segunda-feira, 24 de junho de 2013

O QUE SÃO OS OLHARES




Obax anafisa.


“... meus olhos depois viram a maçaneta que girava, mas ela em movimento se esquecia na retina como um objeto sem vida, um som sem vibração, ou um sopro escuro no porão da memória; foram pancadas num momento que puseram em sobressalto e desespero as coisas letárgicas do meu quarto; num salto leve e silencioso, me pus de pé, me curvando pra pegar a toalha estendida no chão; apertei os olhos enquanto enxugava a mão, agitei em seguida a cabeça pra agitar meus olhos, apanhei a camisa jogada na cadeira, escondi na calça meu sexo roxo e obscuro, dei logo uns passos e abri uma das folhas me recuando atrás dela: era meu irmão mais velho que estava na porta; assim que ele entrou, ficamos de frente um para o outro, nossos olhos parados, era um espaço de terra seca que nos separava, tinha susto e espanto nesse pó, mas não era uma descoberta, nem sei o que era, e não nos dizíamos nada”.
(NASSAR).


Thiago, Tuca, eu e umas cervejas num bar de praça discutimos futebol, mulher e... E no céu a lua espera a nuvem.
- Eu li uma matéria no Diário do Aço o que uma pessoa disse a respeito do craque... Na opinião dela falam do craque de uma maneira muito avassaladora e que esta droga pode ser comparada a cachaça. Ridículo isso. Que fez varias entrevistas com usuários e que realmente o craque não é ISSO TUDO que pregam... PELO AMOR DE DEUS, essa mulher, super bem formada, com Doutorado, ta de brincadeira, não? Tudo que a sociedade está precisando é DE NÃO OUVIR uma coisa dessas... Eu, como lutador pelo NÃO uso de drogas e principalmente do craque, fiquei CHOCADO E TRAUMATIZADO... Leiam no jornal. QUERO REGISTRAR AQUI toda minha “discordância” com tudo que ela falou. Mesmo “dizendo” haver feito INÚMERAS ENTREVISTAS e estudos para chegar a este veredicto... SE o craque não for isso tudo que vejo a, no mínimo, vinte anos por aí, fui MUITO BEM enganado!...  DEUS abençoe a todos e nos livre desse mal.
- Calma, cara! Para você dar uma relaxada, mais um copo. – Garçom, mais uma. – Vamos falar um pouco de literatura ou de português e depois a gente volta ao assunto.
- Certo! Eu gostaria de saber se escrevo com h ou não o que disse acima.
- O quê?
- “Se o craque não for isso tudo que veja a, sem h, ou há, com h, no mínimo, vinte anos”.
- Quando há distanciamento no tempo usa-se a preposição “a”, não o verbo haver. Uma dica para saber se usa o verbo basta trocar por “faz”, se não mudar o sentido, ok. Se eu disser “há uma semana que não beijo” ou “faz uma semana que não beijo”, estou falando a mesma coisa, né?
- Sim. Mas cê tá com esse atraso todo? Rirri!
- Cê besta, sô! Tô não. Uarrarrá! Mas ao se tratar de algo que já passou, usa-se o verbo na forma “há”, mas se falar de algo que ainda está acontecendo ou de um intervalo no tempo usa-se a preposição “a”. portanto, se fôssemos escrever sua fala usaríamos a preposição, ficando assim “se o craque não for isso tudo que vejo a, no mínimo, vinte anos por aí”.
Thiago rindo: A gente tá normal não. Até gramática entrou no assunto.
- Já que estamos variado, vamos falar então de literatura, o que você tem lido? – Respondo rindo.
- Estou lendo um livro muito interessante, muito bom, mas muito pesado. Lavoura Arcaica. Devido ao seu forte simbolismo, o Antigo Testamento é um dos meios de compreender a obra e seus personagens.
- Uai! O que a Bíblia tem com o livro? – Espanta Tuca
- Porque, meu, por exemplo, a personagem pai representa o religioso que faz sermão e a religião que dita os preceitos, conduz a moral, as regras. André, personagem principal é outro exemplo, transgride as leis, mas retorna depois com melhor caráter, porém humilhado.
- Entendo! Eu me lembro que em toda a obra se vê a dualidade humana e André, personagem central, é tão radical quanto o pai, porém o segundo representa a moralidade ou o moralismo e o primeiro, que tenta evoluir, mudar; porém sem grandes ou bons sucessos.
- Pelo que estou entendendo do que vocês estão falando, o pai representa o conservadorismo... Mas conservadorismo também tem bons aspectos.  Não é só coisa ruim.
- É. Não podemos nos esquecer disso.
- Raduan, o autor, trabalha as emoções do leitor através do controle de pontuação, ora colocando-a bastante e ora retirando-a.
- Depois desse “riléquissi”, e seu Galo, eim?
- Ele é tudo de bão.
- Sei não, mais é meu Gavião.
- Mais nada, você quer dizer. Bicho bom é Raposa.
- Falem o que quiserem, os fatos dizem por si. GAAALOOOOOOOOOO!
Rindo mudamos de droga.
- Tuca, participei junto com meu amigo El Chico, do seminário de prevenção as drogas, craque, álcool e demais. O seminário foi realizado pelo Fórum Intermunicipal. O que pude perceber na palestra proferida pela Doutora convidada com ampla pesquisa na área que a raiz do problema é muita mais séria do que imaginamos envolvendo toda uma sociedade divinizada em seu individualismo hedonista. Nossa sociedade esta doente buscando a felicidade no consumismo, buscando resultados rápidos para vida passageira. A mídia tem focado no que chama de droga e esquecendo as licitas e estigmatizando o usuário das ilícitas como o lixo, principalmente do craque. Sai com uma pergunta na cabeça, se a sociedade não mudar seus valores, o que acho quase impossível, continuaremos ver estigmatização do usuário, rótulos sociais, repressão e violência e internações compulsórias.
- Heim? Que Thiago ta dizendo? Divinizada, hedonista... Como é mesmo a outra coisa que disse... estig... estigue o quê?
- Uarrarrá! Estigmatização. Está havendo uma supervalorização dos prazeres egoístas por parte da população e ao mesmo tempo só se fala das drogas proibidas e de seus usuários, deixando de lado, ignorando mesmo os males do fumo, das bebidas alcoólicas, inclusive nossa cervejinha. E todas são muito ruins.
Ainda conversando pagamos a conta. A nuvem passa pela lua e os galos cantam na rua.


