segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

MELANCIA FORRAGEAIS


Obax anafisa.


Em português:

“E ele entrou... era um elegante mancebo vestido todo de preto, com uma bela gravata branca primorosamente atada... com um rico alfinete de esmeralda no peito: era um jovem interessante, de olhos ardentes e cabelos loiros...”.
(MACEDO)

Mas comecemos nossa história pelo princípio:
 Quintanilla e Vanilla formam uma dupla sertaneja, de belas vozes e boas melodias. Não fazem tanto sucesso. “Por quê?” Talvez você pergunte, então pensemos: sertanejo, voz bonita e música boa... Por que não são famosos?... Não importa. Vamos continuar nossa história.
Vanilla é segunda voz e viola. Quintanilla, primeira voz. Já Honorino, o “terceiro” elemento da dupla, é o compositor e empresário. Os três moram juntos, trabalham juntos e são felizes juntos. É deles a música Melancia Forrageais.

Só, num se achega a lugar nenhum,
Minha frô de melancia.
Pra vê que digo a verdade
Oia elas forrageando os pés da montanha ao por do sol.
Oia elas de frô tã’marela
Como seus cabelos de sol.

Ainda que o verão acabe, digo pr’Ogum,
Meu amor não se põe com sol.
Meu amor é melancia forrageais
Limpo como pedras de Exu.

Achega minha frô de melancia
E em seu peito me aconchega
Pra gente viajar cantando qual mutum
Num barco de papel comum
Músicas belas e ternas
De emoções eternas.

Ainda que o verão acabe, digo pr’Ogum,
Meu amor não se põe com sol.
Meu amor é melancia forrageais
Limpo como pedras de Exu.

Pra meu maior amor aconchegar meu amor,
Canto feito mutum.
Pra meu sublime amor aconchegar meu amor,
Rezo pr’Olorum.
Pra meu único amor aconchegar meu amor...
Um pranto nas frô de melancia forrageais.

Belas vozes e boas melodias não fazem sucesso. Bem... voltemos à nossa história. No recesso do lar, a cabocla Quintanilla gosta de ser abraçada por trás, beijada por trás, tudo por trás. É casada com Honorino. E Vanilla com sua pele branca gosta de ter seus pés lavados por ele. Que alegria é estar deitada no sofá da varanda, com os pés na muretinha bem de frente da pitangueira e ele despejar, lenta e forte, um balde d’água, e depois sentar na banquetinha para massageá-los lenta e forte, beijá-los e ter os beijos e amassos, digo, massagens percorrendo pernas acima.
Os três moram juntos, trabalham juntos e são felizes juntos. Isso até que Lauro, um moço loiro, filho do intelectual Joaquim Manoel, entrou na história e...

“... E o moço loiro continuava como dantes, sempre bom e travesso; alegre e amoroso; apaixonado e extravagante”.
(MACEDO)


En español
(Creación en sociedad con Lilian Ferreira):

“Y él entró... era un elegante mancebo vestido todo de negro, con una bella corbata blanca primorosamente anudada... con un rico alfiler de esmeralda en el pecho: era un joven interesante, de ojos ardientes y pelos rubios...”.
(MACEDO)

Sin embargo, empecemos nuestra historia desde el principio:
Quintanilla y Vanilla forman una dupla sertaneja de bellas voces y buenas melodías. No tienen tanto éxito. “¿Por qué?” Tal vez usted se pregunte, entonces pensemos: sertanejo, voz bonita y buena música... ¿Por qué no son famosos?... No importa. Vamos a continuar nuestra historia.
Vanilla es segunda voz y viola. Quintanilla, primera voz. Ya Honorino, el “tercero” elemento de la dupla, es el compositor y empresario. Los tres viven juntos, trabajan juntos y son felices juntos. Es suya la canción Sandia Forrajéales.

Sólo, no se allega a lugar ningún,
Mi flor de sandia.
Para saber que digo la verdad
Míralas cubriendo los pies de la montaña a la puesta del sol.
Míralas de flores ta’marillas
Como sus pelos del sol.

Aunque el verano se muera, rezo para Ogún,
Mi amor no se pone como el sol.
Mi amor es sandia forrajéales
Limpio como piedras de Exú.

Allega mi flor del sandia
Y en su pecho me abriga
Para gente viajar cantando hecho “mutún”
En un barco del papel común
Músicas bellas y tiernas
De emociones eternas.

Aunque el verano se muera, rezo para Ogún,
Mi amor no se pone como el sol.
Mi amor es sandia forrajéales
Limpio como piedras de Exu.

Para mi mayor amor amparar mi amor,
Yo canto hecho “mutún”.
Para mi sublime amor amparar mi amor,
Rezo para Olorún.
Para mi único amor amparar mi amor
Planto lágrimas en las flores de sandia forrajéales.

