segunda-feira, 8 de abril de 2013

DIÁLOGOS DAS VIDAS


Obax anafisa.

“Alegra uma alma saber que é acreditada”.
(DOSTOIEVSKI, 1978)



- Estou confusa, Pastô Mala e Faia. Tento parar de pensar em sexo, mas o sexo me pensa.
- Sangue de Jesus tem poder. Diz isso não, irmã Filiciana. Que é pecado. Mulé num pode pensar nisso porque nasceu só pra procria. Basta fica quietinha e deixá o marido trabaiá em nome de Jesus.
- Mazuquifáçu então para encontrar a salvação, pastô?
- Já pagou o milízimo?
- Já, pastô.
- Então pensa em Jesus. E pra melhor pensar passa no nosso shopping Cobrar Corbã, do outro lado da rua e adquira um fio do pelo de um dos porcos onde Jesus botô os diabos e afogou. O fio de pelo vai acalmar e apagar o fogo do inferninho que a senhora tem aí.
A brisa passa pela palmeira no jardim e nada passa na cabeça de certos fieis.
- Pastô eu fiz direitim tudo quiô sinhô mandô e num deu certo. Continuo com o fôgu no infernim.
- Então, irmã, só tem uma solução. Pra apagar seu fogo maldito só minha mangueira bendita.
A brisa na palmeira do jardim e nada na cabeça dos fieis.
E nos infiéis:
- O senhor está diante deste júri pelo mal uso de seu poder e abuso de suas fiéis.
- Culpa de Deus que me deu mais pau que cérebro, então o coração pra atender a demanda, bombeia e distribui o sangue desordenadamente, e sempre falta pra cabeça, mais perto do céu, pois vai quase tudo pra mais perto do chão.


Ofereço aos aniversariantes.
Carlos Passos, Nívea Paula, Saddian Nunes, Carmen L. Souza, Marcos Inter, Tamara Oliveira, Márcio dos Santos, Mayra Loures, Demetrios N. Gualberto e Cleiton Zambianchi.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.
Escrito entre 24 de setembro de 2012 e 08 de abril de 2013.
DOSTOIEVSKI, Fiódor. A Casa dos Mortos. São Paulo: Editora Edibolso, 1978.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

DO PUDOR AO FLAGRANTE


Obax anafisa.


“A campainha continuava tocando, o mascarado não ia embora e eu nu, dentro da casa, lívido de medo, sem saber o que fazer. Me lembrei que na cozinha tinha um facão grande. Abri a porta brandindo o facão ameaçadoramente, mas era uma freira velha quem estava lá em pé, com aquela coisa preta que elas usam na cabeça”.
(FONSECA, 1989).

