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sábado, 18 de junho de 2022

Inspirado no conto Uma Vela para Dario, de Dalton Trevisan

Por que é que quem te escravizou te deu uma Bíblia. Pensa, pensa.


Em Ipatinga, um elegante e maduro senhor começa a tossir, põe a mão direita sobre o coração, com a esquerda se apoia na parede de uma das lojas na avenida 28 de Abril e lentamente vai escorrendo-se até o chão.

Um jovem com dread nos cabelos o socorre, grita por ajuda. Como ninguém aparece o rapaz vai embora com o coração apertado e a pensar no corte no cabelo que será obrigado a fazer ao entrar pra polícia. O homem não percebe a ausência do celular.

Uma garota se aproxima para ajudar, abre-lhe a camisa para ele poder respirar enquanto os transeuntes passam. E a jovem se junta condoída à massa, pois tem que levar os documentos para registrar seu nome como candidata a vereadora. O homem não percebe a ausência do cordão de ouro.

Uma velhinha de Bíblia na mão vai até ele. Em seu desespero abre a carteira para ver o nome do homem e grita: "u hômi sichama Girvany. Alguém u cunhéci?" E atravessa a avenida a perguntar as pessoas se conhecem o caído. "Ó glória" exclama a cada negativa. O homem não percebe a ausência dos R$500,00 que estava na carteira.

- Gente! A mulher gritou "Girvany"? Eu o conheço. É meu amigo; um irmão.

O amigo se aproxima. "Girvany do céu. Que te aconteceu? Pega seu celular e chama o samu. Quando este chega acompanha o irmão até o UPA. Lá os médicos socorrem o homem, mas chegam tarde. Ninguém percebe o amigo indo embora com a bolsa cheia de livros do falecido. Só se ouve o choro de quem se vai: ooorrorrorrorrórróóó.


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Rubem Leite.

domingo, 12 de dezembro de 2021

ARTE E EDUCAÇÃO: LUZ E CALOR

A noite perdura praticamente em todo o planeta, mas no Brasil é mais densa.

O que já foi referência internacional em vacinação tornou-se referência mundial em vacilação, em imbecilidade.

Mas não há treva mais profunda ou mais antiga que resista a luz de um fósforo.

Há quem acende velas. Há quem se torna vela. Há quem acende fogueiras. Há quem se torna fogueira.

Diferente do incêndio governamental, que elimina sem iluminar. Há luzes que aquecem e apontam caminhos.

Ah! Professores nas escolas, na vida e artistas de rua, de palcos, da escrita.

- Têm muitos artistas.

- Não. Tem muitos muchileiros, atores, cantores, pintores, escritores, poetas. Mas só incendeiam ou cobrem as velas e fogueiras.

- Quem são artistas então?

- Quem está continuamente em processo de criação; Julian exemplica essa luz. Quem tem coragem e buscam serenidade diante das adversidades; Andres e Erika são amostras de luz. Quem se senta aos pés dos anjos para ouvir seus ensinamentos ou quem bebe as angélicas palavras; ambos levando-as aos outros; Ronix e Emílio portam essa luz. Os que malabareiam com o fogo dos anjos; eis Faire e Ramon.

Mas não são só esses. Há Júlio, Mori, Alan, Luan, Diney e outros e outros e mais outros.

Talvez este macróbio escrevente e falante possa ser ou ter fogo, ou vela ou fósforo.

O maior Mestre ocidental não aceita mercantilizar o Todo de Tudo porque Este não pode estar acima do povo porque está no meio de nós.

- Está fazendo um texto religioso...

- Não! Falo da resistência aos mentirosos, aos filhos do pai da mentira. Meu assunto com você é sobre arte e educação no sentido real.

Colocaram um gordo boi de ouro em plena penúria; exaltando a injustiça, mas o fogo justo o queimou. E uma luz colocou no mesmo lugar uma vaca magra: é com isso que temos que acabar e não vangloriar as trevas.

- Por quê?

- Jesus foi morto por ser um pobre incômodo. Tiradentes foi morto por ser um pobre incômodo. Che Guevara foi morto por incomodar. Rainha foi morto por incomodar.