Ofereço como presente de aniversário:
André Q. Silva, Rinaldo A. Gomes, Wendel Go Round, Emi Eidi, Grupo Farroupilha, Elaine Lima, Helio G.T. Melo e Daniela Vieira.

Estou contente! Em breve o ebook bilingue (espanhol-português) de poemas URDIDUMBRE – URDUME, pela editora Círculo de Artes. Espero que adquira e creio que vai gostar.

Recebi de Alano O. Barbosa a seguinte ideia que serviu de mote para o cronto. Não segui a risca a sugestão, mas me inspirou:
Boa noite Rubem. Ultimamente estou me refazendo das necessidades “bucólicas”, o ar puro, o cheiro da terra e do mato, o orvalho caindo o que nos “levita” até o poente por de trás dos morros, sem cheiro de xixi, ou de “pitorra” (bosta seca no cú com ou sem acento) e merda alguma. Também do coaxar dos sapos, dos cricilhar dos grilos. Gostara se possível você algo escrever sobre o chiquete. Não a goma de mascar, mas no sentido conotativo da palavra, o puxa saku, o sem caráter, o hipócrita... Um abraço.

Sítio eletrônico visitado na manhã de 25-5-13:

NASSAR, Raduan. Lavoura arcaica. – 3ª ed rev. pelo autor - São Paulo: Companhia das Letras, 1989. A Partida, parte. 1.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

Escrito entre 01 de maio e 24 de junho de 2013. Viva São João Batista. Louvados sejam os Santos Juninos.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

MARITA

Obax anafisa.


