Mariposas
oscuras
En el
cielo gris
Pero, no
quiero rimar gris con anís…
Si hay que
tener rima
Que sea la
belleza de las mariposas obscuras
Con el
cielo gris tranquilamente feliz.
- Hoje pela manhã eu vi uma correnteza de borboletas
escuras. De toda a largura da rua, elas ocuparam apenas a metade do lado de lá.
- É? – Percebe-se o desinteresse na voz. – Quando foi
isso?
- Era quando eu caminhava em um momento consumista em
uma rua capitalista. Quando vi aquele monte de coisa marrom acinzentado no ar
parei para ver o que era. “Serão folhas secas? Pó ‘especial’ da grande
fábrica?”. Não, eram as ditas borboletas.
- Huuum!
- Quando alguém para assim, de supetão, a multidão
olha curiosa. Por alguns segundos eles admiraram e eu em meus quase dois
minutos de devaneio percebi também que muitos ignoraram a torrente e os que a
viram logo se cansaram. Como? Era uma linda correnteza de borboletas.
- Huuum!
Depois de dois “huuuns” prefiro ir embora e falar com
quem quer conversar as desimportâncias da vida. “Manuel de Barros, dê um
pulinho aqui, por favor!”, digo pegando um livro para melhor me preparar para
conversar com você, que me lê ou que me ouve:
- A tarde não havia correnteza. Não mais. O que
existia foi uma ampla nuvem de borboletas escuras em um céu cinza. Não só no
céu, próximo ao solo também; em todos os lugares elas estavam dando graça e
beleza ao dia difícil para qualquer um que se indigna com o fim dos direitos à
saúde, fim dos direitos à educação; fim dos direitos de greve. Fim do direito a
ter direito. Mas elas estavam lá, em correnteza, em nuvens. E eu estou aqui,
com você, firme em nosso dever de cidadão de não aceitar calados a impunidade
dos déspotas.
- Mas agora o céu está sem borboletas. – Alguém me
diz.
- O céu está sem borboletas, mas os escritores estão
com a palavra e junto com os leitores pensamos, refletimos, filosofamos. Quem sabe,
mudando...
Ofereço como presente aos aniversariantes
Sebastiana Silva, Daniel Bastos, Luzineth F. Alves, Jorge
Horta, Ana L. Guimaraes, Jackie Silva, Girvany A. Morais, Térsio Greguol e Elizangela
Batista.
Recomendo a leitura de “Fundo Falso”, de Xúnior Matraga; “Cuidado”,
de Girvany; e “La Muerte Anunciada de Gabriel García Márquez”, de Javier
Villanueva. Respectivamente:
http://javiervillanuevaliteratura.blogspot.com.br/2017/04/la-muerte-anunciada-de-gabriel-garcia.html
Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve ao Ad
Substantiam
semanalmente às quintas-feiras; e todo domingo no seu blog
literário: aRTISTA aRTEIRO. É professor
de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. É
pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na
Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e
Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso
Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura
Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da
Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de
Leitura”. É Mestrando em Educação pela Universidad Europea del Atlántico. É,
por segunda gestão, Secretário da ASSABI – Associação de Amigos da Biblioteca
Pública Zumbi dos Palmares (Ipatinga MG). Foi, por duas gestões, Conselheiro
Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Escrito no dia 31 de outubro de 2016. No ano seguinte,
trabalhado no dia 22 de fevereiro e depois nos dias 22 e 23 de abril.
2 comentários:
Deliciar-me com suas palavras é o mesmo que degustar um bom vinho. Mesmo estando longe me sinto perto (de ti). Mesmo estando só-zinho... Com elas não me sinto só-noninho...
Obrigada por matar minha saudade de ti!
Já perdemos o direito de ter, não podemos permitir que nos roubem o direito de ser!
Belo texto, Rubem!
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