Rubem Leite.
- Amor! Abra a porta.
- Não!
- Abra. Estou batendo na porta.
- Não!
- Abra e veja com o que estou batendo...
E a porta se abre.
- Kyller, ô Kyller! Quero namorar com você.
“É namorar você e não namorar com”, pensa,
mas diz:
- Claro, amor. Vamos naquela velha e
abandonada... É tão assombrad... Digo, tão assombrosamente aconchegante.
- Ai, que romântico.
- Claro, amor. Sou muito romântico.
Na casa:
- Que barulho é esse?
Ela pergunta.
- Não sei...
Faz cara de mistério, de quem prepara uma
agradável surpresa.
- Ai, vai. Conta.
E o barulho outra vez vindo do porão.
- Ai, tô tããão curiosa que não resisto.
- “E ela sumiu, sumiu e nunca mais voltou” –
canto Tim Maia. – E aí, monstro, gostou?
- Da hora.
Sorrimos um para o outro.
- Continue trazendo esses lanchinhos pra
mim. São tão legais.
- Claro, amigos são para essas coisas. Estamos
sempre prontos para ajudar.
Escrito e trabalhado entre os dias 06 e 10 de outubro de 2021.
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