domingo, 14 de abril de 2019

ESTRELAS PODEM SER INTERPRETADAS COMO UM CORPO NEGRO


Pelo fim da violência contra artistas de rua.
Por não outros mais oitenta tiros...
E pelo fim do culto à ignorância e ao ódio.

Uma escola viaja. Sai do mais longe cantão da cidade. Lugar que para ir o ônibus gasta em estrada de chão umas dezenas de minutos; passando por gentes, galinhas, cachorros, porcos e muitas árvores de frutas ou de flores nos quintais.
Uma folhagem roxa de flores lilás plantada em uma panela na janela da sala dos professores, despercebida transmite serenidade nos momentos de aula. Mas é noite e todas as salas estão vazias enquanto as poltronas do ônibus têm ocupantes. Vão à Milho Verde. Todos em suas melhores roupas limpas e velhas.
O professor não. Parece uma vela acesa com suas sandálias de couro com brancas tiras ímpares e pretas tiras em pares; veste calça vermelha e camisa bicolor: Amarelo na barra e branco em cima. Sua cabeça toda pintada de azul. Ou seria ele uma estrela? Sol forte.
Da extravagante figura há quem não ria?
Machado de Assis, José de Alencar e Rui Barbosa discutem no mais além.
- A essa vela há que apagar-se.
- Não que não.
- Pergunte à vela.
- Vela, apague-se! – Apoiado por Barbosa, ordena Alencar.

Se me apago
Ouvirão dos mulatos e dos índios
Os seus cantos.
E se te forem pouco
– porque para vocês isso nada basta –
Eles e os outros perseguidos
Me acenderão.

Consternados, Barbosa e Alencar se multiplicam em milhões de rostos que se creem melhores; pobres de direita.
Assis se multiplica em outros rostos, cores e sexualidades. Um terço que se reconhece, valoriza e busca outros lugares. Espalha-se! 

Mas a escola conta com suas flores para não ficar vazia.


Ofereço como presente ao aniversariante Sérgio Campos.
Ofereço também aos meus recentes amigos de fb: Mia Oliveira, Nívia Paula, Vilma Pereira e Gabriel Miguel.

Recomendo a leitura de:
“O Estranho Apartamento do Professor Clodoberto”, de Rosana Rios. São Paulo: Giz Editorial. www.gizeditorial.com.br
“68 Anos e o Ano 1968”, de Javier Villanueva:
"A Matéria Vida Era Tão Fina", deste macróbio que vos fala:

No dia 15 de janeiro de 2019 o Governo Federal brasileiro assinou seu primeiro decreto. Este facilita o porte de armas por praticamente qualquer um.
Já um ex-presidente, agora preso político, teve como primeiro decreto o combate à fome.

Título: LOOS, Pedro. Por que não existem estrelas verdes. Disponível https://universoracionalista.org/por-que-nao-existem-estrelas-verdes/ . Acesso 14 Abr 2019.

Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Imagens:
Flores na Panela – duas fotos do autor;
Rubem de chapéu – foto de Vinícius Siman.

Este texto nasceu de um sonho que me despertou no meio da madrugada do dia 16 de janeiro de 2019. E foi trabalhado no dia 05 de fevereiro e depois entre 10 e 14 de abril do mesmo ano.

Nenhum comentário: