segunda-feira, 20 de abril de 2015

CASO SÉRIO

Obax nafisa.


- Ai, Jisuis! Vou dá a lúiz!
- Ai, minha Nossa Senhora! Ai, meu São José!
- Châmu táquis.
- Vô chamá. Pega os trem, quiá criança invém. Onde tá, meu Deus!
- Tá li. Châmu táquis.
- Já chamei.
- Ai, Jisuis, qui chegô a min’hora. Cadê us troço?
- Taqui.
- Châmu táquis.
- Já chegô. Vâmu, entra todo mundo.
- Num cábi.
- Então, vai eu, vai ocê, ocê e ocê.
- Mas e a grávida?
- Ah é! Ocê fica e vai ela.
No hospital. Duas horas de internação.
- Alarme falso, gente. Alarme falso.
- Chama o táxi.
- Estou indo.
No táxi, quase em casa.
- Ai, Jisuis! Que vô dá a lúiz.
- Ai, minha Nossa Senhora! Ai, meu São José! Volte, motorista, volte.
Na porta do hospital
- Alarme falso, gente. Alarme falso.
- Volte, motorista. Darré que aindapé.
- No meio da caminho
- Ai, Jisuis! Que vô dá a lúiz.
- Volta, motô, volta!
O carro fez o contorno
- Alarme falso, gente. Alarme falso.
...


Ofereço aos aniversariantes
Silvia Gonçalves, Othon Valgas, Luzia di Resende, Valdete Val, Michael Cobain, Antonio Carlos, Isabella Ribeiro, Bispo Filho, Marcone Sousa, Kênia Nicácio, Yuri G. Rodrigues, Meirilene Oliveira, André Graciano, Daniel Bastos, Luzineth F. Alves.

Recomendo a leitura de Dissonância Medieval, de Maurílio Montanher:

Em banto, obax nafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.


Escrito entre 06 de junho de 2014 e 20 de abril de 2015.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

NARRADORES DA NOITE

Sometimes I wanted to be stone, but I’m poet.

Obax nafisa.


- Oi, pessoas! – Cumprimenta Benito aos amigos que já se encontravam no “Sarau de Arak”, no restaurante Tuffik Cozinha Árabe, sempre nas segundas segundas-feiras: Nena de Castro, Goretti Freitas, Vera Tufik e tantos outros. – Vejam as quadras do Rubem que acabei de ler:

Em lágrimas de delícia
Li Olhos Vegetais.
Se Nininha se foi, o Landi se tornou canoa.
Palavras amaciando atos brutais.

Amor muda o natural
Gato que só pensa na lua
Segue sua dona por toda rua
Sorrindo vão a dona e seu animal

Tarde quente e triste
Sumiu meu coraçãozinho
Não há algo que não se finde
Voltou meu cãozinho

- Rosinha, Minha Canoa, de José Mauro de Vasconcelos é tudo de bom. – Diz Goretti e Vera completa: Vale a pena ler ou reler.
- Não tenho dom para poesia, só leio literal e essas quadras não me dizem nada... Aliás, o que uma tem a ver com as outras?
- Se não lhe disse nada é porque lhe disse muito. E são quadras diferentes, sem ligação entre si. Apenas as achei interessantes.
- Bom, realmente pensei em montes de coisas, lugares e transformações, tentando associar tudo isso, mas não cheguei a conclusão nenhuma. Se por esse lado é legal... foi legal...
- Uai! E por que tem que chegar a alguma conclusão? Apenas saboreie. Sinta. Cérebro é bom. Coração também.
- Rirri. Não senti nada no fim, porque não entendi, mas nem reparei na jornada... Se enquanto eu estava lendo eu sentia algo... Não posso dizer se apreciei.
Enquanto Benito e Frâncis discutem Nancy Maestri pensa “O que Frâncis está fazendo em um sarau se não gosta de poesia?”. Porém não diz nada, só observa.
- Estou tomando um chá de hortelã com boldo. Dá um contraste... Deve ser interessante concluir algo disso. Mas, no caso, prefiro só saborear. Busque o livro “Rosinha, Minha Canoa” e leia.
- Tá doido, não me aventuro nessas coisas.
- Por quê? Tenha medo do que é bão não.
- Não é medo, creio já de antemão que não vou apreciar nada... Mas consigo apreciar qualquer leitura ficcional sem metáforas demais.
- Então vai gostar do livro. Não é rico em metáforas. São simplesmente belas histórias. As quadras que não gostou são do Rubem, não do José Mauro de Vasconcelos. O livro é bom, pode ler.
- Metáforas para mim são como ver flores de caramelo... Realmente não passaram disso. Rirri.
- Flor de caramelo?
- Rirri. Um exemplo tosco, me dizer como é algo, alguém ou sentido, usando formas metafóricas, elas serão literais para mim... Isso é engraçado... que minha imaginação é fértil demais para imaginar essas coisas. Mas o sentido passa tão despercebido que mesmo se jogasse na ponta do meu nariz eu iria estar observando essas coisas literais obstruindo o campo de visão... Mas é para ter algum sentido as quadras?
- Sim, é para ter algum sentido. O seu. O que eu e o autor quisemos dizer tá lá, direitinho. O que você entender...
- Bom, Olhos Vegetais é um livro? Agora, não entendi a parada da Nininha e Landi.
- É o capítulo três de Rosinha, Minha Canoa. Nininha é uma árvore e Landi e outra. Landi sonhava em se transformar canoa porque esta é a árvore que os índios fazem canoas.
- Hum... Agora faz sentido.
E Nena pensa “Poesia... Como muitos não entendem a poesia e... e como é dura a missão do professor que tem explicar o literário...”
Desconhecendo o que se passa em nossas cabeças, Frâncis insiste:
- Afinal, Benito, para que serve a poesia? Qual é a utilidade dos contos, das crônicas, dos romances, das novelas?
- Acho que a primeira coisa que a literatura e todas as artes nos dão é o prazer. – Diz Goretti e Nena continua: A segunda coisa que elas nos proporcionam é fazer passar mais depressa o tempo que enfrentamos os problemas.
Francismar Vasconcelos conta um causo e paramos para ouvi-lo. Após os aplausos Nancy fala:
- A literatura estimula a imaginação e nossa capacidade de abstração, metafísica e simbólica.
- Entendo também que as artes ampliam nossos conhecimentos e oferecem... oferecem, acho, materiais para relacionar o que enfrentamos no dia a dia com o que lemos. – Vera dá sua opinião – E assim, conseguir consolo e até, quem sabe, força para superar os dissabores?
- E você, Benito, não vai falar mais nada?
- No silêncio eu sinto o sabor das vozes.
Fora do restaurante a noite está nublada. Um carro e outro passam e pedestres olham para o movimento aqui dentro. Quem se adentra?


Ofereço aos aniversariantes:
Mayra Loures, Cleiton Zambianchi, Demetrios Nunes, Simone Távila, Mariana Dias, Thayná Macedo, Alessandro Lages, Grasielle Severo, Maxwel Lopes, Scida Souza e Joana Sousa.

Recomendo a leitura de Análise, de Ely Monteiro

Em banto, obax nafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

SCHAMI, Rafic. Narradores de la Noche. 6ª ed. Madrid: Siruela, 2012.

Escrito entre 05 de maio de 2014 e 13 de abril de 2015.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

PÁGINAS

Obax nafisa.

Sometimes I wanted to be stone, but I’m poet.


É uma sibipiruna florida. E pássaros cantam sobre ela. Benito e seus amigos José Silva (morto algumas semanas depois do diálogo e algumas semanas antes da publicação do cronto)¹ e Eva conversam sob a árvore.
- Vejam a aldravia de Rubem:
cristãos
comemoram
morte
divertem-se
com
sofrimento
- É! É triste, mas é verdade. – Fala José e Eva continua:
- Sei não... Se fôssemos comemorar a morte mataríamos alguém. Abram os olhos e viva Cristo.
- Como disse Cristo: “Seus pais mataram e os filhos fizeram o túmulo”. – Responde Benito. – Significa que concordam... Não sou cristão. Gosto muito de Cristo...
- Então por que fala estas coisas? Acredita que coelho bota ovo e você fica se divertindo com chocolate. – Retruca Eva. – Sacrifício não é sinônimo de amor, Benito. Sinônimo de amor é gentileza.
- Eva, está difícil entender o que diz. Parece que me perguntou se acredito em coelhinho da páscoa ou se em Cristo. Não acredito em coelho da páscoa, mas acredito em Cristo. Não acredito é em cristão.
- Não se comemora a morte e sim a Ressurreição, a vida nova. É essa a alegria do momento. Antes disso, apenas reflexão sobre a Paixão e Morte de Jesus.
- As pessoas, querido amigo Benito, não enxergam Cristo como um ícone de libertação, mas como um objeto de sacrifício e mazelas. Eu O vejo como um Iluminado que veio ao mundo para pregar, não uma religião ou um dogma religioso, mas sim a bondade construída sobre os alicerces do amor.
Eva olha para uma flor de sibipiruna no solo, próxima ao seu pé direito, e diz: Se Ele não tivesse se sacrificado nós nem existiríamos. Então me diga a razão de vocês estarem vivos.
- Eu lhe diria, Eva, que há controvérsias a esse respeito. A verdadeira história está encoberta sob um véu... E para muitos deve continuar assim. A verdade tem muitas faces nesse caso. Eu diria que cada um carrega a sua.
- Ora, José! Então quem morreu por você? Quem sacrificou a vida dele por você, Benito? Eim?
- Ninguém! Acho que há muitas inverdades nisso tudo. Acredito em Cristo e que Ele veio até nós para nos deixar seu legado de amor, não de morte, tragédia e sacrifício. Desculpa! Mas é minha opinião.
- Então você acredita que nossos antepassados são macacos! Não fiquem magoados comigo... É uma discussão, não uma briga.
- Não nos ofendemos. – Diz Benito e José continua: Na verdade, acredito na lei de Darwin, na evolução das espécies.
- Mas se foi a evolução das espécies... Quem foi Deus para você? Um animal!
- Deus para mim é energia pura.
- Mas para você, como Ele surgiu?
- Estou vendo que você tem muito conhecimento, Eva. E é muito inteligente. Um pouquinho imatura, mas não é tola.
Momentos antes chegaram Dândi e Dôni. Após os cumprimentos de praxe eles se sentam, observando-nos em silêncio se interam do assunto.
- Eu e Dôni estávamos lendo hoje um poemeto de Willian Delarte. Vejam que interessante: “PAIXÃO NO ALEMÃO: Chora Terezinha... Chora Terezinha Maria... O filho Eduardo... O menino Eduardo... Eduardo de Jesus não ressuscitará no terceiro dia”². Creio que não seja uma comemoração ou divertimento. Através do sacrifício de Jesus muitas pessoas se integram ao verdadeiro sentido da vida, remindo seus pecados no Amor de Deus. Jesus morreu, mas Cristo venceu a morte e está vivo. Prestes a resgatar àqueles que clamam o santo nome. Não há inverdade nem várias verdades, mas existe fé. Contudo, Deus é Amor e para enxergamos o Amor temos que reconhecê-lo. Cristo morreu por nós e para opinarmos corretamente temos que nos pautar em fatos.
 - Só mesmo a poesia para nos ajudar. – Diz Dôni e em um minuto de silêncio olhamos para as flores amarelas na árvore, para as pessoas que passam por nós e para o vento. – Estou meio doído esta semana, mas foi maravilhoso perceber que mesmo com os cristãos se divertindo ou justificando sofrimentos, Cristo ainda dá esperança. Então, mesmo que eu veja tanta desordem, mesmo que “os fundamentos do mundo se abalem”, eu prossigo feliz. Divirto e creio que Ele me ajuda a fazer alguma diferença.
- Já eu – diz Benito – me encanto com as flores da sibipiruna acima de nós. Mas ao mesmo tempo vejo crianças sírias se rendendo diante de uma máquina fotográfica pensando que é uma arma. Vejo a polícia brasileira matando crianças de dez anos. Vejo a preferência de muitos e muitos em punir crianças e adolescentes no lugar de investirem em escolas, bibliotecas, arte, cultura. Vejo templos indígenas sendo queimados em nome de Cristo. Cachorros sendo abandonados. Vereadores indo para lindas cidades costeiras dizendo que vão se aprimorar. Políticos e religiosos pregando o ódio. – Pausa para um suspiro. – Estou tão descrente. Quase tenho vontade de nem sei.
E pássaros cantam na sibipiruna florida enquanto o vento brinca com nossos cabelos e com as páginas dos livros que levamos. E os amigos se levantam e vão.
Um pássaro no telhado marrom
Tem atrás nuvem vermelha
Por cima o céu está azul-cinza
Abaixo a grama verdeja.


Ofereço aos aniversariantes
Roberta Bragança, Mithswillian Paiva, Delsyn Carvalhais, Marcone Alvarenga, Carlos Passos, Malu Ricardo, Mel de Faria, Sadd Nunes, Nívea Paula, Carmen L. Souza, Lída Mª F. da Cruz, Arlete Santos, Marcos Inter, Tamara Oliveira, Cleria E. Dutra, Ricardo Tulio e ao casal Bruno Grossi e Diane Mazzoni em suas bodas de lã.

² Willian  Delarte – facebook – 03-4-2015.

Em banto, obax nafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.


Escrito entre 17 de abril de 2014 e 06 de abril de 2015.

segunda-feira, 30 de março de 2015

OUÇA QUEM TEM OUVIDOS

Obax nafisa.

If you desire to hear someone, just hear the birds!


Todos os dias, às cinco horas da manhã, ou um pouco antes ou depois, na segunda árvore à direita na avenida sem casas, indústrias ou lojas que passa entre o bairro Novo Cruzeiro e o kartódromo, um passarinho. Seu canto não é o mais bonito que meus ouvidos escutaram, mas encanta até os cantos mais remotos de me coração.
Hoje, porém, ele não cantou.
Estaquei-me! Não como das outras vezes que apenas paro, sutilmente, por alguns segundos para ouvi-lo. Mas de espanto triste. Olhei para a copa da árvore e como sempre não consegui vê-lo, mas também não o escutei como das outras vezes. Com esperança e temor falei
- Oi! Você está aí? Que aconteceu?
E nada. Som, só da Indústria.
- Tá com preguicinha? Onde você está?
- Piu. Piu...
Sorri enquanto ele, imagino, esticou as asinhas e alongou o corpinho. Em seguida se pôs a cantar longa e barulhentamente. Seu canto não é o mais bonito, más como é formoso. O mais lindo para meu coração.
E o dia prossegue e na biblioteca pública:
- Bom dia! Pode me explicar como está a organização dos livros agora?
- Muito simples. Existe uma tabela numérica. Basta você conhecê-la de cor e salteado. Então, de acordo com a primeira letra do sobrenome do autor, o gênero literário e outros dados você fica sabendo onde está a obra procurada.
- Não acho simples não.
- Como não? Você nunca esteve na universidade?
- Esto...
- Então! Qualquer um que já fez ou está cursando universidade é obrigado a saber isso.
- Não sabemos assim. Estudamos segundo as normas bibliográficas; não por esses códigos.
- Não acredito. Quem está na universidade necessita saber tudo.
- Huuum. Estou com dor no joelho. O que tenho e qual remédio devo tomar?
- Heim? Sei essas coisas não.
- Uai! Não acabou de dizer que temos que conhecer tudo?
- Coisas ligadas ao curso.
- Ah! Agora o discurso é outro. Pois bem. Faço Letras e você é bibliotecônoma. Quem foi a primeira pessoa a escrever e publicar um dicionário em língua portuguesa?
- Como vou saber?
- Uai! Você não é a bibliotecônoma dona de todos os saberes? Foi o brasileiro Antônio de Morais e Silva residente em Portugal no ano de 1813.
- Antes, quando aqui não havia bibliotecônoma, qualquer regra de catalogação servia. Mas agora que estou aqui tenho que seguir as normas vigentes no país.
- Então antes era melhor.
- Olha que mando te autuar por infligir o artigo 331...
- Infringir, não infligir.
- ... Por infringir o código de desacato ao servidor público.
- Falta de argumento resulta em ameaças. Chama! Vai ser bom porque vou investir na sua demissão.
Ela não chamou. E o dia prosseguiu e se substituiu pela noite. E na manhã seguinte ouvirei os pássaros. Se é para dar ouvidos a alguém que sejam os pássaros.


Ofereço aos aniversariantes
Patrícia Dias, Denise Oliveira, Aline Nunes, Maíto Quintela, Antonio Pirralho, Roniara Domingues, Vera H.S. Rossi, Magali Santos (Linda), Louise Santanaa, Carla Santos, Lúcio Braga, Luiz Felipe, Pedro Paullo, Leopoldo Comitti e Rosane Dias.

No Mato Grosso do Sul igrejas cristãs incendeiam templos indígenas. Na Síria criança levanta as mãos em sinal de rendição quando um fotógrafo lhe aponta uma máquina fotográfica. E eu, o que faço? Resisto escrevendo.

Recomendo a leitura de
De Quando Pranteei por Aquela Flor, de Ely Monteiro; e A Herberto Helder, de Márcio Simões; respectivamente:

Em banto, obax nafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.


Escrito entre 03 de junho de 2014 e 30 de março de 2015.

segunda-feira, 16 de março de 2015

OLHARES

MIRADA


Obax nafisa.


Em português

- Vou hipnotizar você.
Gato só olhando.
- Você está com sono, muito sono. – Diz José para o gato. – Vou hipnotizar você.
Gato só olhando.
- Você está com sono. Muito sono. Vou hipnotizar você.
Gato só olhando.
- Você está com sono. Vou hipnotizar você. A mente do mais forte predomina sobre o mais fraco. O superior controla o inferior.
Gato só olhando.
- Sono... Muuuiiito sono... Você vai dormiiiiir. Estou te hipnotizaaaando”.
Gato só olhando.
- zzzzzzz...
Gato: “Rssss”.
- Rirrirri! – Ri da história que contei enquanto aguardamos o médico. – História legal, José.
- Foi uma boa história. – Fala outra pessoa que também espera.
- Boa para o tempo passar pela gente enquanto esperamos o médico. – Disse José Silva semanas antes de sua morte¹...
- Alguém espera o doutor Maicon? – Pergunta uma funcionária do posto de saúde.
- “Eu, eu, eu”... Disseram diferentes pessoas.
- Ele não mais virá hoje. Está em outra cidade.
- Mas... De segunda-feira, a consulta foi transferida para quinta...
- Que faremos?
- Voltem na sexta...
- Amanhã seremos atendidos?
- Não, bobinha! Voltarão para marcarem outra consulta.
A funcionária retorna para onde veio e metade dos pacientes se levantam e saem. Os demais esperam.
- Eu cheguei duas e quinze. O senhor chegou logo depois. Sua consulta será que horas?
- As três.
- Eu também. Mas… já são três da tarde e o médico ainda não chegou.
- Preocupa não. Quinze para as quatro ele vai chegar. As cinco horas seremos atendidos e sairemos às seis da tarde.
- Não diga isso!
- No entanto, assim foi...


En español

Voy hipnotizarte.
Gato solamente mirándole.
- Tú estás con sueño, mucho sueño. – Charla Josito para el gato. – Voy hipnotizarte.
Gato solamente mirándole.
- Estás con sueno. Mucho sueño. Voy hipnotizarte.
Gato solamente mirándole.
- Estás con sueño. Voy hipnotizarte. La mente del más fuerte predomina sobre lo más flaco. El superior controla el inferior.
Gato solamente mirándole.
- Sueño… Muuuuucho sueño… Te vas a dormiiiiiiiir. Estoy hipnotizááááándote.
Gato solamente mirándole.
- zzzzzzz...
Gato: “¡Jejejé!”.
- !Jijiji! – Reír de la historia que le conté mientras aguardamos el médico. – Buena historia, Josito.
- Fuera una buena historia. – Charla otra persona que también espera.
- Bueno para el tiempo pasar por nosotros mientras esperamos el médico. – Dice José Silva semanas antes de su muerte¹…
- ¿Alguien aguarda el doctor Maicon? – Pregúntanos una funcionaria de la unidad de salud.
- “Yo, yo, yo”… Hablaron personas distintas.
- Él no más vendrá hoy. Se encuentra en otra ciudad.
- Pero… De lunes fue transferida la consulta para jueves…
- ¿Qué haremos?
- Vuelvan viernes…
- ¿Mañana seremos atendidos?
- ¡No, tontinta! Volverán para reservaren otra consulta.
La funcionaria retorna de donde veo y mitad de los pacientes se levanta y salen. Los demás esperan.
- He llegado dos y un cuarto. Usted llegó un rato después. ¿Qué horas será su consulta?
- Las tres.
- Yo también. Pero… ya son tres horas y el médico aún no ha llegado.
- No pasa nada. Cuatro menos un cuarto él llegará. Las cinco seremos atendidos y las seis saldremos.
- ¡No diga eso!
Sin embargo, así fuera…