En español:

¡Ay! Si yo pudiera hacer todo diferente… ¿Yo haría?
Si amo Marita puedo cambiar mis palabras. ¿Como haría? Tal vez, como cuando ella deseó un perrito, en la mañana según lo sacase de mi bolso y con un beso lo daría. Serán bellas palabras silenciosas. O tal vez elogiándola cuando intenta algo, acertando o no. Son tantos sus aciertos que los errores desaparecen.
Si me gustan libros me voy de compras. No más me enfadaré todas las veces que me regalan con calcetines, corbatas. Como en mi último cumpleaños donde Rita, hermana de Marita, me irrita con docenas de calcetines, corbatas y calzoncillos. ¡Yo los tengo, caramba! “No soy un pobretón”, estornudo. “¿Qué dices, Benito?”, pregúntame. “¡Nada!”, contesto. “Me parece que dices algo”. Habla ingenuamente y repito “¡No!, nada allende de mis agradecimientos” mentí con una furia en mis ojos que no sé como la tonta no percibió. Tal vez porque sea una tonta mismo… Entonces, si no me regalan con buenas cosas, yo las pago.
Una vez que soy profesor de literatura, portugués y español, ¿puedo enseñar a alguien a escribir buenas redacciones? ¡Pensemos! ¿Lo que podría hablar en las clases? ¿Cómo podría enseñar? ¡Huuun! Que tal si crear algo así – ejemplo y explicaciones: La narración relata alguna transformación, o sea, el cambio de un estado inicial para un estado final. En otras palabras, el estado muda gracias a una secuencia de acciones. “José y Maria son felices en su casita” (Es el primer estado: los personajes son felices en la casita). “Joaquín mudó para la casa acerca y empezó a cortejar la vecina dejando José cargado de celos” (Es la acción: la seducción del recién llegado transformó la felicidad en celos). ¿Pero la historia muere, sin acontecer nada más? ¡No! Narración exige que las situaciones sean más trabajadas, que otros conflictos\acciones acontezcan. Pero aquí es sólo un ejemplo para mis alumnos. “José y Maria tuvieron una conversa seria y él intimó Joaquín a mudar de ciudad. El atrevido corrió, estaba con mucho miedo y la pareja se quedó feliz otra vez”. (Existe una cierta cronología: felicidad, cortejos, diálogo, intimación, fuga y la felicidad como estado final). Y ¿si enseñar también poesías? Cuadra… trova… soneto… aldravía! Será todo de bueno a mejor.
Y Eder… ¡No! Pero… cuando lo conocí mi corazón latió con fuerza y aún hoy, cada vez que recuerdo su olor, su pelo, sus ojos… ¡No! No lo puedo amar. No tendríamos hijos y las iglesias prohíben. Es pecado. Pero ¿por qué es pecado? ¿Amor es malo? No puedo pensar, los sacerdotes predican: “es cierto pensar solamente lo que decimos ser cierto. Todo más es errado”. Así, ¡dos hombres no, no, no! Tengo Marita. Es lo que importa. Y yo la quiero. No solamente amo Marita, yo la quiero. Con sus defectos y cualidades.
Y si quiero hijos los haré… ¡Uajajá! Voy a besar Marita más veces, ¿quien sabe así no nace uno? ¿Tal vez dos si yo la besar derecho? ¡Uajajá! Y si mismo así ella no se queda embarazada… ¡Adoptaremos! Hijos son hijos no importa de donde vengan ni de quién.
¡Ay! y si perdonase Marita toda vez que ella besase el lechero, el panadero, el verdulero, el carnicero, el jornalero, el peluquero, el bombero, el enfermero, el… ¡Ay, ay, ay! Nosotros seríamos más felices y no sentiría mi cabeza doler tanto. Y quien sabe si yo mejorar mis besos ella no lo haga más… Besase solamente yo, los médicos, los ingenieros y… y los hijos que nacerán. ¡Ay, ay, ay! Es mejor cambiar de asunto. Padre es padre y pronto. ¿Está lloviendo allá fuera?


