domingo, 26 de setembro de 2021

OVELHAS DO PASTOR

 


 

Domingo.

A menina acordou, não do sono, mas do desfalecimento.

- Bom dia, ovelhinha do pastor.

 

Quarta-feira.

- Benito, qual é o trecho bíblico onde Deus manda matar todos os homens e meninos e mulheres não virgens; e estuprar as meninas e adolescentes?

- É o que está nos versículos nos versículos treze a dezessete do capítulo trinta e um do livro de Números. E tem tam...

- É, mas tem que observar o período histórico! – Intervém um pastor que se encontrava perto.

Por não estar disposto a prolongar assunto com tanto o que tenho para fazer – desta vez – somente penso:

Sempre fazem isso. Quando é algo incômodo ou fora de seu interesse justificam “período histórico...”, “contexto da época...”, “interpretação de texto...” E quando é para seu interesse afirmam “é a verdade...”, “palavra do Senhor...”, “compreensão do texto...”.

 

Sábado.

- Boa noite, ovelhinha do pastor.

A menina ia para seu desfalecer. Nem sabia o que era falecer, mas já estava morta em vida; já desfalecia em sua vida falecida.

 

 

Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO. É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”. Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).

Imagem: foto de Erika Aviles.

 

Escrito entre 22 e 26 de setembro de 2021.

domingo, 19 de setembro de 2021

TERCEIRO DOMINGO DO SETEMBRO AMARELO

 

“Deus está cansado de ouvir. Quem te ouviu foi o diabo e te abençoou lá no inferno”.

(Mia Couto, em Padre Novo. Do livro O Fio das Missangas). 


Na semana do segundo domingo do setembro amarelo observei e senti muitas coisas e transcrevo algumas no terceiro domingo.

 

Uma é como diz minha sobrinha Thaís: “Pra que vou melhorar, se Jesus pode e DEVE pagar por mim?”. Também vi outra vez a perseguição a ciência e a educação.

Ainda senti a doce saudade. Sonhei com um cachorrinho que morreu ano passado. E num ponto de ônibus me lembrei das vezes que minha mãe e eu pegamos esperávamos o meio de voltar para casa.

De tudo isso registrei:

- Que Cristo tome para si nossas enfermidade e doença. Amém!

- Por que manda coisas ruins para Cristo? Que Ele faça funcionar o cérebro do povo e dos governantes. Não sei se é possível... Se esses cérebros têm cura... Mas podendo ou não, Cara, muita saúde pro Senhor e que a gente te deixe em paz.

 

Só consigo sentir-me triste. E nem tudo pelo que me atinge.

Queria ser pedra, mas sou, como disse Mário Quintana, Grilo: alma dos poetas mortos.

A Consul no shopping do Vale fechou. Quantas e quantos “desempregades”. O desespero avança no Brasil.

 

“Em Terra de Cegos”, de H.G. Wells

Quem tem um olho é louco.

Este se acha rei dos céus

E aqueles o cegam ou ele morre...

 

Sonhei com Florbela, Pessoa, Iemanjá e, o já falecido, Vitório – meus cachorrinhos –. Disse: “Oi, Vitório! Você está aqui?” E o sonho termina comigo fazendo-lhe carinho e ele abanando o rabo.

Será que me visitou? Não importa. Foi bom enquanto durou e o que ficou não é resto; é memória.

Eu, mesmo sendo apenas um ponto no universo, ainda estou aqui. A registrar, denunciar e atuar. É bem possível que meu esforço seja o de um ponto num parágrafo, mas não há de ser, ainda, o final do parágrafo.

 

 

Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO. É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”. Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).

Imagens – fotos do autor.

 

Escrito entre 12 e 19 de setembro de 2021.

domingo, 12 de setembro de 2021

SEGUNDO DOMINGO DO SETEMBRO AMARELO

 


 

 

Tem o sol e a lua,

Flores, pássaros e borboletas,

Cães e gatos,

Mas há também muitos

Parentes e vizinhos.

 

Tem um Pe. Júlio Lancelot,

Mas há também muitos

Silas Malafaia, Edir Macedo, Valdemiro Santiago.