Ofereço aos aniversariantes
Mailson F. Viana, Tathyane Neves, Patricia M. Silva, Karen Porfiro, Amanda Novais, Cássia Toledo, Paulo Bonfá, Jeferson A. Fernandes, Marcelo Oliveira, Natália Souza, Márcio G.M.S. Mendes, Mariza Batista, Aldrin G. Martins, Eliane J.M. Santos, Maria Suely, Glauber M. Ferreira, Clementina Santos e Maria Cloenes.

Convido a ler “Uma estória do piano de minha casa...”, de Dudude; e “A mulher no piano”, de Ely Monteiro.
Nos seguintes endereços

¹ Ver o cronto Terra Tingida, postado aqui, no aRTISTA aRTEIRO, dia 09 de março.


Escrito entre 01 de junho de 2014 e 16 de março de 2015.

segunda-feira, 9 de março de 2015

TERRA TINGIDA

TIERRA TEÑIDA


Obax nafisa.


Sometimes I wanted to be stone, but I’m poet.


Em português

O sol surge atrás da nuvem escura.
José Silva trabalha em um bar perto de sua casa, possui dezoito anos e é a exceção em sua família e entre seus colegas de sala. Acho até que em toda a escola e em seu bairro. Ele é um engajado. É algo que foi dito por Fernando Sabino no livro Comédia da Vida Privada: “Era o cara engajado. Deve ter morrido cedo e levado alguns outros idealistas como ele, pensando que estavam salvando o mundo para a democracia e os bons sentimentos”. Como eu dizia, José Silva é o absurdo de sua comunidade. Ativista político, dedicado religioso e voluntário de uma ong aids. E seus dias são sempre mais ou menos assim:
- Bom dia, Zé!
- Bom dia, Delsin. Deseja algo?
- Sim! – Sussurrando diz: “Pega para mim aquele troço de colocar na xirica”.
- Colocar o quê onde?
Abaixando ainda mais a voz: “Aquela coisa para parar sangue de xirica”.
- ...?
- Aquela coisa... Sangue mensal de mulher...
- Absorvente?
- Sim, isso!
Depois que o conhecido sai, José pega um livro e começa a estudar.
- Um maço de cigarros, por favor! – Pede um cliente.
- Qual?
- Qualquer um, só quero fumar.
- Sabe que fumar faz mal?!
- Sei, mas quero fumar assim mesmo.
- Seria melhor parar, cara!
- Deixa de ser chato e me entrega logo o que quero.
- Pode ser esse?
Pega, examina e pede para trocar.
- Não, esse não que broxa. Troque por aquele que dá câncer.
Bem saiu o cliente e pediu ao patrão permissão para ir ao posto de saúde buscar o remédio do irmão com necessidade especial (problemas psiquiátricos). Foi e não lhe entregaram. Voltou quando pode e saiu sem nada nas mãos. Na primeira vez levou somente seu Registro Geral e a funcionária sequer anotaria o número da Carteira de Identidade; apenas olharia para a cara do sujeito, para o documento e para o nome do paciente. Na segunda vez, por ordem da anvisa, recusou a entrega porque o médico colocara um nome comercial e não o genérico do medicamento. Seus protestos levaram a justificativas paliativas.
Sempre parecidos os seus dias. À noite ele vai à igreja. Pois lá teria primeiro um encontro religioso e depois outro do partido.
- Irmãos! O Evangelho segundo Lucas, capítulo dezesseis, versículos um a treze será a base de nosso encontro.
Depois da pregação, José pergunta:
- Jesus disse para nos mirarmos no exemplo do administrador infiel?
- Sim. Ele é um bom exemplo para todos. Para os religiosos, para os políticos e para toda a população.
- Ele, o administrador, mandou que os endividados pagassem menos que deviam porque anotou uma quantidade menor nos livros do que realmente deviam... Então os políticos e os religiosos fraudam os livros contábeis e etc. e mesmo assim irão para o céu? E o povo deve fazer o mesmo?
- Não, não! “Façam amigos com o dinheiro injusto, para que, quando este faltar, eles recebam vocês no lar eterno”.
- “Façam amigos com o dinheiro injusto”... É o que diz a Bíblia... “Façam amigos com o dinheiro injusto, para que, quando este faltar, eles recebam vocês no lar eterno”. No lar eterno... Utilize as falcatruas cometidas para comprar um lote no céu. A injustiça leva ao Reino de Deus!
- Não, não! Você está interpretando errado.
- Interpretando errado? Não é uma questão de interpretação. É o que está escrito no Livro que é a base e essência de nossa moral.
- Blasfemo! O que dizes é pecado.
- Sereníssima República...
- O quê?
- O conto Sereníssima República, de Machado de Assis. Lá conta como são os políticos e os religiosos. Vocês são um bando de aranh...
- Blasfemo! O que dizes é pecado. Vade retro, satanás! Mereces a morte!
E assim foram seus dias. O sol avermelhado se esconde atrás da nuvem escura para, imediatamente, a noite cair pesada tingindo a terra de vermelho.


