Em português:
Sexta-feira de linda noite de lua e nuvens.
De sua varanda olhava as nuvens vestindo a noite. E ouviu
sem saber de onde um uivo bonito, mas não percebeu, subindo a rua, como que
dançando, a voz, o uivo. Fechou os olhos para sentir o vento suave e ver dentro
de si a lua fora. Não percebeu a escalar a parede o dançarino uivante. Mas sentiu
o abraço carinhoso, quente e forte. Deliciou-se com os arranhões em sua pele.
Gozou com a mordida. No início da manhã de sábado acordou feliz. No meio da
tarde sentiu dor ao descobrir a PEC 95 que põe em cheque A Declaração Universal
dos Direitos Humanos ao congelar por duas décadas recursos na Educação, Saúde e
diversas outras áreas. No fim da noite desceu a rua para uivar. Mas não só.
Domingo foi ao Feirarte e, entrando na ironia, a
mentira comemora algo insólito. A humanidade é pela verdade. Saindo da ironia: Hoje
é Páscoa. Ressurreição de Cristo. Depois de uma noite dolorosa Ele ressurge.
Voltando à ironia: Loiro de olhos de raposa... Não! Dela saindo de novo: Não e
não. Era de pele marrom, íris preta, laterais branca. Preto e branco: Um Galo!
Marley Tal canta e seu violão encanta. Não sabe os
nomes das pessoas na guitarra, no baixo e no teclado; ignorá-los lhe incomoda,
mas realmente desconhece.
Ele está consigo. Vontade de chorar no momento,
distante. Vontade de não ter se levantado da cama; de não acordar antes.
Está consigo e lhe acompanham Paulo Freire, James
Baldwin e João Cabral de Melo Neto. Eles lhe consolam. Seus filhos Poesia
Completa e Prosa, Giovanni e Pedagogía del Oprimido brincam no Feirarte vazio.
Jogo do GAAAAALOOO com rarrarrapozinha. Marley torce distorcido; Marcelo
também, mas os drinques destes são bons e as músicas daquele também.
La
humanización y la deshumanización son inconclusas. El hombre es algo mutable,
nunca exacto. ¿Cuál es la vocación del hombre si no la humanización?
Freire lhe diz com outras palavras e ele se pergunta:
humanizar quem?
- Fale de você!
- Como?
- Fale de si. Você só fala dos outros.
- Eu sou alguém? E sendo eu alguém, falando de outros
falo de mim ou falo só dos outros?
- Não sei...
- Nem eu sei. Mas falo do ser humano. Sendo eu um ser
humano... O que sou? De quem falo?
- Não sei.
Marley Tal canta: “O amor tem sabor para quem bebe a
sua água”.
- Sua alma, ela é quente?
- O quê?
Uma cadela branca de médio porte anda buscando restos.
Deu-lhe o que comer. Agora não a vê. Mas quantos restos há para pessoas? Por que
não compartilhar? Sua ignorância é tanta que não consegue responder. Imagina,
mas não sabe. Melo Neto diz: “Uma chuva fina
/ caiu na toalha /
molhou as roupas / encheu os copos. /
Esfriou os corações”. E ele se pergunta se é a chuva que nos deixou
frios.
De sua mesa olha as pessoas comendo, bebendo,
andando, trabalhando, indo ou saindo dos banheiros, falando... Falando, mas
quem conversa? Dialoga consigo, com seus pares, com os livros? Com ansiedade espera
as quatro semanas que faltam para uivar bonito. E seu uivo diz muito.
En español:
IRONÍAS NO
SON FLORES
Viernes
de linda noche de luna y nubes.
De su
balcón miraba las nubes vistiendo la noche. Y escuchó sin saber adónde un aullido
bonito, pero no percibió, subiendo la calle, como que bailando, la voz, el
aullido. Cerró los ojos para sentir el viento suave y ver dentro de sí la luna
fuera. No percibió a escalar la pared el bailarín aullante. Pero, sintió el
abrazo cariñoso, caliente y fuerte. Se deleitó con los rasguños en su piel. Gozó
con la mordida. Al inicio da la mañana de sábado despertó feliz. Al medio de la
tarde sintió dolor al descubrir la PEC 95 que pone en jaque La Declaración
Universal de los Derechos Humanos al congelar por dos décadas recursos en la
Educación, Salud y diversas otras áreas. Al fin de la noche bajó la calle para ulular.