 

Tenho emprego,

Mas quantos, no muito, só trabalho.

Tenho casa e comida,

Mas quantos estão sem guarida.

 

É muito para atravessar.

É muito para atravessar.

 

“Já raiou o sol da liberdade”

“Ainda que tardia”.

Declamam gente de toda idade;

Fazem os que têm rebeldia.

 

 

Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO. É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”. Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).

Imagens – fotos do autor.

 

Pensado e sentido por muitos anos. Escrito nas manhãs de 11 e 12 de setembro de 2021.

domingo, 5 de setembro de 2021

PONTO FINAL AINDA NÃO

 

 

 

O que tenho para dizer no primeiro domingo do setembro amarelo? Há tantas falas paralelas...

Nesta semana que se encerrou disseram sobre Boçalnato: corno e gay.

A impressão que tenho é que, na verdade, é uma agressão à ex-esposa (por extensão: mulher). Se fosse ela a traída pouco ou nada ficariam chamando-a de chifruda.

E ser gay não é ofensivo nem engraçado.

Por que gente ruim tem que ser homossexual ou, se for, por que tem que destacar a homossexualidade?

Disseram-me: “Até onde sei, ninguém fala aquele hétero malvado, peste. Então o que gênero ter a ver com caráter? Nada!”.

Prefiro saber que Leonardo Da Vince, João do Rio, Renato Russo, Cássia Eller, Santos Dumont, Alan Turing eram homossexuais. Estes sim são exemplos a serem citados.

O que dizer no atual ponto histórico-geográfico tão conturbado?

- Não se mate!?!

- A vida vale a pena!?!

Não tenho muito a dizer sobre o mês de prevenção ao suicídio num período tão conturbado.

Está tão difícil viver. Mas a verdade é que nunca foi fácil. Nunca houve um período histórico ou ponto geográfico bom para o povo. Se nos matássemos por causa das dificuldades não ficaria ninguém.

Bem, estou aqui.

Manipulável. Querendo ou não somos todos manipuláveis, mas acho que me sobressaio...

Mas, porém, todavia... Aprendendo um pouco mais a cada dia. Fortalecendo-se um pouco mais a cada dia. Não por vontade, mas porque estou aqui.

Mas, porém, todavia... Solidarizando com um e outro. Denunciando um e outro. Unindo-me a um e outro. Por vontade porque estou aqui.

Estou aqui. Um ponto em Timóteo, em Minas Gerais, no Brasil, na América Latina, no mundo, no sistema solar, na galáxia, no universo...

Um ponto que pode vir a ser a semente de uma flor ou a pedra no sapato.

Mas no momento sou um ponto que ainda não é final.

 

 


Rubem Leite

é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO. É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”. Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).

 

Pensando no correr da semana anterior. Escrito no dia 05 de setembro de 2021.

domingo, 29 de agosto de 2021

INSER

  

El placer humano es el mal

Su semilla es el mal

Así, toda historia lleva siempre el mal.

Es siembra del mal.

 

Morte próxima

Plantando jardim

Vida vai

Vida vem

Mim.

 

Hoje há a crença

Há o que fazer

Desatento ou atento

Tenta

Dorme, acorda

Há o que fazer

É a crença.

 

A satisfação humana é o mal.

Sua semente é o mal

Assim, toda história sempre tem o mal.

Semeia o mal.

 

Às vésperas da morte

Plantava flores

Vida esvaía

Vida florescia.

 

 

Pensei em oferecer aos aniversariantes que gosto. Mas sei que não gostam do que escrevo. Em silêncio comemorarei seus aniversários. Não os esquecerei, mas guardar-me-ei.

 

Escrito e trabalhado entre os dias 25 de junho e 29 de agosto de 2021.

domingo, 22 de agosto de 2021

UXI

OITI, IPÊ, SIBIPIRUNA, PÉ DE VACA

 

 

CASA DOS ARTISTAS MUCHILEIROS

Novo endereço:

Rua Uxi, 144 Limoeiro Novo

35181-415 Timóteo MG

(Para vir de ônibus:

Fabriciano: para Macuco

Timóteo: para Macuco ou para Recanto Verde). 

