- Soledad, a mí me gusta. Tal vez por eso no tengo celos de nadie.
- Eres un no deseado, eso sí.
- Vale. Pero, la verdad es que la soledad me encanta.
É uma bela manhã nublada para um solitário passeio a
beira rio e sentir a paisagem em derredor.
Quase harmônicas, duas pessoas conversam:
- Segundo a tradição Católica, oito de dezembro se
medita sobre o dia que Senhora Sant’Ana ficou grávida de Maria – a Imaculada
Conceição –. Para daqui a nove meses acontecer a Natividade de Virgem
Imaculada.
- É. E segundo a Seicho-No-Ie, o segredo da Fonte de
Lourdes é a compreensão do peregrino que ele também é a imaculada conceição. Mas
eu penso que o importante não é a religião. E como diz um dos seguimentos
budistas: “Quer encontrar-se com Buda? Sai do templo”.
- Interessante pensamento. O importante é saber-se,
sentir-se e agir como a Imaculada Conceição. Pois Deus nos criou a Imagem e
Semelhança d’Ele.
Histriônicas, outras duas pessoas conversam:
- A sociedade brasileira é muito racista e não aceita
pretos trabalhando com a gente. Mas todos somos iguais. Por isso que sou contra
cota; porque¹ somos iguais. O racismo é feio. A polícia é racista e prende mais
quem é preto. Mas somos todos iguais e sendo iguais, cota não é certo.
- O medo está constantemente dentro de nós.*
- Medo? Não tenho medo. O senhor tá me chamando de
covarde? E... E o que medo tem a ver² com racismo.
- Tudo que fazemos é governado pelo medo ou pelo
desejo de livrarmos dele.*
- O que o senhor que dizer com isso?
- O seu próprio discurso explica a importância das
cotas e não percebe isso tanto quanto ignora a contradição em suas ideias. O
que denota falta de ideias próprias tanto quanto sobram ideias alheias sem,
contudo, apossar-se delas.
- O que você que dizer com isso? É petralha? Só pode
ser petista. Noventa por cento dos políticos do PT estão presos por corrupção. E
ninguém é preso sem culpa. Não tenho medo de nada e só do PT quero me livrar.
Por isso votei no Mito. Dizem que vou me arrepender, mas só com mudanças que as
coisas melhoram.
- Por que¹ no governo de esquerda a corrupção foi
denunciada enquanto na Ditadura e nos governos do Collor, do FHC e do Temer
ficaram calados?
- PT é bandido. Você, seu petista louco, defende a
corrupção.
- Interessante... Primeiro eu fui ‘senhor’ e, agora,
‘você’. Mas não creia em mi...
- Não creio mesmo.
- Pois é, faz bem. Veja no TSE...
- PT é corrupto.
- Veja no TSE o número de fichas sujas nos partidos
de esquerd...
- Não adianta querer me enganar. PT é ladrão. Só se
prende bandido.
- No Brasil? O senhor mesmo falou que uma pessoa é
presa só por ser negra... Mas como dizia, pesquise no TSE.
- Deus acima de todos. Brasil acima de tudo ou ame-o
ou deixe-o.
É uma bela manhã nublada para um solitário passeio a
beira rio e sentir a paisagem em derredor enquanto da barrenta água do Ribeirão
Ipanema parece vir um canto de iara cuja magia combate a marrom falta de
raciocínio a imperar no Brasil.
Ofereço como presente aos aniversariantes:
Cleber L. Assis, Cleiser Coura, Kerley H.M. Almeida e Patrick
Castro.
Recomendo a leitura de:
"Hermana Mía", de Alex Blame:
"Hermana Mía", de Alex Blame:
“Apocalipse”, de António MR Martins:
* FROBENIUS, Nicolaj. Vou
Lhe Mostrar o Medo. Eliana Sabino (trad.). São Paulo: Geração Editorial.
2012. P. 22.
Diquinhas de português:
¹ Porque e por que:
“Porque” é conjunção e tem uso semelhante a: pois, já que,
uma vez que. Veja os exemplos: “Faltei à aula ontem porque estava doente”. Se
disser: ‘Faltei à aula ontem, pois estava doente’ ou ‘Já que estava doente,
faltei à aula ontem’ o sentido é o mesmo. “Perdemos o jogo porque nosso
adversário jogou melhor”. Ou ‘Perdemos o jogo uma vez que nosso adversário
jogou melhor’ ou ainda ‘Perdemos o jogo, pois nosso adversário jogou melhor’
compreendem-se as mesmas ideias.
“Por que” é a sequência de uma preposição (por) é de um
pronome interrogativo (que). Equivale a “por que motivo” (São esses os motivos
por que voltamos) e a “por qual razão” (Não sei por que razão o senhor acha
isso). Pode-se observar que estes dois exemplos não são perguntas; portanto
“por que” nem sempre será usado para perguntar algo. Contudo, também pode, e
deve, ser usado em frase interrogativa direta: Por que você saiu tão cedo?
Conjunção significa união,
ajuntamento. E na gramática é a palavra que liga orações ou frases. É
importante entender que as conjunções são sempre expressas por uma palavra
(“mas, logo, pois, como” etc.). Se tiver mais de uma palavra com valor
conjuntivo estaremos diante de uma locução adjetiva (“a fim de, à medida que,
de modo que” etc.).
Locução é, na gramática,
duas ou mais palavras que equivalem a uma só.
² A ver:
Significa combinar, estar de acordo. Exemplo 1: ‘Seu
comportamento não tem nada a ver com seriedade do momento’; é como se dissesse
‘Seu comportamento não combina com a seriedade do momento’ ou ‘Seu
comportamento está em desacordo com a seriedade do momento’. Exemplo 2: ‘As
palavras dele têm a ver com o livro’; ou seja, ‘As palavras dele combinam com o
livro’.
Já
“haver” tem sentido de possuir ou ter: Mesmo sem nada haver falado, foi chamado
de fofoqueiro (Mesmo sem ter falado, foi chamado de fofoqueiro).
As informações acima (exceto
o que é conjunção) foram retiradas do aplicativo para celular “Gramática de
Bolso”. Recomendo este aplicativo.
Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e
publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad
Substantiam às quintas-feiras. É
professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também
professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em
“Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”,
“Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor
dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”,
“Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua
Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do
Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões,
Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Imagens:
Ribeirão Ipanema – fotos do autor – manhã de 09 de dezembro
de 2018.
Rubem na Figueira – foto de Faire – 2018.
Ideia inicial escrita na tarde de 06 de maio de 2018. Ampliado
e trabalhado entre 10 de novembro e 09 de dezembro do mesmo ano.
Um comentário:
Deus acima de TODO🙏🙏💕💕
Postar um comentário