É bem cedo e vou comprar pão. Na rua dois pica-paus. Casal? Amigos? Sei lá. Não sei ver o sexo dos pica-paus.
- Como assim não sabe nos diferenciar? Diz um deles.
- Num tem medo de morrer, não? Diz o outro.
- Desculpa a minha ignorância humana. Não quis ofender.
- Tá bom. Se você reconhece que não é dono da verdade nem do mundo...
- É claro que não. Agora foi você que me ofendeu me xingando de estadosunidense. Ce tá achando o quê? Tenho respeito à vida. Todas as formas de vida. Inclusive, apesar dos pesares, dos estadusinendes. Falo bravo.
- Desculpe. Falou o primeiro pica-pau.
- Realmente não queríamos ofendê-lo. Completou o segundo.
- Desculpas aceitas e peço outra vez que me desculpem qualquer coisa. Apesar de brasileiro, ainda sou humano e como tal estou aprendendo a viver.
- Desculpado.
- Desculpado.
- Eu me chamo Benito Bardo Junior. E vocês?
- Pica Diva. Mas pode me chamar de Diva.
- Pau Brasil. E a mim, Brasil.
- Diva, Brasil, prazer conhecê-los.
- Benito, diz uma coisa para nós. Fala-me Diva. Eu juro que não entendo. Aquela adolescente que foi feita refém por um rapaz e depois de uma looooooooooonga prisão foi morta por uma incompetência generalizada.
- É Benito. Explica para nós.
- Ora Diva e Brasil, vocês que não são humanos não conseguem entender porque acha que eu, um simples humano, vou entender? Afinal, a nossa raça só faz bobagem... A única coisa que sei é que a impressa está se divertindo horrores com tamanho horror...
- Outra coisa, Benito! Por que vocês comem carne se os seus órgãos digestivos são semelhantes aos dos herbívoros?
- É! Completamente diferente da dos animais carnívoros?
- Bem, meus caros pica-paus. A única coisa que sei é que tem gente dando mais valor ao dinheiro do que ao ser humano. O espaço que daria para plantar alimento para mil pessoas está sendo usado para alimentar cem bois.
- Não entendo as pessoas. Eu prefiro alimentar minha espécie do que alimentar boi. Nada contra os bois, mas...
- Mas mudando de assunto, meus amiguinhos alados. Como vão as coisa no mundo animal?
- Olha! Diz Brasil. Um semelhante seu, Leonardo da Vinci, disse que chegará o dia em que a humanidade entenderá que matar um animal será reconhecido como crime tão terrível quanto matar um animal.
- Afinal. Completa Diva. Animal tem alma feito gente. A Natureza tem alma.
- Já li na Seicho-No-Ie que “o meio ambiente tem alma como a gente”.
- Benito. Fala a Diva. “Mesmo na árvore recém-cortada a vida espiritual flui e será eterna. O punho que a derrubou é que só tem um instante. A mão que apenas usurpa, consome e não preserva “morre” no instante em que provoca morte. No entanto, a vida que flui na árvore ou no animal arrancado de seu corpo físico permanece. Mas a mão que acha que mata é que está “morta”, e acha que vive enquanto vegeta mediante o seu próprio espírito”*.
- Brasil fala: “Mediante a iminência de guerras e tragédias ambientais, o bom senso ainda é o melhor item do cardápio”*. Em outras palavras Benito. Pessoas que seqüestram outras, que deixam por dinheiro seus semelhantes famintos devem estudar mais a natureza para verem se entendem que o mundo não é dos homens. Os homens é que são do mundo.
- Brasil! Temos que ir embora. Tial, Benito
- Tial Benito.
- Tial Brasil e tial Diva.
Depois dessa o que poderei falar?
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* Jornal Círculo da Harmonia, página 06 setembro de 2008. Maiores informações: AJSI-Regional MG-Governador Valadares => R. Benjamin Constant. 456 Centro Governador Valadares – 033-3221-2635 – http://sijognaluz.blogspot.com . Ou pelo sítio www.sni.org.br
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