GUARDA-NOTURNO

(De Girvany de Morais)


A noite é bela,

mas tenho que guardar almas,

as almas são minha missão,

eu preciso dormi-las

no seu justo descanso.

Eu amo a noite que me dá

o sagrado pão,

que me dá a lua e as estrelas,

então tenho que guardá-las,

para que ladrões

não as roubem.

 

Hoje um uxi percebeu que há tristeza boa.

Sempre soube que a tristeza pode ser bonita. Por exemplo, a pintura de um casebre bem pobre ou uma música. Ou a vista da rua onde moro. Pensar no próximo além de si são, entre outras coisas, belas tristezas. 

Para muitos sou uma pessoa, para poucos sou pai, para os demais sou mãe. Mas a tristeza que descobri hoje é que que a ida de meus filhos  não biológicos, mas de verdade – me faz chorar.  Em todos os casos – pássaros filhos e outros pássaros – eles voam do ninho como pássaros que são e árvore que sou.

Estive oiti com o ninho mais duradouro em mim, mas mais de um ano da segunda partida o casal foi morar na cidade vizinha. Amo-os muito. Outros pássaros pousaram e se foram no oiti,

Estive ipê com três Uruguaios. Um inteligente, “na dele”, solidário; outro inteligente, brincalhão, bom coração. E a terceira inteligente e boa pessoa; meu sentimento por ela é de tio. Outros pássaros pousaram e se foram no ipê.

Estive sibipiruna. O segundo a ir-se foi um argentino. Muito gente boa. Sinto muitíssima saudade. Outros pássaros pousaram e se foram na sibipiruna. 

Estou pé de vaca. Hoje tem um ninho com os progenitores e dois filhotes. No parto do caçulinha o pai não pode participar porque perdera os documentos. E eu tive – não como sofrimento, mas como dádiva – participar de todo o trabalho de parto. Fui o primeiro a segurar o bebê no colo e cortei o cordão umbilical. Do casal sou pai real, não biológico, dos filhotes sou um avô verdadeiro. E um dia possivelmente voarão do ninho. Nesse meio tempo outros pássaros pousaram e se foram. Outras mais virão e irão no pé de vaca.

Grandes angústias. E a consternação, nesse caso, é bela.

Árvores ficam; sou uxi. Pássaros voam; abandonam o ninho. E os uxis aguardam numa triste beleza.

Meus filhos, não de sangue, mas de verdade, cometem tantos erros, mas são gente. Não digo homens, mas pessoas. pássaros! É a humanidade sempre está ou deveria estar a progredir. Eles avançam, voam, revoam, avançam.

Seus voos me doem, mas ser pai é libertar os filhos.

Ser árvore é ora sustentar ninhos encantando-se com os alvoroços e ora aguardá-los.

 

 

Ofereço como presente aos aniversariantes:

Marcia Regina, Gonzalo Schnieper e Ronal Faria.

 

Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO. É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”. Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).

Imagens – fotos do autor.

 

Escrito na tarde de 13 de junho de 2021. Trabalhado no mesmo ano, mas entre 15 e 22 de agosto.

domingo, 15 de agosto de 2021

JÁ NÃO SOU MAIS JOVEM PARA ACHAR QUE SEI TUDO DE TUDO

 

Terceiro domingo na casa em Timóteo. Bairro Limoeiro.

 

“Eu já vi crianças tendo de fazer todo tipo de trabalho doméstico”. Os Auditores Fiscais do trabalho veem uma realidade que poucos conseguem ver. Não feche os olhos para isso e apoie nosso trabalho pela erradicação da exploração de crianças e adolescentes. (Sinait – Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho). 

- Comecei a trabalhar com sete anos. – Diz SCS. – Até hoje, com setenta e dois anos, trabalho. Defendo meu pão com honra e dignidade

- Parabéns, dona SCS. – Responde Benito. – Trabalhar é bom e gosto. E fico imaginando como seria aos sete anos brincar, ler, estudar. E aos setenta viajar, divertir, novas coisas conhecer. Neste meio tempo, quando jovem e adulto, trabalhar, ler, trabalhar, viajar, trabalhar, estudar, trabalhar, divertir, trabalhar.