Só vivem os acomodados e os "incomodantes".

- E você não teme a morte?

- Não, a morte não. Temo o sofrimento e angústia que a antecede. Mas não sou pedra. Sou um grilo de Quintana e, no mínimo, também um fósforo. Que o exemplo de Dilma seja minha prática.

- Um policial algemou um bandido em sua moto e o arrastou pelas ruas.

- Não! Um policial negro algemou um jovem negro em sua moto e entre risos do povo o fez correr pelas ruas. - Pausa para olhar nos olhos de quem me ler. - Mas artistas e professores iluminam.

- O que já fez além de ensinar Português?

-  Ensinei por este ano:

Meu direito termina quando começa o do outro. Feminismo não é o contrário de machismo; feminismo é igualizacao e valorização humana. Não é pele, idade, tamanho, grau de instrução, sexualidade, gênero etc. que (des)valoriza. Nenhuma religião, crença ou ritual é inferior ou superior; diferentes apenas na aparência. Cobrei com força demasiada a dedicação aos estudos, cumprimento aos deveres e respeito às diversidades.

- E você se surpreende com as pedras que te atiraram?

- Não, não me surpreendo. Só me pergunto se algum dia será diferente, para melhor.


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Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO. É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”. Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).

A imagem é  uma foto de Emilio (Bigote) Fleitas. É trabalho dele em fogo.

Escrito na manhã de 12 de dezembro de 2021 e pensado nas semanas anteriores.

domingo, 10 de outubro de 2021

HISTORIETAS SEM COMPROMISSO

  

Rubem Leite.

 

 

- Amor! Abra a porta.

- Não!

- Abra. Estou batendo na porta.

- Não!

- Abra e veja com o que estou batendo...

E a porta se abre.

 

- Kyller, ô Kyller! Quero namorar com você.

“É namorar você e não namorar com”, pensa, mas diz:

- Claro, amor. Vamos naquela velha e abandonada... É tão assombrad... Digo, tão assombrosamente aconchegante.

- Ai, que romântico.

- Claro, amor. Sou muito romântico.

Na casa:

- Que barulho é esse?

Ela pergunta.

- Não sei...

Faz cara de mistério, de quem prepara uma agradável surpresa.

- Ai, vai. Conta.

E o barulho outra vez vindo do porão.

- Ai, tô tããão curiosa que não resisto.

- “E ela sumiu, sumiu e nunca mais voltou” – canto Tim Maia. – E aí, monstro, gostou?

- Da hora.

Sorrimos um para o outro.

- Continue trazendo esses lanchinhos pra mim. São tão legais.

- Claro, amigos são para essas coisas. Estamos sempre prontos para ajudar.

 

 

Escrito e trabalhado entre os dias 06 e 10 de outubro de 2021.

domingo, 16 de maio de 2021

MORTÊNCIAS

 

O desejo de segurança nos põe em riscos.

El deseo de seguranza nos pone en riesgos.

 

Bate o músculo vital. Não é sinal de vida, é alguma coisa sofrida a bater fatal.

Late el músculo vital. No es señal de vida, es alguna cosa sufrida a latir fatal.

 

Mortências políticas de “higienização” indígena:

 

Pergunta o indígena:

- Para que precisa de tanto ouro?

Responde o português:

- Porque eu e meus companheiros padecemos de uma doença no coração que só o ouro pode tratar.

 

Mortências políticas educacionais:

 

É muita falta de solidariedade os professores e alunos ficarem em casa só por causa de uma gripizinha. Imagine a solidão da Loira do Banheiro sem ninguém lá pra ela assustar...

 

Ser professor é cansativo. Temos as políticas contra nós, a polícia contra nós, Boçalnato e seu governo contra nós, os alunos contra nós e os pais contra nós.

Veja o que uma mãe reclamou e outras concordaram com ela:

Me desculpa aí professores mas ou eles prestam atenção no celular ora fazer o que vcs estão pedindo ou fazem o bloco desse geito vcs confundem a cabeça deles vcs acham que só pq eles estão em casa deve fazem assim ou um ou outro ainda fica precionando pra mandar no privado.

