segunda-feira, 29 de julho de 2013

OS LIBERTADORES DA AMÉRICA



Obax anafisa.


Foi uma manhã estafante essa. – Pensa depois que chegou à praça perto do local de trabalho. – E acho que não vai melhorar. Olha para a grama a sua frente e tira o paletó escuro sobre sua camisa verde bebê.
- Tome!
- Am! Quero uma de vinte.
- Toma logo e não me enche.
- Como? Só quero vinte reais.
- O senhor está me achando com cara de caixa eletrônico de pobre, daquele bairro onde mora? Isto se aquele lugar tivesse dinheiro que não fosse roubado.
- Quê? Mais respeito com as pessoas, seu... Ah! Não me interessa. Não vou brigar nem me envolver. Só preciso de R$20,00.
- Recuso-me a sujar minhas engrenagens, a macular a santidade do templo que é este equipamento – eu –, com... não vou falar essa mixaria. E contente-se por eu não lhe dar R$100,00. Ah... Rirri. O senhorrr não tem, não é? Ridículo!
- Quero vinte reais.
- Já disse que não. Se quiser miséria procure outra máquina.
Mexe na gravata ainda pensando no banco. Nem tinha percebido direito o sujeito que passou em direção ao quiosque. Era um cliente. Seguiu a travessia do homem até seu olhar se encontrar com as flores rosadas da escumilha.
- Estou preocupado e chateado.
- Com o quê?
- Sabe aquela situação chata onde mandam a gente escolher, algo como “ou eu ou ele”?
- Hum, sei como.
- Pois é, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro estão exigindo que eu escolha um deles para ler primeiro, mas não estou conseguindo. Que fazer? Quero todos... Um harém de livros. Já pensou?
Do banco ao lado dois homens de meia idade conversam. Mesmo não querendo, ouve e quase se diverte. Mas transfere sua atenção para a estátua de um político que não fez saneamento básico, nem asfaltos, nem escolas, nem centro culturais ou de esporte, mas fez praças abandonadas e fontes que não funcionam e acertava na loteria todas as semanas. Belo busto debaixo das amarelas flores de acácia. Olha as horas no celular.
Eu, a-cre-di-to! Eu, a-cre-di-to! Eu, a-cre-di-to! Eu, a-cre-di-to! A exclamação ultrapassou as distâncias como o frio que veio do Sul. Ambos dando arrepios. Para alguns, gostosos, para outros, de horror. O início era nada, depois um grito longo, anseios, outro grito prolongado, angústia atrás de angústia, um erro bom, um acerto bom, acerto ruim, acerto bom, acerto ruim, acerto bom, acerto ruim, acerto bom. Acreditou.
Pensou no jogo de ontem e tira uma goma de mascar do bolso, põe na boca e mastiga com educação. Pelo menos isso tem. Olha as horas, estica os músculos do braço, arruma a gravata, veste o paletó e volta para onde não quer.
No fim do dia entregará no ônibus a nota de vinte, o trocador lhe deixará passar, vai sentar e o funcionário lhe organizará o troco. O ônibus andará, andará, andará e nada. Vai olhar para saber o porque da demora e “Cinco... dez... quinze... vinte centavos”. Conseguirá rir, um pouquinho. Então chegará a casa, verá novela, jantará a comida por necessidade e a esposa sem vontade. Depois vai dormir e o sol vai florir.


Ofereço como presente de aniversário:
Anilton Reis, Victor do Carmo, Rogério Pires, Eliberto Campos, Freddy Cosme, Martín Ramirez, Cioli F. Rodrigues e Camile Gracian.

Estou contente! Em breve o ebook bilingue (espanhol-português) de poemas URDIDUMBRE – URDUME. Espero que adquira e creio que vai gostar.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

Escrito entre 20 e 29 de julho de 2013.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

RESPIRAÇÃO & LLUVIA PARA LOS PECES

Obax anafisa.

Abaixo, dois poemas diferentes. Um em português e o segundo em espanhol.
Abajo, dos poemas diferentes. Uno en portugués y el segundo en español.