A tarde está nublada, abafada, relampejante. A janela está irrequieta. O tempo e a janela estão simplesmente refletindo Miranda. A cerveja acabou, a pipoca acabou, o cigarro acabou, o filme acabou. Só lhe resta dormir para não ver o tempo passar. Deita do jeito que está, sem a cueca suja que tirou para lavar e que ficou o dia inteiro lhe esperando na pia do banheiro. Fecha os olhos, ressona e a campainha toca. O homem ignora. Toca de novo. Ele vira para a direita. Toca mais uma vez. Abre os olhos. Toca. Levanta. Abre a porta. Uma velha freira arregala os olhos, vê o meio-mole-meio-duro de quem acabou de sair da cama, engasga, grita e sai correndo. Devido ao desânimo nem ri nem se incomoda. Vai à geladeira e continua vazia. Volta para a cama, fecha os olhos, ressona e a campainha toca. Ignora. Toca de novo. Ele vira para a esquerda. Toca mais uma vez. Abre os olhos. Toca. Levanta. Abre a porta. Marisa, a vizinha, arregala os olhos, vê o meio-mole-meio-duro, engasga, sorri e entra. O que vem a seguir dá para imaginar. O que vem depois eu conto. Ela dorme cansada, ardida, batida, sorrindo. Miranda se levanta, vai à área de serviço e volta com sua faca de prazer. Finalmente o ânimo e, junto, o ter o que fazer. E faz. A campainha toca. Ignora. Toca de novo. Levanta a cabeça. Toca outra vez. Vira o rosto em direção ao som. Toca mais uma vez. Lava as mãos. Toca. Atende a porta. De uma acusação de atentado ao pudor para flagrante de assassinato. Um ano depois o primeiro julgamento.
Aí eu acordo. O dia não passa, então deito e durmo.
A tarde está nublada, abafada, com poucas trovoadas. A janela bate, abre, bate. Ambas refletem seu estado de espírito. Nada há na geladeira, nos armários. Dorme para não ver o tempo passar. Deita do jeito que ficou o dia todo: sujo e nu. Fecha os olhos, ressona e a campainha toca. O homem ignora. Toca de novo. Ele vira para a direita. Toca mais uma vez. Abre os olhos. Toca. Levanta. Abre a porta. Dona Morte, de Maurício de Souza, arregala os olhos, vê o meio-mole-meio-duro de quem acabou de sair da cama, engasga, grita e sai correndo balançando a foice. Fecha a porta e vai à geladeira vazia. Então volta para a cama, fecha os olhos, ressona e a campainha toca. Ignora. Toca de novo. Ele vira para a esquerda. Toca mais uma vez. Abre os olhos. Toca. Levanta. Abre a porta. Marisa, a vizinha, arregala os olhos, vê o meio-mole-meio-duro, engasga, sorri e entra. O que vem depois você já sabe, inclusive sua morte. Enquanto ela dormia, pegou a faca, matou e destrinchou animadamente com sua faca de prazer. A campainha toca. Ignora. Toca de novo. Levanta a cabeça. Toca outra vez. Vira o rosto em direção ao som. Toca mais uma vez. Lava as mãos. Toca. Atende a porta. De uma acusação de atentado ao pudor para flagrante de assassinato. Dois anos depois outro julgamento.
Aí eu acordo. O dia não passa, então deito e durmo.
A tarde... A janela... Seu estado de espírito. Tudo acabou. Nada há. Dorme para não ver o tempo passar. A campainha toca. Com custo levanta, abre a porta. O negão de toga lhe lembra o Batman quase lhe fazendo sorrir. O Desembargador Joaquim Barbosa arregala os olhos, vê o meio-mole-meio-duro de quem acabou de sair da cama, engasga, grita e sai correndo com sua toga balançando ao vento. Volta para a cama. A campainha. Marisa arregala os olhos, vê o meio-mole-meio-duro, engasga, sorri, entra, goza, morre. A campainha toca. De uma acusação de atentado ao pudor para flagrante de assassinato. Tempos depois o derradeiro julgamento.
Aí eu acordo. O dia não passa, então deito e durmo.
A tarde... A janela... O estado de espírito...
Morte! Pudor! Flagrante!


Ofereço aos aniversariantes:
Antônio Pirralho, Roniara Domingues, Vera H.S. Rossi, Gledson Pagung, Magali Santos, Lúcio Braga, Rosane Dias, Stevan Olivar, Roberta Bragança e Marcone Alvarenga.

FONSECA, Rubem. Feliz Ano Novo. 2ª edição – São Paulo: Companhia das Letras, 1989. Conto Agruras de um jovem escritor.
¹ Mauricio de Souza é cartunista e empresário brasileiro criador de personagens feito Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali y muitos outros. Dona Morte, uma delas, faz parte de “Penadinho e sua Turma” que pode ser encontrada no periódico mensal Turma da Mônica. Mais informações: www.monica.com.br
Quando meses atrás coloquei no “feicebuque” o trechinho de Fonseca que introduz o nosso presente cronto, Robinson Ayres Pimenta, sugeriu-me uma história assim: “Hoje, ao invés da freira, o personagem poderia ter encontrado o Joaquim Barbosa de toga ‘modelito Batman’... Que tal? Fincaria o pé da ficção na mais humana e bruta realidade destes nossos tempos bicudos. Como diria o Ibrahim Sued, colunista social famosíssimo nas décadas de 50 e 60 do século passado: ‘O mar não está para peixe e cavalo não desce escada!’.”
Joaquim Benedito Barbosa Gomes é um advogado, professor, Jurista e magistrado brasileiro. É também membro do Supremo Tribunal Federal de Brasil.
Escrito entre os dias 25 de janeiro e 04 de abril de 2013.
Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você que me lê e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

sexta-feira, 29 de março de 2013

JARDIM DE INFÂNCIA


Obax anafisa.