Em português:

E se eu pudesse fazer tudo diferente… Eu faria?
Se amo Marita posso mudar minhas palavras. Como faria? Talvez como quando ela desejou um cachorrinho e na manhã seguinte eu o tirasse de meu bolso e com um beijo lhe desse. Seriam belas palavras silenciosas. Ou talvez a elogiando quando tenta algo, acertando ou não. São tantos seus acertos que os erros desaparecem.
Se eu gosto de livros vou comprá-los. Não mais me irritarei todas as vezes que me presentearem com meias e gravatas. Como no meu último aniversário onde Rita, irmã de Marita, me irrita com dezenas de meias, gravatas e cuecas. Que saco, eu os tenho! “Não sou um pobretão”, arroto. “Que disse, Benito?”, pergunta-me. “Nada!”, respondo. “Me parece que disse algo”. Fala ingenuamente e repito “Não! Nada além de meus agradecimentos” menti com uma fúria em meus olhos que não sé como a burra não percebeu. Talvez porque seja uma imbecil mesmo… Então, se não me dão boas coisas, eu as compro.
Uma vez que sou professor de literatura, português e espanhol, posso ensinar alguém a escrever boas redações? Pensemos! O que podia falar nas aulas? Como poderia ensinar? Huuun! Que tal se criasse algo assim – exemplo e explicações: A narração relata alguma transformação, ou seja, a mudança de um estado inicial para um estado final. Em outras palavras, o estado muda graças a una sequência de ações. “José e Maria são felizes em sua casinha” (É o primeiro estado: os personagens são felizes na casinha). “Joaquim mudou para a casa ao lado e começou a cortejar a vizinha deixando José cheio de ciúmes” (É a ação: a sedução do recém chegado transformou a felicidade em ciúmes). Porém a história morre, sem acontecer mais nada? Não! Narração exige que as situações sejam mais trabalhadas, que outros conflitos\ações aconteçam. Porém aqui é somente um exemplo para meus alunos. “José e Maria tiveram uma conversa séria e ele intimou Joaquim a mudar de cidade. O atrevido correu, estava com muito medo e o casal voltou a ser feliz”. (Existe uma certa cronologia: felicidade, cortejos, diálogo, intimação, fuga e a felicidade como estado final). E se ensinar também poesias? Quadra… trova… soneto… aldravia! Será todo de bom a melhor.
E Eder… Não! Mas… quando o conheci meu coração bateu com força e ainda hoje, cada vez que recordo seu cheiro, seus cabelos, seus olhos… Não! Não o posso amar. Não teríamos filhos e as igrejas proíbem. É pecado. Mas por que é pecado? Amor é mal? Não posso pensar, todo líder religioso afirma: “só e certo pensar no que dizemos ser certo. Tudo mais é errado”. Assim, dois homens não, não, não! Tenho Marita. É o que importa. E eu a quero. Não somente quero Marita, eu a amo. Com seus defeitos e qualidades.
E se quero filhos os farei… Uarrarrá! Vou beijar Marita mais vezes, quem sabe assim não nasce um? Talvez dois se eu a beijar direito? ¡Uarrarrá! E se mesmo assim ela não engravidar… Adotaremos! Filhos são filhos não importa de onde venham nem de quem.
Ai! E se eu perdoasse Marita toda vez que ela beijasse o leiteiro, o padeiro, o verdureiro, o açougueiro, o jornaleiro, o cabeleireiro, o bombeiro, o enfermeiro, o… Ai, ai, ai! Nós seríamos mais felizes e não sentiria minha cabeça doer tanto. E quem sabe se eu melhorar meus beijos ela não beije mais ninguém. Beijasse somente eu, os médicos, os engenheiros e… e os filhos que nascerão. Ai, ai, ai! É melhor mudar de assunto. Pai é pai e pronto. Está chovendo lá fora?


Ofereço como presente de aniversário a:
Bruno Coelho, Lorena Rodrigues, Alexandre Rodrigues, Ton Xavier e Lígia Schmidt.

Escrito originalmente em espanhol e depois recriado em português entre início de maio e 17 de junho de 2013.
A versão espanhola contou com revisão de Juliana Dias Pilastre. Graduada em Língua Espanhola e Língua Portuguesa pela Universidade de Brasília. Pós graduada em Tradução Português-Espanhol e Espanhol-Português pela Universidade Gama Filho.


Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você que me lê e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

O PÉ DE MANGA ESTÁ FLORIDO

Obax anafisa.


