quarta-feira, 4 de março de 2009

VOCÊ JÁ VIU O ORVALHO

Você já viu o orvalho?
E a serração, você já viu? Não! Eu não falo da dificuldade de visão que ela nos impõe. Pergunto se você já se emocionou com ela e não falo de alguma raiva ou algo assim que sentiu por uma dificuldade que teve por causa da serração. Você já foi “tocado” pela serração, pelo orvalho?

Perguntaram-me se sei de cor a cor do muro do vizinho. Acho que o do vizinho da esquerda é marrom-acinzentado e o da direita, branco. Mas tenho certeza que no muro do vizinho da esquerda está cheio de arranhados que são coisas escritas. Sei que no muro do vizinho da frente tem uma goiabeira que da janela de meu quarto não vejo porque uma outra árvore a esconde. E que atrás do muro do vizinho da direita tem uma escada sendo construída.

Eu sei que dum cantinho da janela de meu quarto vejo um cantinho da mata próxima de minha casa, que não é minha. É alugada.
Eu sei que vejo sabiás no asfalto, joãos-de-barro, pica-paus, beija-flores, pardais sem conta em meu bairro.
Sei que sou uma ilha cercada de cachorros por todos os lados. Tenho três e um “agregado”. Esse último o estou chamando assim, porque ele não é nosso, mas como ficamos com dó e lhe demos comida ele passou a dormir em nossa varanda. Os quatro cachorros estão em meu quarto enquanto lhe escrevo. Cam está à minha frente. Decidido está à minha direita. Vitório (o agregado, é assim que o chamamos) está à minha esquerda. E Haicai está atrás de mim.
Como já disse, sou uma ilha cercada de cachorros. Você é uma ilha solitária? Vazia? Tem algum bichinho? Alguma plantinha? Eu sou um solitário muito bem acompanhado. Tenho cachorrinhos carinhosos. Tenho uma mãe maravilhosa. Bons irmãos. Inúmeros bons e verdadeiros amigos e dentre eles um maior. Tenho você, que me ler. Na religião que pratico tem um Hino Sagrado que diz assim: “Sozinho eu vim e eu sozinho parece que eu vivo, porém somos dois: é a outra pessoa constituída por Deus”*. Acho que não preciso comentar o Hino, né. Caso contrário sinto que gastaria umas duas páginas pelo menos.

Você já viu uma flor vencer um cimento ou um asfalto? Eu já. Em São Paulo, uma humilde e linda florzinha conseguiu se fazer presente no asfalto, quase na calçada. Fiquei meia hora olhando e ninguém a viu. O quintal de minha casa é todo cimentado e um pé de abóbora conseguiu nascer por um buraquinho com menos de dois por três centímetros e se espalhou por 60% do quintal. E quanta abóbora tenho comido. Já viu como é a flor de abóbora? Ela é fantástica. Amarela. Parece áspera e enrugada, mas é macia e suave. O que prova que não dá para julgarmos pelas aparências.

Você já venceu alguém? Foi legal? O que sentiu? Como reagiram as pessoas ao redor? Como reagiu o perdedor? Valeu a pena?
Mais importante e mais difícil, você já se venceu alguma vez?