Domingo de Ramos
Anunciação
Sexta-feira da Paixão


Em português:

“Odeio os mornos. Tenho pena do medo dos que dizem que estão conosco para o que der e vier, porém, em público, não se atrevem a dar o menor sinal desse apoio tão veementemente afirmado; o medo ao diferente; ao juízo do grande olho do “muro” (novo cenário do discurso, novo lugar para o pânico cênico); o medo a uma declaração real do que se crê justo; e o medo de envolvimento. Nada, eu não gosto desse medo e nenhum temor beneficia alguém”.
(VERA).

O rapaz, camisa branca, dins, cabelos castanhos despenteados aos pés do prédio velho, feio, de tijolinhos.
- Alexandre, seu imprestável, que faz que não trabalha?
Seu olhar nada responde além de estar perdido e triste. Sua mãe, carregando a grade bolsa alvirrubra, como a bandeira de Minas, sobe a escadinha do prédio. Em seu pescoço um velho cachecol combina com a blusa de frio formando as cores da bandeira nacional. Apenas exclama
- O Brasil não tem mais salvação!
Prepara o jantar, come sozinha, assiste tv, deita e dorme ouvindo o barulho do filho na cozinha. Acorda, sai para trabalhar e volta para encontrar o garoto no mesmo lugar, no mesmo jeito. Sobe a escadinha do prédio balançando, nervosa e conformada, sua cabeça. Prepara o jantar, come sozinha, assiste a tv, deita e dorme com os ruídos do rapaz pela casa. Acorda, vai trabalhar e quando volta, ainda longe de casa, ouve um tiro e seu coração dói sem saber por quê.
Nas tvs, à frente do mapa do país que cobre toda a tela, a repórter comenta:
- A criminalidade no Brasil está crescendo entre os jovens. Ontem mais uma mãe chora por seu filho que foi morto. A polícia não tem explicação para o ocorrido. – Troca-se a imagem por olhos vermelhos sobre uma grossa camisa combinada com cachecol. Por que, meu Deus, por quê? Ele era tão jovem e seu coração tão triste”. – Lamenta a mãe e a repórter pergunta sabiamente: Qual é seu sentimento diante de tal situação?”. Nem para olhar para a idiota tem força. Só possui lágrimas.
Com o tempo as lágrimas se formaram rios e regaram o seco jardim de seu coração. Não! Não foi mágica que lhe aconteceu e sim a necessidade de afeto que fez com que ela fosse ajudar em uma creche.
Um pássaro voa sobre uma árvore em seu jardim.


En español:
En sociedad con Lilian Ferreira:

“Odio las medias tintas. Me apena el miedo de los que dicen que están con nosotros en lo que creemos y necesitamos, pero que en público no se atreven a dar una mínima señal de ese apoyo tan fervientemente señalado; el miedo a la ‘otredad’, al juicio del ojo grande del ‘muro’ (nuevo escenario del discurso, nuevo lugar para el pánico escénico); el miedo a una declaración real de lo que se cree justo; el miedo a involucrarse. Nada, que no me gusta ese miedo, y que ningún miedo es cosa buena para nadie”.
(VERA).