Aar aar ar ar aaaaaar aar aaaaaaaaaaaaaarr arraaaar.
Aar arfe ar aaaarfe ar arfee arfe arfeeeee aarfee arfe.
Aaarr aar. Entra uma ideia, um teorema.
Aarfee. Sai um conto, crônica ou poema.
Aar aar ar ar aaaaaar arraaaar.
Aar arfe ar aaaar aarfee arfe.
Aaarr aar. Entra uma dor.
Aarfee. Sai uma dança, um ato de ator.
Aar aar ar ar.
Aar arfe aarfee.
Aar ar. Entra uma possibilidade.
Arfe arfe. Sai uma musica ou pintura confrontado a cidade.


En la oscuridad mi alma llora
Sus palabras son útiles
Hecho
Lluvia
Para los peces en el mar
¿Yo?
He escrito
Bajo
La claridad del sol
Pero sus ojos son hechos pared
Aún así mis palabras son musgos
Que propagan como césped en la tierra.


Ofereço como presente de aniversário:
Selma S.C. Barros, Luiz Poeta, Arlisson Toledo e Rosalina Botelho.
E também para as entidades, grupos e seus integrantes:
Bélico, Literatura Fantástica e Cnb Culture.

Estou contente! Em breve o ebook bilingue (espanhol-português) de poemas URDIDUMBRE – URDUME, pela editora Círculo de Artes. Espero que adquira e creio que vai gostar.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.


Escrito entre 07 e 22 de julho de 2013.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

DECIDIDO



Obax anafisa.


Doze horas no terreiro
E com o sol nascente
Sinto vinagrado cheiro
Sinto-me ainda dormente

Divertido Decidido
Descansa em água corrente
Ou, não estou decidido,
Esforça em terra semente.

No quarto, sala ou banheiro
Eu... Eu e meu companheiro.
Por entre a seda rasgada

– Por postes na madrugada –
Eu e meus cães queridos...
Tenho os dias socorridos!


Ofereço como presente de aniversário:
Solange Maria, Jean Nascimento, Marildo Silva, Rosi Sabino, João F.B. Araújo, F. Otávio M. Silva, Carla Ap. Weber, Cristiane Faria, Rochelli Anício, Andressa Moreira, Karine Danielly, Simone Soares e Marcos Teixeira.

Estou contente! Em breve o ebook bilingue (espanhol-português) de poemas URDIDUMBRE – URDUME, pela editora Círculo de Artes. Espero que adquira e creio que vai gostar.

Meu cãozinho Decidido morreu domingo, 17 horas do dia 30 de junho de 2013.
Soneto escrito entre 01 e 15 de julho de 2013.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

UM CÍRCULO



Obax anafisa.


Quais os seres humanos que não repassam o que receberam? Poucos!
No curta Vida Maria, cada Maria é um sujeito ativo e também passivo, mas nunca senhora de si. Submete-se aos mais fortes e submete os mais fracos. Uma Maria repete com outra, o que fizeram com ela. Passivamente não estudou, casou, teve seus filhos na seca. Único momento ativo é impedindo uma criança de estudar.
Vemos em Memórias Póstumas de Brás Cubas um liberto que comprou um escravo e nele montava de cavalinho, repetindo em uma catarse tardia as humilhações sofridas no passado.
Tal escravo podia ter feito diferente? Ser generoso com seu escravo ou maduramente não ter nenhum por saber quão horrível é o cativeiro? Linda imagem. Linda história. Mas não foi o que aconteceu. Guardar presa a sete chaves as agruras não é para qualquer um e dizer que assim deveria ser é fácil. Difícil é viver. Esquecemos mui facilmente as ofensas dadas e raramente abandonamos as ofensas sofridas. Cada qual tem o direito de odiar os maus, mas para se livrar dos males é preciso coragem de abrir mão de tais direitos.
Já no capítulo sete d’A Revolução dos Bichos há uma tentativa de rebelião quando as galinhas foram obrigadas a entregarem inclusive os ovos que garantiriam futuras ninhadas. Segundo o “poder público” as nove que morreram foram de doença. As que sobreviveram capitularam. Foram covardes por não morrerem de fome como as outras? Eu nunca passei fome; somente fiz jejum por motivos religiosos ou de saúde. Fome é apetite sem esperança, disse alguém.
Em junho de 2013 inúmeras cidades do Brasil promoveram uma semana de diversos protestos, desde o aumento da passagem de ônibus à corrupção deslavada nas três esferas do poder público. No ano anterior a classe artística de Ipatinga realizou uma semana de luto pela morte da cultura no município. Dentre as muitas atividades realizamos pelas ruas do Centro um féretro com um cênico caixão. No salão da Câmara dos Vereadores e, principalmente, na porta da sala do prefeito foram realizadas as “cerimônias” fúnebres. E porque os agentes culturais do município perseveram em revitalizá-la, nos próximos dias 12 e 13 de julho (2013) haverá a 4ª Conferência Municipal de Cultura em Ipatinga, com o tema “Uma política de Estado para a cultura: Desafios do Sistema Nacional de Cultura”.
Do lado A, nossa necessidade e vontade de melhorar. Do lado B, o outro que impede. Quem vencerá?
Em suma:
O importante é aprendermos a transformar pedras em poemas e não ficarmos apenas parados com a pedra no meio do caminho. A vida é um círculo, mas é também coragem. É resiliência.


