segunda-feira, 9 de novembro de 2015

SETE ASTROS

SIETE ASTROS


Potira itapitanga.

His air in my hair
Transformed my
Anger in hunger
And I ate my hate for your family.


Em português

A manhã já está muito quente quando o telefone toca. Ao atendê-lo olho pela janela a linda sibipiruna florida à minha frente.
- Alô!
- Ranulfo? Tudo bem? Aqui é Roberci, está lembrado de mim? O irmão do Rinaldo.
- Ah? Oi! Sim, estou lembrado. – Estranho uma ligação de quem tem quase vinte anos que não tenho notícias. – Como encontrou o número de meu telefone?
- Olhei no catálogo.
- Ah! O que deseja?
- Tenho algo para te entregar. – Pausa de segundos – É do Rinaldo.
- Como ele está?
- É sobre isso que quero te falar... Onde a gente pode se encontrar?
Alguns segundos pensando e...
- Já ouviu falar do Sarau com Arak?
- Não!
- Bem... É uma vez por mês, na segunda segunda-feira, às 19:30h no Tuffik Cozinha Árabe, bairro Novo Cruzeiro.
- Eu sei onde é. Bom restaurante... Podemos nos encontrar lá então no... deixa-me ver o dia... nove de novembro?
Sete e meia eu chego e meia hora depois Roberci entra. Alto, forte, cabelos pretos, pele entre o pardo e o branco. Levanto-me para cumprimentá-lo, formalmente, e sentamo-nos, formalmente.
- Bem, Roberci, o que você queria me entregar do Rinaldo? E por que ele mesmo não me trouxe? Onde está seu irmão?
- Ranulfo... Rinaldo está morto.
Acredito que você, que me lê, imagina que eu tenha ficado chocado. E fiquei mesmo, mas acrescento que a mágoa pela longa ausência dele não ficou calada... Quando ele sumiu eu fiz tudo para encontrá-lo.
- Morreu? De quê?
De olhos baixos, tira um envelope do bolso na camisa; segura-o alguns segundos e finalmente me entrega.
- Leia!
Abro o envelope que não estava lacrado e

Campinas, 20 de junho de 1987¹

Ranulfo,

Meu amigo, muitas coisas se passaram, que ficaram na saudade... O tempo, parece, não é mais como antes, o tempo agora voa rápido e sem destino.
Agora, realmente, não é mais como era antes, tudo e todos nos separaram. Esta nova casa toda branca, fria e gelada, com a morte ao meu lado, em um dos leitos.
Meu amigo, meu confidente, como posso te revelar as dores e enfermidades a que estou submetido? Nosso amor, nosso profundo amor, a nossa profunda amizade, tudo isso ficou para trás, quando eles nos separaram.
Eles não, ela, essa doença que além de destruir pouco a pouco, de consumir meu corpo pedaço a pedaço, meu levou de ti.
Lembra-se daquela noite? Daquela! A primeira vez que ficamos juntos, “para nunca mais nos separarmos”, parecia tudo tão incrível... Afinal eu era noivo e apaixonado, mas, depois daquela noite, nada mais me interessava. Eu que fora antes completamente contra o homossexualismo, agora fazia parte desse grupo.
É como eu já disse, tudo no passado são saudades, para o amor mesmo entre dois homens o que não falta é coragem, mas uma coragem é uma vontade enorme de viver. E agora? Como posso te amar, te querer, como posso ter coragem se não há mais vida para viver? (Ponto final...)

Rinaldo.