Bellas voces y buenas melodías no tienen éxito. Bien... regresemos a nuestra historia. A la mestiza Quintanilla le gusta ser abrazada por detrás, besada por detrás, todo por detrás. Está casada con Honorino. Y a Vanilla con su piel blanca le gusta tener sus pies lavados por él. Que alegría es estar acostada en el sofá de la terraza, con los pies en el pequeño muro justo en frente de la pitanguera y tirar, lenta y fuertemente, un cubo de agua, y después sentarse en la banqueta para masajear lenta y fuertemente los pies, besarlos y tener besos y masajes recorriendo piernas arriba.
Los tres viven juntos, trabajan juntos y son felices juntos. Eso hasta que Lauro, un chico rubio, hijo del intelectual Joaquín Manuel, entró en la historia y...

“... Y el mozo rubio seguía como antes, siempre bueno y travieso; alegre y amoroso; enamorado y extravagante”.
(MACEDO)


Ofereço aos aniversariantes.
Dalgreis Lage, Mariana Cheloni Leite, Chrystian Stocler e Fernando Pires.

Explicações gerais:
Escrito entre 20 de outubro de 2012 e 21 de janeiro de 2013.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.
MACEDO, Joaquim Manoel de. O Moço Loiro. 2ª edição – São Paulo: Ática 1981. Trechos dos capítulos XL e Epílogo. O cronto fala superficialmente assim como sofreu insignificante influência da referida obra. O autor é reconhecido como um dos fundadores do romance brasileiro e um dos principais criadores teatrais do país.

Orientaciones para los hispanohablantes:

LILIAN FERREIRA – liliuni@hotmail.comLa aprendiz de la vida colabora en la revisión en español de los textos del blogue.  \  Licenciatura en Letras (UnilesteMG) e Filologia Portuguesa (Universidad de Salamanca) – Diplomas DELE – Español como Lengua Extranjera – Copy Editor en Optimizaclick – Marketing Digital

En banto (lengua de origen africana), obax y anafisa significan flores e piedras preciosas. Mis palabras son mis flores para ustedes que me leen y hago votos de que encuentren en él piedras preciosas.
Mis amigos Luís Yuner y Frederico A. Candeias me orientan:
Sobre Ogum (Ogún), Olorum (Olorún) y Exu (Exú) – Umbanda y Candomblé son dos formas diferentes de culto religioso. La Umbanda es un culto de influencia africana, católica y espiritista (kardecista), por lo tanto una cultura muy brasileña (fue creada en Brasil incluso). No todas las divinidades del candomblé son veneradas en la Umbanda, pues la primera es de matriz africana y la segunda es genuinamente brasileña con referencias de varias otras religiones. El Candomblé no contiene ningún tipo de sincretismo y existen tres “denominaciones” en Brasil. Todas oriundas de las diferentes etnias africanas, con manifestaciones similares pero distintas: el Candomblé Congo/Angola, el Candomblé del Jêje, y el Candomblé del Keto. “No es muy adecuado sincretizar Olorum con Dios porque no entendemos Dios como lo entienden los cristianos. Nosotros adoramos el Todo y lo denominamos Dios u Olorún (en mi nación – Congo/Angola – Él es llamado Nzambi)”, habla Frederico. Ogún es el mismo que San Jorge Guerrero, el señor de los metales y protector de los guerreros; y Exú es hermano de Ogún pero es más inteligente, alegre, perezoso, maquiavélico. “Todavía no es malo y lo más importante, es el responsable por la comunicación entre los humanos y los Orixás (también conocidos por Nkises)” dice Luís.
MACEDO, Joaquim Manoel de. O Moço Loiro (El Mozo Rubio – traducción libre del Rubem Leite y revisión de Lilian Ferreira). 2ª edición – São Paulo: Ática 1981. Fragmentos de los capítulos XL y Epílogo. El cruento habla superficialmente así como sofrió insignificante influencia de la referida obra. El autor es reconocido como uno de los fundadores del romance brasileño y uno de los principales creadores teatrales del Brasil.
La música sertaneja es un estilo musical brasileño heredado de la “música caipira” y de las modas de violas. Se caracterizan por sus melodías sencillas y melancólicas. Puede ser relacionada con “la música country” por ser conocida como “música do interior”.
Mutum (Mutún) es un pájaro brasileño con plumas generalmente negras, cresta y penas rizadas o lacias y pico con colores fuertes.
Pintangueira es el árbol de una fruta brasileña llamada pitanga de sabor dulce y amargo al mismo tempo.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

OLHANDO PARA TRÁS


Obax anafisa.


Em português:

- Benito! Gostei muito do Bom Criolo.
Sorrio. É um quarto interessante, tapete numa parede. Na outra, a cama e a porta. Na terceira, guarda-roupa e estante. Na última há uma poltroninha mais a janela com uma mesinha repletas de papéis, livros e um computador.
- Adolfo Caminha foi ousado ao escrevê-lo. – Entrego meu presente e acrescento: Espero que goste do que lhe trouxe.
- Deixa vê se eu adivinho... Uuum livrooo! – Fala e enquanto abre, digo:
- É muito inteligente!
- Do que fala o livro? O do Adolfo – Mariano pergunta.
- Fala da natureza humana, muitas vezes obsessiva, desleal e pusilânime.
- Sabe! Eu acho feio falar dos outros. – Comenta Taba, o dono do quarto, e Mariano não se cala:
- Também não gosto.
- Então porque você falou de Alguém? – Alfineto e Taba também:
- Fiquei triste quando me contaram o que você disse.
Olhando de um para outro pára no que tem a cara mais irritada.
- Raramente digo algo, mas quando falo é fato.
- Ah é! – Taba duvida.
- Sim! E apresentei os documentos que provam o que não calei. Não te disseram? – Pergunta colocando o copo na boca, sem tirar seus olhos dos nossos.
- Gente! Vamos escutar os cd’s que acabei de ganhar. – Taba desconversa. Então eu, diante da intimidação do anfitrião:
- Por um tempo acreditei que Adolfo ousou falar da homoafetividade por, minimamente que fosse, acreditar que os seres humanos, todos, mereçam respeito. Ou que sua obra fosse um benefício à diversidade mesmo que não tivesse tal objetivo. Mas hoje penso que simplesmente falou de algo que ele acreditasse abjeto, um dejeto da alma humana; portanto, sua obra é um desserviço à diversidade, apesar de bela.
- Qual vocês preferem – diz para acabar com o antagonismo que iniciou – Nary Faria, Nívea Paula, Adê Araújo ou Alejandro Vera?


En español:
Creación en sociedad con Lilian Ferreira.
(Yo, Rubem, estoy  contento con nuestra sociedad).

- ¡Benito! Me gustó mucho el Bueno Criolo, el libro brasileño que me regalaste.
Sonrío. Es una habitación interesante, alfombra en una pared. En la otra, la cama y la puerta. En la tercera, armario y estantería. En la última hay una pequeña poltrona más la ventana con una mesita repleta de papeles, libros y un ordenador.
- Adolfo Caminha fue osado al escribir la obra. – Entregando mí regalo, acreciento: Espero que le guste lo que le traigo.
- ¿Qué será? ¡Uuun librooo! – Habla y mientras abre el paquete, digo:
- ¡Es muy inteligente! ¡Uajajá!
- El libro, de Adolfo, ¿de qué habla? – Mariano pregunta.
- Habla de la naturaleza humana, muchas veces obsesiva, desleal y pusilánime.
- Sabes… Yo creo que es feo criticar a los demás por la espalda. – Comenta Taba, el dueño de la habitación, y Mariano no se calla:
- A mí tampoco me gusta.
- Entonces ¿Por qué has criticado a Alguien? – Crítico y Taba también:
- Me quedé triste cuando me enteré de tus comentarios.
Mirándose uno y al otro a ver quién está más enfadado.
- Raramente digo algo, pero cuando hablo es un hecho.
- ¿Sí?– Taba tiene duda.
- ¡Sí! Y presenté los documentos que comprueban lo que no callé. ¿No te lo dijeran? – Pregunta colocando la copa en la boca, sin quitar sus ojos de los nuestros.
- Oye, ¿escuchamos los cd’s que acabo de ganar? – Taba se hace el desentendido. Delante de la intimidación del anfitrión:
- Por un tiempo acredité que Adolfo osó hablar de la homoafectividad por, poco que fuese, acreditar que los seres humanos, todos merecen respeto. O que su obra fuese un beneficio a la diversidad mismo que no tuviera tal objetivo. Pero hoy pienso que sencillamente habló de algo que él creía abyecto, un deyecto del alma humana; por lo tanto, su obra, mismo siendo bella, es un inservible a la diversidad.
- ¿Cual preferís? – dice para acabar con el antagonismo que inició – ¿Nary Faria, Nívea Paula, Adê Araújo o Alejandro Vera?


Ofereço aos aniversariantes.
Valéria Alves, Perna de Palco, Srta. Valente, Douglas Brasil, Lucas G.A. Mariott, Marrione Warley, Laércio J. Louro.

LILIAN FERREIRA – liliuni@hotmail.com
Colabora (com muito prazer!) na revisão em espanhol dos textos de Rubem Leite (Obrigada, Rubem!).
Licenciatura em Letras (UnilesteMG) e Filologia Portuguesa (Universidad de Salamanca) – Diplomas DELE - Español como Lengua Extranjera – Copy Editor em Optimizaclick - Marketing Digital – Aprendiz da vida...

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.
En banto (lengua de origen africana), obax y anafisa significan flores e piedras preciosas. Mis palabras son mis flores para ustedes que me leen y hago votos de que encuentren en él piedras preciosas.
Adolfo Ferreira Caminha foi escritor brasileiro, um dos principais escritores do Naturalismo no Brasil. Nasceu em 1.867 e faleceu em 1.897. O naturalismo se baseia no que o autor considera observação fiel da realidade. Também acredita que cada ser humano é dominado pelo ambiente e pela hereditariedade.
Adolfo Ferreira Caminha fue escritor brasileño, uno de los principales escritores del Naturalismo de Brasil. Nació en 1.867 y falleció en 1.897. El naturalismo está basado en lo que el autor considera la observación fiel de la realidad. También cree que cada ser humano es dominado por el ambiente y por sus herencias culturales, biológicas y otras.


Escrito entre 11 de novembro de 2012 e 13 de janeiro de 2013.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

OLHOS EM FLOR


Obax anafisa.