Ofereço como presente de aniversário:
Cínara Viana, Tânia Ribas, Rosangela Santos, Otávio Zoroastro e Eliane Abreu.

Estou contente! Em breve o ebook bilingue (espanhol-português) de poemas URDIDUMBRE – URDUME, pela editora Círculo de Artes. Espero que adquira e creio que vai gostar.

ASSIS, Machado. Livro Memórias Póstumas de Brás Cubas.
ORWELL, George. Livro A Revolução dos Bichos
RAMOS, Márcio. Animação Vida Maria. Patrocinado pela Secretaria de Cultura do Ceará, Brasil.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

Escrito para um artigo de opinião, trabalho da disciplina Competências Linguísticas e Midiáticas, UnB (Universidade de Brasília), professoras Janaína A. Ferraz e Aya (Ormezinda Mª Ribeiro), tutora Rosa Mª Olimpio. Junho\julho de 2013.

REDAÇÃO DE OPINIÃO:
a) Após a leitura de vários pontos de vista, anote num papel os argumentos que achou melhor, eles podem ser úteis para fundamentar o ponto de vista que você irá desenvolver.
b) Ao compor seu texto, leve em consideração o interlocutor: quem irá ler sua produção. A linguagem deve ser adequada ao gênero e ao perfil do público leitor.
c) Escolha os argumentos, entre os que anotou, que podem fundamentar a ideia principal do texto de modo mais consciente e desenvolva-os.
d) Pense num enunciado capaz de expressar a ideia principal que pretende defender.
e) Pense na melhor forma possível de concluir seu texto: retome o que foi exposto, ou confirme a ideia principal, ou faça uma citação de algum escritor ou alguém importante na área relativa ao tema debatido.
f) Crie um título que desperte o interesse e a curiosidade do leitor.
g) Formate seu texto em colunas e coloque entre elas uma chamada (um importante e pequeno trecho do seu texto).
h) Após o término, releia o texto observando se nele você se posiciona claramente sobre o tema; se a ideia é fundamentada em argumentos fortes e se estão bem desenvolvidos; se a linguagem está adequada ao gênero; se o texto apresenta título e se é convidativo e, por fim, observe se o texto como um todo é persuasivo. Reescreva-o se necessário.

FERRAZ, Janaína de Aquino & RIBEIRO, Ormezinda Maria (Aya). Oficina de produção de textos: Competências linguísticas e midiáticas. UnB (Universidade de Brasília).

segunda-feira, 1 de julho de 2013

EU LIVRO A VIRGEM


Obax anafisa.




Meu olhar tonto foi crescendo
Diante dos seus olhos
Quis possuir por inteiro
Escorrendo entre óleos.

Meu olhar penetrou íntimo
Segredos, nenhum de alcova
(Ainda não possuía),
Segredos de alma moça.

Convido meio sem jeito
A ver livro sobre o leito
Vê-me um e outro lábio.

Eu? Eu igualmente inábil
Dessa nunca mais livro
Tocamo-nos em um livro.


Ofereço como presente de aniversário:
Lemuel da Cruz Gandara, Cláudia Turatti, Pierre André, Daniel R. Salgado, Gui Rodrigues, Alano O. Barrbosa, Dalizete Peixoto, Rita E. Rocha, Tairony Novais, Sueli M.B. Silva e Ronalla Kelly.