- Quando as crianças aprendia trabalhar, tornavam se adultos responsável. – Contesta SM vendo a olhada que recebi de SCS. – Viravam pessoas descente. Agora com essas lei que existe tão se tornando tudo coisas que não vale a pena. A criança que aprende a trabalhar não tem tempo para aprender o que não presta.

- Verdade, SM! – Benito responde. – Criança que trabalha não tem tempo de aprender. Por isso tem tantas igrejas e poucas bibliotecas nos bairros e nas cidades. Ajudar nos serviços da casa, fazer pequenos serviços não é problema e o ECA não só não condena como aprova. Ter que trabalhar pesado quatro, seis, oito, doze horas por dia se foi o seu passado é lamentável, triste. Pena a senhora desejar o mesmo para os outros.

Do salão da igreja algumas pessoas saíam discretamente da palestra. A discussão não interessa; somente a concordância satisfaz...

- Eu tive uma infância feliz. – SM retruca. – Na minha casa somos onze irmãos e aprendemos desde cedo a trabalhar. Viemos de uma família humilde. Meus pais nos ensinou a trabalhar e hoje temos orgulho de tudo que aprendemos.

- Que bom que sua felicidade não lhe impôs o desejo de ler mais, divertir-se mais, estudar mais, posicionar-se no lugar do outro. – Benito intervém outra vez. – Já eu não sou feliz e por isso leio muito, estudo muito, calço o sapato do outro...

- Eu comecei com doze anos e hoje, com cinquenta e sete, estou aposentado e ainda na ativa. – O, até então calado, AB entra na conversa. – Então não me venham falar que trabalho mata. O que mata é o inescrupuloso querer fazer a criança trabalhar acima da sua capacidade física e mental. Fora isso pode sim, mais com todas essas leis erradas, estamos criando uma geração em que tudo está errado.

- AB, sim, verdade. O senhor trabalhou de oito a dez horas por dia nos trabalhos mais pesados e insalubres e ainda estudou bastante... Mas por que perdeu tempo estudando? As quatro horas na escola poderia ser utilizado trabalhando; e assim o senhor teria entre doze e dezesseis horas de utilidade. Mais o tempo que ficou estudando em casa poderia ser utilizado para o benefício da empresa. Então umas dezesseis a vinte horas de valor que o senhor teria.

Benito, o mordaz, volta a falar. E o número de participantes diminui.

- Quando a educação for para todos o espaço político será para poucos. – Pega o livro “Feminismo em Comum: para todas, todes e todos”. – Marcia Tiburi diz “Não há nada mais importante na vida do que aprender a pensar, e não se aprende a pensar sem aprender a perguntar pelas condições e pelos contextos nos quais estão situados os nossos objetos de análise e de interesse”. Não é bonito uma criança vender latinhas para fazer a festa de seu aniversário e não é lição de vida uma senhora de mais de setenta anos entregar lanches para comprar os remédios do marido.

- Condições? Você vem falar de condições!?! As condição é Deus acima de tudo e Brasil acima de todos.

- Não há Deus acima de tudo nem pátria acima de todos se o povo estiver abaixo do nada. Isso é o país em estado de putrefação.

O salão fica somente com Benito e o padre.

- Triste eles não quererem ouvir...

- Tive sorte. Pouco tempo atrás um professor, colega meu, recebeu pedradas por querer ensinar a pensar.

Ao sair da igreja olha para ela e reza o que está na faixa: São Sebastião, homem de fé, protetor do povo. Rogai por nós.

 

 

Ofereço como presente aos aniversariantes:

Denise Maria, Sandro P. Dias, Rômulo Gomes, Marilda Lyra, John Alexander, Hugo Victor, Magali Ramos e Carlos Glauss.

 

TIBURI, Marcia. Feminismo em Comum: para todas, todes e todos. 15ª ed. Rio de Janeiro: Rosas do Tempo, 2021. P. 10.

 

Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO. É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”. Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).

Imagens – fotos do autor.


Escrito na madrugada de 12 de junho e trabalhado na noite de 14 de agosto para ser publicado na manhã seguinte. Tudo em 2021.