Em português:

Ainda é dia, mas um casal foge de alguém. Os dois atravessam ruas, olham para todos os lados, escondem atrás dos arbustos, passam apressados. Tolos! É o melhor modo de chamar a atenção.
- Chegamos! Vamos entrar por aqui.
Diz Rosa se adentrando num bequinho sombreado por uma carreira de mamão na lateral da casa. Augusto a segue. Sobem a escada de pedreiro e pulam a janela no próximo andar. Atravessam o cômodo em construção, descem a escada para o térreo. A jovem destranca a porta para o quintal sempre olhando se não vem ninguém da casa e o rapaz olha se ninguém da rua os segue. Olha também para ver ser alguém os viu, mas é bobagem dizer que mais chamativos que eles fugindo só uma passeata de “dreguecuins”. Atravessam o quintal, escondem-se atrás de uma bananeira toda machucada. Quando duas mulheres se aproximam o par entra num barracão de reboco – um banheiro em construção. Rosa se esconde numa das baias e o garotão sem tempo maior simplesmente se abaixa. Elas não entram, porém alguém dá descarga, abre a portinha e sai, dá uns passos e vê Augusto atrás da bancada entre as baias.
- Que foi, querida. Não está se sentindo bem?
Aproxima-se, percebe que é homem ao mesmo tempo em que lhe toca o ombro.
- Olha! Vou chamar a segurança.
- Oi, amor! – Levanta a cabeça.
- Quê? Que está fazendo aqui?
Silêncio. Rosa sai da baia, Marina acha que entende e diz: Eu lhe disse. Se tivesse mais alguma eu lhe abandonava.
- Por isso a deixei, amor. Para está com você.
- Ele me deixou por você. – Diz Rosa. As duas mulheres se olham com ódio. Não, na verdade com raiva profunda. E completa: E agora eu o devolvo.
- Eim! O quê? – É só o que Gustavo consegue falar. Em uníssono sua esposa diz: Eim! O quê?
- Marina, volte a colocar os pratos que punha na mesa. – Responde Rosa. – Ele voltará a se assentar, comer barulhentamente meio de lado, limpar o suor. Feito todos os homens. E como tal não ficou nem um pouco mais velho, sequer adulto. Volte a se sentir em paz, acalentada. Se puder. Porque já me diverti. E não vou me envelhecer por ninguém.
Firme e decidida atravessa a casa. Na rua passa diante do bequinho por onde entrou. Uma flor cai do mamoeiro e outra de seus olhos.


En español:

Aún es día, mas una pareja huye de alguien. Los dos atraviesan calles, miran para todos los lados, escondiendo atrás de los arbustos, pasan apresados. ¡Tontos! Es lo mejor modo de llamar atención.
- ¡Llegamos! Vamos entrar por acá.
Dice Rosa se adentrando en un callejón sombreado por una carrera de mamón en la lateral de la casa. Augusto la siegue. Soben la escalera de albañil y pulan la ventana en el próximo andar. Atraviesan el aposento en construcción, abajan la escalera para el primer piso. La joven desbloquea la puerta para el patio trasero siempre mirando se no viene ninguna persona de la casa y el chico mira se nadie de la calle los sieguen. Mira también para ver se alguien los vio, pero es idiotez decir que más llamativos que elles huyendo sólo una paseata de “dreguecuins”. Atraviesan el patio, se esconden atrás de una bananera toda machacada. Cuando dos mujeres se aproximan el par entra en un barracón sin pintura – un bañero en construcción. Rosa se esconde en un de los reservados y el chaval sin tiempo largo simplemente se abaja. Ellas no entran, pero un barullo denuncia presencia de alguien que abre la puertita y sale, da unos pasos y ve Augusto atrás da bancada entre los reservados.
- Que fue, querida. ¿No está se sintiendo bien?
Aproximase, percebe que es hombre a lo mismo tiempo en que le toca el hombro.
- ¡Mira! Voy llamar la vigilante.
- ¡Hola, amor! – Arriba la cabeza.
- ¿Qué? ¿Que está haciendo acá?
Silencio. Rosa sale del reservado, Marina piensa que entiende e dice: Yo le dije. Se tuviere más alguna yo le abandonaba.
- Por eso la dejé, amor. Para está con usted.
- Él me dejó por usted. – Dice Rosa. Las dos mujeres se miran con odio. No, en la verdad con rabia profunda. Y completa: Ahora yo lo retorno.
- ¡Ein! ¿Qué? – Gustavo puede hablar solamente eso. En unísono su esposa dice: ¡Ein! ¿Qué?
- Marina, vuelva a poner los platos que punga en la mesa. – Contesta Rosa. – Él regresará a sentar, comer medio de lado con barullo, limpiar el sudor. Hecho todos los hombres. Y como tal no quedó ni un poco más viejo, siquiera adulto. Vuelve a se sentir en paz, tranquilizada. Se puede. Porque ya mi divertí. Y no voy mi envejecer por nadie.
Firme y decidida atraviesa la casa. En la calle pasa delante del callejón por adonde entró. Una flor cae de lo mamón y otra de sus ojos.