Estou contente! Em breve o ebook bilingue (espanhol-português) de poemas URDIDUMBRE – URDUME, pela editora Círculo de Artes. Espero que adquira e creio que vai gostar.

Inspirado no capítulo Olhos de Ressaca do livro Dom Casmurro, de Machado de Assis.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

Escrito entre 07 de fevereiro e 01 de julho de 2013.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

O QUE SÃO OS OLHARES




Obax anafisa.


“... meus olhos depois viram a maçaneta que girava, mas ela em movimento se esquecia na retina como um objeto sem vida, um som sem vibração, ou um sopro escuro no porão da memória; foram pancadas num momento que puseram em sobressalto e desespero as coisas letárgicas do meu quarto; num salto leve e silencioso, me pus de pé, me curvando pra pegar a toalha estendida no chão; apertei os olhos enquanto enxugava a mão, agitei em seguida a cabeça pra agitar meus olhos, apanhei a camisa jogada na cadeira, escondi na calça meu sexo roxo e obscuro, dei logo uns passos e abri uma das folhas me recuando atrás dela: era meu irmão mais velho que estava na porta; assim que ele entrou, ficamos de frente um para o outro, nossos olhos parados, era um espaço de terra seca que nos separava, tinha susto e espanto nesse pó, mas não era uma descoberta, nem sei o que era, e não nos dizíamos nada”.
(NASSAR).


Thiago, Tuca, eu e umas cervejas num bar de praça discutimos futebol, mulher e... E no céu a lua espera a nuvem.
- Eu li uma matéria no Diário do Aço o que uma pessoa disse a respeito do craque... Na opinião dela falam do craque de uma maneira muito avassaladora e que esta droga pode ser comparada a cachaça. Ridículo isso. Que fez varias entrevistas com usuários e que realmente o craque não é ISSO TUDO que pregam... PELO AMOR DE DEUS, essa mulher, super bem formada, com Doutorado, ta de brincadeira, não? Tudo que a sociedade está precisando é DE NÃO OUVIR uma coisa dessas... Eu, como lutador pelo NÃO uso de drogas e principalmente do craque, fiquei CHOCADO E TRAUMATIZADO... Leiam no jornal. QUERO REGISTRAR AQUI toda minha “discordância” com tudo que ela falou. Mesmo “dizendo” haver feito INÚMERAS ENTREVISTAS e estudos para chegar a este veredicto... SE o craque não for isso tudo que vejo a, no mínimo, vinte anos por aí, fui MUITO BEM enganado!...  DEUS abençoe a todos e nos livre desse mal.
- Calma, cara! Para você dar uma relaxada, mais um copo. – Garçom, mais uma. – Vamos falar um pouco de literatura ou de português e depois a gente volta ao assunto.
- Certo! Eu gostaria de saber se escrevo com h ou não o que disse acima.
- O quê?
- “Se o craque não for isso tudo que veja a, sem h, ou há, com h, no mínimo, vinte anos”.
- Quando há distanciamento no tempo usa-se a preposição “a”, não o verbo haver. Uma dica para saber se usa o verbo basta trocar por “faz”, se não mudar o sentido, ok. Se eu disser “há uma semana que não beijo” ou “faz uma semana que não beijo”, estou falando a mesma coisa, né?
- Sim. Mas cê tá com esse atraso todo? Rirri!
- Cê besta, sô! Tô não. Uarrarrá! Mas ao se tratar de algo que já passou, usa-se o verbo na forma “há”, mas se falar de algo que ainda está acontecendo ou de um intervalo no tempo usa-se a preposição “a”. portanto, se fôssemos escrever sua fala usaríamos a preposição, ficando assim “se o craque não for isso tudo que vejo a, no mínimo, vinte anos por aí”.
Thiago rindo: A gente tá normal não. Até gramática entrou no assunto.
- Já que estamos variado, vamos falar então de literatura, o que você tem lido? – Respondo rindo.
- Estou lendo um livro muito interessante, muito bom, mas muito pesado. Lavoura Arcaica. Devido ao seu forte simbolismo, o Antigo Testamento é um dos meios de compreender a obra e seus personagens.
- Uai! O que a Bíblia tem com o livro? – Espanta Tuca
- Porque, meu, por exemplo, a personagem pai representa o religioso que faz sermão e a religião que dita os preceitos, conduz a moral, as regras. André, personagem principal é outro exemplo, transgride as leis, mas retorna depois com melhor caráter, porém humilhado.
- Entendo! Eu me lembro que em toda a obra se vê a dualidade humana e André, personagem central, é tão radical quanto o pai, porém o segundo representa a moralidade ou o moralismo e o primeiro, que tenta evoluir, mudar; porém sem grandes ou bons sucessos.
- Pelo que estou entendendo do que vocês estão falando, o pai representa o conservadorismo... Mas conservadorismo também tem bons aspectos.  Não é só coisa ruim.
- É. Não podemos nos esquecer disso.
- Raduan, o autor, trabalha as emoções do leitor através do controle de pontuação, ora colocando-a bastante e ora retirando-a.
- Depois desse “riléquissi”, e seu Galo, eim?
- Ele é tudo de bão.
- Sei não, mais é meu Gavião.
- Mais nada, você quer dizer. Bicho bom é Raposa.
- Falem o que quiserem, os fatos dizem por si. GAAALOOOOOOOOOO!
Rindo mudamos de droga.
- Tuca, participei junto com meu amigo El Chico, do seminário de prevenção as drogas, craque, álcool e demais. O seminário foi realizado pelo Fórum Intermunicipal. O que pude perceber na palestra proferida pela Doutora convidada com ampla pesquisa na área que a raiz do problema é muita mais séria do que imaginamos envolvendo toda uma sociedade divinizada em seu individualismo hedonista. Nossa sociedade esta doente buscando a felicidade no consumismo, buscando resultados rápidos para vida passageira. A mídia tem focado no que chama de droga e esquecendo as licitas e estigmatizando o usuário das ilícitas como o lixo, principalmente do craque. Sai com uma pergunta na cabeça, se a sociedade não mudar seus valores, o que acho quase impossível, continuaremos ver estigmatização do usuário, rótulos sociais, repressão e violência e internações compulsórias.
- Heim? Que Thiago ta dizendo? Divinizada, hedonista... Como é mesmo a outra coisa que disse... estig... estigue o quê?
- Uarrarrá! Estigmatização. Está havendo uma supervalorização dos prazeres egoístas por parte da população e ao mesmo tempo só se fala das drogas proibidas e de seus usuários, deixando de lado, ignorando mesmo os males do fumo, das bebidas alcoólicas, inclusive nossa cervejinha. E todas são muito ruins.
Ainda conversando pagamos a conta. A nuvem passa pela lua e os galos cantam na rua.