El chico, camisa blanca, vaqueros, pelo castaño despeinado a los pies del predio viejo, feo, de ladrillos.
- Alejandro, inútil, ¿que haces que no trabajas?
Su mirada nada contesta. Sus ojos apenas están perdidos y tristes. Su madre, llevando la gran bolsa verde, sube la escalera del predio. En su cuello una vieja bufanda armoniza con un jersey formando los colores de la bandera nacional. Apenas exclama
- ¡Chile ya no tiene salvación!
Prepara la comida, cena sola, ve la tele, se acuesta y se duerme oyendo lo ruido del hijo en la cocina. Se despierta, va al trabajo y vuelve para encontrar al muchacho en el mismo lugar, de la misma manera. Sube la pequeña escalera del predio oscilando, nerviosa y conformada, su cabeza. Prepara la comida, cena sola, ve la tele, se echa y se duerme con el chasquido del rapaz por la casa. Acuerda, se va al trabajo y al volver, aún lejos de casa, oye un disparo y le duele el corazón, sin saber porque.
En la tele, delante del mapa del país que cubre toda la pantalla, la reportera comenta:
- La criminalidad en Chile crece entre los jóvenes. Ayer más una madre llora por su hijo muerto. La policía no tiene explicación para lo ocurrido. La imagen es cambiada por unos ojos rojos sobre una gruesa camisa combinada con una bufanda. – “¿Porqué, Dios mío, porqué? Él era tan joven y su corazón tan triste”. – Lamenta la madre y la reportera pregunta sabiamente: “¿Cuál es su sentimiento entre tal situación?”. Ni para mirar a la estúpida tiene fuerza. Sólo tiene lágrimas.
Con el pasar del tiempo las lágrimas si hicieron ríos y regaron el seco jardín de su corazón. ¡No! No fue magia lo que aconteció y sí la necesidad de afecto que hizo con que ella fuese a ayudar en una guardería.
Un pájaro vuela sobre un árbol en su jardín.


Ofereço aos aniversariantes.
Murilo Cruz, Marco Go Round, Ranulfo L Gonçalves, Letícia Reis, Vagner Llari, Maria Cabral, Claudinei Souza, Liliane Melo, Patrícia Dias e Maíto Chagas.

Em português:
Inspirado em sonho.
VERA, Alejandro. Músico uruguaio, no facebook. Tradução livre de Rubem Leite e revisão de Lilian Ferreira.
Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.
Escrito entre 13 de dezembro de 2012 e 29 de março de 2013.

En español:
LILIAN FERREIRA – liliuni@hotmail.com – La aprendiz de la vida colabora en la revisión en español de los textos del blog.  \  Licenciatura en Letras (Unileste MG) e Filología Portuguesa (Universidad de Salamanca) – Diplomas DELE – Español como Lengua Extranjera – Copy Editor en Optimizaclick – Marketing Digital.

Inspirado en un sueño.
VERA, Alejandro. Músico uruguayo, en Facebook.
En banto (lengua de origen africana), obax y anafisa significan flores e piedras preciosas. Mis palabras son mis flores para ustedes que me leen y hago votos de que encuentren en él piedras preciosas.
Escrito entre el 13 de diciembre de 2012 e el 29 de marzo de 2013.

sexta-feira, 22 de março de 2013

A BARATA DISSE


Obax anafisa.


Em português:

“tão importante como ouvir e contar histórias, é descobri-las. (...) Se alguém gostaria de conhecer o inferno, basta não incentivar uma criança a sonhar. O sonho é sempre um convite para realidades desconhecidas”.
(DOMINGUES).

A barata diz que tem sete saias de filó. É mentira da barata que ela tem é uma só. Rarrarrá, rorrorrô! Ela tem é uma só. Rarrarrá, rorrorrô! Ela tem é uma só.
A musiquinha infantil grudou em mim.
Sete horas na rua Uberlândia em um prédio esquinado com Sabará. Um saco humano acocorado. Bunda no chão; encostados ao glúteo dois pés imundos, calcanhares unidos, dedos espalmados apontam para todos os lados. Joelhos agarrados aos seios que poderiam ter sido flores, mas como tais quedam-se murchas. Ladeando o joelho esquerdo a cabeça se pende. Cobrindo-a cabelos que teriam sidos loiros escorrem como baba nauseante.
Um espectro passa por mim. Tento ignorá-la. O despojo que presenciei já me doeu para querer mais. O fantasma me vendo não querer enxergar nem a coisa nem a assombração exclama “Andréa... Andréa... Andréa”. A boca inarticula o que me parece: “André... André”. O que meus ouvidos captam é apenas sua dificuldade de se expressar.
Finalmente Andréa se manifesta. Levanta sua cabeça. Os olhos perpassam a pesada cortina de cabelos e olham para o nada.
- Andréa, me dê um careta.
Silêncio.
- Vamos, Andréa, me dê um careta.
Nada.
- Andréa, me dê logo essa porra de cigarro.
- A barata diz que tem sete saias de filó. – Canta lenta, quase pausadamente. A cabeça roda ao ritmo e seus olhos nada vêem. – É mentira da barata que ela tem é uma só. Rarrarrá, rorrorrô! Ela tem... é uma só. Rarrarrá, rorrorrô! Ela tem é uma só.