Enquanto lia, o sarau foi ficando cada vez mais animado. Um músico, um contador de histórias, uma poeta, um ator, um contador de causos e alguns consumidores de arte e cultura.
- Por quê? – Olho para Roberci com raiva e ele mantém os olhos baixos. – Por que só agora você me entrega isso?
- Que importa o porquê. Ele já está morto e você continua vivo. – “Eu pensava em você naquela época”; pensa, mas como nada diz Ranulfo não fica sabendo. – Aliás, você não deixou sua vida nem por causa dele...
- Não se atreva! Não se atreva a tentar culpar-me por seus erros.
- Meus erros? Os viados aqui são vocês! O erro é dos dois que não têm respeito pelas famílias.
- Não respeitamos famílias? Nós iríamos formar uma! Você! Você e seus pais é que foram contra as famílias.
- Olha! Só vim trazer isso.
- Por quê?
Sem entender a pergunta, Roberci me olha e meus olhos lhe dizem.
- Meu pai morreu dois anos atrás e mês passado mamãe também se foi. Mexendo nas coisas dela encontrei a carta. Quando Rinaldo a escreveu e me entregou para lhe enviar mostrei ao pai. Ele a confiscou e acabei me esquecendo. – Meu coração se espanta por ele se esquecer, por não dar importância ao sentimento alheio; mas meu cérebro não se surpreende; e eu lamento. Roberci, que não tinha parado de falar enquanto eu refletia, continua: E desde então minhas mãos ficaram ardendo... Eu tinha que te entregar.
Nesse instante, em uma mesa próxima, Geisa se levanta e recita o poema A Flor de Maracujá, de Catulo da Paixão Cearense. “(...) I o sangue de Jesus Cristo, / Sangue pisado de dô, / Nus pé du maracujá, / Tingia todas as frô, / Eis aqui seu moço, / A estória que eu vi contá, / A razão proque nasce branca i roxa, / A frô do maracujá”.
Depois que ela fala dou um gole no “caipiarak” e Roberci, bebericando uma cerveja, me diz: “Antes tarde do que nunca”. – Eu somente lhe olho.
- Aqui está o Deserto Verdejante, também conhecido por charuto árabe, que pediu. – Fabiola me fala enquanto deposita o prato na mesa. Agradeço e quando ela se vai:
- Roberci, agradeço sinceramente por, como você disse, “antes tarde do que nunca” me entregar o que é meu por direito. Mas alguns amigos meus estão chegando e não quero mais você aqui. Pode deixar que eu pago a conta.
Ele me olha e eu a ele. Levanta-se e sai. Com ele já na porta, Vinicius Siman com Mateus, seu amigo, e Jeferson Adriano com Franquilaine, sua namorada, assentam-se em minha mesa.
- Quem era? – Vinicius pergunta.
- Ninguém que vale a pena. Vamos, comam comigo. Deve estar uma delícia.
- Como o céu está bonito. – Diz Franquilaine e Mateus sorri.
- Está de pintar o sete... – Completa Jeferson.
Pela imensa janela vemos à direta da lua minguante uma linha reta descendente: uma estrela, Vênus e outra estrela; à sua esquerda, compondo uma linha reta íngreme e descendente, duas estrelas e junto a última delas, paralela à lua, outra estrela. Sete astros formaram um sete branco no mais escuro e lindo céu. Enquanto isso, na rua e alheio a tudo que não seja ele, Roberci se lembra dele sozinho no quarto enquanto os três eram jovens. Mas Ranulfo não conhece seus pensamentos. Mas, eu e você, sabemos!


En español

La mañana ya está calorosísima cuando el teléfono suena. Mientras lo contesto miro por la ventana la linda caoba florida a mí frente y me recuerdo de Elsa Mariposa, la médica de Cuba.
- ¿Hola?
- ¿Ranulfo? ¿Cómo estás? Quién te hablas es Roberci, ¿recuerdas de mí? El hermano de Rinaldo.
- ¿Ah? ¡Hola! Sí, recuerdo quien seas. – Extraño la ligación de quien no tengo noticias hay casi veinte años. – ¿Cómo encontró el número de mi teléfono?
- Procuré en la guía telefónica.
- ¡Ah! ¿Qué deseas?
- Tengo algo para entregarte. – Pausa de segundos – Es de Rinaldo.
- ¿Cómo él está?
- Es sobre eso que quiero hablarte… ¿Dónde podemos encontrarnos?
Algunos segundos pensando y…
- ¿Ya has escuchado hablar del Sarao con Arak?
- ¡No!
- Bien… Es una vez por mes, en el segundo lunes, a las siete y media de la noche en el Tuffik Cocina Árabe, barrio Novo Cruzeiro.
- Sé dónde se queda. Bueno restaurante… Podemos encontrarnos allá entonces. Déjame ver el día… Nueve de noviembre, ¿puedes ser?
Siete y media yo llego y a las ocho en punto Roberci entra. Largo, fuerte, pelos negros, piel entre el pardo y el blanco. Me levanto para saludarlo, formalmente, y nos sentamos, formalmente.
- Oyes, Roberci, ¿qué querías entregarme de Rinaldo? ¿Y por qué él mismo no me troje? ¿Dónde está tu hermano?
- Ranulfo… Rinaldo está muerto.
Creo que vos, que me leés, imagina que me quedé chocado. Y me quedé mismo, pero acreciento que el disgusto por la larga ausencia de él no se quedó callada… Cuando él desapareció empeñé todas mis fuerzas para encontrarlo. Esforcé mucho, pero fue en vano.
- ¿Murió? ¿De qué?
Saca un sobre del bolsillo de camisa; lo mantiene algunos segundos delante sus ojos bajos y finalmente entrégamelo.
- ¡Lee!
Abro el sobre que no estaba lacrado y