Ofereço como presente de aniversário (ofrezco como regalo de cumpleaños):
Rafael Fontes, Eddy Fonseca, Loraidan Anjos, Pé de Cabra Coletivo, Elton L. Macedo e Elizabeth, sua esposa.

Escrito partindo de um sonho entre os dias 28 de novembro de 2012 e 07 de janeiro de 2013.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você que me lê e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.
En banto (lengua de origen africana), obax anafisa significan flores e piedras preciosas. El texto é mis flores para usted que me lee y hago votos que encuentre en él piedras preciosas.

Pequena parte do cronto foi inspirada no poema Caso do Vestido, de Carlos Drummond de Andrade.
Pequeña parte de lo cruento fue inspirada en el poema “Caso do Vestido”, de lo poeta brasileño Carlos Drummond de Andrade.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O CANTO DO GALO


Obax anafisa.
Adeus, Ano Velho! Feliz Ano Novo!
¡Adiós, Año Viejo! ¡Feliz Año Nuevo!


Em português:

“Tudo me fala e entendo: escuto as rosas \ e os girassóis destes jardins, que um dia \ foram terras e areias dolorosas, \ por onde o passo da ambição rugia; \ por onde se arrastava, esquartejado, \ o mártir sem direito de agonia” (MEIRELES).


Coocoquêêê! – Com o primeiro canto do galo abro meus olhos. Tudo está embaçado no próximo minuto ou minuto e meio. – Cococoóóó! – Eu me espreguiço longa, lenta e deliciosamente. – Cooococoocó! – Já enxergando melhor eu me levanto. – Cocoricó! – Olho o brilho maravilhoso do sol entre as nuvens. Maravilho-me!
Horas depois.
“Foge comigo, Mulher Maravilha. Foge, foge, larga o Super Homem” coaxa Tchê Garotos¹.
- Benito, ¿que es sino? – Falo comigo mesmo.
- Sina é querer ler a escritora Cecília Meireles ou ouvir os músicos Vivaldi, Bricoleur e o casal Frei, mas escutar aquilo. – Aponto com a cabeça para a caixa de som. – Meu Deus, só não peço a morte porque não me é permitido agonizar. Tenho que ter coragem, enfrentar e vencer.
- Marcelino! Uma caipirinha, fraca, por favor, porque sou forte feito a árvore verde e marrom que suporta as tolices sobre suas raízes.
- ¿Usted es fuerte?
- Tenho cães e livros e toda sua energia me dá conforto. E tenho família. Portanto, sim, sou forte.
- ¡Usted está es borracho!
- Estou bêbado, estou bêbado e o trem de minério passa gritando – assim traduzo seus maquinários ruídos com a mesma sagacidade que traduzo seu espanhol: “RIQUEZA PRA QUÊ?”, diz o comboio.
- Sus versos son si rima. Sin embargo, ¿rima para qué? Usted es desentonado.
- Sai, abelha! – Grito quando pousa em minha mão e meu grito se cala quando a pétala do falso pau-brasil cai em meu braço esquerdo. Não sou da Direita e me aproximo da Esquerda sem ser algo nem nada.
- ¡Usted estás borracho, muy borracho! Griten las piedras: ¡usted estás borracho!
- Mas por que gritarem as pedras? Não me importa, eu não me calo. Eu escrevo!
- ¡Basta ya! No le oiré ni voy hablar más. Mejor leer.
- Melhor sair.
Atravessando o FeirArte penso no primeiro canto do galo e traduzo para mim mesmo suas palavras...
- ¿Usted entiende los gallos?, Benito.
- Você de novo? Sim, compreendo! É porque eu sou um galo! Sou homem forte e valente. Ele disse “Que socorro o quêêê!” e também sua segunda frase foi “Sou lindo!”.
- ¿Qué más dice él?
- “Sou guerreiro!” E por fim: “Sou bravo!”.
- ¡Ji ji ji! ¿Usted es valiente, guerrero y bravo? ¡Ji ji ji!
Em uma loja na avenida olho meu rosto na vitrine e depois repito Cecília Meireles: “recompunha as coisas incompletas: \ figuras inocentes, vis, atrozes, \ vigários, coronéis, ministros, poetas”. Somente assim me calo: Recompondo as coisas incompletas em mim. Ou tentando.


En español:

“Tudo me fala e entendo: escuto as rosas \ e os girassóis destes jardins, que um dia \ foram terras e areias dolorosas, \ por onde o passo da ambição rugia; \ por onde se arrastava, esquartejado, \ o mártir sem direito de agonia” (MEIRELES).


