quarta-feira, 12 de maio de 2010

Farroupilha - Concurso Nacional de Contos de Humor

Aqui é Didi, do Grupo Farroupilha, tudo bem?
Por aqui estamos todos bem e cheios de boas expectativas.
Estamos comemorando 15 anos de atividades artísticas e, dentre as ações comemorativas, está oConcurso Nacional de Contos de Humor. Aberto para escritores de todo o país, o concurso premiará 03 (três) contos, que também servirão de base para a criação do novo espetáculo do Farroupilha. As inscrições estão abertas até 30 de junho de 2010.

Para participar clic no link e baixe o regulamento, ficha de inscrição e liberação do autorwww.grupofarroupilha.com.br

Estamos aguardando sua participação!

Grande abraço.

Didi Peres

Cordenador de comunicação

Grupo Farroupilha

31-38235614 - 87384435

Teatro Circu-Lar Farroupilha

Av. Londrina, 180, veneza II

CEP:35164 -291- Ipatinga/MG

www.grupofarroupilha.com.br




É MUITO FEIO PRA SER ENFEITE

Rubem Leite

08-12/5/10


Escrevo ouvindo Fita Amarela, na voz de Silvo Caldas

e Vapor Barato, nas vozes de Gal Costa e Zeca Baleiro.

E ofereço a Daniel Viana e Cia Bruta de Teatro.

E à aniversariante Lucília Profiro


À gameleira verde, especialmente verde, o capim de ribanceira verdeja com gosto.

Sento-me com as costas apoiada na árvore, pego um raminho do capim e o mordisco. Levei algo para comer e um livro chamado “Poesia de Bolso”, vol. 04 editado pelo CLESI. O vento sopra agradável. Leio os poemas de Gabriel Nascente. Dou uma cochilada. Acordo e como um sanduíche (pão de centeio e queijo minas). Leio os poemas de Rui Barreto. Cochilo com a brisa e quando acordo como pão com soja, mel e queijo, bebo parte do suquinho e volto a ler, dessa vez os poemas de Valéria Amaral. Ontem eu li Carlos Cavalcanti, César Cardoso e acho que amanhã lerei Mª Helena Moreira, Marcelo Maccaferri e Lígia Porto concluindo assim o livro. Por hora, enquanto leio, cochilo e como as frutas que levei,

Paf

...

...

Paf

...

...

Água

...

Sal

...

Água

...

Sal

...

Lágrima

...

Lágrima é só

...

Lágrima é só água e sal

...

Espinho!

Ó espinho!

Não me machuque

Eu sou sua flor

Lágrima é só água e sal

E eu sou sua flor

Espinho não machuca a flor

O vidente se fez cego

E o corpo cego se enrola em fitas

O lago alumínio brilha com velas boiantes

E eu danço com todas as cores

Eu sou poeta das cores

Mas só o preto me possui

Junto com um vento crescente, o balançar dos galhos da gameleira e os raios de sol que prometem ser de despedida, ouço o patear de um cavalo que me acorda. Preto. Completamente preto. Nenhuma outra cor. Não! Sua crina... Seus olhos... Seu focinho... Não são negros. Sua crina, branca?! Amarela?! Verde?! Seus olhos, vermelhos. Com certeza, vermelhos. Seu focinho... Seu focinho. Parece não ter cor. Parece ser fogo. Não estar em chamas e sim ser o próprio fogo. Não é isso... Não consigo descrever. Sobre o garanhão um cavaleiro alto – agigantado por eu estar sentado e ele montado –, magérrimo, branquíssimo – não albino –, longos cabelos pretos cobrem as orelhas impossibilitando vê-las ou mesmo vislumbrá-las, olhos azuis, finos lábios vermelhos, nariz longo e fino, mão imensas – palmas amplas e dedos longuíssimos –, grandes pés – é o que as botas de couro escuríssimo e canos altos sugerem –, toda a roupa é tão preta quanto o cavalo; não dando para distinguir um do outro. É um homem feio. Charmoso, másculo, imponente. Mas feio. Um segundo, se tanto, durou sua chegada e minhas observações. Meu cérebro assimilou, como se o observasse um dia todo. Nada fala. Nada falo. Só nos olhamos. Os três. Eu, o cavalo e o cavaleiro. Um segundo. Um minuto. Dez e ele desce. Suas roupas se apartam do cavalo, parece, como um elástico se esticando – ampliando, não se separando –. O vento mudo me esfria. Sempre e continuamente nossos olhos se tocam. Os meus, os do cavalo e os do cavaleiro. Nada falamos. Ele estende sua mão esquerda, pego e ele me levanta. Nossos olhos se olham. Seus azuis deprimem os meus castanhos. Ele sobe no cavalo. Monto também. Nenhum olhar se encontra. O cavalo olha para frente. Eu olho para frente. Ele, mais alto que eu, atrás de mim, olha para frente. Uma só visão para todos, em todos. Sua roupa me absorve. Minha pele quente encosta na dele, gelada. Seu frio por fora me esquenta por dentro. Meu calor por fora o esfria por dentro. Sua tensão relaxa. Os três – eu, o cavalo e o cavaleiro – ficamos um. Um só ser. Seus/meus cabelos esvoaçam e vejo suas/minhas orelhas. Pontudas. Seus/meus dentes imensos, abundantes, finos rasgam minha/sua pele. Minha/sua carne o/me alimenta. Minha/sua dor me/lhe dá prazer. A parte minha do corpo desfalece. Sua parte do corpo me ampara. Agora somos um. Meu sangue circula nele e ele circula em mim. Dei minha carne e ele se deu.