Campinas, 20 de junio de 1987¹

Ranulfo,

Mi amigo, muchas cosas se pasaron, pero nunca las olvidé… ¡Jamás! El tiempo, parece, no es más como antes, el tiempo ahora vuela rápido y sin destino.
Ahora, realmente, no es más como era antes, todo y todos nos separaron. Esta nueva casa toda blanca, fría y helada, con la muerte a mi lado, en uno de los lechos.
Mi amigo, mi confidente, ¿cómo puedo revelarte los dolores y enfermedades a que estoy sometido? Nuestro amor, nuestro profundo amor, nuestra profunda amistad, todo eso se ha quedado atrás, cuando ellos nos separaron.
Ellos no, ella, esa enfermedad que no solamente devora poco a poco, trozo a trozo, mi cuerpo, me llevó de ti.
¿Recuerdas de aquella noche? ¡De aquella! La primera vez que nos quedamos juntos, “para nunca más separarnos”, parecía todo tan increíble… No podemos olvidar que yo era comprometido y apasionado, sin embargo, después de aquella noche, nada más me interesaba. Yo que fuera antes completamente contra el homosexualismo, ahora hacía parte de ese grupo.
Es como ya dije, no olvido del pasado, para el amor mismo entre dos hombres lo que no falta es coraje, pero un coraje es una voluntad enorme de vivir. ¿Y ahora? ¿Cómo puedo amarte, quererte, cómo puedo tener coraje si no hay más vida para vivir? (punto final…)

Rinaldo.

Mientras leía, el sarao fue quedando cada vez más animado. Un actor, dos contadores de historias, tres cantantes, cuatro poetas y algunos consumidores de arte y cultura.
- ¿Por qué? – Miro Roberci con rabia y él mantiene los ojos bajos. - ¿Por qué solamente ahora me entregas eso?
- Que importa la causa. Él ya está muerto y tú continúas vivo. – “Yo cavilaba en tú en aquella época”; piensa, pero como nada dice Ranulfo se queda sin saber. – En verdad, no dejaste tu vida ni por causa de él…
- ¡No se atreva! No se atreva a intentar culparme por tus errores.
- ¿Mis errores? ¡Los maricones son vosotros! El error es de los dos que no tienen respeto por las familias.
- ¿No respetamos familias? ¡Iríamos formar una! ¡Tú! Tú y tus padres es que fueron y están todavía en contra las familias.
- ¡Mira! Solamente he venido traer eso.
- ¿Por qué?
Sin comprender la pregunta, Roberci me mira y mis ojos lo dicen.
- Mi padre se murió dos años atrás y mes pasado madrecita también se ha ido. Meciendo en las cosas de ella encontré la carta. Cuando Rinaldo la escribió y me entregó para enviarte mostré al papá. Él la confiscó y sin percibí olvidé de ella. – Mi corazón se espanta por él olvidar, por no tener ningún respeto al sentimiento ajeno; pero, mi cerebro no se sorprende; y lamento. Roberci, que no interrumpió tu habla mientras yo reflexionaba, continúa: Y desde entonces mis manos se quedaron ardiendo… Yo tenía que entregarte.
En ese momento, de una mesa cercana, Geisa se levanta y recita el poema La Flor de Maracuyá, de Catulo da Paixão Cearense¹. “(…) Y el sangre de Jesucristo, / Sangre pisado de dolor, / En la planta de maracuyá, / Teñía todas las flores, / Mire, muchacho, / La historia que he visto contar, / La razón porque nace blanca y violeta. / La flor de maracuyá”.
Después que ella habló bebí un poco de “caipiarak” y Roberci, bebiendo una cerveza, dice: “Mejor tarde que nunca”. – Solamente lo miro.
- Aquí está el Deserto Verdeante que pidieron. – Fabiola charla mientras deposita el plato en la mesa. Agradezco y cuando ella se va:
- Roberci, agradezco sinceramente por, como dices, “mejor tarde que nunca” entregarme lo que me pertenece, lo que es mío por derecho. Pero, algunos amigos míos están llegando y no te quiero más aquí. No se preocupe, yo pago la cuenta.
- Él me mira y yo a él. Se levanta y sale. Con él ya en la puerta, Vinicius Siman con Mateus, su amigo, y Jeferson Adriano con Franquilaine, su novia, se asientan en mi mesa.
- ¿Quién era? – Vinicius pregunta.
- Nadie que vale la pena. Vamos, coman conmigo. Creo que esté exquisito.
- Cómo el cielo está bonito. – Habla Franquilaine.
- ¡Verdad! Hay un siente dibujado en el cielo. – Charla Jeferson.
- ¿Andará el diablo suelto o estará él sacando los pies del zapato? – Charla Mateus mientras sonreímos todos.
Por el ventanal vemos a la derecha de la luna menguante una línea recta descendiente: una estrella, Venus y otra estrella; a su izquierda, componiendo una escarpada línea recta y descendiente, dos estrellas y junto a la última de ellas, paralela a la luna, otra estrella. Siete astros dibujaron un siete blanco en el más oscuro y bello cielo. Mientras eso, en la calle y ajeno a todo que no sea él, Roberci se recuerda de él solo en su habitación mientras los tres eran jóvenes. Pero, Ranulfo no conoce sus pensamientos. Sin embargo, tú y yo, ¡sabemos!