Ofereço como presente de aniversário:
André Q. Silva, Rinaldo A. Gomes, Wendel Go Round, Emi Eidi, Grupo Farroupilha, Elaine Lima, Helio G.T. Melo e Daniela Vieira.

Estou contente! Em breve o ebook bilingue (espanhol-português) de poemas URDIDUMBRE – URDUME, pela editora Círculo de Artes. Espero que adquira e creio que vai gostar.

Recebi de Alano O. Barbosa a seguinte ideia que serviu de mote para o cronto. Não segui a risca a sugestão, mas me inspirou:
Boa noite Rubem. Ultimamente estou me refazendo das necessidades “bucólicas”, o ar puro, o cheiro da terra e do mato, o orvalho caindo o que nos “levita” até o poente por de trás dos morros, sem cheiro de xixi, ou de “pitorra” (bosta seca no cú com ou sem acento) e merda alguma. Também do coaxar dos sapos, dos cricilhar dos grilos. Gostara se possível você algo escrever sobre o chiquete. Não a goma de mascar, mas no sentido conotativo da palavra, o puxa saku, o sem caráter, o hipócrita... Um abraço.

Sítio eletrônico visitado na manhã de 25-5-13:

NASSAR, Raduan. Lavoura arcaica. – 3ª ed rev. pelo autor - São Paulo: Companhia das Letras, 1989. A Partida, parte. 1.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

Escrito entre 01 de maio e 24 de junho de 2013. Viva São João Batista. Louvados sejam os Santos Juninos.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

MARITA

Obax anafisa.