¡Coococááá! – Con el primero canto del gallo abro mis ojos. Todo está empañado en el próximo minuto o minuto e medio. – ¡Cococoóóó! – Yo me desperezo largo, lenta y deliciosamente. – ¡Cooococoocó! – Ya viendo mejor yo me levanto. – ¡Cocoricó! – Miro el brillo maravilloso del sol entre las nubes. ¡Me maravilla!
Horas después.
“Huye conmigo, Mujer Maravilla. Huye, huye, deja el Super Hombre” croa Tchê Garotos¹.
- Benito, o que é sina? – Hablo conmigo mismo.
- Sino es querer leer la escritora brasileña Cecília Meireles u oír los músicos Vivaldi, Bricoleur y la pareja Frei pero escuchar aquello. – Apunto con la cabeza para el altavoz. – Dios mío, sólo no pido la muerte porque no me es permitido agonizar. Tengo que tener coraje, enfrentar y vencer.
- Marcelino! Una caipirinha², flaca, por favor, porque soy fuerte fecho lo árbol verde e marrón que soporta las tonterías sobre sus raíces.
- Você é forte?
- Tengo perros y libros y toda su energía me da consuelo. Y tengo familia. Por lo tanto, si, soy fuerte.
- Você está é bêbado!
- Estoy borracho, estoy borracho y el tren de mineral pasa gritando – así traduzco sus maquinarias ruidos con la misma sagacidad que traduzco su portugués: “¿RIQUEZA PARA QUÉ?”, dice el tren.
- Seus versos são sem rima. No entanto, rima para quê? Você é desentoado.
- ¡Salga, abeja! – Grito cuando posa en mi mano y mi grito se calla cuando la pétalo de lo falso palo-brasil³ cae en mi brazo izquierdo. No soy da Derecha y mi aproximo da Izquierda sen ser algo ni nada.
- Você está bêbado, muito bêbado! Gritem as pedras: Você está bêbado!
- ¿Mas porqué gritaren las piedras? No me importa, yo no me callo. ¡Yo escribo!
- Chega! Não vou lhe ouvir nem vou falar mais nada. É melhor ler.
- Mejor salir.
Atravesando el FeirArte pienso en el primero canto del gallo e traduzco para mi mismo sus palabras...
- Você entende os galos, Benito?
- ¿Usted de nuevo? ¡Si, comprendo! ¡Es porque yo soy un gallo! Soy hombre fuerte y valiente. Él dice “!Que socorro naaada!” y también su segunda frase fue “!Soy lindo!”.
- Que mais ele disse?
- ¡Soy guerrero! E por fin: ¡Soy bravo!
- Ri ri ri! Você é valente, guerreiro e bravo? Ri ri ri!
En una tienda en la avenida miro mi rostro en la vitrina y después repito Cecília Meireles: “recompunha as coisas incompletas: \ figuras inocentes, vis, atrozes, \ vigários, coronéis, ministros, poetas”. Solamente así me callo: Recomponiendo las cosas incompletas en mí. O intentando.


Ofereço aos aniversariantes.
Joaquim Tiago, Gilberto Weber, Nathy Costa, Gustavo A, Spada, Eva García de Otro Mondo, Maximiano Lagares, Renan F, Brasil, Samanta Bela, Sarah Helena,

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.
En banto (una lengua africana), obax anafisa significan flores y piedras preciosas. O texto es mis flores para usted y hago votos de que encuentre en él piedras preciosas.

Escrito entre 09 e 31 de dezembro de 2012.

MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. 16ª edição – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989. Cenário. (Observação: Não traduzi para o espanhol a obra de Cecília Meireles porque não me sinto ainda capacitado para tamanha ousadia).
¹ Para alguém que queira saber mais sobre isso (fazer o quê, né?): http://www.vagalume.com.br/tche-garotos/mulher-maravilha.html
² Caipirinha (lea “caipiriña”) es una bebida brasileña mucho conocida internacionalmente. Sus ingredientes son “cachaça” (bebida alcohólica semejante a tequila, pero hecho con caña), limón, azúcar refinado y helo.
³ Palo-brasil, o como se dice en Brasil, “pau-brasil”, es lo árbol que dio nombre al país.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

TÃO IMPORTANTE COMO OUVIR E CONTAR HISTÓRIAS, É DESCOBRI-LAS¹


Obax anafisa.

Feliz Natal!
¡Feliz Navidad!


Em português:

A escola do morro, por precisar de alguém para dirigir uma peça de teatro, me convidou por indicação de um dos professores. Fui bem recebido pelo diretor, levado à sala que trabalharia sob o aroma da cantina e deixado lá com dez ou dúzia de adolescentes. No terceiro encontro vi pelos corredores um magro chato de caneta, bloquinho e conversando ao celular.
- Sei! Nina de Kastro, com k, foi seqüestrada. Que mais? Ah! Grande poeta... Mas encontrar poeta dá ibope? Ah! Intelectual. Sei! Mas intelectual... Por que vamos procurar sarna para coçar? Tem certeza? Afinal, pensante... quanto menos, melhor.
- Com licença! De que você está falando?
- Estou ocupado agora. Dá licença! – Diz “dá licença” como se dissesse “sai”, dá-me às costas e continua a falar no aparelho.
Entro na sala e dou minha aula até sentir uma vontade desesperada de ir ao banheiro. Faço o que não costumo: Deixo os alunos e vou me aliviar. Banheiro mais próximo... na sala do diretor. Eu em pleno alívio quando entra a vice. Esqueci a porta aberta. Sem graça, fecho-a feito um quase dançarino ou, mais parecido, um ginasta. Lavo as mãos, respiro, abro e saio. Ela está lá. Olhando para mim.
- Desculpe!
- Tudo bem! Foi pela necessidade.
- Não costumo deixar aberta.
- Tudo bem! O que é bonito é para ser mostrado.
- Desculpe! – Pera aí, o que ela disse? Penso, e ela com voz séria e olhar divertido diz: Está na hora de voltar à sua sala.
- Já vou. Com licença.
O magro chato falava com alguém da faxina quando eu lhe disse que conheço a Nina. Ele pega gravador e me senta à mesa de refeição.
- Seu nome?
- Benito Bardo Junior.
Digo não entender porque a seqüestraram. Ela não é rica. O sujeito insiste nisso como possível motivo para seqüestro. Então lhe digo que, segundo palavras frequentes da poeta “Pela graça de Jesus e bênção de Deus nunca me falta nada” e que apesar de não saber nada sobre sua conta bancária não imagino dinheiro como causa do sumiço.
- O que você faz aqui? – Persiste no assunto.
- Estou ajudando a professora de arte a dirigir uma peça.
- Por quê?
- Também sou artista.
- Artista? Também...
- Sim! Sou escritor, poeta, diretor e professor de teatro.
- Sei... Um intelectual!
- Prefiro o termo pensante.
- Dois intelectuais... e poetas... Muitas coisas para pensar... concordar... discordar... Discutir! – Depois de me observar fria e silenciosamente por um longo tempo ele me manda sair. Na porta sinto minha espinha gelar com seu olhar para minhas costas e...
Onde estou? Por que preso nessa cadeira?


En español:

La escuela del morro, por necesitar de alguien para dirigir un espectáculo del teatro, me convidó por indicación de un de los profesores. Fui bien recibido pelo director, levado al aula que trabajaría debajo del aroma del refectorio y dejado allá con diez o docena de adolescentes. En el tercero encuentro vi por el pasillo un delgado molesto con estilográfico, cuadernillo y conversando al teléfono móvil.
- ¡Sé! Nina de Kastro, con k, fue secuestrada. ¿Que más? ¡Ah! Grande poeta... ¿Pero encontrar poeta es bueno para nosotros? ¡Ah! Intelectual. ¡Sé! Pero intelectual... Mas, es como se dice “Quien ama el peligro, en él perece” o sea ¿Por que vamos preocupar con intelectuales? ¿Tiene certeza? Al fin, pensante... cuanto menos, mejor.
- ¡Con permiso! ¿De que usted está hablando?
- Estoy ocupado ahora. ¡Da licencia! – Dice “da licencia” como se hablase “salga”, ignórame y continúa a hablar en el aparato.
Entro en la aula y doy lección até sentir una voluntad desesperada de ir al bañero. No acostumbro hacer pero no aguanté, entonces dejé mis alumnos y me fui aliviar. Bañero más prójimo... en la directoria. Yo estaba en pleno alivio cuando entra la directora adjunta. Olvidé la puerta abierta. Sin gracia, la cierro hecho un casi danzarín, o más parecido, un gimnasta. Lavo las manos, respiro, abro e sayo. Ella está allá. Mirándome.
- ¡Perdóname!
- ¡Todo bien! Fue por la necesidad.
- No acostumbro dejar abierta.
- ¡Todo bien! Lo que es bonito es para ser exhibido.
- ¡Perdóname! – ¿Lo que ella dice? Pienso, e ella con voz seria e mirada divertida habla: Está en la hora de volver a su aula.
- Ya voy. Con permiso.
El delgado molesto hablaba con alguien de la limpieza cuando yo le dice que conozco la Nina. Él pega magnetófono y me sienta a la mesa de comida.
- ¿Su nombre?
- Benito Bardo Junior.
Digo no entender porque fue secuestrada. Ella no es rica. El sujeto insiste en eso como posible motivo para secuestro. Entonces le digo que, según palabras frequentes de la poeta “Pela gracia de Jesús y bendición de Dios nunca me falta nada” y que a pesar de no saber nada sobre su cuenta bancaria no imagino dinero como causa do desaparición de mi amiga.
- ¿O que usted hace acá? – Persiste en el asunto.
- Estoy ayudando la profesora de arte a dirigir un espectáculo.
- ¿Por qué?
- También soy artista.
- ¿Artista? También…
- ¡Si! Soy escritor, poeta, director e profesor de teatro.
- Sé... ¡Un intelectual!
- Prefiero el vocablo pensante.
Habla para si mismo, entre los dientes:
- Dos intelectuales... y poetas... Muchas cosas para pensar… concordar… discordar… ¡Discutir! – Después de mí observar fría y silenciosamente por un largo tiempo él me manda salir. En la puerta siento mí espinazo helar con su mirada para mis espaldas y...
¿Adonde estoy? ¿Por qué estoy preso en esa silla?


Ofereço aos aniversariantes.
Juliana Novaes, Alison W. Martins, Jhoyce Oliveira, Natalia Coutto, Éderson Caldas, Artur Freitas, Tatiana C.S.V. Brandão, Pedro H. Souza, Kívia Kiara.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

Escrito entre 10 de outubro e 24 de dezembro de 2012.

O título é uma frase do delicioso texto de DOMINGUES, Thiago – Quando Nasce a Hora – retirado do sítio Palavras e Gavetas na manhã do “fim do mundo” de 2012:

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

CAMINHOS DO RIO


Obax anafisa.


