domingo, 16 de maio de 2021

MORTÊNCIAS

 

O desejo de segurança nos põe em riscos.

El deseo de seguranza nos pone en riesgos.

 

Bate o músculo vital. Não é sinal de vida, é alguma coisa sofrida a bater fatal.

Late el músculo vital. No es señal de vida, es alguna cosa sufrida a latir fatal.

 

Mortências políticas de “higienização” indígena:

 

Pergunta o indígena:

- Para que precisa de tanto ouro?

Responde o português:

- Porque eu e meus companheiros padecemos de uma doença no coração que só o ouro pode tratar.

 

Mortências políticas educacionais:

 

É muita falta de solidariedade os professores e alunos ficarem em casa só por causa de uma gripizinha. Imagine a solidão da Loira do Banheiro sem ninguém lá pra ela assustar...

 

Ser professor é cansativo. Temos as políticas contra nós, a polícia contra nós, Boçalnato e seu governo contra nós, os alunos contra nós e os pais contra nós.

Veja o que uma mãe reclamou e outras concordaram com ela:

Me desculpa aí professores mas ou eles prestam atenção no celular ora fazer o que vcs estão pedindo ou fazem o bloco desse geito vcs confundem a cabeça deles vcs acham que só pq eles estão em casa deve fazem assim ou um ou outro ainda fica precionando pra mandar no privado.

Respondi:

Está desculpada. Mas não entendi a dificuldade. A aula atual do (nome do aluno) é Português; não outra matéria. No grupo coloquei um áudio explicando conjunção, um dos assuntos estudados no bloco 02. E também coloquei um questionamento para saber se entendeu o que é conjunção. Necessito a resposta para poder ir para frente ou explicar mais uma vez o assunto. Qual é a dificuldade?

 

O que diz

Não significa

Nada

Quem o ouve

Não diz

Nada

Não sente

Nada

 

Mortências políticas religiosas:

 

Amanhã acordarei de novo.

- Assim como um pastor de ovelhas cuida de seus cordeiros eu, Pastor de Cristo, cuido de meu rebanho.

- O pastor cuida do rebanho para roubar-lhe a lã e depois matá-la... Cuidamos para roubar e matar bovinos, porcos, galinhas, galos. Filhos, cachorros, gatos. Cuidamos pelo que nos vão dar.

Outra vez, amanhã acordarei.

De novo.

 

Lincoln disse: “não é possível enganar todas as pessoas o tempo todo”. Ilusão. A Bíblia engana.

 

Crianças creem que tudo é para elas ou por causa delas. Monoteístas também. 

Mortências políticas gerais:

 

Gente! As academias são perigosas porque lá os vírus ficam mais musculosos, mais fortes.

 

Ah! Balas!

As balas bailarinas...

Há as que bailam a morte

Sorte são as que bailam doce.

 

sol

meio-dia

humanidade

noturna

gente

vazia

 

Mortências políticas federais:

 

- Em todas catástrofes são os pobres que mais sofrem; mesmo quando foram os ricos que as provocaram.

- Esses pobres sempre apoiam quem lhes exporá... Então...

- Entendo sua angústia e compartilho dela.

- Como diz minha tia, a sábia Lady Zefa, “sabugo só quebra no c* do pobre!

- É rir pra não chorar.

- “O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos”, disse Beauvoir.

- E como ela está certa. Mas ela também expressa que é difícil agir contra ao que foi inculcado mesmo quando vai contra a própria pessoa. Mas é difícil não se indignar com tal gente. Como é difícil.

 

No Brasil tem dois documentos essenciais e de uso diferentes. Carteira de Identidade (o mesmo que RG = Registro Geral) e CPF (Cadastro de Pessoa Física).

No período da Ditadura quando os militares matavam uma pessoa eles diziam “CPF anulado”.

Hoje o Brasil tem quase quatrocentos mil mortos pelo covid; vítimas do descaso do Boçalnato.

Semana passada ele tirou uma foto de si; rindo muito com uma réplica bem grande de um CPF atravessado por uma faixa escrita “CPF anulado” referindo-se aos mortos pelo covid-19.

E o lema dele é “Deus acima de tudo. Brasil acima de todos”. Esse lema era usado por Hitler e pelo nazismo. Nem todos que dizem Senhor estão com Deus. Aliás, quanto mais a pessoa fala de Deus menos O tem no coração. É como diz o Segundo Mandamento.

 

Boçalnato recebe o gado no Palácio da Alvorada.

Na despedida, Boçalnato mostra sua sapiência dizendo: “Insignes partintes, adeus.”

E, contente, seu curral responde: “Adeus, insigne ficante!”

 

Mortências políticas municipais:

 

Em Ipatinga teve hoje manifestação pró Boçalnato com direito até a grito de ordem: Muuuuuuuuuuu!

É mentira que Boçalnato se preocupa só com o próprio umbigo. Para ter umbigo tem que ter nascido não defecado.

 

Tem avenida de nome errado

E a cidade é no dia seguinte.

O povo está ferrado

O prefeito é um acinte.

 

 

Ofereço como presente aos aniversariantes:

Robinson A. Pimenta, Rosangela Sulidade, Oliver Silva, Thay L. Silva, Geraldo Valentim, Beto de Faria e Sinésio Bina.

 

Recomendo a leitura de:

“O Outro Passo da Dança”, de Caio Riter. Pela editora Artes e Ofícios.

“O viver do novo acordar”, de António MR Martins:

http://poesia-avulsa.blogspot.com/2021/05/o-viver-do-novo-acordar.html

 


Rubem Leite
é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO. É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”. Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).

Imagens:

Bala bailarina – foto tirada do livro O Outro Passo da Dança, de Caio Riter com ilustrações de Joãocaré, pelo autor deste cronto.

Do autor pelo autor.

 

Escrito entre 20 de abril e 16 de maio de 2021.

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