domingo, 26 de agosto de 2018

IRONIAS NÃO SÃO FLORES



Em português:

Sexta-feira de linda noite de lua e nuvens. 

De sua varanda olhava as nuvens vestindo a noite. E ouviu sem saber de onde um uivo bonito, mas não percebeu, subindo a rua, como que dançando, a voz, o uivo. Fechou os olhos para sentir o vento suave e ver dentro de si a lua fora. Não percebeu a escalar a parede o dançarino uivante. Mas sentiu o abraço carinhoso, quente e forte. Deliciou-se com os arranhões em sua pele. Gozou com a mordida. No início da manhã de sábado acordou feliz. No meio da tarde sentiu dor ao descobrir a PEC 95 que põe em cheque A Declaração Universal dos Direitos Humanos ao congelar por duas décadas recursos na Educação, Saúde e diversas outras áreas. No fim da noite desceu a rua para uivar. Mas não só.
Domingo foi ao Feirarte e, entrando na ironia, a mentira comemora algo insólito. A humanidade é pela verdade. Saindo da ironia: Hoje é Páscoa. Ressurreição de Cristo. Depois de uma noite dolorosa Ele ressurge. Voltando à ironia: Loiro de olhos de raposa... Não! Dela saindo de novo: Não e não. Era de pele marrom, íris preta, laterais branca. Preto e branco: Um Galo!
Marley Tal canta e seu violão encanta. Não sabe os nomes das pessoas na guitarra, no baixo e no teclado; ignorá-los lhe incomoda, mas realmente desconhece.
Ele está consigo. Vontade de chorar no momento, distante. Vontade de não ter se levantado da cama; de não acordar antes.
Está consigo e lhe acompanham Paulo Freire, James Baldwin e João Cabral de Melo Neto. Eles lhe consolam. Seus filhos Poesia Completa e Prosa, Giovanni e Pedagogía del Oprimido brincam no Feirarte vazio. Jogo do GAAAAALOOO com rarrarrapozinha. Marley torce distorcido; Marcelo também, mas os drinques destes são bons e as músicas daquele também.
La humanización y la deshumanización son inconclusas. El hombre es algo mutable, nunca exacto. ¿Cuál es la vocación del hombre si no la humanización?
Freire lhe diz com outras palavras e ele se pergunta: humanizar quem?
- Fale de você!
- Como?
- Fale de si. Você só fala dos outros.
- Eu sou alguém? E sendo eu alguém, falando de outros falo de mim ou falo só dos outros?
- Não sei...
- Nem eu sei. Mas falo do ser humano. Sendo eu um ser humano... O que sou? De quem falo?
- Não sei.
Marley Tal canta: “O amor tem sabor para quem bebe a sua água”.
- Sua alma, ela é quente?
- O quê?
Uma cadela branca de médio porte anda buscando restos. Deu-lhe o que comer. Agora não a vê. Mas quantos restos há para pessoas? Por que não compartilhar? Sua ignorância é tanta que não consegue responder. Imagina, mas não sabe. Melo Neto diz: “Uma chuva fina   /   caiu na toalha   /   molhou as roupas   /   encheu os copos.   /   Esfriou os corações”. E ele se pergunta se é a chuva que nos deixou frios.
De sua mesa olha as pessoas comendo, bebendo, andando, trabalhando, indo ou saindo dos banheiros, falando... Falando, mas quem conversa? Dialoga consigo, com seus pares, com os livros? Com ansiedade espera as quatro semanas que faltam para uivar bonito. E seu uivo diz muito.


En español:

IRONÍAS NO SON FLORES


Viernes de linda noche de luna y nubes. 