En Español

El sol surge tras de una nube oscura.
José Silva trabaja en un bar cerca de su casa, posee dieciocho años y es la excepción en su familia y entre sus compañeros de clase. Pienso hasta que en toda la escuela y en su barrio. Él es un comprometido. Es algo que fuera dicho por el escritor brasileño Fernando Sabino en su libro¹ Comedia de la Vida Privada: “Era un sujeto comprometido. Probablemente debe haberse muerto antes del tiempo y llevado algunos otros idealista con él, pensando que estaban salvando el mundo para la democracia y los buenos sentimientos”. Como yo hablaba, José Silva es el absurdo de su comunidad. Es un activista político, dedicado religioso y voluntario en una ong sida. Y sus días son siempre más o menos así:
- ¡Buen día, Josito!
- Buen día, Delsin. ¿Desea algo?
- ¡Sí! – Murmullando dice: “Coge para mí aquella cosa de poner en la marucha”.
- ¿Poner lo qué adonde?
- Bajando aún más la voz: “Aquella cosa para detener sangre de la cotorrita, de la papa, de la panocha, de la chucha… ¿Has comprendido?”.
- …?
- Aquella cosa… Josito, ¿eres un tarado? Digo de la sangre mensual de mujer…
- ¿Compresa higiénica?
- ¡Sí, eso!
Después que el conocido sale, José coge un libro y empieza a estudiar.
- Un paquete de cigarrillos, ¡por favor!
- ¿Cuál?
- Cualquiera, solamente quiero fumar.
- ¡¿¡Sabes que fumar es malo para la salud!?!
- ¡Sé! Pero quiero fumar asín mismo.
- Sería mejor no más fumar, muchacho.
- No seas aburrido y me entregues de una vez mi paquete.
- ¿Puede ser ese?
Cogió el paquete, lo examina y pide para cambiar.
- ¡No, eso no! Esto da impotencia sexual. Cambie por uno que causa cáncer.
Bien salió el cliente y pidió permiso al patrón para ir a la unidad de salude buscar medicina para su hermano con necesidad especial (problemas psiquiátricos). Fue y no lo entregaron. Volvió cuando puede y salió sin nada en las manos. En la primera vez llevó solamente su Tarjeta de Identidad y la funcionaria siquiera anotaría el número del documento; apenas miraría para la cara del sujeto, para el documento y para el nombre del paciente. En la segunda vez, por orden del Gobierno, recusó entregarle porque el médico colocó el nombre comercial y no el genérico del medicamento. Sus protestos llevaron a justificativas paliativas. Siempre semejantes sus días. Por la noche él se va a la iglesia. Primero tendría un encuentro religioso y logo más otro con su partido político.
- ¡Hermanos! El Evangelio de Lucas, capítulo dieciséis, verso uno a trece será la base de nuestra reunión de hoy.
Después de la predicación, José pregunta:
- ¿Jesús dice para que nosotros adoptemos el ejemplo del administrador infiel?
- Sí. Él es un bueno ejemplo para todos. Para los religiosos, para los políticos y para toda población.
- El administrador ordenó que los endeudados paguen menos que deben porque él ha anotado una cuantidad menor en los libros… Entonces, los políticos y los religiosos fraudan los libros de contabilidad y hacen otras cosas malas y ¿mismo así se van al cielo? ¿Y el pueblo debe hacer lo mismo?
- ¡No, no! “Ganad amigos por medio de las riquezas injustas, para que cuando éstas falten, os reciban en las moradas eternas”.
- “Ganad amigos por medio de las riquezas injustas”… Es lo que habla la Biblia… “Ganad amigos por medio de las riquezas injustas, para que cuando éstas falten, os reciban en las moradas eternas”… “En la morada eterna”… ¡La injusticia lleva al Reino de Dios! Se utilicen de las estafas para comprar un lote en el cielo.
- ¡No, no! Tú estás interpretando con error y jugando mal.
- ¿¡Interpretando con error!? ¡¿Jugando mal?! No eres un problema de interpretación o de malos juzgamientos. Es lo que está escrito en el Libro que es la base y esencia de nuestra moral. ¡Y que usted acabaste de leer!
- ¡Blasfemo! Lo que dices es pecado.
- Serenísima República…
- ¿Qué?
- El cuento Serenísima República, de Machado de Assis. Allá él cuenta como son los políticos y los religiosos. Ustedes son una horda de arañ…
- ¡Blasfemo! Lo que dices es pecado. Vade retro, satanás! ¡Mereces la muerte!
E así fueron sus días. El rojo sol se esconde tras de la nube oscura para, inmediatamente, la noche caer pesada tiñendo la tierra de rojo.