Ofereço aos aniversariantes
André Brytto, Izabela Azevedo, Eduardo R.L. Toledo, Jaeder T. Gomes, Luciana Laris e Isac Silva.

Recomendo a leitura de “Presença”, de Bispo Filho:

Diquinha de português:
O uso de “a gente” nos verbos³
Para facilitar a compreensão dividamos o português brasileiro em três: Português Padrão Oficial, Português Não padrão e Português Padrão Coloquial. O primeiro (PPO) é a gramática normativa ao pé da letra. O segundo (PNP) é o português falado pela grande maioria da população. E o terceiro (PPC) é, em palavras minhas (Rubem Leite), a mistura dos dois primeiros; portanto, o mais belo dos três.
“O português não padrão é uma língua ‘enxuta’, que evita as redundâncias, o excesso de marcas para indicar um único fenômeno. (...) No caso dos verbos, ao que parece, basta a presença do pronome-sujeito para indicar a pessoa verbal”.
Vejamos um exemplo através da conjugação do verbo amar no presente do indicativo:
1- Português Padrão Oficial: eu AMO, tu AMAS, ele/ela AMA, nós AMAMOS, vós AMAIS, eles/elas AMAM.
2- Português Não Padrão: eu AMO, tu/você/ele(a)/nós/a gente/vocês/eles(as) AMA.
3- Português Padrão Coloquial: eu AMO, você/ele(a)/a gente AMA, vocês/eles(as) AMAM.
A redução das seis formas verbais do PPO para duas do PNP ou três do PPC incomoda muita gente porque estamos acostumados a crer que o esquema do primeiro é um retrato fiel da forma latina, portanto, “sinal de elite, de qualidade”. Mas não se pode dizer que nenhuma das três variações do português esteja errada, mas as duas mais aceitas são o PPO e o PPC.
Assim, para os meios acadêmicos recomendo a utilização da primeira; em casa e com amigos, utilizem a que mais lhe for confortável, a segunda por exemplo; e em conversas mais formais não se acanhem em utilizar a terceira variação.

Potira itapitanga são duas palavras que vem do tupi e significam “flor” e “pedra vermelha” (rubi). É meu desejo que cada leitor encontre em meus textos flores e pedras preciosas.

¹ AMARAL, Emília; ANTÔNIO, Severino; PATROCÍNIO, Mauro Ferreira do. Português: redação, gramática, literatura, interpretação de texto. São Paulo: Círculo do Livro, 1999. P. 14 e 15. Exceto o nome do destinatário. Tradução livre para o espanhol.

² La Flor de Maracuyá es un poema de Catulo da Paixão Cearense, un poeta, músico y compositor brasileño. Su obra más famosa es Luar do Sertão. La estrofa en el croento es una traducción libre de Rubem Leite.

³ BAGNO, Marcos. A Língua de Eulália. Editora Contexto. Páginas 61, 62, 64 e 65.


Escrito entre os dias 22 de outubro e 09 de novembro de 2015.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

BORBOLETAS

MARIPOSAS


Potira itapitanga.
Dia de Finados – Día de los Muertos.

Am I a butterfly? I want to be a butterfly!


Em português

Ovos pôs uma borboleta
Escolheu uma planta errada
“É meu corpo”, grita violenta
Para as lagartas, pá e enxada.
Mas outra,
Uma borboleta escura,
Veleja no olor do pão
Boa pessoa segura
E arrima o inseguro irmão.
Enquanto isso,
Amarela borboletinha as flores amarelas ama
Branca borboletinha com flores brancas se assombra
Preta borboletinha, dela nenhuma flor há que se compre
Laranja borboletinha voeja cantarolando livre sem lar.


En español

Huevos pone una mariposa
Optó por una planta errada
“Es mi cuerpo”, grita nerviosa:
Para las orugas, pala y azada.
Sim embargo, otras,
Unas mariposas oscuras,
Velejan en olor de pan
A sus hermanos, personas puras,
Fortalecen y no abandonan.
Mientras eso
Amarilla mariposita a las flores amarillas ama
Azul mariposita se encanta con aguazul
Negra mariposita vuela, vuela, pero no se aliene
Naranja mariposita por todas las flores tiene gana.