Em português:

O antigo caminho do rio
Já foi aqui, agora não é mais
Tento rir, mas não, mal sorrio
Já vi e já senti coisas demais.

É aquela velha história
O rio... o rio nunca passa duas vezes...
Assim porque lutar por glória
Se mudo todos os dias, todos os meses.

Escrever para ser memória?
Em vida pouco tenho e nada sou
E quero dinheiro e vitória.

Escrevo porque sou palavra
Também sou antigo caminho do rio
Que na arte se lava e se lavra.

Em espanhol:

El antiguo camino de lo río
Ya fue aquí, ahora no es más
Intento reír, pero mal sonrío
Ya vi y también sentí cosas demás.

De nuevo aquella vieja historia
El río… el río nunca pasa dos veces…
Así porque luchar por tanta gloria
Mudo todos los días, todos los meses.

¿Escribir para ser sólo memoria?
Poco tengo y soy nadie en la vida
Deseo dinero y quiero victoria.

Hermano, escribo porque soy palabra
Y soy antiguo camino de lo río
Que en la cultura se lava y si labra.


Ofereço aos aniversariantes.
Amanda K. Nobre, Fábio S. Rodrigues, Wyllon Jheffer, Gerci Santos, Nadieli Sathler, Joe Arthuso, Renata Matos, Clayton Heringer e Mayron Engel.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

Escrito entre 13 e 17 de dezembro de 2012.
O soneto me foi inspirado pelas palavras que Alano Barbosa me disse sobre o meu cronto Cacto, postado 10-12-12 no aRTISTA e aRTEIRO. Obrigado, Alano.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

CACTO


Obax anafisa.


É a avenida Londrina, no bairro Veneza. Meu irmão e um cunhado seu bebem em um bar. Uma mesinha bonita, de ferro, branca. Ao redor, para dar charme, muro alto de madeira e algumas samambaias e arbustos. Vendo-os, entro sorridente e sérios eles me dizem “Você é desagradável”. Não, eles dizem mais docemente, gostam de mim: “Você não é agradável”.
- Lembra da brincadeira da profissão?
Pelo rosto digo que não.
- Médico... e depois diz uma coisa não simpática (lembremos que eles gostam de mim, não usam a expressão pesada: antipático), Cozinheiro... e algo não simpático.
- Lembro! – Digo com um sorriso tolo.
- Por isso o dono do boteco perto de casa disse que não lhe quer mais lá. E também porque está devendo.
Levanto, despeço-me e saio consciente que eles diziam mais com aquilo. Não era do botequim que falavam.
À minha frente o sol cora o céu.
Subo o morro da rua Niterói para visitar uma amiga.
- Luci Ana, está?
- Não!
Seu pai ia descer para lhe dar um recado. Ofereço-me para entregá-lo já que eu ia lá para baixo mesmo. Aliviado o idoso me diz e volta para dentro enquanto me afasto.
À minha frente o céu vermelho tem um toque laranja.
Matutando minhas dívidas fantasio como saudá-las e atravesso o Campo do bigode e entro na avenida Livramento. Algumas mulheres, moças e meninas vestidas de indianas ciganas havaianas vão começar uma dança. Eu as reconheço. O público aumenta vertiginosamente. Passo por elas enquanto se apresentam, admirando-as contorno todo o público e vou-me embora ouvindo a música.
- “Convoquen a la Guarda Nacional para dar fin a lo peligro mortal. Un pasional pájaro carpintero a las puertas de lo Poder Público Municipal puede atacar la caradura de aquellas terribles personas”. Uma das dançarinas saiu despercebida de sua formação e me assustou se posicionando à minha frente para me dizer tal profecia, metáfora ou o que não tem sentido e desaparece.
À minha frente o céu vermelho tem um toque laranja e azul marinho.
Eu sou a favor do vício desenfreado. Sou um tarado por livros. Não vivo sem eles. E estou “desencaminhando” muitos jovens com tamanho defeito. – Pensando assim eu não sinto o peso em minha cabeça.
- Usted es malo, mucho malo. ¡Un ofensor de menudos con los libros, a través de su arte, un transmisor del virus de la libertad! ¡Uajajá! – Depois do riso, a seriedade – ¡No olvide de nadie! ¡Todo es lo usted! – A artista apareceu no último raio do sol, disse e sumiu na noite.
Um aluno meu disse que parou de usar entorpecentes porque começou a ler livro depois que tanto falei deles para sua turma. Fiquei muito contente quando ele me disse isso, assim, do nada e sem outro motivo além de compartilhar sua alegria. Não me esqueço de tudo que sou e à minha frente a noite emoldura a lua minguante sobre um cacto com sua bela amarela flor rugosa ou rústica.


Ofereço aos aniversariantes
Biblioteca Leitura e Olhares, Rayssa Rangel, Éldison M. Paravidino, Chimeni Lins, Camila Santos, Nubia Teodoro, Renata Sousa.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você que me lê e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

Embasado num sonho escrevi entre os dias 02 de novembro e 10 de dezembro de 2012.