Sin embargo, no solo.
Domingo
fue al Feirarte y, entrando en la ironía: la mentira conmemora algo insólito.
La humanidad es por la verdad. Saliendo de la ironía: Hoy es Pascua.
Resurrección de Cristo. Tras una noche dolorosa Él resurge. Volviendo a la
ironía: Rubio de ojos de zorro. ¡No! De ella saliendo otra vez: ¡No y no! Era
de piel marrón, iris negra, laterales blancos. Negro y blanco: ¡Un Gallo!
Marley
Tal canta y su guitarra encanta. No sabe los nombres de las personas en las
guitarras eléctricas, en el bajo y en el teclado; ignorarlos le incomoda, pero
realmente desconoce.
Está
consigo. Ganas de llorar en el momento, distante. Voluntad de no tenerse levantado
de la cama; de no despertarse antes.
Está
consigo y le acompañan Paulo Freire, James Baldwin y João Cabral de Melo Neto. Ellos
le consuelan. Sus hijos Poesia Completa e Prosa, Giovanni y Pedagogía del
Oprimido juegan en el Feirarte vacío. Partido del Gaaaaallooo con los zorritos-tos-tos.
El aliento de Marley es macilento; el de Marcelo también, pero los aperitivos
de esto son buenos y la música de aquél igual.
A humanização e a desumanização são inconclusas. O
homem é algo mutável, nunca exato. Qual é a vocação do homem se não a
humanização?
Freire le dijo con otras
palabras y se pregunta: ¿humanizar quién?
- ¡Habla
de ti!
-
¿Qué?
-
Habla de ti. Sólo hablas de los otros.
-
¿Soy alguien? Y siendo yo alguien, ¿hablando de los otros hablo de mí o hablo
solamente de los otros?
- No
sé…
- Yo
tampoco. Pero hablo del ser humano. Siendo yo un ser humano… ¿Qué soy? ¿De
quién hablo?
- No
lo sé.
Marley
Tal canta: “El amor tiene sabor para quien bebe su agua”.
- Su
alma, ¿ella es caliente?
-
¿Qué?
Una
perra blanca de medio porte anda buscando restos. Le dio. Ahora no la ve. Pero,
¿cuantos restos hay para las personas? ¿Por qué no compartir? Su ignorancia es
tanta que no sabe responder. Imagina, pero no sabe. Melo Neto dijo: “Una lluvia
fina / cayó en la toalla /
mojó las ropas / llenó los vasos. /
Resfrió los corazones”. Y se pregunta si es la lluvia que nos ha dejado
fríos.
De
su mesa mira las personas comiendo, bebiendo, andando, trabajando, yendo o
saliendo de los baños, hablando… Hablando, ¿pero quién conversa? ¿Dialoga
consigo, con sus pares, con los libros? Con ansiedad espera las cuatro semanas
que faltan para ulular bonito. Y su aullido dice mucho.
Ofereço como presente aos aniversariantes:
Ronal Faria,
Federico RazaPerro y con retraso (perdón): Carlos Glauss.
Recomendo a leitura de:
“Lula: ‘sebastianismo’ ou ‘fato-maldito’ do Brasil burguês?”,
de Javier Villanueva:
“SOS”, de Girvany de Morais:
“Contra si”, de Carlos Glauss (Glaussim):
Revisión
gramatical en español: Julian Cabral.
Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e
publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad
Substantiam às quintas-feiras. É
professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também
professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em
“Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”,
“Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor
dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”,
“Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua
Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do
Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões,
Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Imagens:
Vestido da Noite (Vestido de la Noche) – Fotos do autor.
Dinossauro Datilógrafo – Fotógrafo ignorado. Piquenique
Dramatizado, 2015.
Manuscrito no domingo de 01 de abril de 2018. Digitado em
22 de maio; trabalhado nas duas línguas entre os dias 24 e 26 de agosto do mesmo ano.
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