Ofereço como presente de aniversário
Carol Ribeiro, Sara Souza, Cristina Abreu, Adão Gurgel, Alvarino Silva, Gabriella L. Silva, Moisés Correia, Rosa Alda, Thiago Henrique e Dayane Andrade.

Recomendo a leitura de
“Seja o Sol de Seu Dia”, de Jackeline V. Valentim; “Dez Epitáfios”, de William Delarte; e “PARA Quem Tem Saudades”, de Nathalia A. Costa. Respectivamente nos endereços:

Potira itapitanga são duas palavras que vem do tupi e significam “flor” e “pedra vermelha” (rubi). É meu desejo que cada leitor encontre em meus textos flores e pedras preciosas.


Escrito entre a manhã de 18 de abril e a madrugada de 02 de novembro de 2015.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

NATUREZA POEMA

Potira itapitanga.


Em português

lua
convencida
brilha
noturna
reluz
diurna

Sinta o alento
Arvorear-se
Borboletar-se
Dance com o vento.

Amanhecer com sede
Sangue jorrar
Sem lacrimejar
Esmagar barata na parede.
Eita! Como sou malévolo.


En español

Amanecer con sed
Sangre chorrear
Sin lágrima a borbotar
Machacar cucaracha en la pared.
¡Caray, como soy malo!

Sienta el aliento
Arborecerse
Mariposearse
Baile con el viento.

luna
presumida
brilla
nocturna
refleja
diurna



Ofereço como presente de aniversário
Diane Mazzoni, Eremita G. Fernandes, Nena de Castro, Marcello E. Rodrigues, Roberci F. Sá e Urbano P. Souza.

Recomendo a leitura de A Grama do Vizinho é Mais Sequinha, de William Delarte; Reencontro, de Karine Faria; e Mosca Morta, de Pedro du Bois, em
http://williandelarte.blogspot.com.br/2015/10/a-grama-do-vizinho-e-mais-sequinha.html
http://www.lapoesia.com.br/2015/10/reencontro.html
http://pedrodubois.blogspot.com.br/2015/10/mosca-morta.html

Potira itapitanga são duas palavras que vem do tupi e significam “flor” e “pedra vermelha” (rubi). É meu desejo que cada leitor encontre em meus textos flores e pedras preciosas.


Escrito entre 10 de março e 26 de outubro de 2015.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

MARIPOSA FLOR

Potira itapitanga.

Em português

Caminhava sem rumo com o sol em minhas costas e a sombra à minha frente. Espaçadamente uma goiabeira ou outra em flor. É interessante a flor de goiaba; branca, simples, bela, forte e...
- O que está fazendo em minhas terras se não o conheço e não foi convidado?
- Quem é o senhor?
- Sou o Conde da Cruz Sangrenta de Jesus. O senhor supremo...
“Acho que parece mais com Dom Quixote” – Pensou, mas disse: O senhor chegou na hora certa. Estou perdido e procurava ir ao seu castel...
- Por quê?
- Sou o agrimensor que o senhor mandou vir da capital.
O conde põe em seu rosto uma triste figura e apeia do seu cavalo negro com manchas brancas e diz:
- Seja bem-vindo, seja bem-vindo! Eu o esperava ansioso. Tenho escutado que uma boa alimentação pode fazer milagres. Não é verdade?
- Ah... Creio que sim…
Os dois caminham lado a lado admirando a paisagem que se descobre a sua frente. Um riacho, goiabeiras, mangueiras, plantações.
- Então, sendo verdade quero que faça minha esposa ter um filho.
O viajante tropeça em uma pedra.
- O quê? Como?
- Já não sou mais um rapaz e minha esposa também não é mais uma jovenzinha. Então, quero que o senhor pesquise que plantas boas para a fecundidade são mais adequadas as minha terra. E farei com que todos os meus servos a cultivem.
Ele é doido. Eu sou agrimensor, não um biólogo. – Pensou; porém disse: Estou a sua disposição.
- Veja! O castelo.
Em um momento, ou dois, entram no salão principal e manda chamar a Condessa da Cruz Sangrenta de Jesus. Quando ela entra no salão o viajante vê uma flor, não uma mulher... Bonita e perfumada; de branco da cabeça aos pés. “É mariposa, a flor nacional de minha linda e amada Cuba. Terei que ser uma abelha!...”, pensa enquanto seu coração bate descompassado e o conde fala:
- Esposa minha. Este é o agrimensor que fará que tenhamos um filho.
- Estou à disposição do conde e farei a condessa ser mãe.
- E como assim fará? – A Condessa pergunta.
- Bem! Senhora Condessa...
- Pode me chamar, se assim meu marido permitir, de Elsa Mariposa. O nome que meus pais me deram.
- Bem, dona Elsa Mariposa, não é fácil. Mas uma vez engatilhado...
- Só poderei ser mãe apenas uma vez?
- Como eu dizia, é difícil, mas uma vez engatilhado os demais não tardarão.
O agrimensor pensou em cenoura, mandioca, quiabo e nabo para engravidá-la... Mas citou apenas os vegetais que realmente ajudam: arroz, milho, soja, feijão e aveia. A propriedade do conde é mais propícia para aveia, soja e feijão. E os aldeões foram encarregados de plantá-los. E o resto o Conde comprou.
Nos dejejuns, pão de milho. Nos almoços, arroz e feijão. E nos jantares, sopa de soja. E nada de doces porque açúcar dificulta a fecundação. Passados muitos meses a dieta não resultou em nada.
- Senhor Agrimensor! – Disse a Condessa sentada em um banco debaixo de uma goiabeira. – Não suporto mais as comidas e nenhuma me engravidou.
O agrimensor esfregou as mãos e disse sorrindo:
- Então, dona Elsa Mariposa, só existe uma possibilidade...
Tenho certeza que você, que está lendo o cronto, pensa que possibilidade é essa, não? Mas o que importa é que nove meses depois nasceu um lindo menininho parecido com uma bela abelha...