En español:

¡Ay! Si yo pudiera hacer todo diferente… ¿Yo haría?
Si amo Marita puedo cambiar mis palabras. ¿Como haría? Tal vez, como cuando ella deseó un perrito, en la mañana según lo sacase de mi bolso y con un beso lo daría. Serán bellas palabras silenciosas. O tal vez elogiándola cuando intenta algo, acertando o no. Son tantos sus aciertos que los errores desaparecen.
Si me gustan libros me voy de compras. No más me enfadaré todas las veces que me regalan con calcetines, corbatas. Como en mi último cumpleaños donde Rita, hermana de Marita, me irrita con docenas de calcetines, corbatas y calzoncillos. ¡Yo los tengo, caramba! “No soy un pobretón”, estornudo. “¿Qué dices, Benito?”, pregúntame. “¡Nada!”, contesto. “Me parece que dices algo”. Habla ingenuamente y repito “¡No!, nada allende de mis agradecimientos” mentí con una furia en mis ojos que no sé como la tonta no percibió. Tal vez porque sea una tonta mismo… Entonces, si no me regalan con buenas cosas, yo las pago.
Una vez que soy profesor de literatura, portugués y español, ¿puedo enseñar a alguien a escribir buenas redacciones? ¡Pensemos! ¿Lo que podría hablar en las clases? ¿Cómo podría enseñar? ¡Huuun! Que tal si crear algo así – ejemplo y explicaciones: La narración relata alguna transformación, o sea, el cambio de un estado inicial para un estado final. En otras palabras, el estado muda gracias a una secuencia de acciones. “José y Maria son felices en su casita” (Es el primer estado: los personajes son felices en la casita). “Joaquín mudó para la casa acerca y empezó a cortejar la vecina dejando José cargado de celos” (Es la acción: la seducción del recién llegado transformó la felicidad en celos). ¿Pero la historia muere, sin acontecer nada más? ¡No! Narración exige que las situaciones sean más trabajadas, que otros conflictos\acciones acontezcan. Pero aquí es sólo un ejemplo para mis alumnos. “José y Maria tuvieron una conversa seria y él intimó Joaquín a mudar de ciudad. El atrevido corrió, estaba con mucho miedo y la pareja se quedó feliz otra vez”. (Existe una cierta cronología: felicidad, cortejos, diálogo, intimación, fuga y la felicidad como estado final). Y ¿si enseñar también poesías? Cuadra… trova… soneto… aldravía! Será todo de bueno a mejor.
Y Eder… ¡No! Pero… cuando lo conocí mi corazón latió con fuerza y aún hoy, cada vez que recuerdo su olor, su pelo, sus ojos… ¡No! No lo puedo amar. No tendríamos hijos y las iglesias prohíben. Es pecado. Pero ¿por qué es pecado? ¿Amor es malo? No puedo pensar, los sacerdotes predican: “es cierto pensar solamente lo que decimos ser cierto. Todo más es errado”. Así, ¡dos hombres no, no, no! Tengo Marita. Es lo que importa. Y yo la quiero. No solamente amo Marita, yo la quiero. Con sus defectos y cualidades.
Y si quiero hijos los haré… ¡Uajajá! Voy a besar Marita más veces, ¿quien sabe así no nace uno? ¿Tal vez dos si yo la besar derecho? ¡Uajajá! Y si mismo así ella no se queda embarazada… ¡Adoptaremos! Hijos son hijos no importa de donde vengan ni de quién.
¡Ay! y si perdonase Marita toda vez que ella besase el lechero, el panadero, el verdulero, el carnicero, el jornalero, el peluquero, el bombero, el enfermero, el… ¡Ay, ay, ay! Nosotros seríamos más felices y no sentiría mi cabeza doler tanto. Y quien sabe si yo mejorar mis besos ella no lo haga más… Besase solamente yo, los médicos, los ingenieros y… y los hijos que nacerán. ¡Ay, ay, ay! Es mejor cambiar de asunto. Padre es padre y pronto. ¿Está lloviendo allá fuera?


