quarta-feira, 13 de agosto de 2008

ALMA VENDIDA



Rubem Leite – 25-6-08 – rubemleite@notaindependente.com.br
Imagem: Clarice Lispector, por Loredano.


“... mas escrever é um pouco vender a alma. É verdade. Mesmo quando não é por dinheiro, a gente se expõe muito. (...) Vendo, pois, para vocês com o maior prazer uma certa parte de minha alma”.
(Clarice Lispector – A Descoberta do Mundo – Editora Rocco)


Ai ai! Escrever qualquer um escreve. Mas o quê e como escrever não é para qualquer um. E eu? Sou qualquer um! Mas amo escrever tanto quanto gosto de ler. E espero que você goste de ler tanto quanto eu. Ou apenas tenha saco. Uarrarrá. Disse isso no texto O Amante. E o repito por ser verdade. Mas meu maior medo é falar muito por não ter nada a dizer.
Na casa onde moro hoje meu quarto deveria ser a sala. “De la ventanita” vejo através da cortina de falsa renda uma árvore que ainda não sei o nome, o muro e o telhado de um vizinho. Mas o que te interessa isso, né?
Acaba de chegar um informativo de uma Vereadora. Aquela que votei na eleição passada. Seu nome é Lene Teixeira. Estou fazendo propaganda para você votar nela? Não! Só estou falando sem dizer o que você tem que pensar. Você sabe em quem votou e o que ele(a) tem feito? Estou sempre procurando saber o que ela tem feito. E não me arrependo de ter votado nela.
São agora 09:20 horas de uma manhã de sábado e um carro passa fazendo propaganda de um verdurão. Por que estou dizendo isso? Porque acho que essas coisas mais incomodam que divulgam. Mas incrivelmente elas funcionam. Será por que as pessoas gostam de quem as faz sofrer? Ou estou exagerando? Estou falando só de mero carro de som?
Os vizinhos da casa que acabei de falar acabam de chegar. A única coisa que sei sobre eles é que só gostam de se envolver com eles mesmos. Pelo menos é o que dizem.
Na tv meu irmão assisti um desenho sobre um dragão.
Agora eu paro para continuar mais tarde.
Oi! Voltei! Estamos agora numa manhã de uma fria e cinzenta quarta feira.
Em Ipatinga aconteceu um festival de teatro. Foi horrível. Não por causa dos espetáculos que afirmo isso e sim por causa dos seus organizadores. Para quem não sabe eu não vou falar o nome do evento nem de seus administradores, desculpe-me! Calo-me não por medo ou algo assim. Eu me silencio por não aceitar fazer propaganda deles. Suspeito que o que eles querem é polemizar para cair na mídia, por isso falaram muita bobagem. Para você ter uma idéia, eles defendem a idéia que o mais importante nas artistas é serem “esculturais” e não a arte.
Tenho três cachorrinhos e um quarto minha sobrinha Thaís deixou aqui. Gosto muito de animais, mas minha mãe, minha tia e eu não queremos mais trabalho. Vi em um de meus e2 (e2 = endereço eletrônico = email) que recebi numa loteria um milhão de dólares. Uarrarrá. Com um milhão de dólares se me perguntarem se eu te conheço eu respondo: Quem? Uarrarrá.
Hoje deve chegar o livro que Claudina Abrantes, Geraldo Valentim e eu estamos publicando. “Brincadeira de ‘Boi” na Região Metropolitana do Vale do Aço”. É o fruto de uma pesquisa que fizemos sobre Cultura Popular. O lançamento será dia 27 de junho. A ironia é que dia 27 estarei em Capelinha MG para um trabalho inadiável. Eu não vou ao lançamento de um trabalho meu. (Para você que me ler, o lançamento já terá passado).
Diga-me: Eu estou dizendo algo ou não estou falando nada? Qual é sua posição?
Beijos e abraços! Inté!

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