En español

Caminaba sin rumbo con el sol en mis espaldas y la sombra a mi frente. Espaciado, un pie u otro de guayaba en flor. Es interesante la flor de guayabera; blanca, sencilla, bella, fuerte y…
- ¿Qué haces en mis tierras si no lo conozco y no fuiste invitado?
- ¿Quién es?
- Soy el Conde de la Cruz Sangrienta de Jesús. El señor supremo…
“Creo que más parece Don Quijote” – Pensó, pero lo dice: Usted cayó a pelo. Estoy perdido e intentaba ir a su castill…
- ¿Por qué?
- Soy el agrimensor que usted mandó venir de la capital.
El conde pone en su rostro una triste figura y apea de su caballo negro con manchas blancas y lo dice:
- ¡Sea bienvenido, sea bienvenido! Lo aguardaba ansioso. He escuchado que una buena alimentación puede hacer milagros. ¿No es verdad?
- Ah… Pienso que sí…
Los dos caminan codo a codo admirando el paisaje que se descubre a su frente. Tecas, caobas, plantaciones alrededor arrodeando las orillas de un bracito de uno de los setenta y uno afluentes del Toa.
- Entonces, siendo verdad quiero que haga mi esposa tener un hijo.
El viajante tropieza con una piedra.
- ¡Qué! ¿Cómo?
- Ya no soy un muchacho y me esposa también no es más una jovencita. Y aquí no hay atutía. Entonces, quiero que usted investigue que plantas buenas para la fecundidad son más adecuadas a mis tierras. Y haré todos mis siervos la cultivaren.
Es un loco. Y soy agrimensor, no un biólogo. – Pensó; pero lo dice: Estoy a su disposición.
- ¡Mire! El castillo.
Pasado un rato, o dos, adentran al salón principal y manda llamar la Condesa de la Cruz Sangrienta de Jesús. Cuándo ella adentra al salón el viajante ve una flor, no una mujer… Guapa y olorosa; de blanco de la cabeza a los pies. “Es mariposa, la flor nacional de Cuba, nuestro lindo y amado país. ¡Tendré que ser una abeja!...”, piensa mientras su corazón late descompasado y el conde habla:
- Esposa mía. Este es el agrimensor que hará que tengamos un hijo.
- Estoy a disposición del Conde y haré que la condensa sea madre.
- ¿Cómo lo hará? – Pregunta la condesa.
- ¡Bien! Señora Condesa…
- Puede me llamar, si así mi esposo permitir, de Elsa Mariposa. El nombre que mis padres me regalaron.
- Bien, dueña Elsa Mariposa, no es fácil. Pero una vez engatillado…
- ¿Sólo podré ser madre una vez?
- Como decía, es difícil, pero una vez engatillado los demás no tardarán.
El agrimensor pensó en zanahoria, yuca, nabo y calabacín para embarazarla… Pero habló los vegetales que realmente ayudan: arroz, maíz, soya, frijol y avena. La propiedad del Conde es más propicia para avena, soya y frijol. Y los aldeanos fueron encargados de plantarlos. Y el resto el Conde mandó comprar.
En los desayunos, pan de maíz. En los almuerzos, arroz y frijol. Y en las cenas, sopa de soya. Y nada de dulces porque azúcar estorba la fecundación. Pasados muchos meses nada resultó de la dieta.
- ¡Señor Agrimensor! – Habló la Condesa sentada bajo una caoba. – No suporto más las comidas y nada me embarazó.
 El agrimensor refregó las manos y con una sonrisa dice:
- Entonces, dueña Elsa Mariposa, solamente hay una posibilidad…
Tengo certeza que usted, que está leyendo el croento, piensa que posibilidad es esa, ¿no? Sin embargo, lo importante es que nueve meses después nació un lindo niñito semejante a una bella abeja…


Ofereço aos aniversariantes
Warlisson Rodrigues, Joana Sangi, Roselene P. Andrade, Conrado Carvalho, Leila Cunha, Lucimar Inácia, Ricardo Viotti, William Salgado e Luiz F. Badaró.

