domingo, 27 de setembro de 2020

O BRASIL SE TORNA, A CADA DIA, O PAÍS DO ATRASO



  

- Não haveria a dualidade entre sujeito e objeto se a realidade humana fosse baseada na solidariedade e amizade. A...

- Não entendi, Benito. Como assim sujeito e objeto?

- Sujeito e objeto, Boçalnariano, é eu e o outro. Contudo, como eu dizia, a realidade humana se baseia, segundo Hegel, na hostilidade fundamental em relação a qualquer outra consciência. Por isso, de acordo com Djamila Ribeiro, cada um se autoafirma como essencial, ou seja, como sujeito e os outros como inessenciais, em outras palavras, como objetos.

- Entendi.

- Bom. O poema Flordelis, de Rubem Leite fala um pouco sobre isso ao discutir a política e a religiosidade brasileiras. Fala um pouco de como o brasileiro reage diante daqueles que usam o Nome de Deus. E diz bastante daqueles que se valem da religiosidade para o mal. O poema Flordelis não fala da pastora deputada que casou com o filho e depois o matou; mas neste nosso momento é difícil achar alguém que mais represente o que Rubem falou do que a Flordelis.

- Onde posso encontrar esse poema?

- No blog aRTISTA aRTEIRO.

- Ok. Mas uma correção. Ele, o pastor, não é filho. É genro.

- Era filho adotivo da mulher com quem casou, a pastora deputada Flordelis.

- Não era não. Ele tem mãe.

Benito decide não dar murro em ponta de faca; mesmo que seja uma faca cega como esse e qualquer outro boçalnariano.

- Gostaria de ver um poema no aRTISTA aRTEIRO sobre corrupção. – Continua Boçalnariano. – Mas um que falasse deste mal tupiniquim desde o final da ditadura. Em todas as suas vertentes e premissas.

- Através de mim e de outros, Rubem tem falado da corrupção da ditadura, do pós ditadura, do período de esquerda e do mais óbvio de todos, o momento atual.

- Só tenho visto Rubem Leite falar do momento atual. Fala até demais; com muitos exageros. Já vi também falar da ditadura. Mas do período da esquerda nunca vi.

- Nunca é demasiado falar do mal que é esse governo.

- Pode ser... Mas tá exagerado.

- Você acha exagerado porque se sente incomodado que lhe aponte a desgraça que fez.

- Que isso, Benito. Diz isso não.

- E digo mais. Não omito nada sobre os muito mais de cem mil assassinados através do covid-19 por esse governo satânico. Falo principalmente do que vivo. Mas falo também dos fatos históricos passados. Menos, mas denuncio com relativa frequência. Denuncio principalmente esse desgoverno boçalnariano.

- Gosto do trabalho do aRTISTA aRTEIRO. Isso é fato. Mesmo que não concorde de ponto de vista político. Mas gosto da arte, do manejo com as palavras.

- Realmente temos pontos de vistas divergentes. Eu jamais votaria em quem apoia tortura, estupro, assassinatos e extermínios de povos. Ao contrário de você eu jamais votaria em Boçalnato, no Zemagogo e no Naná Pedregulho. Jamais votaria em vereadores que votaram em favor do aumento da taxa de coleta de lixo no IPTU em 2017 nem nos que apoiaram uma moção de aplauso ao Boçalnato em 2020. Nunca votaria em Márcia Perozini, Toninho Felipe, Ademir Cláudio, Paulo Reis, Vanderson Autotrans, Andrade, Franklin Meireles, Gilmarzinho, Luiz Márcio, Adiel Oliveira, Jadson Heleno, Cassinha Carvalho, Masinho, Rogerinho, Tunico, Adelson Fernandes, Avelino Cruz, Fábio Pereira, Chiquinho, Gustavo Nunes, Rominalda Paula, Nilsin Transnil, Toninho Felipe ou Ley do Trânsito. Estes se demonstram inimigos do povo.

- Você só fala em quem acha que não se deva votar.

- Na política municipal estou dividido. A esquerda não se uniu. Para prefeito só vejo dois nomes: Robinson Ayres e Diego Arthur. Para vereador, quatro nomes: Lene Teixeira, Maura Gerbi, Daniel Cristiano e Gabriel Miguel.

- A esquerda vacila mais uma vez. – Josiane Hungria toma a palavra e Kadosh Miranda concorda: Estou aqui neste mesmo pensamento.