En español:
En sociedad con Lilian Ferreira:

“tan importante como oír y contar historias, es descubrirlas. (...) Si a alguien le gustaría conocer el infierno, basta con no incentivar un niño a soñar. El sueño es siempre un convite a realidades desconocidas”.
(DOMINGUES).

La cucaracha dice tener siete faldas de tul. Es mentira de la cucaracha que ella tiene solo una. ¡Jajajá, jojojó! Ella tiene solo una. ¡Jajajá, jojojó! Ella tiene solo una.
Se me pegó la canción infantil.
Siete horas en la calle “Uberlândia” en un edificio que hace esquina con la “Sabará”. Una bolsa de basura humana en cuclillas. Dos pies sucios apoyados en el culo en el suelo, calcañares unidos, dedos espalmados apuntan hacia todos los lados. Rodillas agarradas a los senos que podrían haber sido flores y, como tales, quedan marchitadas. Ladeando la rodilla izquierda la cabeza se pende. Cubriéndola, pelos que habían sido rubios escurren como baba nauseante.
Un espectro pasa por mí. Intento ignorarlo. Lo que presencié ya me dolió lo suficiente como para querer más. El fantasma viéndome no querer entrever ni la cosa ni la calavera exclama “Andrea... Andrea... Andrea”. La boca balbucea lo que a mi parece: “André... André”, pero percibo a tiempo que mis oídos captaron apenas su dificultad de expresarse.
Finalmente Andrea se manifiesta. Levanta su cabeza. Los ojos atraviesan la pesada cortina de pelo y miran hacia la nada.
- Andrea, dame un cigarrillo.
Silencio.
- Vamos, Andrea, dame un cigarrillo.
Nada.
- Andrea, ¡dame luego este puto cigarrillo!
- La cucaracha dice tener siete faldas de tul. – Canta lenta, casi pausadamente. La cabeza gira en el mismo ritmo y sus ojos nada ven. – Es mentira de la cucaracha que ella tiene solo una. ¡Jajajá, jojojó! Ella tiene solo una. ¡Jajajá, jojojó! Ella tiene solo una.


Ofereço aos aniversariantes:
Darone Chagas, Marcelo Oliveira, Marcio G. M. Silva, Eliane J.M. Santos, Suely Medeiros, Camila Valadares, Jéferson A. Fernandes, Maria Cloenes e Davi Paiva e Rafael A. L. Macedo.

Em português:
DOMINGUES, Thiago – Quando Nasce a Hora – retirado do sítio Palavras e Gavetas na manhã do “fim do mundo” de 2012: http://palavrasegavetas.blogspot.com.br/2012/12/onde-nasce-hora.html
Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.
Escrito entre 22 de dezembro de 2012 e 22 de março de 2013.

En español:
LILIAN FERREIRA – liliuni@hotmail.comLa aprendiz de la vida colabora en la revisión en español de los textos del blogue.  \  Licenciatura en Letras (UnilesteMG) e Filologia Portuguesa (Universidad de Salamanca) – Diplomas DELE – Español como Lengua Extranjera – Copy Editor en Optimizaclick – Marketing Digital.

DOMINGUES, Thiago (Traducción libre del Rubem Leite). Quando Nasce a Hora (Cuando nace la hora). Extraído de la página web Palavras e Gavetas, en la mañana del “fin del mundo” de 2012:
Escrito entre el 22 de diciembre de 2012 y el 22 de marzo de 2013.
En banto (lengua de origen africana), obax y anafisa significan flores e piedras preciosas. Mis palabras son mis flores para ustedes que me leen y hago votos de que encuentren en él piedras preciosas.

sexta-feira, 15 de março de 2013

FUMOS E HUMUS


Obax anafisa.