Respondi:

Está desculpada. Mas não entendi a dificuldade. A aula atual do (nome do aluno) é Português; não outra matéria. No grupo coloquei um áudio explicando conjunção, um dos assuntos estudados no bloco 02. E também coloquei um questionamento para saber se entendeu o que é conjunção. Necessito a resposta para poder ir para frente ou explicar mais uma vez o assunto. Qual é a dificuldade?

 

O que diz

Não significa

Nada

Quem o ouve

Não diz

Nada

Não sente

Nada

 

Mortências políticas religiosas:

 

Amanhã acordarei de novo.

- Assim como um pastor de ovelhas cuida de seus cordeiros eu, Pastor de Cristo, cuido de meu rebanho.

- O pastor cuida do rebanho para roubar-lhe a lã e depois matá-la... Cuidamos para roubar e matar bovinos, porcos, galinhas, galos. Filhos, cachorros, gatos. Cuidamos pelo que nos vão dar.

Outra vez, amanhã acordarei.

De novo.

 

Lincoln disse: “não é possível enganar todas as pessoas o tempo todo”. Ilusão. A Bíblia engana.

 

Crianças creem que tudo é para elas ou por causa delas. Monoteístas também. 

Mortências políticas gerais:

 

Gente! As academias são perigosas porque lá os vírus ficam mais musculosos, mais fortes.

 

Ah! Balas!

As balas bailarinas...

Há as que bailam a morte

Sorte são as que bailam doce.

 

sol

meio-dia

humanidade

noturna

gente

vazia

 

Mortências políticas federais:

 

- Em todas catástrofes são os pobres que mais sofrem; mesmo quando foram os ricos que as provocaram.

- Esses pobres sempre apoiam quem lhes exporá... Então...

- Entendo sua angústia e compartilho dela.

- Como diz minha tia, a sábia Lady Zefa, “sabugo só quebra no c* do pobre!

- É rir pra não chorar.

- “O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos”, disse Beauvoir.

- E como ela está certa. Mas ela também expressa que é difícil agir contra ao que foi inculcado mesmo quando vai contra a própria pessoa. Mas é difícil não se indignar com tal gente. Como é difícil.

 

No Brasil tem dois documentos essenciais e de uso diferentes. Carteira de Identidade (o mesmo que RG = Registro Geral) e CPF (Cadastro de Pessoa Física).

No período da Ditadura quando os militares matavam uma pessoa eles diziam “CPF anulado”.

Hoje o Brasil tem quase quatrocentos mil mortos pelo covid; vítimas do descaso do Boçalnato.

Semana passada ele tirou uma foto de si; rindo muito com uma réplica bem grande de um CPF atravessado por uma faixa escrita “CPF anulado” referindo-se aos mortos pelo covid-19.

E o lema dele é “Deus acima de tudo. Brasil acima de todos”. Esse lema era usado por Hitler e pelo nazismo. Nem todos que dizem Senhor estão com Deus. Aliás, quanto mais a pessoa fala de Deus menos O tem no coração. É como diz o Segundo Mandamento.

 

Boçalnato recebe o gado no Palácio da Alvorada.

Na despedida, Boçalnato mostra sua sapiência dizendo: “Insignes partintes, adeus.”

E, contente, seu curral responde: “Adeus, insigne ficante!”

 

Mortências políticas municipais:

 

Em Ipatinga teve hoje manifestação pró Boçalnato com direito até a grito de ordem: Muuuuuuuuuuu!

É mentira que Boçalnato se preocupa só com o próprio umbigo. Para ter umbigo tem que ter nascido não defecado.

 

Tem avenida de nome errado

E a cidade é no dia seguinte.

O povo está ferrado

O prefeito é um acinte.

 

 

Ofereço como presente aos aniversariantes:

Robinson A. Pimenta, Rosangela Sulidade, Oliver Silva, Thay L. Silva, Geraldo Valentim, Beto de Faria e Sinésio Bina.

 

Recomendo a leitura de:

“O Outro Passo da Dança”, de Caio Riter. Pela editora Artes e Ofícios.

“O viver do novo acordar”, de António MR Martins:

http://poesia-avulsa.blogspot.com/2021/05/o-viver-do-novo-acordar.html

 


Rubem Leite
é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO. É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”. Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).

Imagens:

Bala bailarina – foto tirada do livro O Outro Passo da Dança, de Caio Riter com ilustrações de Joãocaré, pelo autor deste cronto.

Do autor pelo autor.

 

Escrito entre 20 de abril e 16 de maio de 2021.

domingo, 13 de setembro de 2020

O BEM É COMO FLOR MEDICINAL, SE BEM CUIDADA VINGA

 


 

Em um país muito grande e bonito há uma escola de super-heróis que se evolucionaram dos poderosos dinossauros: os Super-Galos.

O seu mestre, o Grande Galo, ensina aos seus alunos técnicas de artes marciais e a usarem os seus superpoderes.

Nesse mesmo país também vivem seres retrógrados e por isso tem uma ganguezinha de mafiosos azuis que planejam implantar um sistema de terror e depois destruir o mundo.

Uma vez dois integrantes da máfia azul: o líder Pó Rela no Pé e o Senado Aessim estavam em um helicóptero com toneladas de cocaína quando foram detidos pelos Super-Galos, mas o único que se manteve preso foi o piloto, pois era pobre e, para os supervilões, não merecia apoio.

Porém para cada supervilão há um super-herói. E os galináceos planejaram minuciosamente ir a sede da máfia azul (também conhecida como Toquinha da Rarrapoçinha do Rabo Felpudo) para desbaratar a ganguezinha de mafiosos.

E em plena luz do dia os alunos com faixas preta e branca, chefiadas pelo Grande Galo, extinguiram o grupo de extermínio com seus superpoderes. Foi assim que os Galináceos salvaram o mundo outra vez.

Mas o mal é como erva daninha, surge outra vez.

Em outro ponto do país, no jardim do Palácio do Planalto, moravam emas, parentas dos galináceos e também descendentes de dinossauros.

O supremo ser das trevas, aquele que não pode ser nomeado, mas conhecido como Capitão Cloroquina, covarde como é teme as emas e por isso mandou retirá-las como Zemagogo retirou os moradores do Quilombo Campo Grande:

Zemagogo, também membro da máfia azul, mandou a polícia queimar as plantações, derrubar a escola, casas e qualquer outra edificação e com truculência expulsou as quase quinhentas famílias de moradores.

Uma vez que o Jardim do Palácio do Planalto ficou despovoado das opositoras do Vocessabequem este a repovoou com rarraposinhas, suas cúmplices.

Mas o bem é como flor medicinal, se bem cuidada vinga.

Os galináceos receberam as emas e estão treinando-as para o combate. Pois fascistas não passarão e neoliberais não ficarão nem em Minas nem no Brasil.

 

 

Ofereço como presente aos aniversariantes:

Sara Santos, Tiago Bastos, Ricardo Alves, Barbara Brasil, Cecilia Marchesi, Gabriel Buda e Wenderson Godoi.

 

Recomendo a leitura de:

Versos Ácidos do Vale do Aço” é uma antologia poética que nasceu do desejo de tornar o vale menos cinza. A obra foi escrita por dez poetas. Apoie a literatura e encha sua vida de poesia! Pré-venda: http://wa.me/553198986-5821

 


Rubem Leite
é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO.

É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes.

É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”.

Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”.

Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).

Imagens:

Versos Ácidos do Vale do Aço: Roberta Rocha.

Foto do autor pelo autor

 

Escrito na noite de 18 de março de 2019. Trabalhado entre os dias 27 de agosto e 13 de setembro de 2020.

domingo, 9 de agosto de 2020

FERIDAS A CICATRIZAR

 ou QUE TEMPOS ESTAMOS – II

 

 

Continuação do domingo anterior:

http://artedoartista.blogspot.com/2020/08/declaracoes-do-funesto-presidente-do.html

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Desejo aos pais de verdade – não aos apenas ‘reprodutores’ – um abençoado dia.