- Seguiremos na construção do Poder Popular Ipatinga e ter o nome lembrado por você é um reconhecimento que motiva! Nós seis somos nomes que realmente representam parte da esquerda de Ipatinga.

Diz Daniel; Lene continua e em seguida Diego:

- Figurar entre esses nomes que te deixam divididos já é uma honra, sinal de que estou do lado certo da história. Teremos grandes batalhas pelo voto nesses dias, mas todos nós já batalhamos juntos em defesa de projetos em defesa da vida. Acredito que assim continuaremos depois das eleições. Você é muito importante neste processo.

- Muito obrigado, camarada. Sinto-me muito honrado por ter sido avaliado como bom candidato pelo senhor, uma pessoa tão criteriosa ao escolher. Isso para mim já faz valer a pena estar assumindo essa missão, muito obrigado, camarada Benito.

- Apresento Suzana Saraiva. Bora conhecê-la um pouco mais?

Diz Valdiene Gomes e Benito pede que fale mais sobre ela. Claude Robert toma a palavra:

- Suzana é uma jovem do bairro Vila Militar e que desde criança está envolvida nos movimentos populares sociais da Igreja Católica; junto à Pastoral da Juventude e movimento das CEBs. Hoje é pré-candidata a vereadora de Ipatinga apoiada por grupo de amigos de Igreja e da Pastoral da Juventude que discutiram que é necessário fortalecer a participação dos jovens na política. Ela tem a proposta de ser voz dos movimentos juvenis e populares, defender um projeto coletivo construído de forma participativa e direta.

- Sr. Claude, para quem estuda História pessoas com envolvimento religioso são sempre um perigo para a sociedade. Nada que veio do cristianismo e/ou cristãos é de Deus. Apenas descumprem o Segundo Mandamento. Sei que o senhor e a professora Valdiene discordarão de mim. Mas a História não mente.

- Discordar não... Talvez até reafirmar suas palavras: há muito perigo vindo de fundamentalistas religiosos. Mas uma grande parte da nossa Igreja Católica de Ipatinga ajudou muito a nossa cidade e os movimentos sociopolíticos. Não tem como falar de um movimento de esquerda de Ipatinga sem falar dos frades que trabalharam na Paróquia Cristo Libertador e do Pe. Ernesto. Esses, não desmerecendo o trabalho de centenas de outros, ajudaram muito ao município. Infelizmente perdemos muito em termos clericais nos avanços da Igreja em defesa dos pobres e excluídos. Mas tenho certeza que Suzana não representa esses movimentos pentecostais nem da Regressão Antipática Caquética.

- Ela terá os votos seu, da professora Valdiene e dos que acreditam que o cristianismo é de Cristo. Mas a História repetira o que já tem mostrado a séculos. Se eu tiver errado que bom que algo no cristianismo, por incrível que pareça, deus alguma fagulha, um vislumbre, uma aparência de coisa boa. Mas a base de dona Suzana é a de todos os outros milhares de eleitos: “Sou de Jesus e em Nome dEle fiz isso e farei isto”. – Uma pausa por exaustão e continua: Mas acho que estamos discutindo o sexo dos anjos. O senhor e outros vão votar na “serva de Jesus”. Eu votarei em quem não usa o Nome dEle.

- Então você terá que repensar alguns nomes dessa sua lista... Nada contra nenhum deles. Todos ótimos nomes!

- Como disse, Sr. Claude, tenho dois para escolher para prefeito e quatro, para vereador. Não tenho ainda uma definição. Mas sei que se usa o Nome de Deus boa bisca não é.

Alexsandra Gregório pega para si a palavra:

- Acredito que temos que eleger o máximo possível de mulheres. Mas mulheres de fibra, força e garra.

- Concordo plenamente. Por isso metade das minhas ideias para vereadoras são mulheres: Maura Gerbi e Lene Teixeira.

Contudo Boçalnariano volta a mugir:

- Vocês só falam em quem acha que não se deva votar. Mas é capaz de dizer um, um que seja que se possa votar pra prefeito em Ipatinga?

- Você está fora de sintonia?

Diz Alexsandra e Josiane conclui:

- Foram apontados muitos bons nomes a serem pensado.