- Benito, ¡mi hermano! Un secreto para que tú escribas bien: no pienses. Deja que el bolígrafo baile al compás de los latidos de tú corazón, que tus manos sean las luces y que ese papel en blanco sea el salón donde el bolígrafo dance tus palabras.
Assim me disse a poeta uruguaia Marosa Di Giorgio quando o vento tocava nossos cabelos diante do mar. Ela, Alejandro Vera e eu estávamos olhando sem ver o Pólo Sul. Cada qual sendo transportado por um vinho chileno ao começo de seu dia.
Penso no Brasil, em um pé de manga florido e em um campo santo que esteve campo e não santo. Eu vi e eu ouvi sem ser visto nem ouvido:
- Que bom que você veio. – Disse Sabrina quando Kelly a abraçou.
- Quem morreu?
- Carlinhos! Conhece?
- Não!
- Pois é, amiga. Ele era do babado. Agora foi ser renda lá no céu.
O pé de manga estava florido no cemitério Senhora da Paz. Em Montevideo carvalhos verdejavam e acácias floreavam.
- ¡Bueno! Yo soy Alejandro. – O rapaz simplesmente me olha e minha mão continua estendida. – ¡Hola!
- ¡No te conozco!
- Yo sé, por eso estoy me presentando. ¡Soy Alejandro!
- Soy Banzo. – Responde sem aperto e eu me afasto.
Ainda volteando meus pensamento me levam a outro florido pé de manga e enquanto na Biblioteca Pública Municipal de Ipatinga a associação de apoio da biblioteca promovia um sarau comemorando o aniversário da cidade, eis que surgiu um poeminha:

A flor amarela brota
Em um avanço sorrindo.
A flor, ela te importa?
Sim! É Deus em ti surgindo.

- Me gusta el canto de gallos. – Alejandro nos retira dos devaneios. – Ayer los oír cantando alrededor de mi casa. ¿Los oyó, Benito?
- Sim! Assim proclamavam “sou forte!”, “sou lindo!”, “sou terrível!”, “venço tudo”. Inspirei-me e deixo “meu galo interior” cantar “sou forte, sou lindo, sou terrível e venço tudo!”.
- ¡Yo también hago así!
- ¡Nosotros también somos así, Alejandro! ¡Somos artistas!
- Viva a música, vivam as artes, vivam as letras!
E o vento tocava nossos cabelos diante do mar enquanto o vinho nos transportava ao Pólo Sul como pólem de flor de manga.


Ofereço aos aniversariantes
Claudiane Dias, Moisés Salatiel, Ubirathan Martins, Ana P.P. Bejar, Bryan S. Rodrigues, Luciana Robatini, Raphael Vidigal, Sueli B. Dutra e Mª Lurdes F. Lopes.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você que me lê e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

Para conhecer alguma obra de Marosa Di Giorgio veja:
ttp://www.palabravirtual.com/index.php?ir=critz.php&wid=1217&show=poemas&p=Marosa%20Di%20Giorgio

Luis González me ajudou apontando onde melhorar gramaticamente os trechos em espanhol. Luis é natural de Montevideo, Uruguay, reside hoje com sua família em Belo Horizonte, Minas Gerais. É professor de idiomas e ensina história aos professores, mas isso são detalhes. O importante é que ele trabalha com comunicação, fotografia, filmagem, edição de filmes, possui alguns livros publicados e tem uma família maravilhosa.

Escrito entre os dias 22 de abril e 10 de junho de 2013.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

PEQUEÑAS VACACIONES

Obax anafisa.


En español:

¡Hola, Eddi! ¿Cómo estás? ¿Todo bien?

Salí un rato de Ipatinga (pero un rato muy espaciado) y estoy en Belo Horizonte. Mañana estaré otra vez en casa y podremos salir. Pero quiero hablar del viaje, que está maravilloso y… un poco asustadizo. ¡Sin embargo muy caliente!
Conocí una chica muy guapa en la Praça Tiradentes. Nos fuimos a uno de los muchos bares de BH y allí bebimos, hablamos, comemos, hablamos, nos besamos. ¡Y que beso! Me quedé tonto, la vista turba. Me desperté en mi habitación del hotel, desnudo y cuando intenté abrir las ventanas el sol me dolió un poco. Mirándome en el espejo vi mi imagen medio transparente y dos agujeros en mi cuello. Ahora estoy bien pero con mucha sed. Voy a salir para alimentarme y mañana tú y yo vamos a salir juntos por la noche. ¿Qué tal si fuéramos a ver una película de Drácula?