 

Luto pelas notificadas cem mil vidas perdidas e pelas incontáveis mortes não notificadas. Solidariedade aos entes que ficaram. E apoio aos recuperandos e recuperados do covid-19.

Sobre os mortos: todos chacinados pelo presidente do Brasil e pelos muitos (não todos) governadores, prefeitos e legisladores cúmplices; em destaque o governador de Minas, prefeitos e vereadores do Vale do Aço.

Que Deus não tenha piedade desses políticos.

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Latinoamérica tal vez se despierte y se levante cuando las heridas no más se cicatrizaren. ¿Y cómo eso ocurrirá? Con libros.

Libros… ¡Ah, los libros! Monteiro Lobato dijo “una nación se hace con hombres y libros”.

El poeta escribe porque el grito tiene que salir. Escribe porque su arma es el poema y las balas, sus palabras.

Los maestros enseñan porque el grito tiene que salir. Enseña porque su campo de batalla es el aula.

 

O final de julho está com um doce friozinho, algo quase inexistente em Ipatinga. Entretanto, se o clima está ameno a atmosfera... 

- No Brasil há três tipos de gado. Gado pra corte (que pena), gado leiteiro e gado eleitor. Este último é de morte e lê o pseudopensador* Obáfu de Cavalo...

- Pensadô mêsmu. Uômi é inteligênti. Indabem que uelogiô reconhecendo ele como pissêudu. E sou gado do Boçalnato. – Fala com voz robótica e gesticula como tal¹: Somos gado do Boçalnato. Somos gado do Boçalnato.

- Realmente! – Diz Girvany. – Obáfu pensa que é intelectual, pensa que é inteligente, pensa que é filosofo e nada é.

- Mais respêitu cum ele. Ugabriel até urreconheci como pissêudopensadô...

- O senhor não conhece a língua e nem argumenta... – Intervém Rômulo. – Não há verdade em suas palavras; não há fatos. Só há ignorância. Só fica xingando e dizendo “petêêê. Lula Mal. Boçalnato bonzinho”...

- O brasileiro talvez desperte e se levante quando as feridas não mais se cicatrizarem. – Matheus vaticina e Rômulo continua:

- Se tiver disposto a argumentar com fatos e não com notícias falsas, as tais fakenews, estamos à disposição... Eu pelo menos estou. Caso contrário, siga o exemplo do Boçalnato e fuja dos debates. Mas não perca tempo a xingar todo mundo como aquele covarde e ignorante.

- Uma prévia de fatos que podemos discutir. – Vinícius contribui. – O período com maior número de universidades do país contra a diminuição de verbas; sendo que as universidades brasileiras, com grandes pesquisas científicas, estavam entre as mais respeitadas do mundo.

- Pisquisas científicas... Disperdícios didinheiro, isso sim.

- Senhor! Como? – Intervém Lene; falando por primeira vez. – Entre tantas outras destaco uma realizada em Santa Catarina². Cientistas criaram um sorvete que funciona como complemento alimentar para pessoas em tratamento com quimioterapia. A químio altera o paladar do paciente, faz com que sofre náuseas e até o cheiro da comida dá enjoo. O tratamento provoca feridas na garganta, aftas e outros problemas. O sorvete desenvolvido tem alto valor nutricional e por ser gelado ajuda a anestesiar a cavidade bucal.

Dá uma curta pausa para mexer em uns papéis e volta ao argumento:

- Além disso, no governo de esquerda, houve evolução do acesso a médicos contra a extinção do acesso a saúde do governo de direito. Primeiro decreto do governo de esquerda foi em favor da vida contra o primeiro decreto a favor da morte do atual governo; ou seja, o Fome Zero contra o armamento. E este se ampliando ao ponto de permitir adolescente brincarem com armas de verdade. Lei da transparência do governo de esquerda contra o fim dela neste governo; o que é engraçado... Pois quem os senhores chamam de corruptos deixou tudo às claras, ao contrário do “mito” que não quer que ninguém saiba o que está acontecendo... E ficam aí dizendo que nós, os de esquerda, é que não queremos ver os fatos.