Estou lendo, da editora Codecri, a 3ª edição do livrinho “Fernando Gabeira – carta sobre a anistia – a entrevista do Pasquim – conversação sobre 1968”, que foi publicado em 1980 e foi descartada pela Biblioteca Pública Municipal de Ipatinga. Entre outras coisas, talvez até mais importante, Gabeira conta uma estória ou história de um exilado que quando finalmente obteu autorização para voltar para casa decidiu retornar no carnaval vestido de havaiano como uma comemoração pelo fim do frio europeu que o atormentou por anos. Na véspera de sua volta ele distribuiu tudo, inclusive as roupas. No aeroporto, todo contente, esperava o avião, quando uma voz de mulher anunciou nos alto-falantes que foram cancelados os vôos naquele dia. “Você pode imaginar o que um alemão, voltando do trabalho, viu no metrô daquele dia. Coisas que não acontecem na volta para casa: um homem de cabelo preto, vestido de havaiano, chorando, com um passaporte verde na mão e dizendo uma palavra que parecia preeupiu, praquepiu, pruquepeíiu, mas que a gente sabe que se abrevia assim: PQP” (página 12). Li e ri. E lacrimejei. Ai!
Ipatinga! Minha linda e culta Ipatinga. Voto não vale nada!
Mais de 70% da população votante rejeitou o candidato à reeleição como Prefeito e ele ainda assim tomou posse. O primeiro e o terceiro lugar, juntos, ultrapassaram 70% dos votos válidos. Mas a “Injustiça Eleitoreira”, pois não temos TRE, permitiu um candidato que não pôde assumir e a “candidíase”, ou algo pior, também inelegível, ficou com o “desmando político”. Quintão, que tudo faz para acabar com a nossa cultura, resolveu comprar os artistas com meio milhão de Reais “dando” para Projetos que serão enviados à Lei Municipal de “Incentivo” a Cultura. Ai! Chega. Vou parafrasear Carmem Miranda “Yes, nós temos abobrinha”. O que me dói é não termos jovens que tenham esperança e nada fazem para melhorar nossa sociedade.
E nada mais digo.
Por hora, pelo menos.

Passou-se uma semana e
O “agregado” passou a ser membro efetivo da família.
O Quintão foi expulso da Prefeitura e ele jura que não tem nenhum interesse em “poder”. Quer é – uarrarrá – o bem da cidade.
Recebi uma mensagem de uma “Cara Anônima” chocada com a situação política de Ipatinga. Ela mora em Itabirito e uns vinte ou trinta anos atrás vinha passar férias em Ipatinga e lembra com saudades da cidade. Pareceu-me ser ela uma pensante. Que “olha para todos os lados” e percebe que o Quintão não é flor que se cheire nem que o Chico seja algum santo. Mas muito melhor é seguir a vontade da população, principalmente se ela estiver certa.
Ontem comecei no texto “Toupeira” e encerro aqui:
Vi no jornal Diário do Aço de 03-3-09, página 05, o juiz Benjamim Alves Rabello Filho, do TER-MG fazer uns descomentários sobre a pendenga Chico-Quintão. Falou tão complicado que faltou elegância. Palavras como “impetração”, “alcaide” e o pior, acho, “defenestrado” “abundaram”, digo. Além de muitos outros “despautérios”. Uarrarrá. Creio que num bom texto, numa boa fala, colocar uma ou outra palavra “elegante” como “alcaide”, por exemplo, dá até um certo charme, um quê de conhecimento, mas quando se abusa de palavras rebuscadas e frases complexas me soa mais como não sabe o que dizer, ou então quer enrolar o povo, como certos políticos, ou ainda o que quer é aparecer. Sei lá. Lembro de um conhecido meu falando para quem quisesse, ou não, ouvir quando esteve “nazorópia” que o que mais gostou foi da “Torre Eifel” em Londres e da “Torre que Pisa” em Paris.
E fico por aqui.

Aliás, passou-se mais um dia.
E Nena de Castro diz que o linguajar do juiz não é deselegante, mas sim que está no melhor"juridiquez". Concordo! Em parte. Para mim está no pior juridiquez... Uarrarrá.
E agora vai. Fico por aqui de verdade. Até a próxima.


* Viver Junto com Deus – Seicho-No-Ie + informações: http://sijognaluz.blogspot.com

Um comentário:

Anônimo disse...

Trata-se de juiz nomeado, a mando do sogro, vice prefeito de contagem. Investiguem sua vida pregressa, demitado da fumec, por usar nota da Simone Vasconello, aquela mesma da SMP&B, espe cificamente de uma empresa fotografica, para pagar fiscais do Conselho estadual de Educa;áo