Recomendo a leitura de Festa, de Bispo Filho em

Potira itapitanga são duas palavras que vem do tupi e significam “flor” e “pedra vermelha” (rubi). É meu desejo que cada leitor encontre em meus textos flores e pedras preciosas.

Escrito originariamente en español en la mañana de 24 febrero de 2015. Trabajado en las dos lenguas entre los días 11 de agosto y 19 de octubre de 2015.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

A CAVEIRA

LA CALAVERA


Potira itapitanga.
Viva Nossa Senhora Aparecida!
Viva América, apesar de invadida...


Em português

Algo uma caveira branca procura na noite escura. Onde está a lua que não me alumbra?
Uma casa!
A caveira está com fome e em uma casa deve ter moradores... Ela quer comida...
Gira a maçaneta, a porta se abre e ela entra. Com seus olhos que não existem observa ao redor e ninguém.
- Onde estão os moradores? Tenho fooooome!
Atravessa a sala. Seu pé direito martela o piso. Tic. O pé esquerdo também. Tic. Tic, tic, tic...
Da sala vai à sala de jantar.
Ninguém!
Da sala de jantar vai à cozinha. Então sorri muito mais ainda. Finalmente. Comida! Devagar pegou a faca em cima da mesa. Percorreu ameaçadora com a faca na mão ossuda e... Rarrarrá! Ela gargalha. ... E passa manteiga no pão.


En español

Algo una calavera blanca procura en una noche oscura. ¿Dónde está la luna que no me alumbra?
¡Una casa!
La calavera estay con hambre y en una casa hay que tener vivientes… Ella quiere comida…
Gira el pomo, la puerta se abre y ella se adentra. Con sus ojos que no existen mira alrededor y nadie.
- ¿Dónde están los habitantes? ¡Tengo haaambre!
Cruza la sala. Su pié derecho martilla el piso. Tic. El izquierdo también. Tic. Tic, tic, tic…
Cruza la sala y se va al comedor.
¡Nadie!
Del comedor se va a la cocina. Entonces sonríe más largo aún. Finalmente. ¡Comida! Tomó despaciosa el cuchillo arriba de la mesa. Recorrió amenazadora con el cuchillo en la mano huesuda y… ¡Jajajá! Ella carcajea. … Y extiende la mantequilla en el pan.


Ofrezco como regalo de cumpleaños a mis queridos
Ricardo A.W. Leite, Victor H.L. Macedo, Fernanda Peron, Dely T. Damaceno, Karla Suelen, Carmem L. Assis, Leticia Pereira, Rosemary Gomes, Shirley Maclane, Edmar Pereira, Eduarda Canbambo, Gely Fantini, Marcos Pinto, Giovânia Torres, Cida D. Maninha, Igino de Oliveira, Hércules Malta, Mary Cordeiro, Sheila Esteves, Flávia Frazão, Clara M. Viana e Yasmim Correa.

Revisión en español de Valdiene Gomes.

Potira itapitanga são duas palavras que vem do tupi e significam “flor” e “pedra vermelha” (rubi). É meu desejo que cada leitor encontre em meus textos flores e pedras preciosas.

Escrito originariamente en español y entre el día 03 de julio de 2014 y el día 12 de octubre de 2015.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

NOITE E LUA

Potira itapitanga.


I want to know is how is the case of Jesus.
The Father is God, but who did the Son was the Holy Spirit, but who created him was Joseph.

