domingo, 4 de novembro de 2018

PESADELO MUITO APAVORANTE



O texto fala e se modifica constantemente, dependendo da leitura que façamos dele.¹

Estava eu, inocente e desavisado, passeando com minha camisa branquinha, minha calça branquinha.
De repente, quando eu passava pela praça, do outro lado dela, uma horda de poeira viu minhas roupas branquinhas.
E feito uma horda de zumbis assassinos, a horda de poeira veio correndo até minhas roupas branquinhas gritando: ‘branco, branco, braaaaanco!’.
Foi aterrorizante, apavorante. Aquela horda babenta, grudenta, preta, fedorenta de poeira correndo atrás de mim. E eu fugindo e a horda de poeira perseguindo minhas roupas branquinhas. Eu pedindo socorro e as poeiras: ‘branco, branco, braaaaanco!’.
Consegui sobrevir, mas minhas roupas não. Ó meu Deus, terei pesadelos pelo resto de minha vida.


En español:

PESADILLA MUY PAVOROSA

El texto habla y se modifica constantemente, dependiendo de la lectura que le hagamos.¹

Estaba yo, inocente y desprevenido, paseando con mi remera blanquita y mi pantalón blanquito.
De repente, cuando pasaba por la plaza, del otro lado de ella, una polvareda vio mis ropas blanquitas.
Y hecha una horda de zombis, la polvareda vino corriendo hacia mis ropitas blanca gritando: ‘¡blanco, blanco, blaaaaancooo!’
Fue aterrorizante, muy pavoroso, aquella horda babosa, pegajosa, negra, hedionda polvareda corriendo atrás mío. Y yo huyendo y la horda de polvo persiguiendo mis ropas blanquitas. Yo pidiendo socorro y la polvareda gritando: ‘¡blanco, blanco, blaaaaancooo!’.
Conseguí sobrevivir, pero no mis ropas. Oh por Dios, tendré pesadillas para toda la vida.


Rubem oferece como presente aos aniversariantes Arline Salazar, Mirta Meza e Moises Correia.

Rubem recomenda a leitura de:
“O que leva pessoas sãs a votarem em uma anta?” e “Uma conversa sobre um assalto de estrada”, ambos de Linik Sued:
“Já vai tarde, o triste fim do PT”, de Josué da silva Brito:

¹ BRENMAN, Ilan. Através da Vidraça da Escola: formando novos leitores. 2. ed. Belo Horizonte: Aletria, 2012. P. 33. Traducción libre al español por el autor.

Biografia do autor e do tradutor (do cronto):
Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Julian Cabral é natural de Buenos Aires (Argentina) e onde estudou inglês na Escola Superior nº 6 Vicente López y Planes; artista de rua especializado em malabares (argolas, devilstick e outros) e autodidata.
Imagens:
Autor – foto de Faire, 2018;
Tradutor – foto de Rubem Leite, 2018.

Escrito na tarde de 26 de maio de 2018. Trabalhado entre 29 de outubro e 04 de novembro do mesmo ano.

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