- Falo dois para prefeito de Ipatinga e quatro para vereadores. – Diz Benito. – Pessoas que já se mostraram pró povo indico, para prefeito, Robinson Ayres e Diego Arthur para que o povo escolha um deles. E para vereadores sugiro Lene Teixeira, Maura Gerbi, Daniel Cristiano e Gabriel Miguel.

- Mas enfim, não estou querendo criticar o aRTISTA aRTEIRO nem perturbar seu domingo, Benito. Então fique em paz.

- Estou em paz. Jamais carregarei a culpa pela morte das centenas de milhares de assassinados no covid-19 pelo desmatamento e desmantelamento do Governo Federal; jamais hei de compactuar com a expulsão de quatrocentas e cinquenta famílias em plena pandemia pelo governador de Minas; nunca hei de apoiar os agravos ao povo ipatinguense realizados por aquela corja de vinte e cinco vereadores; nem fingir que não vi Nardielo Rocha, prefeito de Ipatinga, recusar pagar aos aposentados ou ele abrir edital de apoio a cultura e não liberar as verbas aos projetos aprovados. E essas coisas que falei dos executivos federal, estadual e municipal assim como do legislativo de Ipatinga são apenas gotas quase à borda do copo...

 

 

Ofereço como presente aos aniversariantes:

Ana Glaicy Figueiras, Gedeon Oliveira, Edelzuita Ferreira.

 

Recomendo a leitura de:

Versos Ácidos do Vale do Aço” é uma antologia poética que nasceu do desejo de tornar o vale menos cinza. A obra foi escrita por dez poetas. Apoie a literatura e encha sua vida de poesia!

Pré-venda:

http://wa.me/553198986-5821

Onde Aqui Rebentamos”, de Wil Delarte. Esse livro celebra o poder das criações. Uma história de amor se desenha ao fundo e por dentro, invocando a alma das palavras, onde tudo é síntese, movimento e explosão, vida e rebentação.

Pré-venda:

https://trovoar.lojaintegrada.com.br/pre-venda-onde-aqui-rebentamos-i-willian-delarte?fbclid=IwAR3Q0xlRt7B476VuZnJwraG-pSVy1qZT52fMgJGB6bIMsOheejRtgvm9K1o

 


Rubem Leite
é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO.

 É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes.

 É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”.

Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”.

Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).

Imagens:

Versos Ácidos do Vale do Aço: Roberta Rocha.

Foto do autor pelo autor.

 

Escrito e trabalhado entre os dias 29 de agosto e 27 de setembro de 2020.

3 comentários:

Lene Teixeira disse...

Nossas vidas, nossas lutas!!! Hoje posso pedir o voto, mas meu nome já está sendo avaliado por este aRTISTA aRTILHEIRO que ao tomar sua decisão vai contribuir muito, pois são 418 candidatas/os em Ipatinga, disputando 19 cadeiras na Câmara. Vai ser difícil....no meu caso serei avaliada também pelo trabalho realizado. Sei que busquei cumprir a função parlamentar. Boa parcela dos eleitores desconhece o quê faz um vereador.

Glaussim disse...

Hoje eu subo no muro e leio seus versos. A minha esperança nas soluções de direita pra melhorar ou aprimorar o acesso aos meus Direitos são nulas. Só na esquerda política vejo caminhos de inclusão, empatia, preservação dos Direitos Humanos, Trabalhistas e Previdenciários pra quem vive com menos de dois salários mínimos vigentes. Infelizmente, por 30 anos após a saída dos militares e formação da Constituição Federal de 88 só vi a direita política defender aumentos de salário pra militares, redução de impostos pra Grandes Negócios, empréstimos e remissão tributária pra multinacionais estrangeiras instaladas aqui. Atire a primeira pedra quem provar que as instituições públicas de controle social estão mesmo de olho no CADE e de olho no desenvolvimento prometido pelo BNDES. Desde 2009 só vejo promessas e especulação. De outra sorte, cada um por si, projetos corporativistas pra quem for Insider e foda-se pra gente pobre. Ainda se dizem patriotas, mas não passam de mercenários que usam até o direito indevido de greve pra negociar a base da chantagem no mais clássico "se eu deixar de fazer, o que será que pode acontecer?"

Eraldo Maia disse...

Nada mais lúcido do que alguém inspirado pela mensagem de Cristo, assumir, politicamente, uma postura comprometida com coletivo, com a justiça social, com a superação de um sistema em que seres humanos são explorados. Porque a mensagem de Cristo é a do amor, e somente o amor é potente para transformar o mundo.