Em português:

- Cê é muzuscogus?
- Quê?
- Cê é muzzgu?
Minha cara diz não entender.
- Cê é múzzico?
- Ah... Não!
- Sóóó! Cê fais viulíiinu?
- Eu?
- Como se chama quem fais viulíiinu?
Demoro alguns bons segundos, mas lembro e respondo: Lutier.
- Legaaal! Carpinteiiro, né?
Olho para a grama.
- Cê é italiaano?
- Não, sou mineiro.
- Legaaal! Como é Portugaal?
A grama aponta para o céu.
- Que cê tá lendo?
- A Bela e a Fera, de Clarice Lispector.
- Legaaal! Escreve para mim o nome do liiivro.
Diz e me entrega uma nota de R$2,00 para anotar o nome.
- Legaaal! Romanceiro da Inconfidência...
Não foi o que escrevi, mas acho que viu repousando ao meu lado o livro de Cecília Meireles e misturou entre a fumaça as duas informações.
- No romance o cara conta tudo sobre a mociiinha. Que cidade da Espanha você nasceu?
Sentado no degrau do teatro de arena ponho um pé na grama. Não tarda e uma formiga sobe por ele.
- Mivendi sua caneta?
- É lapiseira. E preciso dela para trabalhar.
- Maneeeiro! Liga nusseu celulaaar. Liga a cobraaar que quero comprar caixa de sooom.
Olho para a grama sob meu pé sob a formiga.
- Cê já vai voltar pro’ruguai? Legaaal!
Levanta e se vai numa nuvem de fumaça aromática.


En español:
Creación en sociedad con Lilian Ferreira:

- ¿Eres cantuzzuantis?
- ¿Qué?
- ¿Eres canstaaantes?
Mi cara dice no entender.
- ¿Eres cantaaante?
- Ah... ¡No!
- ¡Aaan! ¿Haces violín?
- ¿Yo?
- Como se llama quién hace viulííín?
Tardo un buen rato, pero lo recuerdo y contesto: Luthier.
- ¡Guaaayyy! Carpinteeero, ¿Cierto?
Miro la hierba.
- ¿Eres italiaano?
- No, soy minero. Natural de Brasil.
- ¡Cojonuuudo! ¿Cómo es Portugaal?
La hierba apunta al cielo.
- ¿Qué lees?
- La Bella y la Bestia, de Clarice Lispector.
- ¡Geniaalll! Escríbeme el nombre del liiibro.
Lo dice y me deja un billete de dos reales para apuntar el nombre.
- ¡Guaaayyy! Romancero de la Inconfidencia...
No fue lo que escribí, pero creo que vio reposando a mi lado el libro de Cecília Meireles y mezcló la información entre el humo.
- En el romance el chico habla todo sobre la chiiica. ¿En qué ciudad de España naciste?
Sentado en un escalón del teatro de arena, pongo un pié en la hierba. No tarda mucho y una hormiga sube por él.
- ¿Me vendes tu bolígrafo?
- Es un lapicero. Y lo necesito para trabajar.
- ¡Cojonuuuudo! Llama por tu teléfono móóóvil. Llama a cobro revertido que quiero comprar un altavoooz.
Miro para la hierba debajo de mi pié debajo de la hormiga.
- ¿Ya vas a volver a Uruguay? ¡Geniaaalll!
Se levanta y se va en una nube de humo aromático.


Ofereço como presente de aniversário aos meus queridos:
Gustavo Lacerda, Lene Teixeira, Sirlene A, Souza, Elisângela A. Santana, Dalbert Benjamim, Lara Luft, Elton da Costa, Maílson F. Viana.

Em português:
Escrito entre um meio de tarde e um fim da madrugada – 10 de fevereiro e 15 de março de 2013.
Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você que me lê e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

En español:
LILIAN FERREIRA – liliuni@hotmail.comLa aprendiz de la vida colabora en la revisión en español de los textos del blogue.  \  Licenciatura en Letras (UnilesteMG) e Filologia Portuguesa (Universidad de Salamanca) – Diplomas DELE – Español como Lengua Extranjera – Copy Editor en Optimizaclick – Marketing Digital.