Em português:

E se eu pudesse fazer tudo diferente… Eu faria?
Se amo Marita posso mudar minhas palavras. Como faria? Talvez como quando ela desejou um cachorrinho e na manhã seguinte eu o tirasse de meu bolso e com um beijo lhe desse. Seriam belas palavras silenciosas. Ou talvez a elogiando quando tenta algo, acertando ou não. São tantos seus acertos que os erros desaparecem.
Se eu gosto de livros vou comprá-los. Não mais me irritarei todas as vezes que me presentearem com meias e gravatas. Como no meu último aniversário onde Rita, irmã de Marita, me irrita com dezenas de meias, gravatas e cuecas. Que saco, eu os tenho! “Não sou um pobretão”, arroto. “Que disse, Benito?”, pergunta-me. “Nada!”, respondo. “Me parece que disse algo”. Fala ingenuamente e repito “Não! Nada além de meus agradecimentos” menti com uma fúria em meus olhos que não sé como a burra não percebeu. Talvez porque seja uma imbecil mesmo… Então, se não me dão boas coisas, eu as compro.
Uma vez que sou professor de literatura, português e espanhol, posso ensinar alguém a escrever boas redações? Pensemos! O que podia falar nas aulas? Como poderia ensinar? Huuun! Que tal se criasse algo assim – exemplo e explicações: A narração relata alguma transformação, ou seja, a mudança de um estado inicial para um estado final. Em outras palavras, o estado muda graças a una sequência de ações. “José e Maria são felizes em sua casinha” (É o primeiro estado: os personagens são felizes na casinha). “Joaquim mudou para a casa ao lado e começou a cortejar a vizinha deixando José cheio de ciúmes” (É a ação: a sedução do recém chegado transformou a felicidade em ciúmes). Porém a história morre, sem acontecer mais nada? Não! Narração exige que as situações sejam mais trabalhadas, que outros conflitos\ações aconteçam. Porém aqui é somente um exemplo para meus alunos. “José e Maria tiveram uma conversa séria e ele intimou Joaquim a mudar de cidade. O atrevido correu, estava com muito medo e o casal voltou a ser feliz”. (Existe uma certa cronologia: felicidade, cortejos, diálogo, intimação, fuga e a felicidade como estado final). E se ensinar também poesias? Quadra… trova… soneto… aldravia! Será todo de bom a melhor.
E Eder… Não! Mas… quando o conheci meu coração bateu com força e ainda hoje, cada vez que recordo seu cheiro, seus cabelos, seus olhos… Não! Não o posso amar. Não teríamos filhos e as igrejas proíbem. É pecado. Mas por que é pecado? Amor é mal? Não posso pensar, todo líder religioso afirma: “só e certo pensar no que dizemos ser certo. Tudo mais é errado”. Assim, dois homens não, não, não! Tenho Marita. É o que importa. E eu a quero. Não somente quero Marita, eu a amo. Com seus defeitos e qualidades.
E se quero filhos os farei… Uarrarrá! Vou beijar Marita mais vezes, quem sabe assim não nasce um? Talvez dois se eu a beijar direito? ¡Uarrarrá! E se mesmo assim ela não engravidar… Adotaremos! Filhos são filhos não importa de onde venham nem de quem.
Ai! E se eu perdoasse Marita toda vez que ela beijasse o leiteiro, o padeiro, o verdureiro, o açougueiro, o jornaleiro, o cabeleireiro, o bombeiro, o enfermeiro, o… Ai, ai, ai! Nós seríamos mais felizes e não sentiria minha cabeça doer tanto. E quem sabe se eu melhorar meus beijos ela não beije mais ninguém. Beijasse somente eu, os médicos, os engenheiros e… e os filhos que nascerão. Ai, ai, ai! É melhor mudar de assunto. Pai é pai e pronto. Está chovendo lá fora?


Ofereço como presente de aniversário a:
Bruno Coelho, Lorena Rodrigues, Alexandre Rodrigues, Ton Xavier e Lígia Schmidt.

Escrito originalmente em espanhol e depois recriado em português entre início de maio e 17 de junho de 2013.
A versão espanhola contou com revisão de Juliana Dias Pilastre. Graduada em Língua Espanhola e Língua Portuguesa pela Universidade de Brasília. Pós graduada em Tradução Português-Espanhol e Espanhol-Português pela Universidade Gama Filho.


Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você que me lê e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.