¡Abrazos!

Tu siempre amigo con sed y que te quiere bien
Benito.


Em português:

Oi, Eddi! Ta tu bão concê?

Saí um pouco de Ipatinga (se bem que pretendendo demorar um pouquinho para voltar) e estou em Belo Horizonte. Mas amanhã estarei em casa e poderemos dar umas voltas. Mas eu quero falar da viagem, que está ótima e... bem, um pouco assustadora. Porém muito gostosa...
Conheci na Praça Tiradentes uma menina muito bonita. Nós fomos a um dos muitos bares de BH e ali bebemos, falamos, comemos, conversamos, nos beijamos. E que beijo, “mai dogue”. Fiquei tão tonto que não vi mais nada. Quando acordei estava pelado no meu quarto do hotel. Fui abrir a janela, mas o sol me incomodou. Olhei-me no espelho e meu reflexo estava transparente e tinha dois buraquinhos no pescoço. Agora estou bem, só que com muita sede. Vou sair um pouco para comer ou beber algo e amanhã nós dois vamos sair pela noite. Ei! Vamos assistir um filme do Drácula?

Abraços!

Seu sempre amigo com sede e que te quer bem.
Benito.


Ofereço aos aniversariantes
Gabriela Macedo, Kilder Andrade, Bruno Grossi, Selma Albergaria, Cecília Ann, Adriana Garcia, Isa Zeff, Rodolfo Gatti, Leandro Silva, Lua Salles e Elizeth Duarte.

A versão espanhola contou com revisão de Juliana Dias Pilastre. Graduada em Língua Espanhola e Língua Portuguesa pela Universidade de Brasília. Pós graduada em Tradução Português-Espanhol e Espanhol-Português pela Universidade Gama Filho.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você que me lê e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

Escrito entre os dias meados de abril e 03 de junho de 2013.

Criação original em espanhol e depois recriação em português.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

UM CONTO DE FADAS SAFADAS

Obax anafisa.


Era uma vez, em um reino distante, um príncipe de alabastra pele louçã e de madeixas louras ao raiar do sol. Seus olhos, duas safiras. Seus lábios, rubis.
Apareceu uma perereca e lhe disse “Beije-me, meu príncipe de olhos de safira e lábios de rubi e eu me transformarei em uma linda princesa”. E o príncipe contestou: Não, não, não! Jamais colocarei meus principescos lábios de rubi em uma coisa tão repugnante. O que me diria o meu time celeste se soubesse disso?
A anfíbia nervosa, estressada e com ódio disse: “Vou te destruir, príncipe de alabastra pele louçã e madeixas louras ao raiar do sol, por me deixar seca, seca, sequinha”. Ela procurou uma bruxa malévola para sua vingança. A bruxa era ligada à Maldita Trindade. Ela era filha do Edi Mais Cedo, esposa do Mala e Faia e mãe do Filie Esse Ano, pegou sua Biba Sangrada, leu umas palavras e a urucumbaca aconteceu.
O príncipe de alabastra pele louçã, louras madeixas ao raiar do sol, olhos safíricos e lábios de rubi caiu numa alienação total que mais parecia um sono terrível.
Então numa bela tarde apareceu, de outro reino distante, um príncipe encantando de pele cor de jambo e cabelos “blequepáuer” ao por do sol. Seus olhos, duas jabuticabas. Seus lábios, carmim. E puxou uma conversa, mas dos lábios de rubi de nosso príncipe de pele de alabastro, madeixas louras ao raiar do sol e olhos de safira não saía coisa que prestava. Então o grande príncipe alienígena de pele cor de jambo e cabelos “blequepáuer” ao por do sol, olhos de jabuticabas e lábios de carmim o desafiou para um duelo de espadas e a peleja foi tamanha que o príncipe de pele louçã, madeixas louras ao raiar do sol, olhos de safira e lábios de rubi foi obrigado a pensar, raciocinar e se curou da alienação, e juntos passaram a lutar contra os bruxos maus do mal.
A anfíbia foi se acalmando com o passar do tempo e quando seu ódio arrefeceu e morreu ela se arrependeu do que fez, conheceu uma irmã de espécie e foram felizes para sempre. Sabendo do perigo, a bruxa e sua família fugiram acovardados para um poço de fogo no fundo da terra e lá sofreram os horrores inomináveis com que ameaçavam a humanidade pacífica. E os dois príncipes dividiram um castelo e foram felizes para sempre.