Escrito entre la media tarde y la madrugada del 10 de febrero y 15 de marzo de 2013.
Clarice Lispector y Cecília Meireles son dos escritoras brasileñas muy importantes.
En banto (lengua de origen africana), obax y anafisa significan flores e piedras preciosas. Mis palabras son mis flores para ustedes que me leen y hago votos de que encuentren en él piedras preciosas.

sexta-feira, 8 de março de 2013

QUEM VELARÁ AS ÁRVORES MORTAS II


Obax anafisa.


Oiti verdejante tem um terço de sua copa queimada pela estupidez humana. E debaixo do belo adolescente chorão acontece nossa história às duas e cinquenta da manhã.
- Deus há de te pagar. – Um homem fala devagar, mas com angústia. – Deus há de te pagar. Deus há de te pagar. Deus há de te pagar. Deus há de te pagar.
Uma mulher responde algo que pouco escuto.
- Deus há de te pagar. – Fala com a mesma angústia, mas mais depressa. – Deus há de te pagar. Deus há de te pagar. Deus há de te pagar. Deus há de te pagar.
A mesma voz incompreensível de mulher.
- Deus há de te pagar. – Fala com raiva e depois com sentimento de impotência. – Deus há de te pagar. Deus há de te pagar. Deus há de te pagar. Deus há de te pagar. Deus há de te pagar.
A mulher lhe diz: Ocê e Magnólia, paguem as pedra ou sofra as consecuença.
- Deus há de te pagar. – Fala chorando. – Deus há de te pagar. Deus há de te pagar. Deus há de te pagar. Deus há de te pagar. Deus há de te pagar.
Pau viaja conhecendo o outro, o pardal viaja para longe e as árvores estão estáticas. Entre um oiti verdejante e um adolescente chorão a nossa história continua às quatro e meia da manhã.
- Magnólia! Abra a bolsa!
- Num meche em minha bolsa. Deixa eu impaiz!
Ela e o namorado se abraçam.
- Abra a bolsa, sua acabada nas pedra!
- Eu num sô maconhante.
- Mintrega essa bolsa logo!
- Quem fica maconhando são oceis. Não nóis. – Diz o rapaz e a garota completa: Maconhar é coisa doceis, não da gente.
- Cês num são gente. Mintrega logo.
Pau e mãos viajam conhecendo o outro e encurtando espaços, os pardais viajam para longe e as árvores estão estáticas.


Ofereço aos aniversariantes:
Hingrid Linhares, Emerson P. Brito, Átila Nonato, Marco A. Parisotto, Lúcia Ramos, Sebastián Rivas (Arte Em Palillos), Paulo H.B. Rodrigues (Ph Sr Kayô) e Thiago Vaz.

Veja a primeira parte aqui no aRTISTA e aRTEIRO, dia 22-02-2013.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

Escrito entre 27 de fevereiro e 08 de março de 2013.
Como diz a escritora Nena de Castro ao término de suas crônicas semanais “Pelo fim da violência contra a mulher” e acrescento: e pelo fim da violência contra toda pessoa.

sexta-feira, 1 de março de 2013

RESILIÊNCIA


Obax anafisa.


- Cesfrega asfoia de melão de são nicolau, joga nucuadô, tacapodicafé, muito, praficá beeem amargo e despej’água frevente. Cenenvai prupronto socorr. Nunserá a dengue que vai te matá. – Diz a benzedeira para o cidadão.
O povo não pode ir ao médico porque tem que trabalhar.
Trabalhar ou consultar, eis a questão. Dormir na fila do posto ou descansar para trabalhar? O remédio ou a comida? Ó dúvidas cruéis.
Flores de buguenvile cobrem de branco o muro cinzento. Numa calçada um ramo de matinho desponta e no Centro uma flor rosada rompe o asfalto.
- É, Benito, de dengue não morre, mas do chá... – Disseram fulano, beltrano e sicrano ao compartilhar-lhes o ocorrido. Eu não sei se morrerão ou não. Mas será que ninguém mais viu a sabedoria popular ou a beleza das flores?


Ofereço aos aniversariantes:
Túlio Silva, Christine D.P. Sathler, Suzana G. Simões, Josiane Hungria, Isabela Guerra, André Beraldino, Mariza L. Souza, Esteban C. Pasquali e Domingos S.E. Tibúrcio.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

Escrito entre 21 de janeiro e 01 de março de 2013.