Dá uma pausa e olha bem a câmara, como se tivesse frente a frente com Jorjão, e continua:

- Minha luta é pelos direitos humanos e não apenas para humanos direitos. A esquerda luta para, cada vez mais, reduzir a violência contra as mulheres, os idosos, a população LGBTQI+, os negros, os estrangei...

- Puta que pariu! Que fala looonga. Mideu inté sônu. É tão chato como uslívru... Só tem bobagens e dá sônu. Fala em racismo, mas num fala de racismo dusprêtu contra usbrâncu... Idefendê bichinha? Prifiro sesseguidô do Obáfu de Cavalo, que, aliás, está solto, do que do Lula, que foi preso. Quem num tem argumêntu é voceis; esquerdistas que afundáru upaís. Acorda, caralho.

Matheus diz:

- Livros... Ah, os livros! Monteiro Lobato disse “uma nação se faz com homens e livros”. O poeta escreve porque o grito tem que sair. Escreve porque sua arma é o poema e as balas, suas palavras. E o professor ensina porque o grito tem que sair. Ensina porque seu campo de batalha é a sala de aula.

- Não deveríamos, mas não nos contivemos e estamos rindo do senhor. – Fala Benito. – Dorme enquanto lê... Xinga quando não tem respostas... O senhor é hilário.

- O fátu dieu durmi leno lívru ou bocejá enquanto falam prova que sou alfabetizado e inteligênti. – Surpreendemos todos com essa fala. –. Sou diferênti doceis, petistas, quissoconseguem interpretá as gravura dum lívru. Voceis diz que num tenho respostas, mas quem tem que dá resposta são uspetista. Principalmente pra puliça. Rarrarrarrarrarrarrá. TRUCO!

- Curioso como o senhor e seus pares transforma um substantivo em adjetivo. Basta alguém argumentar que o chamam de “petista”, “comunista” etc. Nunca me filiei a qualquer partido. Alguns de nós sim, mas não todos. Estas palavras – petista, pt, psol, comunista etc. – são substantivos e não adjetivos indicativos de inteligência.

- Calaboca, bându diviádus. Vão tomá nucu, disgraças.

- Como é interessante falar com o senhor.

Gabriel ridiculariza. E eu, que não abro a boca, mas digo todas as falas... Retiro o Jorjão Jararaca dessa “live” e que deus nos live dessa gente. Rerrê.

 

 

Ofereço como presente aos aniversariantes:

Luiza Senis, Siomar Queiroga, Vera Tufik, Teuler Guimarães, Thieres Ramos e Derick Ândres.

 

Recomendo a leitura de:

“Equaninidade”, de Eraldo Maia:

http://eraldomaia.blogspot.com/2020/08/equaninidade.html

“A alegria do encontro de Taquarituba”, de Caio Riter:

http://caioriter.blogspot.com/2020/08/a-alegria-do-encontro-de-taquarituba.html

 

¹ Ver: https://www.youtube.com/watch?v=egufgSIwgBU

² G1 – Santa Catarina.  Pesquisadores da UFSC desenvolvem sorvetes que ajuda a diminuir os efeitos colaterais da quimioterapia. Disponível https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2018/08/30/pesquisadores-da-ufsc-desenvolvem-sorvete-que-ajuda-a-diminuir-os-efeitos-colaterais-da-quimioterapia.ghtml . Acesso 28 Jul 2020.

 

* Diquinha de Português.

Uso do hífen no falso prefixo “pseudo”.

Se a palavra seguinte começar com -h ou -o separa-as usando-se hífen: pseudo-herói, pseudo-operação.

Se a palavra seguinte começar com -r ou -s une-as dobrando-se estas letras e não se usa hífen: pseudorrei, pseudossábio.

Se a palavra seguinte começar com qualquer outra letra une-as sem usar hífen: pseudoamor, pseudopensador, pseudociência.

 

Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO.

 É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes.

 É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”.

 Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”.

Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).

Imagens:

Foto da prefeitura de Ipatinga – Kadosh Miranda;

Foto do autor pelo autor.

 

Escrito inicialmente 22 de maio de 2019 e trabalhado entre os dias 08 de julho e 09 de agosto de 2020.