Agora é você. Dê-nos sua carne e nós nos damos a você. Venha ser um conosco e com o garanhão como ele, o garanhão e eu somos um.

À gameleira verde, especialmente verde, o capim de ribanceira verdeja com gosto.


terça-feira, 11 de maio de 2010

CINE DOCUMENTA

Revista Cultural NOTA INDEPENDENTE

:: FOLLOW! ::
Toda Segunda-feira abordagens e dicas relacionadas à Moda, Tendências e Contemporaneidade.
Por Paula Salerno

:: NA PRANCHETA ::
Toda Terça-feira um bate papo sobre Ilustração, Arte Música e Literatura
Por Bruno Grossi

:: EU NÃO SABIA... ::
Toda quarta-feira um texto com pequenas descobertas...
Por Diane Mazzoni

:: CRONISTA DE 5ª ::
Toda Quinta-feira crônicas e contos diversos.
Por Rubem Leite

:: MINEIRANDO ::
Toda Sexta-feira comentários sobre a arte e a cultura de Minas Gerais.
Por Marina Mazzoni

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O CRUZEIRENSE E AS UVAS

Rubem Leite – 04-5-10

Ofereço ao meus sobrinho, Atleticano, Pedro H.P. Leite, que aniversaria hoje.

La Fontaine era um homem desorganizado e boêmio. Foi também poeta e, como se tornou melhor conhecido, fabulista francês. Morreu em 1.695. Suas obras são um pouco pessimistas onde muitas vezes o fraco paga pelo forte. Dentre suas inúmeras fábulas uma das mais curiosas e, penso, profética foi “A raposa e as uvas” que repasso a seguir numa visão/versão atualizada.

Sob um belíssimo por do sol uma parreira e dentre seus frutos um cacho se destacou. As mais roxas, num brilho destacado pelo poente, o aroma... huuuuum que cheirinho, nada melhor para as narinas sensíveis. Que aparência. Que odor. Realmente, só pode ser saborosa, deliciosa. Inigualável. Um rapaz, sob o peito na camisa azul, uma pequena constelação, cantarolava quando de repente viu a parreira e sob ela o cacho fabuloso, perfumoso, com jeito saboroso.

- Que vejo? Um cacho de uvas lindo, cheiroso, gostoso.

E tentou de todos os modos e jeitos e possibilidades pegar as uvas. E nada. Jogou pedra. E nada. Deu pulinhos. E nada. Não conseguiu experimentar, saborear, degustar as uvas do cacho. Então, depois de muitas e muitas tentativas, desistiu dizendo

- Estavam verdes.

E foi embora falando daquilo que quando ganha comemora como melhor coisa do mundo, mas quando perde é porcaria...


segunda-feira, 3 de maio de 2010

lançamento livro: CAIXA DE DESEJOS


Olá, pessoal!

É um prazer tê-los como leitores de um dos meus espaços literários (Canastra de Contos, Ficção de Gaveta e/ou Sobrecapa).

No próximo dia 11 de maio, às 19h, na Livraria Argumento do Leblon (RJ), lançarei meu livro juvenil, Caixa de Desejos.

Também estarei na Bienal do Livro de Minas, em Belo Horizonte, dia 15, às 14h.

Segue o convite. Se estiverem no Rio ou BH, ficaria muito feliz de tê-los me ajudando a abrir essa caixa mágica.

Podem ajudar a espalhar a notícia.

Importantíssimo: a promoção da quinzena do site Sobrecapa é do meu livro. E serão 3 (três) exemplares, com direito a um brinde especial.

Um grande abraço,

Ana Cristina Melo
http://www.sobrecapa.com.br
http://canastradecontos.blogspot.com
http://ficcaodegaveta.blogspot.com


PLANTEI UMA ÁRVORE NA ESTRADA

Rubem Leite

Ofereço a Genaina N. Rodrigues, Ogasawara A. Fernando, Juliano Fernandes como presente de aniversário.


, está plantada na estrada, uma goiabeira, eu mesmo só comi uma única goiabinha. Não fico triste não, por não comê-las, pois senão a teria plantado no meu quintal. O que me contenta é ver a festa da passarada. Como fico feliz ao ver pessoas debaixo de seus galhos olhando para cima, escolhendo a que quer, pegando e comê-las enquanto vão embora... E eu fico olhando a pessoa até perdê-la de vista. Aí olho para a árvore e a minha cara mostra minha cabeça. Aí entro para casa e até a próxima vez que vir aqui fora me mantenho com essa sensação. Espero ter respondido sua pergunta: Que sou. É que não tenho mais nada para dizer, minha vida é só isso. Bem, então inté. Quê? Ah! É prá falar sobre a vez que comi da goiabeira? Foi bão. Ela era vermeinha, cheirosa e