícil é viver. Esquecemos
mui facilmente as ofensas dadas e raramente abandonamos as ofensas sofridas.
Cada qual tem o direito de odiar os maus, mas para se livrar dos males é
preciso coragem de abrir mão de tais direitos.
Já no
capítulo sete d’A Revolução dos Bichos há uma tentativa de rebelião quando as
galinhas foram obrigadas a entregarem inclusive os ovos que garantiriam futuras
ninhadas. Segundo o “poder público” as nove que morreram foram de doença. As
que sobreviveram capitularam. Foram covardes por não morrerem de fome como as
outras? Eu nunca passei fome; somente fiz jejum por motivos religiosos ou de
saúde. Fome é apetite sem esperança, disse alguém.
Em junho de
2013 inúmeras cidades do Brasil promoveram uma semana de diversos protestos,
desde o aumento da passagem de ônibus à corrupção deslavada nas três esferas do
poder público. No ano anterior a classe artística de Ipatinga realizou uma semana
de luto pela morte da cultura no município. Dentre as muitas atividades
realizamos pelas ruas do Centro um féretro com um cênico caixão. No salão da
Câmara dos Vereadores e, principalmente, na porta da sala do prefeito foram
realizadas as “cerimônias” fúnebres. E porque os agentes culturais do município
perseveram em revitalizá-la, nos próximos dias 12 e 13 de julho (2013) haverá a
4ª Conferência Municipal de Cultura em Ipatinga, com o tema “Uma política de
Estado para a cultura: Desafios do Sistema Nacional de Cultura”.
Do lado A,
nossa necessidade e vontade de melhorar. Do lado B, o outro que impede. Quem
vencerá?
Em suma:
O importante
é aprendermos a transformar pedras em poemas e não ficarmos apenas parados com
a pedra no meio do caminho. A vida é um círculo, mas é também coragem. É
resiliência.
Ofereço como presente de aniversário:
Cínara Viana, Tânia Ribas, Rosangela Santos, Otávio Zoroastro e Eliane
Abreu.
Estou contente! Em breve o ebook bilingue (espanhol-português) de
poemas URDIDUMBRE – URDUME, pela editora Círculo de Artes. Espero que adquira e
creio que vai gostar.
ASSIS, Machado. Livro Memórias Póstumas de Brás Cubas.
ORWELL, George. Livro A Revolução dos Bichos
RAMOS, Márcio. Animação Vida Maria. Patrocinado pela Secretaria de
Cultura do Ceará, Brasil.
Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é
minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.
Escrito para um artigo de opinião, trabalho da disciplina Competências
Linguísticas e Midiáticas, UnB (Universidade de Brasília), professoras Janaína
A. Ferraz e Aya (Ormezinda Mª Ribeiro), tutora Rosa Mª Olimpio. Junho\julho de
2013.
REDAÇÃO DE OPINIÃO:
a) Após a leitura de vários pontos de
vista, anote num papel os argumentos que achou melhor, eles podem ser úteis
para fundamentar o ponto de vista que você irá desenvolver.
b) Ao compor seu texto, leve em
consideração o interlocutor: quem irá ler sua produção. A linguagem deve ser
adequada ao gênero e ao perfil do público leitor.
c) Escolha os argumentos, entre os que
anotou, que podem fundamentar a ideia principal do texto de modo mais
consciente e desenvolva-os.
d) Pense num enunciado capaz de
expressar a ideia principal que pretende defender.
e) Pense na melhor forma possível de
concluir seu texto: retome o que foi exposto, ou confirme a ideia principal, ou
faça uma citação de algum escritor ou alguém importante na área relativa ao
tema debatido.
f) Crie um título que desperte o
interesse e a curiosidade do leitor.
g) Formate seu texto em colunas e
coloque entre elas uma chamada (um importante e pequeno trecho do seu texto).
h) Após o término, releia o texto
observando se nele você se posiciona claramente sobre o tema; se a ideia é
fundamentada em argumentos fortes e se estão bem desenvolvidos; se a linguagem
está adequada ao gênero; se o texto apresenta título e se é convidativo e, por
fim, observe se o texto como um todo é persuasivo. Reescreva-o se necessário.
FERRAZ, Janaína de Aquino &
RIBEIRO, Ormezinda Maria (Aya). Oficina
de produção de textos: Competências linguísticas e midiáticas. UnB
(Universidade de Brasília).
5 comentários:
Rubem,
Arteiro das palavras que brincam em sua cabeça e dançam no papel.
Textos de profundidade e de leveza que se atraem e nos atrai.Nos convida a bailar no pensamento e no coração.
Meu afeto, meu respeito.
Rosa Maria
Oi Rubem,
Como sempre seu texto nos leva de um extremo ao outro nos fazendo refletir sobre as várias esferas da sociedade.
Gostei muito das intertextualizações que fez especialmente com Machado de Assis.
Oi Rubem,
Tenho acompanhado seu Blog desde que fui a Ipatinga, por isso não me surpreendi com a riqueza do texto que produziu para a disciplina. É uma bela e profunda reflexão que extrapola os objetivos pedagógicos. É mais do que uma artigo. É literatura!
Um grande abraço!
Aya
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