De su balcón miraba las nubes vistiendo la noche. Y escuchó sin saber adónde un aullido bonito, pero no percibió, subiendo la calle, como que bailando, la voz, el aullido. Cerró los ojos para sentir el viento suave y ver dentro de sí la luna fuera. No percibió a escalar la pared el bailarín aullante. Pero, sintió el abrazo cariñoso, caliente y fuerte. Se deleitó con los rasguños en su piel. Gozó con la mordida. Al inicio da la mañana de sábado despertó feliz. Al medio de la tarde sintió dolor al descubrir la PEC 95 que pone en jaque La Declaración Universal de los Derechos Humanos al congelar por dos décadas recursos en la Educación, Salud y diversas otras áreas. Al fin de la noche bajó la calle para ulular. Sin embargo, no solo.
Domingo fue al Feirarte y, entrando en la ironía: la mentira conmemora algo insólito. La humanidad es por la verdad. Saliendo de la ironía: Hoy es Pascua. Resurrección de Cristo. Tras una noche dolorosa Él resurge. Volviendo a la ironía: Rubio de ojos de zorro. ¡No! De ella saliendo otra vez: ¡No y no! Era de piel marrón, iris negra, laterales blancos. Negro y blanco: ¡Un Gallo!
Marley Tal canta y su guitarra encanta. No sabe los nombres de las personas en las guitarras eléctricas, en el bajo y en el teclado; ignorarlos le incomoda, pero realmente desconoce.
Está consigo. Ganas de llorar en el momento, distante. Voluntad de no tenerse levantado de la cama; de no despertarse antes.
Está consigo y le acompañan Paulo Freire, James Baldwin y João Cabral de Melo Neto. Ellos le consuelan. Sus hijos Poesia Completa e Prosa, Giovanni y Pedagogía del Oprimido juegan en el Feirarte vacío. Partido del Gaaaaallooo con los zorritos-tos-tos. El aliento de Marley es macilento; el de Marcelo también, pero los aperitivos de esto son buenos y la música de aquél igual.
A humanização e a desumanização são inconclusas. O homem é algo mutável, nunca exato. Qual é a vocação do homem se não a humanização?
 Freire le dijo con otras palabras y se pregunta: ¿humanizar quién?
- ¡Habla de ti!
- ¿Qué?
- Habla de ti. Sólo hablas de los otros.
- ¿Soy alguien? Y siendo yo alguien, ¿hablando de los otros hablo de mí o hablo solamente de los otros?
- No sé…
- Yo tampoco. Pero hablo del ser humano. Siendo yo un ser humano… ¿Qué soy? ¿De quién hablo?
- No lo sé.
Marley Tal canta: “El amor tiene sabor para quien bebe su agua”.
- Su alma, ¿ella es caliente?
- ¿Qué?
Una perra blanca de medio porte anda buscando restos. Le dio. Ahora no la ve. Pero, ¿cuantos restos hay para las personas? ¿Por qué no compartir? Su ignorancia es tanta que no sabe responder. Imagina, pero no sabe. Melo Neto dijo: “Una lluvia fina   / cayó en la toalla   /   mojó las ropas   /   llenó los vasos.   /   Resfrió los corazones”. Y se pregunta si es la lluvia que nos ha dejado fríos.
De su mesa mira las personas comiendo, bebiendo, andando, trabajando, yendo o saliendo de los baños, hablando… Hablando, ¿pero quién conversa? ¿Dialoga consigo, con sus pares, con los libros? Con ansiedad espera las cuatro semanas que faltan para ulular bonito. Y su aullido dice mucho.


Ofereço como presente aos aniversariantes:
Ronal Faria, Federico RazaPerro y con retraso (perdón): Carlos Glauss.

Recomendo a leitura de:
“Lula: ‘sebastianismo’ ou ‘fato-maldito’ do Brasil burguês?”, de Javier Villanueva:
“SOS”, de Girvany de Morais:
“Contra si”, de Carlos Glauss (Glaussim):

Revisión gramatical en español: Julian Cabral.

 Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Imagens:
Vestido da Noite (Vestido de la Noche) – Fotos do autor.
Dinossauro Datilógrafo – Fotógrafo ignorado. Piquenique Dramatizado, 2015.

Manuscrito no domingo de 01 de abril de 2018. Digitado em 22 de maio; trabalhado nas duas línguas entre os dias 24 e 26 de agosto do mesmo ano.

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