Ofereço aos aniversariantes
Paulo H. Rodrigues, Elci Pascoal, Thiago Vaz, Eunice Profeta, Lucio Viana, Lene Teixeira, Gustavo Lacerda, Elisângela A. Santana, Sirlene A. Souza, Marcia Veloso, Lara Luft e Cleonice E.P. Fernandes.

Recomendo a leitura de
Marias V, de Ely Monteiro; Uma Rede de Fios Tecendo Junto o Tecido da Vida, de Rosa da Serra.
Respectivamente nos endereços

¹ Traducción libre.
La versión española ha contado con ayuda de Junior (México), de los peruanos Martín Ramírez, Rob Solórzano, Martínez John, Gianmarco F. Cerdán y, principalmente, del “brasiguayo” Luís Gonzáles.

Em banto, obax nafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.


Escrito entre 27 de maio de 2014 e 09 de março de 2015.

segunda-feira, 2 de março de 2015

AS FOLHAS SEGUEM E O RIACHO ESCORRE

LAS HOJAS SIEGUEN Y EL REGATO ESCURRE


Obax nafisa.


Às vezes gostaria ser pedra, mas sou poeta.

Em português

Brotou um riacho no meio da calçada
Cristalina água
Escorria delicada
Vez ou outra uma folha navegava
– Bonito de se ver –
Seguiam-na meus olhos
As folhas se foram sem empecilhos
O riacho pareceu secar
Então olhei além
Vi um pássaro marrom amarelado
Caminhando em folhas amarelas amarronzadas
Ele não fugiu nem aproximou
E caiu-me uma chuva de folhas


En español

Ha brotado un regato medio la vereda
Cristalina agua
Escurría delicada
Vez tras vez una hoja navegaba
– Bonito de verse –
La seguía mis ojos
Las hojas se fueron sin impedimento
Lo regato pareció secarse
Entonces miré allá
Vi un pájaro pardusco amarillado
Caminando en hojas amarrillas parduscas
Él no huyó ni se acercó
Y me cayó una lluvia de hojas


Ofereço aos aniversariantes
Gaston L. Stefani, Ely Monteiro, João P. Brito, Maria Ribeiro, Vanda Valério, Cássia Lourenço, Emerson P. Brito, Guilherme Deboni, Átila Nonato, Marco A. Parisoto, Ana Sandra e Lúcia Ramos.

Recomendo a leitura de Leitura e Vida, de Rosa da Serra; No Descanso do Silêncio, de Ely Monteiro; e Tratava-se de um Álbum de Figurinhas, de Jackeline Vasconcelos Valentim.
Respectivamente nos endereços:

Em banto, obax nafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.


Escrito entre 23 de maio de 2014 e 02 de março de 2015.