Ofereço como presente de aniversário:
Kátia G. Paula, Ivone M. Andrande e Claitom Luz.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.


Escrito entre 12 de abril e 27 de maio de 2013.

terça-feira, 21 de maio de 2013

CANTINELA


Oi, Renato Gonçalves, Beto de Faria, Geraldo Valentim, Sinésio Bina, Tiago Costa e Deivid Paula!


”Riqueza é fruto de Amor, Sabedoria e Vida”.
(Palavras de Luz 2011 - M. Masaharu Taniguchi).


O mosquito voa sem rumo
Pousa e repousa na estante
Nos livros descobre prumo
Vida não é só instante.

El mosquito vuela sin rumo
Posa y reposa en el estante
En los libros descubren plomo
Vida no es sólo instante.

Eu gosto das regras. Na religião que sigo entendemos que a liberdade não é carência de obrigações, mas sim obedecer às leis. Exemplo: Dizer que liberdade é atravessar a rua sem observar o semáforo é burrice. Sejamos livres! E um segredo para a verdadeira liberdade: eu me livro dos males lendo bons livros. Porque o verbo livrar vem do substantivo livro. Ou vice-versa. Porém, livrar e livro têm a mesma origem.

Me gustan las reglas. En la religión que yo sigo entendemos que la libertad no es carencia de obligaciones pero sí obedecer a las leyes. Ejemplo: decir que libertad es atravesar la calle sin observar el semáforo es tontería. ¡Seamos libres! Y un secreto para la verdadera libertad: yo me libro de los males leyendo buenos libros. Porque el verbo librar viene del sustantivo libro. O lo contrario. Pero, librar y libro tienen el mismo origen.

Eram dezesseis olhos
Nossa aranha bem legal
Riam dela e de seus óculos
As moscas no matagal.

Eran dieciséis ojos
Nuestra araña muy buena
Reían de ella y de sus gafas
Las moscas con su cantilena.

Para vocês, amigos: obax anafisa! Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. Os versos e prosas são minhas flores para vocês e faço votos de que encontrem neles pedras preciosas.

Para vosotros, amigos: obax anafisa! En banto, obax anafisa significan flores y piedras preciosas. Los versos y las prosas son mis flores para vosotros y deseo que encuentren en ellos piedras preciosas.

A noite se banhou
Para se vestir madrugada.
E a madrugada se perfuma
Para se vestir manhã.

La noche se bañó
Para se vestir madrugada.
Y la madrugada se perfuma
Para se vestir mañana.

Asfalto corrompe flor
Flor rompe asfalto.
Tempo percorre o urbano
Humano morre sem tempo.

Asfalto corrompe flor
Flor rompe asfalto.
Tiempo recorre el urbano
Humano muere sin tiempo.


Escrito entre os dias 18 e 21 de maio de 2013.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

HÓRRIDOS PERIGOS


Obax anafisa.