Oi, gente! Sou Benito e hoje é meu aniversário. Quero dizer, quando começamos nossa conversa era meu aniversário; mas vamos fazer de conta que ainda é, tá bom? Que bom que concordou. Então vamos lá, de novo. Oi, gente! Sou Benito e hoje é meu aniversário. Quem primeiro me cumprimentou e presenteou foi o Sol; ele me deu o dia mais quente do ano, porém iniciado e encerrado com fascinantes apresentações solo de sua estrelice... A Noite também me cumprimentou e, “tal qual a dona do bordel”, me ofereceu a Lua como amante. Caminhando com as duas e diante de minha luz, os postes se apagavam onde eu passava.
Mas no Tsuru... No restaurante japonês no Veneza I, aqui em Ipatinga, eu, Jeferson Adriano, Didi Peres, Carlos Glauss, Denise Maria e Vinicius Siman comemoramos meu aniversário. E conversamos.
Meu filho está de castigo. Não gosto, mas algumas vezes é preciso. Ele brigou com um coleguinha e o expulsou de casa. E isso não se faz. Mandei que não ligasse o computador de hoje até amanhã.
Repetir as mesmas besteira... Por que nos envolvemos sempre com gente ruim, iguais a outras pessoas de quem já gostamos? É preciso aprender com os erros, e não ficar errando e errando os mesmos desacertos. Eu preciso aprender. Necessito mesmo.
Quando se assume um compromisso é necessário honrá-lo; mesmo que algumas vezes a gente queira ficar em casa ou tenha vontade de fazer outra coisa. Principalmente quando o compromisso é com quem gostamos. E muitas são as vezes que sentimos valer a pena o encontro. Todavia, mudando de assunto, a diversidade é muito complexa para aceitar padrões de classificação e outras taxionomias. Mas a civilidade ainda deve sublimar ao instinto humano, mantendo-nos no controle de si. Caso contrário, como resposta a estímulos que desacordam situações onde o diálogo fora insuficiente para negociar, surge a guerra, o ódio, a ira e outros frutos e subprodutos do caos: a inimizade, a intolerância e o ressentimento.
Quero concluir a graduação que comecei, mas a universidade não ajuda. A solução foi entrar na justiça para que ela me reintegre. Pô, ela quem errou, não eu. E grana? Estou precisando um trabalho. Ainda bem que consigo algum com artesanato. E que interessante o garçom...
É absurdo encontrar bibliotecários que se dizem grandes leitores e pensadores, donos de grandes saberes; mas, na verdade, desprovidos de capacidade de reflexão e, pior, carregados de preconceitos. Preconceitos de todo tipo... Racial, sexual. E que ficam dizendo o que temos que ser, o que pensar, o que fazer.
A Lua sedutora sorri, mas eu...
- Uai! Que lágrima é essa, Benito? – Pergunta-me Vinicius.
- Sinto que algo horrível acontecerá em mais ou menos uma semana...
- Quê? – Fala Denise. – Nada de coisa triste agora.
- O quê, Benito? – Carlos indaga.
- Um hospital aos cuidados dos médicos sem fronteiras será atacado e...
- Que horror! – Didi interrompe. – Mas deixemos o futuro para o futuro.
- Pare o planeta que eu quero descer. – Alvino fala pela boca de Jeferson.
Eu quero é saber como fica o caso de Jesus. – Rubem se intromete no cronto. – O Pai é Deus, mas quem fez o Filho foi o Espírito Santo, todavia quem o criou foi José... Que família mais intradicional... Então...
Então retomo a palavra. Autor não tem que se intrometer no texto se fazendo personagem. Que coisa. Agora a fala voltará para as personagens.
Ric e Kel trabalham. O primeiro canta e toca seu violão com aquiescência da Noite e Kel prepara as refeições que comemos pensando em quem comer. O restaurante se esvazia e Ric sai com a Noite; vão para algum quarto passando antes por matos em uma moto. O chef se fica olhando a Lua que brilha diferente do fogão em que trabalha. E faz com ela o que faz na cozinha. Os sabores que sentem não é só na língua que desfrutam. Que sua imaginação lhe diga... Mas um não se embriaga impedindo-se de enlouquecer e, quiçá, crescer. Não é o músico nem o chef... É um sonho.


Ofereço aos aniversariantes
R. Janio W. Leite, Mayara F. Lima, Nei Gomes, Siloene de Oliveira, Erica Fernandes, Nilmar Lage, Keleston Abreu, Luciana Caldeira, Gustavo Espeschit, Yasmine Pimenta, Luciano G. Botelho, Ebes Faria e Anna L. Rodrigues.

Diquinha de português:
Quem ou que? – Quem disse isso foram eles. Eles disseram que não queriam ir. – Para nos referirmos às pessoas podemos usar tanto o pronome “quem” quanto o “que”. Porém:
Uso do Que
Quando utilizar “que”, o verbo deverá concordar com o antecedente deste pronome: Fui eu que disse – Foi ele que disse – Fomos nós que dissemos – Foram eles que disseram.
Uso do Quem
E quando utilizar “quem”, o verbo ficará, obrigatoriamente, na terceira pessoa do singular; pois “quem” é um pronome de terceira pessoa: Fui eu quem disse – Foi ela quem disse – Fomos nós quem disse – f) Foram eles quem disse.

Recomendo a leitura de “Vestido Branco”, de Bispo Filho; o poema sem título de Jackeline V. Valentim; respectivamente:

Escrito entre as últimas horas de 25 de setembro e as primeiras horas de 05 de outubro de 2015.