domingo, 2 de agosto de 2020

Declarações do Funesto Presidente do Brasil Referentes ao Covid-19

ou QUE TEMPOS ESTAMOS?

 

 

No final de julho, o doce friozinho quase inexistente de Ipatinga convida os amigos a se encontrarem nos bares. Entre eles estão os poetas Benito Bardo Junior, Girvany de Morais, Vinícius Siman, Gabriel Miguel mais os professores Rômulo Gomes e Matheus Menezes. E também estão a pré-candidata a vereadora Lene Teixeira e todos que estão lendo este cronto.

Mas que tempos estamos? Vivemos o tempo da “gripezinha que não ataca aqueles com porte de atleta”. O que na boca do descerebrado Boçalnato significa doença grave mais músculos flácidos é igual a gado morto.

Mas como não somos gado, o bar que frequentamos neste tempo é a cozinha de nossos lares e o bate-papo é por meios midiáticos; mais precisamente uma laive aberta.

- Pensamentos pressionam meu cérebro / Pressão zumbe meus ouvidos / Palavras pressionam minha boca / Pressão social zune. – Girvany recita e todos pensam enquanto bebem um gole.

- Há problema piores que o seu.

- Sei disso, Vinicius. Contudo ainda sim os meus me doem. E não sou egoísta para alegrar-me porque há quem sofra mais.

- A gente tem que ser meio egoísta no sofrimento, né!?! – Diz Vinícius.

- Não tenho certeza se é o caso de egoísmo em relação a “importância” do próprio sofrimento, pois todo sofrimento é horrível. – Benito fala olhando os livros à sua frente na parte de cima do beliche onde dorme, lugar onde se encontra. E atrás dele duas prateleiras repletas de livro. – Será que se pode ridicularizar o sofrimento da criança que não ganhou presente no dia doze de outubro porque o sofrimento da criança faminta é “maior”?

- De fato...

- O que entendo é que consolar-se porque o sofrimento do outro é pior, a mim parece uma espécie de satisfação pela dor alheia. – Benito reflexiona.

- Em cada fresta, uma festa / faço do espaço um espasmo / rasgo o verbo verborrágico / mágico momento me resta. – Vinícius recita e enquanto pensamos Gabriel dá outro mote. – Não se prende o canto da curió na gaiola / o grito do preso nas grades / Deus num altar. – Uma pausa e muda de verso pra prosa: É impressão minha ou Boçalnato já está pensando em jogar a toalha? Ano passado ou início deste o Inominável disse que o Brasil é ingovernável se não houver conchavos. Renegando assim o que dizia antes de eleito.

- Pelo amor de Deus! – Benito ironiza. – Ele não pode sair agora. O povo ainda não entendeu a merda que fez.

- Boçalnato diz que pegou o covid-19. Será que morre? – Girvany comenta. – O absurdo é quando meses atrás ele negou ter adquirido a doença, e até negou mostrar o atestado médico, ninguém acreditou. E agora que ele falou que está infectado ninguém acredita... Mas será que ele morre?

- Se morre agora ele se torna vítima. – Diz Vinícius.

- Se morre agora os negros, LGBTQI+, mulheres etc. que votaram nele e ainda não perceberam o mal que fizeram não se arrependerão. – Gabriel observa. – E aqueles que se arrependeram ainda assim não terão aprendido que fascista não se tolera; a ignorância é vergonhosa e o ódio não é aceitável.

- Se ele morre agora irá sem punição. – Vinícius acrescenta e Rômulo fala por primeira vez:

- O povo vai relegá-lo ao esquecimento ou ao ostracismo?

- Espero que Boçalnato sofra o ostracismo. Pelo que me recordo, a origem dessa palavra era votação secreta dos romanos ou atenienses para expulsar quem não lhes convinha. Ganhou o sentido de isolamento, proscrição; e também de indiferença e desprezo dada às pessoas indignas. – Declara Benito e Girvany recita seu poemeto Alívios:

- Em cada esquina procuro algo perdido, não vejo. Os faróis embaralham meus olhos, devoro suas luzes, ácidas, estanco a dor, invento mundo, galáxias, invento solução, alívios, invento outros desejos, sonhos, delírios.

Um sujeito até então desconhecido levanta a voz na mesa ao lado (assim entenda: um penetra intrometido em nossa laive aberta). Vemos que o desconhecido se auto denomina Jorjão Jararaca.

- Merda fizeram voceis, seus babaca isquerdistas. Num conseguem admitir quiô PT saqueô u Brasil durante treze anos e agora são crítico dum governo que está aí num tem nem dois ano comprétu. Voceis precisa estabelecê contato com a realidade e percebê melhó uonivérsu auteu redó. U povo intendeu sim i quem num intendeu foi voceis. O teu líder Lula foi preso por crimes de corrupção ativa, passiva, massiva, lavagem didinheiro, vantagens indevidas, ocultação di cadav... quero dizer, ocultação di patrimônio iá lista num acaba mais. Acorda, babacas. Deixem de se tapado.

- O senhor tem excelentes argumentos. – Gabriel ironia. – Igual a todos os eleitores do Boçalnato. Provavelmente aprendido com o pensador Obáfu de Cavalo...

- Pensadô mêsmu.

- É... Pensa-dor. – Matheus ironiza. – Estudou até que série?

- Sou Adevogádu!

- Realmente... É do gado! – Matheus espeta.

 

Continua no próximo domingo.

 

 

Ofereço como presente aos aniversariantes:

Jerehmias Menezes, João P. Juggle, Martín Ramirez e Camile Gracian.

 

Recomendo a leitura de:

“Rio Companheiro”, de António MR Martins:

http://poesia-avulsa.blogspot.com/2020/07/rio-companheiro.html

“El Tiempo y Sus Arrugas y la Netflix”, de Javier Villanueva:

http://javiervillanuevahistoria.blogspot.com/2020/07/hace-un-buen-rato-que-juancito-se-le.html

“Sobre Pontes e Gigantes”, de Caio Riter:

http://caioriter.blogspot.com/2020/07/sobre-pontes-e-gigantes.html

 

Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO.

 É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes.

 É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”.

 Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”.

Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).

Imagens: fotos do autor.

 

Escrito inicialmente 22 de maio de 2019 e trabalhado entre os dias 08 de julho e 02 de agosto de 2020.

Um comentário:

Glaussim disse...

Na verdade, a única coisa que nos dois anos já ocorreram foram mentiras desmascaradas e promessas mentiosas. Aos crimes da família Bolçonato, o procurador da República ( que diga-se de passagem parece mais um advogado da família) defende acabarem com o "lavajatismo". Ele diz isso como um pedido de cessar fogo a quem faz apologia a assassinatos de políticos de esquerda. Ah, esqueci de ponderar que aos liberais do MBL envolvidos no escândalo de corrupção, além dos sites e perfis de fakenews, fica pra todos o irreversível momento da História do Brasil onde vemos os militares que apóiam ao atual governo, cuspirem na cara da Constituição Federal e seus defensores as mesmas hitleristas palavras de "mal necessário ao desenvolvimento"... Aí, vêm com um pacote de reformas e uns memes de foda-se pra os otários pobretões e seus auxílios emergenciais de mendicância atrelados a juros e dívidas de cartão de crédito... Por fim, um despacho: imprima-se notas de 200.