Da janela se percebe a noite espreitando um meio de adentrar o quarto e nos devorar de fora para dentro, de dentro para fora e...
- Que isso, Benito! Uma história de terror?
- Não, cara! É só para criar um clima, fazer um suspense.
- Besta!
- Uarrarrá! Na verdade o que quero dizer é: Precisamos usar os conhecimentos que temos, e nas mais variadas áreas para conseguir algo.
- É... Mas como?
- Huum! Por exemplo. Estou estudando espanhol e descobri que “escalera” é o mesmo que escada para nós. E me perguntei “Por que escalera? O que tem em comum com escada?” e não via a semelhança até que notei que ambas começam iguais: “esca”. Pensei mais ainda e notei que escalera lembra escalar. Daí eu vi que a origem da palavra em espanhol é escalar o que se queira, um prédio, por exemplo. E em português? Es-ca-da. Se no espanhol vem de escalar quem sabem a nossa não vem de es-ca-la-da?
- Nossa! Complicado...
- Né não. É só parar para pensar. Unindo as informações que se tem para chegar a uma conclusão.
- Tá! Mas qual a importância disso?
- Uai! São tantas. Desde o simples conhecimento à “malhação”, “musculatura” do cérebro. O princípio é o mesmo para qualquer aprendizado. E, no meu caso, compreensão e não mera decoreba de uma língua que estou estudando.
Entra em meu quarto o vento e simultaneamente à sua saída me despeço de meu amigo.
- Com quem você estava conversando?
Maria pergunta quando Benito desliga o celular e ele responde:
- Era um adolescente que eu estou corrompendo, aliciando, desencaminhando.
- Kkkkkkkkkk. Deus queira que você consiga, pois eles não querem saber de conserto.
- Era usuário de drogas banais e outras mais... Largou-as para um vício maior: a leitura
- Ô glória! Saiba que aquele que tirar do caminho ruim um pecador receberá do Senhor a gloria por vir.
- Leitura faz pensar, pensar faz questionar, questionar faz cobrar, cobrar incomoda. Por isso são desencaminhados, corrompidos, aliciados. Pelo menos é que dizem os governantes...
- Parabéns! Tenho muitos ex-alunos encerrados na prisão, pois não quiseram mudar de vida; apenas passaram pela escola...
- Também alguns de meus ex-alunos pouco aprenderam. Mas acho que a semente lançada nunca se perde. Apenas busca nas próprias experiências o necessário para germinar.
- Alguns são presos pela falta de oportunidade. Como vi na peça européia, de sei lá quanto séculos atrás, O pastelão e a torta: “Minha fome convenceu meu amigo a roubar (a torta)”. Outros são presos porque tiveram oportunidade de aprender, e incomodam...
- Por isso digo: Leia e deixe ler!
- Que isso, Benito e Maria? Lição de moral para o leitor? – Ironiza Paulo, que da varanda, de costas para os brincos de princesa, nos observava antes de entrar com o irmão, Pedro.
“Deus meu! Espero que não”. Benito responde e Maria completa: “Foi só transferência em palavras, obvias talvez, do pensamento geral, talvez não obvio, de muitos”. Benito retoma a palavra: “Que bonito é falar difícil”.
- Belo livro! – Paulo aponta para a mesa encerrando o assunto antes que Maria mandasse o amigo para algum lugar escuso. Não estava disposto à briga alheia. Pedro começa outro tema de conversa. – Que livro é?
- É uma versão para crianças de Os Lusíadas, de Camões.
Paulo pega, abre ao acaso e lê:
- “Não é ficando encostado às glórias dos seus antepassados; dormindo em leitos de ouro; entregando-se a exóticos manjares, a passeios ociosos, a deleites infinitos, que se alcança a imortalidade”¹.
Pedro continua:
- “É, antes, buscando com seus próprios esforços as honras que possa chamar suas; é vestindo a armadura, sofrendo tempestades cruéis, vencendo frios que enregelam e regiões desabrigadas, é comendo alimentos apodrecidos; é mantendo no rosto, que empalidece, a expressão firme e decidida, quando vê a bala, assobiando, tirar a perna ou o braço ao companheiro, que o homem alcança a verdadeira glória”¹.


Ofereço como presente de aniversário:
Guebel Stevanovich, Léo Coessens, Adê Araújo, Marquim de Faria, Vinicius Cabral e Márcio F. Amorim;

¹ CAMÕES, Luís Vaz. Os Lusíadas (seleção e adaptação: Elsa P. Magalhães). Rio do Mouro (Portugal): Girassol, canto VI.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

Escrito entre 25 de março e 20 de maio de 2013.