domingo, 3 de abril de 2016

A DANÇA DOS DIAS

EL BAILE DE LOS DÍAS


Pregarei a minha incoerência
na colheita da igualdade
Que se despedaça com medo
da safra do dividir.
Antonio Short

Potira itapitanga.


Em português

- Oi! – Fala ao aproximar-se. – Estava ouvindo sua risada e fiquei curioso. Do que estava rindo?
Olho o estranho sem sorrir.
- Desculpa! Não era minha intensão aborrecê-lo. Tchau.
- Não, não se vá! Não fiquei aborrecido. Somente fiquei surpreso. Não havia percebido que estava sendo visto. Sente-se!
- Licença! – Senta-se e me fala: Ria do quê?
- Estava me lembrando de uma coisa que li sobre metais. Além de não ser fácil de quebrar, tem a agudeza de uma lâmina.
- Quem disse isto?
- O poeta brasileiro Fabrício Carpinejar.
- Huuuum. Interessante. O que está bebendo?
- Algo com morango, maracujá e pimenta.
- É bom?
- Muito!
- Quero o mesmo que ele. – Fala para o Marcelo, dono da barraca, e depois para mim: Opa! A gente não se apresentou. Sou Cayo. E você?
- Benito. De onde você é?
- Sou de Angola. E você, de que lugar do Brasil você é?
- Daqui mesmo. De Minas Gerais. – Bebo um gole. – Já estive na África duas vezes; na primeira vez conheci Angola e na segunda vez visitei Moçambique e Angola. Gostei muito dos dois países.
Marcelo põe a bebida e quando ele se vai falo para Cayo.
- Palavras, disse Carpinejar, são sentimentos. Mas somente podemos senti-las quando acompanhadas. Eu gostaria muito se fôssemos como palavras.
- Eu também... Mas, você é panina?
- Não sei... O que é isso?
- Penso que vocês diriam “viado” ou “boiola”.
- Por quê? Tem antipatia ou algo assim?
- Só quero te conhecer melhor.
- Não acho que sou homoafetivo porque as mulheres também me interessam e...
Dois rapazes com jeito de mendigos loucos falam perto de nós dois:
- O mundo foi feito de dia.
- Os anjos são os jovens... E as crianças são estrelas.
- Os homens são a noite e as mulheres, o dia.
- É verdade! O mundo foi feito de dia.
- No entanto, sem noite não há dia.
- Nem dia sem noite.
- Existem eclipses em alguns momentos. O que você pensa dos eclipses?
- Do sol ou da lua?
- Os dois.
- Os dois são bonitos.
- Bonitos mesmo. Por isso o homem, que é masculino, é noite, que é feminino; e a mulher, que é feminino, é dia, que é masculino. O masculino no feminino e o feminino no masculino. Yin e yang.
- Mas, o mundo foi feito de dia.
- Do dia e da noite.
- Entretanto, existem dias, noites e eclipses.
E o sol, a lua e Terra dão seus rodopios alheios a nós enquanto olhamos a vida sem vê-la. Nem a ninguém. Nem a nós...


En español

- ¡Hola! – Habla al acercarme. – Estaba oyendo sus risas y me quedé curioso. ¿Dé que reías?
Miro el extraño sin sonreír.
- ¡Perdóname! No era mi intensión serte aburrido. Me voy.
- No, ¡no se va! No me fue aburrido. Solamente me quedé sorprendido. No había percibido que estaba siendo visto. ¡Siéntate!
- ¡Permiso! – Se tira en la silla y chárlame: ¿De qué reías?
- Me recordaba de una cosa que he leído. Respecto es de metal. No es fácil quebrar y tiene agudeza de lámina.
- ¿Quién dice esto?
- El poeta brasileño Fabrício Carpinejar.
- Huuum. Bueno. ¿Qué bebés?
- Algo con frutilla, maracuyá y pimienta.
- ¿Exquisito?
- ¡Mucho!
- Quiero lo mismo que él. – Habla para Marcelo, dueño del quiosco, y después para mí: ¡Opa! No hemos presentado. Soy Cayo. ¿Y vos?
- Benito. ¿Eres peruano?
- ¡Sí! No sos de acá, ¿sos?
- Soy brasileño.
- Me encanta Brasil. Fue allá dos veces. Una en el Rio y otra en São Paulo.
- “¡Ah! Cuantos pierden por no nacer en Minas…”.
Él me mira sin comprender la citación.
- Es un trozo de una crónica de la escritora brasileña Clarice Lispector. Recomiendo que la próxima visita tuya al Brasil sea en Minas Gerais.
Él me dice “sí” con la cabeza mientras Marcelo pone la bebida y cuando el camarero se va hablo para Cayo.
- Palabras, dice Carpinejar, son sentimientos. Pero, solamente pueden sentir acompañadas. Me encantaría y me divertiría que fuésemos como palabras.
- A mí también… Pero, ¿sos maricón?
- ¿Por qué? ¿Tiene asco o enfado?
- Solo quiero conocerte mejor.
- No creo que yo sea homoafetivo porque las mujeres también me encantan y…
Dos muchachos con aire de mendigos insanos platican cerca de nosotros:
- El mundo fue hecho de día.
- Los ángeles son los jóvenes… Y los niños son estrellas.
- Los hombres son la noche y las mujeres, el día.
- ¡Verdad! El mundo fue hecho de día.
- Sin embargo, sin noche no hay día.
- Ni día sin noche.
- Hay eclipsis en algunos momentos. ¿Qué piensas de las eclipsis?
- ¿Del sol o de la luna?
- Las dos.
- Las dos son bellas.
- Bellas mismo. Por eso el hombre, que es masculino, es noche, que es femenino; y la mujer, que es femenino, es día, que es masculino. El masculino en el femenino y el femenino en el masculino. Yin e yang.
- Pero, el mundo fue hecho de día.
- Del día y de la noche.
- Sin embargo, hay día, noche y eclipsis.
Y el sol, la luna y la Tierra giran ajenos a nosotros mientras miramos la vida sin verla. Ni a nadie. Ni a nosotros…


Ofereço como presente de aniversário:
Leopoldo Comitti, Lucio Braga, Rosane Dias, Márcio Miranda, Mithswillian Paiva, Roberta Bragança, Paskual Gomez, Delsyn Carvalhais, Marcone Alvarenga, Carlos Passos, Nívea Paula, Saad Nunes, Adalberto André, Rodrigo F.G. Fernandes, Lidia M.F Cruz e Arlete Santos.

Sobre Antonio Short:

Sobre Fabrício Carpinejar:
Sobre Clarice Lispector:


Escrito originariamente en español en la tarde de 26 de julio de 2015. Trabajado en las dos lenguas entre los días 01 de agosto de 2015 y 03 de abril de 2016.

Um comentário:

Rosane Dias disse...

Adorei!!!
Obrigada e um grande abraço!!!